Heat-Haze Days escrita por Bacon


Capítulo 9
Erro de Cálculo


Notas iniciais do capítulo

Here we are~! ♥
Bem, antes de tudo, muitíssimo obrigada à BlueCherry que favoritou a fic ;u; ♥
Então tá, que os tambores rufem e a pipoca esteja quente, porque esse cap é tenso #ounãoné
Boa leitura, pessoal, e, por favor, leiam as notas finais~ *u*



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Eu não sabia mais o que fazer.

Anteriormente, quando eu finalmente conseguira me acalmar, Lenny se afastou de nosso abraço e me encarou por alguns segundos, sombrio. Estendeu o braço e abriu a boca para me dizer algo, mas não deixei, virando-me. Eu não deixaria que ele tirasse sarro daquela vez. Não permitiria que ele começasse a falar idiotices sobre qualquer coisa, fosse o que fosse. Não queria ouvir a voz de nada, nem de ninguém. Se todos morressem, não faria qualquer diferença.

Eu já não me importava mais.

Não queria saber se Rin morreria. Não queria saber se algum dia conseguiria mudar as coisas. Eu apenas queria que tudo aquilo acabasse. E iria acabar. Quando os relógios badalaram, senti meu corpo perdendo o equilíbrio e o dia recomeçou.

Acordei, corri para o parquinho. Rin, é claro, estava lá, brincando com seu gato preto. Sentei-me ao seu lado e voltamos a repetir aquele velho diálogo... Até o gato pular de seu colo. Ela saiu correndo e eu fui atrás, já conseguindo enxergar o caminhão vindo à toda velocidade ao longe. Quando Rin estava prestes a sair da calçada e pular na estrada, uma enorme felicidade tomou conta de meu peito. Finalmente tudo aquilo acabaria, eu não precisaria mais me preocupar com nada. Daria um fim naquele jogo de mortes idiota.

Puxei-a para trás e, rindo, fui atingido em cheio pelo caminhão.

Tudo passou a acontecer muito rápido desde então. O impacto foi algo minúsculo comparado à tudo o que eu comecei a ver e (deixar) de ouvir. De um instante para o outro, tudo ficou quieto e eu só conseguia escutar o som de risadas distantes. Minha visão começou a ficar rosada e eu acabei por perceber que observava o céu cor-de-rosa do crepúsculo de inverno.

Voltei a ter quatro anos de idade. Todos os meus problemas desapareceram de minha mente e eu só conseguia pensar em neve e em brincar. Uma menina apareceu de repente em meu campo de visão, com o rosto embaçado. Pude perceber, porém, que ela sorria, estendendo sua mão para mim, que estava deitado de barriga para cima no chão coberto de neve. Era minha irmã. Eu sabia, eu sentia. Dominado por uma enorme alegria no coração, perguntei se ela gostaria de apostar uma corrida comigo. Ela concordou, e então posicionamo-nos.

– Vou contar até três – anunciou. – Um, dois...

– Já! – gritei, já saindo em disparada.

Nos poucos instantes em que ela ficou atordoada para depois começar a correr, eu já estava à toda velocidade, ficando bem à frente. Ambos rimos e eu fui forçado a olhar para trás, porque, mesmo sem poder ver seu rosto ou mesmo seu cabelo, presenciaria o riso da pessoa mais importante para mim novamente. Era uma alegria sem igual...

Que acabou ao som de tiros, como sempre.

Enquanto seu corpo caía no chão, a luminosidade que cobria seu rosto desapareceu e eu finalmente, finalmente pude vê-la. Os cabelos castanhos escuros balançavam descontroladamente ao redor de seu rosto e os brilhantes olhos verdes, arregalados, fitavam-me. Sua expressão, porém, era de completa paz. Os finos lábios rosados curvaram-se num sorriso e eu pude, por um milésimo de segundo, escutá-la dizendo:

– Você cresceu, Len.

Não tive forças para desviar o olhar, mas pude perceber que tinha novamente quatorze anos. Porém, ao invés de estar triste, a felicidade me tomava. Minha irmã existia no outro mundo, afinal, e nunca deixara de me proteger. Ela apenas tentava proteger a Lenny, e não a mim.

Seus olhos perderam a luz e eu voltei a encarar meu leito de morte asfaltado.

Tudo aquilo não havia durado mais do que um segundo. Pelo canto do olho, pude ver Rin, a minha Rin, loura dos olhos azuis, paralisada, encarando-me em total estado de choque enquanto meu corpo era deformado, e, à minha frente, no fim da rua, Lenny também me encarava, chorando.

– Nós merecemos – disse eu, sorrindo.

Foi um erro. Todas as mortes do meu outro eu passaram por meus olhos em um flash, e eu sentia todas elas. O caminhão, agora, parecia bater em mim com o dobro de força, em conjunto com a dor de uma viga abrindo-me o peito, de meus braços e pernas serem arranhados, mordidos, decepados. Quando abri a boca para gritar, cuspi sangue.

Mas por que eu estava tão surpreso com aquilo? Por que sentia tanto medo? Tudo acabaria agora, certo? Tanto Lenny quanto Rin não precisariam mais sofrer mortes inacabáveis. Aquele jogo estúpido acabaria. Todos poderiam, enfim, ter um pouco de paz. Eu e Lenny iríamos para o céu ou para o inferno, nos tornaríamos fantasmas que assombrariam o parquinho, ou simplesmente morreríamos, sem mais nada a acrescentar ao mundo ou à vida das pessoas. Talvez até mesmo reencarnássemos. Quem poderia dizer? Morrer é simples, sempre foi, e a hora chegaria para todos, mais cedo ou mais tarde. Simples. Além do mais, eu não tinha realmente certeza de que Lenny também morreria. Se suas mortes eram algo proporcional às de Rin, será que o meu suicídio estaria afetando a vida da menina do outro mundo? Não, era provável que não. Erámos pessoas diferentes, com pensamentos distintos. Sendo assim, os três continuariam vivos.

Mas, se era tão simples, por que eu sentia que algo estava errado?

Já perto do chão, senti um enorme frio percorrer-me. Olhei para o lado e vi Rin sorrir. O quê? Ela sorria vitoriosamente, como se algo que ela planejava há tempos tivesse dado certo. Ao seu lado, uma menina azul translúcida chorava lágrimas que congelavam em seu rosto e se partiam ao cair no chão. Seu cabelo era escurecido e, seus olhos, esverdeados. Ao contrário de Lenny, ela era uma Névoa de Frio. Lenny, pensei. Ele sumiu. Não estava em lugar algum. Será que ele realmente... se fora?

Mas já não havia tempo para pensar. Com meu corpo já todo destruído, meus olhos perderam o foco e tudo ficou vermelho. Eu não sentia, ouvia ou via nada, tampouco conseguia pensar. Só tinha certeza de uma coisa.

Algo deu errado.


– Fim da Parte 1 


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Notas finais do capítulo

TAM. TAM. TAAAAAAAAAAAAAM!

Ficou legal, ficou legal? *u*
Querem saber uma curiosidade? O cap. tem exatamente 1000 palavas *0* (porque o "Fim da Parte 1" não conta né) /ninguémseimporta

Enfim, me desculpem esse treco curtinho ;-;
Eu tava planejando que tivesse umas 2000 palavras, mas as minhas ideias evaporaram e ficou minúsculo ;3;
*suspira*
Pois é, that's life.
Geeente, tô carente ;-;
Tô com saudade do pessoal que mandava review antes e parou ;-;
Vocês não me amam mais, é? ;^; /parei

NÃO SURTEM, A FIC NÃO ACABA AÍ (/ºuº)/
Ainda teremos mais uns 3 capítulos, incluindo o epílogo, no máximo. (Nem sei se vou fazer um epílogo, masok)
Até o próximo, pessoal ♥



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