O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Obrigada mil vezes pelas recomendações perfeitas de vocês! Eu ainda nem consigo acreditar, tudo isso é muito especial pra mim ♥



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Aquela, com certeza, estaria em minha lista de coisas a não fazer. Sair do internato durante o trato com Lilian era o mesmo que pedir para que ela viesse atrás de nós e nos matasse sem dó nem piedade. Não que eu estivesse discordando da inteligência de meu pai, afinal, ele não estava ali, mas fugir do internato parecia uma ideia absurda demais. Fazer isso sabendo das coisas horríveis que aconteceram com os alunos que se atreveram a tentar, era... era suicídio! Estávamos desafiando Lilian no máximo de burrice possível, se ela soubesse de nossa fuga, seríamos considerados mortos, coisa que não duvido nem um pouco.

Jesse parecia estar um pouco melhor, não haviam mais olheiras abaixo de seus olhos e a forma com que ela agia, parecia mais alegre e vida. Entretanto, quando contei sobre a fuga que eu faria com Sam porque havia um integrante da família Mean vivo... bom, ela reagiu ainda pior do que eu imaginava. Começou a gritar algumas vezes dizendo que eu e Sam havíamos ficado loucos e que seria suicídio. Lembrando de seu irmão, percebi o quão seu coração ficara apertado sabendo que tínhamos poucas chances de conseguir.

- Tem certeza que farão isso? – murmurou finalmente parando de gritar comigo para voltar com sua forma de agir normal. Bem, quase normal.

- Tenho sim, Jes. De qualquer forma, daqui dois dias vamos enfrentar a morte certa se não tivermos o dinheiro para Lilian. Sam insiste que é loucura e que ela vai nos matar da mesma forma, mas... ainda acho que devemos tentar.

- Bom, vocês vão precisar de ajuda para enganar professores, a própria Liliam e é claro, os alunos intrometidos que vão querer saber o porquê de vocês dois estarem pulando o muro. – ela sorriu maldosamente. – Essa parte é comigo e como sou muito engenhosa, já tenho uma ideia do que fazer.

- É, você é rápida. – sorri.

Quando se tratava de ideias maldosas para todos os tipos de distração, Jesse e Roman eram as pessoas perfeitas. Eu confiava nos dois minha vida e tinha certeza absoluta que, além de distrair as pessoas, também causariam um pequeno tumulto de longa duração.


O sol já estava se pondo no momento em que resolvemos entrar em ação. Jesse estava em seu posto preparada para chamar o maior número de atenção para que pudéssemos sair do internato sem que ninguém nos visse. Quase todos os alunos estavam no refeitório por conta do jantar e por isso, toda a atenção seria colocada em prática ali. Quando vissem a confusão, era quase óbvio que todos os ficais e seguranças de Lilian – principalmente – iriam correndo para lá, se esquecendo da atenção sobre os muros por onde sairíamos.

Sam carregava uma mochila em suas costas com as coisas necessárias para realizar aquela loucura, enquanto eu guardava todas as pistas que já tínhamos para apresenta-las ao tal Mean ainda vivo.

Ele apareceu em meu quarto no exato momento que ambos dos dormitórios ficaram completamente vazios e os alunos se dirigiam para o refeitório sem nem imaginar o que Jes e Roman iriam aprontar. Peguei as coisas que íamos precisar e sai com Sam em direção ao corredor principal, o qual também passava pelo refeitório, entretanto por trás onde ninguém prestava atenção.

Uma abertura separava eu e Sam de todos as outras pessoas, era um pouco grande e por isso, teríamos que passar rapidamente antes que alguém percebesse o movimento. Coloquei apenas um pouco da cabeça para poder enxergar onde Jes estava e a encontrei perto da mesa dos professores, onde Liliam jantava. Os olhos de Jes encontraram os meus e fiz um sinal com a cabeça, indicando que ela poderia começar a “bagunça”.

- Pronta? – me perguntou Sam olhando em volta atento a qualquer aparição surpresa.

- Pronta.

Tivemos tempo apenas de ouvir o primeiro grito – alto, assustado e chamando atenção até na China se fosse possível. Logo depois, uma série de gritos femininos e masculinos tomaram conta do refeitório, seguidos de o som de pessoas correndo para todos os lados, pessoas subindo sobre as pessoas e alguns tentando acalmá-los.  Os gritos chamaram a atenção dos seguranças próximos a nossa passagem, quem fora correndo em direção ao centro do refeitório onde a bagunça se iniciara.

Jesse era engenhosa de verdade. Com a ajuda de Roman - bom, não me pergunte como - ela conseguira muitos ratos e os lançara pelo chão do refeitório, assustando os milhares de alunos que se encontravam jantando. A cena era extremamente repugnante, ainda mais quando um rato escapou para onde eu estava e passou por entre meus pés. Engolindo a vontade de gritar, agradeci mentalmente ao dois, pois seu ato facilitou para que eu e Sam pudéssemos correr pela abertura até a saída do internato.

Mas algo deu errado.

Quando eu passava pela abertura do corredor, meus olhos encontraram os de alguém que estava no refeitório. Como em um filme em câmera lenta, meus olhos encontraram os dela numa fração de segundo tão rápido que, antes mesmo de acabar, eu já era lançada para o outro lado por Sam, quem me empurrara. Liliam franziu o cenho enquanto seus olhos acompanhavam meus passos apressados para fora de seu campo de visão

- Droga! – falei ofegante quando chegamos no gramado em frente ao prédio do internato. – Liliam me viu!

- O que?! – Sam parou bruscamente, deixando-me ir na frente. – Como assim ela a viu?

- Quando passamos pelo refeitório, eu a encontrei olhando na minha direção! – falei tentando controlar a entrada e saída do ar em meus pulmões. – Ela já sabe que estamos aprontando alguma. Droga, droga, droga!

- Não importa! Temos que continuar. – ele me puxou pelo braço em direção a um dos muros altos feitos de pedra. Além da frente com portões de ferro com fins pontiagudos, haviam os muros dos lados laterais do internato, por onde poderíamos pular sem tantos ferimentos.

Com a ajuda de Sam, consegui escalar uma parte, mas meus braços já formigavam quando passamos do meio, deixando-me mais lenta do que eu já era naturalmente. O muro tinha, pelo menos, três metros de altura, o que significava que se eu olhasse para baixo, com certeza cairia. As pedras cortavam várias partes das palmas de minha mão, porém, tentei ignorar a dor e continuar em frente sem atrasar Sam.

Sam percebeu que eu estava cansada, então esperou até que estivesse no topo do muro e puxou um de meus braços com força, até que estivéssemos juntos. Só havia uma barreira agora – a cerca elétrica. Encarei-o com um olhar de interrogação, mas Sam apenas respirou fundo recuperando o ar perdido.

- Quando eu disser três, você segura firme em mim. – disse ele ofegante. – Eu vou pular e nós vamos acabar caindo na grama do lado de fora.

- Sam, é alto demais. – resmunguei olhando rapidamente para o outro lado. – Vai ser uma queda feia!

Ele não me respondeu, apenas pediu para que eu me segurasse firme nele e quando vi, deu um impulso nas pedras do muro nos levantando no ar com um salto e em segundos, já estávamos no meio do caminho indo de encontro com a grama que realmente havia do lado de fora. O chão nos atingiu muito rápido, contra nossos corpos, mas Sam acabara caindo comigo sobre ele, o que o fez sofrer ainda mais. Ele se contorceu depois que sai de cima dele, segurou um dos braços com uma expressão de dor estampada no rosto.

- Ai... merda. – resmungou se contorcendo na grama. Quando se moveu, percebi um pequeno corte do lado esquerdo de seu rosto e um possível hematoma que surgiria em seu braço.

- Droga, Sam, eu disse que era muito alto! – reclamei enquanto rasgava um pedaço de pano que guardara na bolsa e limpava o sangue. Amarrei o que sobrou no pano sobre o corte do braço e o ajudei a se levantar da grama, mas ele caminhava com um pouco de dificuldade.

Olhando em volta, senti-me completamente perdida, pois havia dias que eu não via nada além dos corredores do internato. As ruas pareciam confusas e eu não tinha a menor ideia de como chegar ao endereço do bilhete.

- Tenho uma má notícia, não faço a menor ideia de para onde ir. – murmurei colocando um de seus braços ao redor de meus ombros para ajuda-lo a andar.

- Eu sei. É perto de onde já morei.

Ele me viu franzindo as sobrancelhas e sorriu apenas indicando para que continuássemos. Peguei a mochila colocando-a sobre meu ombro livre, mas Sam a retirou dali e de forma teimosa, a colocou sobre o seu enquanto íamos em direção ao endereço de um dos únicos Mean vivo.



Londres possuí a famosa imagem de “cidade sombria” por conta de toda a chuva e falta de sol, mas aquela parte da cidade em que estávamos, pode ser considerada a parte negra de Londres. Poucos postes de luz iluminavam alguns pontos da rua, a qual estava tão silenciosa que me fez lembrar de um filme de terror. Sam caminhava bem ao meu lado, sem retirar sua mão da minha nem sequer um segundo. Em um beco, vimos alguns moradores de rua improvisarem cobertores com jornais e alguns com trapos velhos de um cobertor.

Eu sentia medo de que algo poderia acontecer, dois jovens andando lado a lado em uma rua completamente deserta e escura em meio a nada. Poderiam aparecer assaltantes ou coisa pior por ali, teríamos que chegar ao endereço o mais rápido possível. Ao virarmos uma esquina, aceleramos o passo até encontrar uma casinha em meio à várias iguais, com uma cor um pouco cinzenta e muito parecida com casinhas de bonecas.

- Preparada? – brincou Sam antes de levar um tapa meu em seu ombro.

Ele olhou várias vezes em torno de nós, para cada canto na rua antes de bater na porta, com medo de que alguém pudesse vir atrás de nós. As batidas de Sam eram rápidas e repetitivas, esperamos por longos minutos intermináveis por qualquer sinal de pessoa que pudesse atender. Depois de milhares de batidas, ouvi o som de passos se aproximando da porta da casa. Sam e eu ouvimos o som das trincas sendo removidas e cheguei a conclusão que deveriam ter pelo menos 3.

E logo, um homem abriu a porta – ele tinha cabelos grisalhos na altura do ombro, os quais estavam jogados para trás e um pouco bagunçados. Ele tinha uma barba branca por fazer e seus olhos, eram num tom de verde vivo. O homem possuía aquela simpática imagem de “vovô” e não de alguém que poderia ser parente de uma assassina impiedosa.

Quando nos viu, o homem pareceu hesitante olhando para os lados como se estivesse como medo.

- Quem são vocês? – perguntou aflito. – O que querem?

Eu e Sam nos entreolhamos surpresos pela forma desesperada que o Mean perguntara.

- Ahn... meu nome é Melanie Overton e esse é Sam. – eu disse apontando para Sam. – Nós estudamos no internato North England. Será que poderíamos conversar com o senhor por alguns instantes?

Seu olhar se focou em mim por um tempo, ele parecia pensativo como se não tivesse tanta certeza que era uma boa ideia nos deixar entrar.

- Desculpe, não deixo estranhos entrarem na minha casa. Vão embora! – ele praticamente gritou para mim a ponto de fechar a porta.

Quando estava na metade do caminho, segurei-a com as mãos e a ponta dos pés para que apenas uma fresta continuasse aberta. Sam me ajudou, mas o homem era forte, tanto que por pouco não conseguiu fechar a porta.

Sei que estávamos sendo petulantes, mas era um caso de vida ou morte, precisávamos saber o que aquele homem tinha a ver com a pista de meu pai e se ele sabia de algo.

- Não! Espera! – berrei  – Estamos aqui por causa da fortuna de Ruth Mean e por causa de meu pai, John Overton!! Você deve ter conhecido ele, por favor, precisamos saber o que ele deixou com você!

Ainda colocando força contra a porta para fechá-la, o homem se deteve por um momento. Parecia surpreso com aquela informação, principalmente ao ouvir o nome de Ruth e de meu pai, como se rapidamente se lembrasse de algo importante.

Lentamente, ele abriu a porta de madeira e nos afastamos dela para que pudéssemos ver o homem de novo. Ele tinha uma expressão um pouco confusa no rosto, como se estivesse ainda pensando no que eu havia acabado de dizer.

- Você disse que é filha de John? John Overton? – assenti, vendo como sua expressão facial mudara drasticamente. – Minha nossa, sinto muito pela forma que reagi! Essa região é extremamente perigosa, me desculpem.

- Bem que você poderia ter empurrado menos a porta. – resmungou Sam ao meu lado recebendo um cutucão forte de meu cotovelo em seu estômago.

- Queiram entrar, por favor. – disse abrindo a porta totalmente. – Meu nome é Joseph Mean.


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Notas finais do capítulo

Mean? Hummmm... já não gostei de você



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