Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 9
procurando a saída


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria de agradecer a recomendação da minha história, para Mariza Pereira, autora de: feitos um para o outro e a sua fanfic mais recente: Vida Pop. Muito obrigada, e eu inspirei essa fanfic nas pessoas que acompanham a minha história desde o inicio, agradeço todos os comentários, obrigada por lerem minha historia, ai esta mais um capitulo novinho em folha, espero que gostam.



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(P.V. Mônica)

Então fomos caminhando, o Cebola foi na frente e eu o segui, ficamos em silencio por alguns segundos até que eu falei:

–Agente tá indo pro caminho errado Cebola, o caminho certo é pra lá. – ele parou e se virou pra mim com raiva.

–E quem é você pra falar qual é a direção certa em? Você nem sabe onde estamos.

–Só sei que o pessoal não esta pra lá, ali só tem árvores, agente devia ir por ali - disse apontando pra uma direção atrás de mim.

–Não é não, eu sei qual a direção certa ok.

–rrrrrrr, isso é tudo culpa sua! – gritei.

–Culpa minha? Foi você quem se perdeu.

–Não é por nada não, mas se fosse ‘EU’ quem tivesse me perdido, você não estaria aqui neste exato momento tentando achar o caminho.

–Tá, você entendeu o que eu quis dizer, eu também me perdi, mas foi você quem nos colocou nessa roubada.

–Eu? Estava tudo bem até você chegar, eu só tava procurando um sinal pro meu celular só que você chegou e me distraiu, além disso, não fui eu quem correu fazendo agente se perder mais ainda.

–Ah então agora a culpa é minha?

–A culpa sempre foi sua! – disse.

–Acontece que você saiu da vista dos professores só pra mexer numa droga de celular, e acabou se perdendo e fazendo eu me perder também.

–Não jogue a culpa toda em mim, você também foi avisado pelo professor André pra não sair de perto deles porque se não se perderia, mas você foi atrás de mim mesmo assim sabendo que poderia se perder então a culpa também é sua.

–Tá, eu não quero ficar discutindo com você... A culpa é de nós dois. Tá legal?!

–Que seja! – Disse brava. Sentia raiva dele, não queria admitir que a culpa também fosse minha de nós estarmos ali, mas sabia que era.

–Tudo bem, vamos continuar caminhando, se lembra de alguma coisa do caminho onde nós passamos? – ele perguntou.

–É claro que não.

–É, por que estava ocupada gritando comigo né?!

–Mesmo que eu me lembrasse, não adiantaria muito, afinal aqui só tem árvores. – Eu falei e ele revirou os olhos, se virou e continuou andando, de repente ele parou.

–O que foi? – perguntei.

–Parece que aqui não tem só árvores – ele disse ainda olhando pra frente, passei na frente dele pra ver o que ele estava olhando, pra tentar entender o que ele quis dizer. Então eu vi, fiquei chocada, a partir dali não tinha mais árvores só terra e um pouquinho mais em frente, tinha um... Como eu poço dizer? UM PENHASCO! Um penhasco de terra, aí eu vi que nós estávamos na parte de cima daquela floresta e que tinha mais coisa lá em baixo, coisas que eu não queria ver.

–Eu acho que esse não é o caminho certo – disse.

–Não me diga? – ele caçoou. – o que será que tem lá em baixo?

–que se dane o que tem lá em baixo, já pensou se alguém cai daqui de cima? Até chegar lá em baixo já vai ta morto.

–Tá, tá... Mesmo assim eu quero ver o que tem lá em baixo. – ele falou se aproximando mais daquele enorme buraco.

–Cebola tenha cuidado! – eu disse falando pra ele enquanto ele se aproximava ainda mais.

–Por quê? Ta preocupada é? – ele perguntou com um sorriso malicioso.

–Na verdade sim... To preocupada, se você morrer, eu vou ter que pagar o seu caixão.

–Nossa que graça – ele disse sarcasticamente.

–Aliás, você me faria um favor se caísse, afinal, pra que raios eu ia querer um idiota no meu pé o tempo inteiro não é mesmo? – ele me olhou com uma expressão diferente, parecia que ele achava que o que eu estava falando era sério, eu não estava falando sério, não queria que ele caísse, mas também não queria demonstrar que estava preocupada e com medo dele se machucar. Ele foi se aproximando, e se aproximando, cada vez mais perto e mais perto...

–AHH! – ele deu um grito, eu me assustei. Ele tinha escorregado naquelas pedrinhas minúsculas de terra que havia ali perto, tinha caído do penhasco.

–CEBOLA! – gritei, fui correndo pra olhar lá em baixo e ver se ele tinha caído. Olhei pra baixo e o vi agarrado em um galho que saia da terra da parede do penhasco. Fiquei aliviada, porque ele tinha se segurado, tinha se salvado. – Ai meu Deus, Cebola você ta bem?

–To bem, por sorte tinha esse galho aqui, se não fosse por isso eu estaria frito. Me dê a sua mão, me ajude a sair daqui – Ele dizia me estendendo a mão pra mim pegar. Eu olhei pra mão dele e sorri, é claro que eu não ia deixar ele ali em baixo pra sempre, mas resolvi me aproveitar da oportunidade.

–Então quer dizer que você esta ai em baixo, e se eu não te puxar pra cima você pode ficar ai... Pra sempre? – disse levantando uma das minhas sobrancelhas.

–Mônica eu sei o que você ta pensando, isso não é justo, me ajuda logo a sair daqui! – dizia ele já bravo e desesperado.

–Calminho ai, eu só perguntei. Vamos ver – eu disse me agachando na ponta do penhasco e olhando direto nos olhos dele – Por que você tem que ir na frente, eu sou a mais esperta de nós dois, eu deveria guiar.

–Você? A mais esperta? – Eu balancei a cabeça afirmativamente – há há, não me faça rir.

–Eu sou sim. Por que você tem que guiar? Dizer pra onde devemos ou não devemos ir? Eu já estou cansada disso. Você disse que sabia pra onde estávamos indo, mas não sabia, e nos trousse até aqui, onde, a propósito, você está quase à beira da morte meu querido.

–Tá pode até ser, mas, olha só pra você, se essa for a primeira viagem que a escola faz pra ir acampar, então essa deve ser sua primeira vez acampando na vida, você não sabe nada sobre a mata e deve odiar a natureza, e deve passar o dia inteiro em casa com suas amiguinhas, por que você tem essa pele branca com jeito de garota que nunca se queimou no sol.

–E o que isso tem a ver? – perguntei irritada porque tudo o que ele falou era a mais pura verdade.

–Tem a ver que você não sabe nada e se você nos guiasse provavelmente a gente acabaria num rio cheio de crocodilos.

–Não tem crocodilos aqui.

–Você me entendeu... Agora por favor, me tira daqui.

–Ah, me deixa ver... NÃO!

–Por que não? – ele perguntou já impaciente.

–Porque eu não estou com vontade, da muito trabalho pegar sua mão e te puxar pra cima.

–Olha eu não estou brincando, não falta muito pra esse galho quebrar, você vai mesmo me deixar cair?

–Nãoooooo imagina, eu só vou esperar até você admitir que eu sou mais esperta do que você e me deixar assumir o controle.

–Tá bom, a partir de agora você vai à frente ok? Você me guia e eu vou te seguir, simples assim, e você é bem mais esperta do que eu! Pronto esta feliz?

–Estou! Tá, fazer o que... Me da sua mão.

–Até que enfim em, já tava na hora, você é tão má que demorou um século pra me ajudar, achei que ia mesmo me deixar cair. – disse ele estendendo a mão pra eu puxar. Mas eu não peguei a mão dele, levantei uma das sobrancelhas.

–O que? Você disse que eu sou má?

–Deeeeeer! É obvio, porque você é! Anda logo Mônica minha mão está doendo já.

–Hunf!...Você ainda não me viu inspirada pra maldade... Mas agora vai ver! – eu disse me virando e indo um pouco pra trás, aponto de que ele não pudesse me ver e achasse que eu tinha ido embora. Eu não ia deixar ele lá, mas eu queria dar um susto nele.

–Mônica espera! – gritou ele.

Eu andei mais um pouco...

–AHHHHH! –Gritei... Eu tinha escorregado naquelas mini pedrinhas, assim como Cebola. –Ahh – me agarrei no chão, bem na pontinha do chão, estava na mesma posição que Cebola, só que um pouco a cima de onde ele estava.

–Ha ha... – Ele riu da minha situação – Bem feito, quem mandou ser má. Agora agente tá preso aqui, tenta subir pra cima. – eu tentei fazer o que ele disse, e coloquei os meus cotovelos no chão e puis toda a minha força, mas eu vi que a parte onde eu estava segurada, estava desmoronando, afinal, era de terra, com certeza desmoronaria. – Cebola não da, se eu por força, essa parte de terra vai se despedaçar.

–O que? Rrrrrr, eu tenho sempre que resolver tudo! – ele disse, tentando ir pra cima, ele ficou ali tentando e ainda agarrado no galho que estava quase quebrando e não aguentaria muito tempo. Enquanto ele tentava subir, eu ficava preocupada, esse ele não conseguisse e acabasse caindo? Ele ia se machucar e eu também ia cair de lá de cima se não agíssemos rápido, eu fiquei ali pensando até que eu voltei pra realidade, o Cebola tinha conseguido, ele tinha alcançado a parte de cima. Ele se levantou e veio até a minha direção, estendeu sua mão para mim, eu pensei naquele momento o quanto eu fui estupida por não ter o ajudado, se eu tivesse ajudado ele quando ele precisou nada disso teria acontecido e ainda apesar de tudo ele estava tentando me ajudar a sair dali, eu não queria parecer que estava me sentindo culpada, então peguei logo a mão dele que me puxou de pressa pra cima. Eu me levantei e ficamos nos olhando, eu não parecia bravo, mas logo a expressão dele mudou, suas sobrancelhas se curvaram e seus olhos se fecharam pela metade, dando uma impressão de bravo, e ele estava muito bravo.

–Qual é o seu problema? – gritou ele empurrando o meu ombro com força.

– Eu não tenho nenhum problema seu panaca – gritei também, empurrando o ombro dele duas vezes mais forte, eu o empurrei com tanta força que ele foi pra trás e acabou indo parar na parte onde eu estava antes, aquela parte que se desmoronaria a qualquer segundo, o impulso em que eu o empurrei foi tão forte que aquele pedacinho de terra começou rapidamente a se desmanchar, ele fez uma cara de desespero.

–CUIDADO! – eu gritei. Rapidamente eu o puxei pela gola da camisa, o tirando daquela parte de terra que então, caiu no chão se desmanchando em pedacinhos lá em baixo. Eu o puxei com tanta força que nós ficamos bem próximos, nossos corpos estavam grudados e minhas mãos ainda seguravam na gola da camisa dele, eu vi a situação e de pressa, soltei ele. Ele que ainda me olhava com um sorriso bobo (e fofo) falou:

–Você salvou minha vida! – ele disse ainda sorrindo e me olhando, eu fiquei meio sem graça, mas quis disfarçar pra não perder a pose.

–Q-q-quê? Não salvei nada!

–Salvou sim, parece que você não é tão malvada e de coração ruim que eu pensei que fosse!

–Ai nada ver, eu não salvei coisa nenhuma seu idiota, eu não fiz nada ouviu?

–Fez sim!

–Fiz nada.

–Fez sim.

–Eu não fiz nada ouviu? Nada!

–Poderia ter me deixado cair.

–Ah qual é?! Ninguém é tão cruel assim – tapei minha boca de pressa com as duas mãos no mesmo instante me arrependendo do que tinha acabado de dizer, não acredito que tinha dito mesmo aquilo. Cebola deu um sorriso largo e falou:

–Eu sabia, eu sabia... No fundo você é uma pessoa legal, por baixo dessa pessoa horrível e maldosa que tem dentro de você, existe um coração! – Se fosse com outra pessoa, eu jogaria uma tabua na cabeça dela por me chamar de horrível e maldosa, mas eu não consegui sentir raiva, tentei, mas não consegui. Dei um sorriso, foi a única coisa que consegui fazer.

–A-acho melhor agente seguir em frente se quisermos sair daqui. – falei.

–é tem razão, você vai à frente, eu te sigo. – hesitei e depois falei:

–Não, eu não sei nada sobre a mata, se eu nos guiar, provavelmente agente acabaria em um rio cheio de crocodilos – ele riu e falou.

–Não tem crocodilos aqui.

–Você me entendeu.

Rimos juntos e depois continuamos andando e Cebola indo pra certa direção. Parecia que dava para ver a imagem de nós dois vista de lá das nuvens, lá de cima eu via nós dois conversando, uma imagem minha e do Cebola:

–Tá, mas então... Cebola?... Esse é o seu nome verdadeiro?

–Na verdade, não.

–Então qual é?

–Você vai rir.

–Não vou.

–Promete?

–Prometo.

–É... Cebolaúcio.

–Kkk... Nome legal.

–Você riu.

–Ah, mas, mas... Ah mas essa daí não valeu.

Conversávamos enquanto íamos andando e parecia que estávamos nos entendendo melhor do que antes.


(P.V. AUTORA)

Enquanto isso, no acampamento:

–Gente, alguém viu a Mônica? – perguntou Tony.

–Não, por quê? – disse Magali.

–Não encontro ela em lugar nenhum.

–Bem vindo ao clube então, porque o Cebola também, simplesmente desapareceu. – Falou Cascão.

–O QUE? – gritou Tony – como assim ele também desapareceu?

–Calma Tony, a Mônica foi procurar sinal pro celular.

–E isso foi á quanto tempo?

–á quase meia hora! É tem razão, agente devia procurar por ela.

–Vamos falar com o professor.

Eles foram em direção ao professor que estava falando com a professora Sandra de matemática.

–Professor, nós temos dois alunos desaparecidos. – disse Cascão

–Como assim?

–Mônica e Cebola sumiram de vista, devem ter se perdido na mata, procuramos em todos os lugares e nada.

–Tudo bem, o professor Pedro, conhece cada área dessa floresta, vamos chama-lo e todos nós sairemos á procura dos dois tudo bem?

–Tudo bem.

–Ok.

Todos concordaram, pegaram as lanternas, porque já estava escuro, eram 18h30min e saíram em busca dos dois no meio da floresta, apesar de alguns alunos (Carmem) não gostarem tanto da ideia da procura. Passaram-se alguns minutos e então:

–Ali! – gritou o professor Pedro. – Pegadas na terra, só podem ser deles, e esse pedaço de terra despedaçado, eles com certeza passaram por aqui... E... Eu acho que sei para onde eles foram. – disse o professor fazendo todos os outros alunos o seguirem.


(P.V. Cebola)

Andamos um pouco e conversamos também, a Mônica não estava mais tão má cruel ou grosseira, ela parecia legal, diferente, interessante e amigável, eu nunca pensei que diria isso da Mônica, mas ela estava diferente, pensar nisso me fazia sentir bem, um sentimento estranho, mas de certa forma eu gostava de sentir esse sentimento.

–Aff... Cansei! Podemos parar? – ela perguntou.

–Tudo bem, também estou cansado, andamos muito, olha, se ninguém nos encontrar até hoje, teremos que passar a noite aqui!

–O QUE?

–Desculpe, mas não posso fazer nada.

–T-tá tudo bem.

–Então não se importa de dormir aqui?

–Bom... Me importo, mas nem tanto.

–tá, então vamos parar, a única coisa que nos resta agora é esperar aqui até nos encontrarem.

–Tudo bem.

–Que horas são? Veja no seu celular.

–20h35min... Droga acabou a bateria.

–Não tem problema, não ia adiantar mesmo já que esta sem sinal.

–Verdade.

Nós dois sentamos na grama estava escuro e estava começando a esfriar. Vi que ela estava tremendo.

–Você esta com frio? – perguntei.

–N-não. – Cheguei perto dela e toquei seu braço, estava gelado e tremia muito.

–Você esta congelando – falei. Tirei meu casaco que estava usando e dei pra ela.

–Obrigada – ela disse.

–De nada.

Ficamos em silencio por um tempo, até que ela falou:

–Cebola, porque esta sendo tão legal comigo? Eu fui tão ruim com você.

–Talvez, porque você não é tão ruim quanto parecia ser. – sorri.

Um silêncio tomou conta do ambiente, até que ela disse:

–Quando... - ela começou a falar, eu a olhei e ela prosseguiu: - Quando você olha pra mim, vê uma garota ignorante e má? – pensei naquela pergunta e depois respondi, olhando nos olhos dela pra ela saber que eu estava falando a verdade:

– Não... Vejo uma garota... Linda, meiga e que sabe o que quer... Mas não tem coragem de admitir. – ela ficou vermelha porque eu a elogiei, mas depois pareceu confusa e perguntou:

–Como assim?

–Você parece não se sentir confiante em fazer alguma coisa que gosta, parece que tem medo do que as pessoas vão pensar.

–Como sabe disso?

–Eu não sei. Só me pareceu assim.

–É exatamente isso.

–Por quê?

–Eu não sei, acho que não tenho ninguém pra me apoiar quando quero fazer alguma coisa nova como cantar, dançar ou patinar, etc...

–E seus amigos?

–Amigos?...Ah, você quis dizer aqueles projetos de gente?

–Há ha. Por quê? Não são amigos?

–Somos... Quer dizer não... Quer dizer sim... Ai, não, nós não somos amigos, eu acho que chamaria aquele grupo de pessoas chatas que sou obrigada a suportar.

–Então por que anda com eles?

–Ah eu sei lá, tudo aconteceu tão rápido, eu comecei a namorar o Tony e dai eu acho que fiquei mais popular, ou eu sempre fui popular, eu não sei, eu só sei que nunca gostei de andar com aquelas pessoas, todas as pessoas da escola saberem tudo sobre a minha vida e me julgarem sem conhecer.

–Então, você acha que o que eles falam de você não é verdade? Que você não é má e nem arrogante ou grosseira?

–Acho... P-p-porque eu não sou assim. – Eu ouvi aquilo e tive certeza de que ela não era a pessoa má que parecia ser, eu sorri e perguntei:

–Então porque se faz de grosseira, má e etc...?

–Porque é assim que querem que eu seja... É assim que esperam que eu seja.

–Mas você não tem que ser assim.

–E de que outro jeito seria?

–Seria você mesma, ora!

–Nunca me aceitariam como eu sou!

–Aceitariam sim, e mesmo que não aceitassem, não importa porque ainda assim seria você mesma, seria o que você gostaria de ser, não é isso que importa? – falei, vi a expressão dela mudar.

–Eu não sei, não consigo ser eu mesma.

–Então... Tente tomar suas próprias decisões.

–O que quer dizer com isso? – ela se interessou.

–Quero dizer que se pelo menos uma vez tentar fazer o que você quer e não o que os outros querem ou esperam que você faça, vai ver como vai se sentir diferente, vai se sentir livre. – Ela ficou em silêncio, ela estava mesmo pensando no que eu tinha dito, realmente levava a sério.

–Como pode saber de tudo isso? Como sabe como é se sentir desse jeito? – pensei naquela pergunta, também pensei em como a responderia, respirei fundo e falei sem olhar pra ela:

–Talvez porque eu já tenha me sentido assim... Eu também nunca tive amigos de verdade... E tenho deixado de ser eu mesmo, tenho deixado de fazer por medo, as coisas que eu gosto desde... – não sabia o que dizer. Ela me olhou e disse:

–Desde que seu pai morreu. – ela disse quase sussurrando. Eu me surpreendi como ela poderia saber?

–Como sabe?

–B-bem... Eu não sabia... Até meu p-pai me dizer.

–Então você não sabia? – perguntei.

–Não... Tudo bem se não quiser tocar no assunto.

–Não tem problema.

–Vocês eram próximos? – ela perguntou. Eu sorri.

–Ah sim, muito... Às vezes, nos tempos de chuva, nos sentávamos na varanda de casa só vendo os carros em alto movimento passarem correndo por ali, me deixava mais calmo sempre.

–Olha outro dia no shopping eu toquei no assunto do seu pai, debochando, eu não sabia... M-me desculpe, foi mau. – Ela disse rapidamente, parecia não gostar de pedir desculpas, mas fiquei feliz por ela ter se desculpado comigo. Eu dei um sorriso bem largo.

–Você não precisa se desculpar... – ela se aproximou de mim, nos deixando exatamente um do lado do outro.

–Pegue seu casaco. – ela disse tirando o casaco dos ombros, mas antes que ela pudesse fazer alguma outra coisa eu a interrompi:

–Fique não estou com frio. – ela sorriu.

–Obrigada! – exclamou ela.

Depois de alguns segundos, vi que ela estava com sono, não falei nada. Ela apoiou bem devagar sua cabeça em meu ombro direito. Eu me surpreendi e a fitei, ela levantou a cabeça olhando pra mim, ainda apoiada no meu ombro.

–Posso? – ela perguntou, se referindo se podia se apoiar em meu ombro.

–Claro – respondi com um sorriso torto.

Passamos cerca de uma hora mais ou menos, ali em silencio, ela acabou adormecendo. Eu me levantei sem acorda-la e a coloquei deitada na grama, me deitei ao seu lado e ali adormeci.

Acordei com uma dor na cabeça, não gostei de dormir ali, Mônica ainda dormia do meu lado, ela estava virada de costas pra mim. De repente ouvi um barulho se aproximar, chegando mais perto. Resolvi acordar a Mônica:

–Mônica, ei Mônica acorda! – disse cutucando o ombro dela.

–O que foi? – Ele perguntou ainda virada de costas pra mim, com uma voz sonolenta.

–Eu estou ouvindo um barulho, parece que está se aproximando.

–Seja homem e vai lá ver sozinho. – Ela não era a pessoa mais legal do mundo de manhã. Então escutamos aquele barulho de novo só que dessa vez mais alto e mais próximo, Mônica rapidamente se virou e ficou com a mesma cara de assustada que eu, nos levantamos, e demos alguns passinhos pra ver o que se aproximava.

–ahhh Mônica! – gritou a pessoa que se aproximava.

–Você? – ela indagou surpresa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem.