-Janina meu amor, você está viva... _Ele dizia enquanto beijava o rosto da filha.

-Papai...._Foi a única palavra que ela disse antes de desfalecer nos braços do homem a sua frente.

Emanuel não teve tempo de se quer tocar direito na filha. No momento em que viu a menina o abraçar logo a sentiu desfalecer sobre si, e no instante seguinte Andrews Montanova já se colocava em posição de segurar a garota.

-Que droga cara, o que foi que você fez?_Derek perguntou se aproximando e Emanuel que os encarava confusos.

-Eu é que quero saber o que vocês fizeram com a minha filha._O homem disse exasperado se aproximando de Andrews que segurava a garota nos braços.

-Nenhum de nós fez nada exatamente._A voz do Montanova soou mais alta._A garota só ficou nervosa, e devido ao seu estado delicado deve ter tido uma queda de pressão.

-Você já viu sua filha e como ela está viva e bem._Andrews se direcionou a Emanuel._Daqui a dois dias, assim que eu analisar toda a documentação que você me entregou voltaremos a nos encontrar.

Dizendo isso, Andrews caminhou a passos rápidos em direção ao carro, e Derek chamou alguns homens para escoltá-lo enquanto seguia o amigo, no intuito de prevenir um ataque vindo de Emanuel.

Emanuel Cantini olhava a maneira como o rapaz segurava sua filha nos braços de maneira descrente. Ele já havia trabalhado com alguns casos de seqüestro, mas em nenhum deles, havia se deparado com sequer uma situação parecida. Ele viu sua filha ser segurada por Derek enquanto Andrews entrava no banco traseiro do carro para poder segurar a moça. A forma como ela estava sendo tratada não indicava nem de longe a forma como alguém que está como refém deve ser tratada.

Seus olhos logo perderam de vista o carro preto onde estava Janina, e restou para Emanuel apenas a duvida de saber que tipo de homens eram aqueles. Que tipos de monstros sombrios carregavam uma garota grávida no colo com tanto cuidado como eles fizeram? Aqueles rapazes definitivamente estavam no caminho errado. Essa era uma constatação óbvia. Andrews Montanova era o pior bandido que ele já havia conhecido, e Derek Andeza era sem duvidas um exímio ator. Algo dentro deles era impossível de passar despercebido aos olhos do tão experiente policial. Eles tinham sentimentos e o coração ainda batia forte no peito. Eram apenas rapazes tentando provar a si mesmos que poderiam lidar com o legado que receberam.

Dentro do carro Derek encarava Andrews com uma careta estranha. O amigo hora voltava sua atenção para Janina em seus braços, hora encarava o amigo pelo retrovisor interno do veiculo.

-Mas que cara é essa seu animal?_Ele perguntou perdendo a paciência e no momento seguinte a atitude de Derek o surpreendeu ainda mais. O amigo desatou a rir como se aquilo lhe valesse a vida, e Andrés apenas o encarava descrente.

-Agente é péssimo cara._Derek disse ainda entre risos, mas já recuperando a compostura.

-Do que está falando imbecil?_Andrews retrucou irritado.

-Do que eu to falando? Eu to falando do fato de nós, os seqüestradores, estarmos carregando a refém para o hospital por que ela teve uma queda de pressão, por que viu depois de um tempo o pai vagabundo e policial dela._Derek disse ainda entre risadas sarcásticas e Andrews revirou os olhos._Agente é péssimo também, por que se papai ou seu pai estivessem vivos já teriam eles mesmos mandado uma bala na nossa testa, por que como projeto de bandido nós estamos nos saindo como ótimos atores.

Andrés encarou Derek definitivamente sem resposta. O rapaz sabia da gravidade e da veracidade das palavras do amigo. Antes, porém de ele responder qualquer coisa,sentiu algo se mover sobre si e logo que olhou na direção viu Janina abrir lentamente os olhos.

-Bem vinda de volta bela adormecida._Ele disse e ela se assustou um pouco com a proximidade da voz.

-Ah Meu Deus, o que houve?_Ela perguntou se levantando e logo sendo puxada de volta pelos fortes braços de Andrews.

-Você viu seu pai, abraçou ele, fez uma cena dramática e desmaiou._Derek se pronunciou e ela o encarou._Simples assim.

-Me desculpe, por favor, não foi minha intenção._Ela disse entrando em estado de pânico e logo sentiu os dedos de Andrews sobre seus lábios._ O que vocês vão fazer agora? Como está meu pai? Para onde estão me levando?

-Chega de perguntas._Andrews disse a puxando um pouco mais para si._Fica quieta e descanse, por que essa barriga que você carrega está te deixando pesada para carregar.

Depois dessa fala, os olhos de Janina vagaram para o jeito com ela estava. O corpo dela estava sobe os bancos traseiros do carro e parte de si estava sobre o colo de Andrews que a enlaçava de maneira confortável e quase carinhosa. Ela sentiu o carro diminuir a velocidade e olhou pela janela notando um grande prédio que logo foi reconhecido por ela como um hospital.

-Estamos em um hospital?_Ela perguntou mais calma dessa vez.

-Você desmaiou, para onde mais queria ir?_Andrews perguntou sarcasticamente e ela logo respondeu.

-Para casa talvez._Ela disse e ouviu ambos sorrirem.

-Somos advogados, “empresários”, e nas horas vagas seqüestradores._Andrews disse sorrindo junto com Derek._Nada de médicos no currículo.

Em seguida logo a porta da frente foi aberta e Andrews logo abria a porta do lugar onde estava.

-Está esperando o que?_Derek perguntou assim que notou que a garota mal se mexeu.

-Acho que ela se acostumou a ser carreada no colo meu caro..._Andrews disse e ambos sorriram para terror de Janina.

O que será que havia acontecido com eles? Onde estavam os durões de sempre? Desde quando Derek e Andrews ficavam tão lindos quando sorriam? Desde quando aqueles dois brutamontes eram lindos?

Janina se levantou e viu que de longe outros carros iguais aqueles em que estavam, mas não viu ninguém sair de dentro deles. Aquele dia estava sendo mais entranho do que ela havia previsto. Na sua cintura, a mão de Andrews repousava calmamente e do outro lado dela estava Derek que andava calmamente e às vezes até sorria para ela. Nada de sorrisos sarcásticos, ou olhares intimidadores. Nada de agressões ou ameaças. Nada de gritos ou xingamentos. Sem duvidas aquele era um outro lado daqueles rapazes. Um lado que ela nunca havia conhecido antes. Um lado que poderia trazer muitas surpresas para ela. Imprevisível. E aquele outro lado dos rapazes parecia ainda mais assustador do que o habitual.