O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Para reclamações, sugestões ou qualquer coisa, me mandem no twitter @gigicarlesso :)
Boa leitura



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Não era nossa melhor idéia, mas investigar no porão poderia acabar funcionando. Para qualquer aluno, era extremamente proibida a entrada e qualquer aluno que se opusesse a entrar, seria expulso ou receberia uma advertência do internato. Ignorando o medo de sermos pegos, eu e Sam continuamos nossa caminhada pelo internato em direção ao porão do North England.

A entrada era localizada numa área bem próxima do refeitório, onde muitos seguranças costumavam fazer suas rondas noturnas. Com medo de sermos pegos, entramos rapidamente no refeitório seguindo em direção à porta de madeira antiga, a qual havia uma placa escrito em vermelho “Não entre”. Ironicamente, claro.

Enquanto Sam tentava abrir a fechadura, eu me certificava de que não havia nenhum segurança ou até mesmo fiscal fazendo suas rondas. Felizmente, nenhum deles havia chegado ali ainda, apenas os sons que eu podia escutar, eram os do barulho da fechadura abrindo e de nossos passos.

- Lilian ameaçou dizendo que dois seguranças ficariam de olho em nós dois, mas ainda não vi nenhum deles. – sussurrei no mesmo instante que Sam conseguiu quebrar o trinco da fechadura da porta do porão..

- Eles são ninjas. – brincou ele piscando em minha direção.

Com um rangido alto, a porta se abriu lentamente até bater contra a parede do outro lado. Bem a nossa frente, um grande corredor estreito e escuro se estendia em direção ao que poderia ser o porão. Era frio e úmido por ser extremamente fechado e sem nenhuma janela.

Entramos de forma silenciosa, fechando a porta logo atrás de nós sem deixar nenhuma pista de que havíamos entrado aqui. Sam ligou a lanterna que havia encontrado entre as coisas de Jonah, iluminando o corredor escuro a nossa frente para que pudéssemos achar a entrada certa do porão.

Com apenas a luz da lanterna possibilitando a visão do caminho a frente, me apoiei ao braço de Sam para que não caísse ou tropeçasse em algo. Porém, um rato enorme passou a minha frente, fazendo-me levar um baita de um susto. Eu estava prestes a gritar, mas a mão de Sam tapou minha boca antes mesmo que eu pudesse gritar, olhando-me de cara feia.

- Mel, silêncio! – exclamou num sussurro. – Podem nos ouvir!

Resmunguei algo inaudível por conta de sua mão impedindo que qualquer som completo saísse de minha boca. Sam revirou os olhos para mim num sinal negativo e, lentamente, retirou sua mão, a qual estava contra meus lábios impedindo-me de gritar.

Olhei-o de cara feia enquanto continuávamos nossa caminhada pelo corredor estreito e escuro em direção do porão, o qual finalmente pude ver ao passarmos por uma entrada em formato de meio círculo. O porão estava iluminado com uma pequena lâmpada no canto da sala estreita, a qual provavelmente ficava ligada 24 horas por dia. Do outro lado da sala, havia uma outra porta pequena de madeira, muito parecida com a que tinha na sala de Lilian. Provavelmente, a mesma.

O lugar estava extremamente abafado por conta do tempo que permanecia fechado, por isso, tive que me abanar com as mãos por conta do cheiro de mofo. Bem no centro do portão, havia um grande baú de madeira, muito parecido com aqueles vistos em filmes de piratas ou coisa parecida. Um grande cadeado dourado mantinha fechado a tampa do baú.

- Como vamos abri-lo sem uma chave? – perguntei sentando-me ao chão bem ao lado do baú. – E agora?

Sem nem ao menos me responder, Sam arrancou um pedaço de madeira, o qual estava caindo da parede do porão e com uma força violenta, atingiu o cadeado, fazendo com que o mesmo voasse até atingir a parede mais próxima. Assustada, levantei-me do chão encarando-o, quem tinha um grande sorriso vitorioso estampado nos lábios.

- Chave? – ele riu jogando o pedaço de madeira para longe. – Quando se precisa de chave se tem eu?

- Metido. – sorri indo até o baú, o qual agora se encontrava aberto. – Vamos ver logo o que tem aqui dentro.

Levantei a tampa do baú até que atingisse o chão e ficasse completamente aberto. Para nossa surpresa, dentro dele havia uma pá enorme e ao lado – por mais estranho que fosse – uma carta dobrada com meu nome escrito com a letra curvilínea de meu pai. Senti uma pontada forte no peito ao sentir que havia algo ali para eu ler, sabendo que seria dele. Sam franziu o cenho enquanto retirava a pá de dentro do baú e me entregava a carta de papel branco, escrita por meu pai.

Quando finalmente criei coragem o suficiente para abri-la, já sentia uma pequena lágrima escapando de meus lábios.

“Querida Melanie

Sinto muito por você estar envolvida em um erro meu, filha, mas quero que saiba que coloquei cada pista sabendo que usaria sua inteligência e descobriria onde está o que tanto procura. Liliam é um monstro, por isso, preciso que fique atenta a cada ação dela. Há uma grande chance de essa mulher enganar a você e Sam. Essa pá será útil, pois acredito que tenha achado o túmulo de Ruth Mean, a qual fora uma das culpadas por sua própria morte e o começo da loucura da filha. Acredite, dentro do tumulo de Ruth, se encontra uma importante pista para que continue sua busca. Coloquei-a ali, pois sabia que Lilian acharia inútil o fato de apenas encontrar o tumulo de sua avó e não entenderia como continuar. Agora você e Sam, tenho certeza que sabem exatamente como procurar pelas pistas certas.

Melanie, ache a fortuna e não acredite nas mentiras de Liliam. E pense bem em meu aviso: o que ela diz sobre a fortuna é mentira, raciocine bem e perceba quem é o verdadeiro dono da fortuna. Filha, pode até achar que sua mãe errou em leva-la para o internato, mas não fora ela e sim eu. Desculpe se fui o pior pai do mundo em envolve-la nisso, mas eu a amo, Mel.

John Overton”

Ao ler a última frase da carta, senti que não poderia mais conter o choro, agora, lágrimas fugiam de meus olhos, fazendo com que meu rosto ficasse molhado. Ele estava se desculpando, pedindo para que eu não culpasse minha mãe e mais, me dando mais uma pista – o túmulo de Ruth era a principal. A parte em que ele dizia sobre eu ter que presta atenção e tentar descobrir quem era o verdadeiro dono do dinheiro havia chamado muito minha atenção. Como o dinheiro não era da família de Liliam?

Não fazia nenhum sentido!

Desabei no chão, não conseguindo conter o choro e as lágrimas por conta da saudade que me invadiu de meu pai, eu sentia a falta dele mais do que tudo no mundo. Meu pai sempre fora a pessoa que mais se importara comigo e saber que depois de tudo, ele estava se desculpando, eu sentia que tudo perdera o sentido.

- Ei, calma, Mel. – Sam se ajoelhou ao meu lado passando um braço ao redor de meus ombros e puxando-me para seu peito. Aproveitei e escondi meu rosto em seu peito sentindo que as lágrimas insistiam em escapar. Senti suas mãos deslizando por meus braços no objetivo de me acalmar, porém isso só me fazia chorar mais. – Mel, eu sei que sente falta dele, mas não chora. Tenho certeza que ele não gostaria de vê-la chorando.

- Não é isso, é porque eu não aguento mais, Sam. – gaguejei secando as lágrimas de meu rosto. – Não aguento mais essa perseguição, as ameaças dessa diretora psicopata! Tudo o que eu mais quero agora é meu pai de volta e minha antiga vida! Eu era feliz e não precisava de mais nada, foi só meu pai se for e minha mãe nunca mais foi a mesma e eu, tive que me tornar uma pessoa fria só para não sofrer de novo! Eu quero minha antiga vida de volta.

Eu fungava como uma criança, sem me importar muito com qualquer coisa que ele estivesse pensando. Eu precisava mesmo desabafar daquela forma, só assim me sentiria melhor de verdade.

- Mas... – murmurou ele baixo demais. – e eu?

Consegui conter o choro por um momento para ver o rosto de Sam – ele parecia um pouco magoado por eu simplesmente me esquecer dele ao dizer tudo aquilo, mesmo sabendo que era apenas um desabafo. Soltei um longo suspiro, passando os dedos lentamente em seu rosto macio tentando fazê-lo olhar-me em meus olhos.

- Sam... desculpe. – falei tentando forçar um sorriso. – Sabe que é especial para mim, não foi o que quis dizer. Eu só... eu só precisava desabafar para me sentir um pouco melhor, meu pai me faz muita falta.

Ele sorriu torto passando as mãos em meus cabelos e me descabelando num tom de brincadeira, mostrando que não havia ficado tão magoado como parecera.

- Mesmo?

- Mesmo.

Ele depositou um beijo estalado em meu rosto ajudando-me a levantar do chão do porão para que fossemos embora continuar nossa busca. Peguei a carta e Sam pegou a pá, a qual parecia ser bem pesada considerando seu tamanho. Aproveitando por ser muito tarde, deixamos o porão carregando as coisas torcendo para que ninguém – seguranças e fiscais – nos pegassem. Do lado de fora, estava tudo muito silencioso, aumentando nossas chances de sairmos dali logo.

No meio do caminho, achei ter ouvido alguém limpando a garganta. Tentei ignorar, porém acabei virando meu rosto e encontrando um homem alto e moreno me encarando com olhos furiosos e ao mesmo tempo, perigosos.

- Parece que estão conseguindo, não é? – ele se vestia todo de preto e com as mãos juntas atrás do corpo. – A Sra. Mean mandou dizer que quer vê-los na sala dela em 5 minutos.

O segurança de Lilian simplesmente desviou o corpo e saiu andando em direção aos dormitórios até a sala da diretora. Engoli um seco com aquela notícia, isso significava que eles estavam mesmo de olho em nós e com certeza haviam nos visto saindo de dentro do porão.

- O que ela está aprontando? – sussurrei desconfiada.

- Não sei, mas não parece boa coisa. – ele intercalou os olhos entre a pá em suas mãos e a carta. – Talvez seja melhor guardarmos isso e tentarmos depois. Ela vai aprontar e não vai ser bom nos ver com essas coisas, principalmente a carta.

- Onde vamos colocar essas coisas?

- Tem que ser em seu quarto. No meu, Jonah vai acabar encontrando e dizer que sou algum maluco assassino. Ele é um dos que acreditavam em todos os rumores ridículos que criaram sobre mim. – ele revirou os olhos e comecei a rir.

Levamos a pá e o mapa para o meu quarto, guardando-os de baixo das camas para que, caso algum segurança engraçadinho resolvesse entrar ali, não encontraria nada. Seguimos pelos corredores em direção ao último andar, onde se encontrava a sala de Lilian, evitando alguns olhares suspeitos de alguns seguranças que encontramos no caminho e até mesmo um fiscal, o qual nem nos parou.

Quando abrimos a entrada de portas duplas que davam acesso a sala de Liliam, vi uma das cenas que mais me deixaram sem ar – Lilian possuía um sorriso torto completamente assustador. Meu olhar seguia até a imagem que mais me deixara sem reação, onde uma faca reluzente estava apontada muito próxima de forma perigosa ao pescoço de Jesse, quem tentava controlar a respiração. Lilian segurava a faca sem nenhuma dificuldade, prensando-a contra a pele do pescoço de minha amiga.

Eu achei que desmaiaria a qualquer segundo, porém o braço de Sam envolto a minha cintura de forma protetora, conseguia me manter em pé e sem risco de tentar correr até elas.

- Melanie, conte-me agora o que descobriu ou sua amiguinha, não vai ver a luz novamente. – ameaçou.






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Notas finais do capítulo

MEU DEUS DO CÉU! EU SABIA QUE MEU MEDO PELA LILIAN NÃO ERA A TOA!



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