Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 8
Perdidos


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem.



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(P.V. Cebola)

Quando a aula acabou, fui pra casa e falei com a minha mãe sobre a viagem que íamos fazer, é claro que demorou um século pra a fazer entender que ia ficar tudo bem, mas no final ela deixou, eu estava super empolgado pra ir, adorava acampar, eu pensava em como iria ser, e não sei por que, mas quando eu pensava em mim acampando, via Mônica nas imagens que apareciam na minha cabeça, mas que droga, será que eu não consigo parar de pensar nela? Ela era mesquinha, fresca, mentirosa, metida e mesmo assim não conseguia sentir raiva dela, neste exato momento ela deve estar se maquiando, falando no celular ou saindo com o pessoal dela e se divertindo e eu aqui trancado no meu quarto pensando nela feito um idiota, que ódio. Ouvi batidas na porta:

-Quem é? - perguntei.

-Sou eu maninho. - era a minha irmã.

-Entra Maria. - falei. Ela entrou e se sentou do meu lado na cama e perguntou pra mim:

-Por que você ta aqui desse jeito? Esta triste?

-Não Maria, eu só estava pensando.

-Em quem? Na sua namorada? - ela disse com um sorrisinho brincalhão.

-Que namorada? - perguntei confuso.

-A Mônica né?! - ela respondeu

-Ela não é minha namorada. Por que você acha isso?

-Ué, o que você espera que eu pense? Você devia ter visto a cara de vocês dois quando se viram ontem aqui em casa. - eu ouvi aquilo e dei um sorriso.

-Você acha mesmo?... Q-q-quer dizer, nada ver isso Maria, nada ver mesmo.

-Nada ver mesmo, sério? - ela perguntou ainda rindo.

-Sério, ela faz o tipo de garota exibida e riquinha e eu o tipo de garoto comum.

-E daí? Nunca ouviu o velho ditado: Os opostos se atraem e os parecidos que se matem?

-Já, já ouvi, mas... Ei espera, não existe essa parte dos parecidos que se matem.

-He He, talvez eu tenha inventado uma coisinha ou outra, mas enfim, o que eu quero dizer é que as pessoas diferentes podem se entender melhor do que as pessoas iguais. E vai dizer que você não descobriu nem uma coisinha em comum com ela?

-Bom...

-Bom o que?

-É que eu descobri que ela também gosta de musica!

-Já é um bom começo, você pelo menos tem que tentar se aproximar dela.

-Você esta ficando igualzinha a mamãe.

-Isso foi um elogio ou uma ofensa?

-um pouco dos dois.

-Então ta bom... pra onde você vai viajar? - ela falou olhando pra minha mala já pronta em cima da cama.

-Eu vou acampar, a nossa turma lá do colégio vai fazer uma viagem pra gente conhecer melhor os bichos da floresta pra aula de ciências.

-Então ta maninho, vou almoçar, você vem?

-Já to indo.

-Tá bom, te espero lá em baixo.

-Tá bom pirralha. - ela saiu do meu quarto, eu me aprontei e desci, o almoço já estava pronto, vi que minha mãe tinha feito espaguete, era o prato preferido do meu pai, me deu vontade de chorar, toda vez que me lembrava dele me sentia triste mas eu não queria me sentir assim, enxuguei as lágrimas e cumprimentei minha mãe.

(P.V. Mônica)

Estava, quase terminando minha mala, fala sério, eu ia precisar de muita coisa e principalmente repelente de inseto, ai como eu odeio acampar, sem ofensa, mas eu detesto a natureza. O tempo inteiro eu ficava pensando no Cebola, o que me deixava com raiva porque eu não queria pensar, não queria ficar ali com raiva, trancada no meu quarto sem fazer nada. O dia passou rápido, parecia que as coisas ruins chegavam rápido e depois demoravam uma eternidade pra passar. Fui dormir cedo naquela noite, não queria acordar de manhã parecendo uma zumbi para ir acampar, eu acordei de manhã com o som do meu despertador com aquela musica irritante “acorda preguiçinha, acorda, acorda.” Eu odiava aquela musica mas era a única que me fazia acordar. Tomei um banho, coloquei um tênis “all star”, uma blusa branca com uns detalhes cor de rosa e um short jeans a cima do joelho, peguei minha mala e fui para a escola. Cheguei lá e vi que os meus queridos amiguinhos (isso foi sarcasmo) já tinham chegado.

-Nossa que animação pra ir viajar em Mônica - disse Carmem vendo a minha cara de desanimada.

-Ai Carmem, não enche. - falei.

-Affe, parece que alguém acordou estressadinha hoje...Ah é mesmo, me esqueci, você é estressadinha, haha.-caçoou ela.

-Ai Mônica, não liga pra ela. -Falou Magali, tentando me acalmar.

-Tá tudo bem Magá, eu não ligo pra essa gente de classe baixa. - falei alto pra Carmem ouvir, ela me olhou com raiva e depois virou a cara.

-É, relaxa amiga. -disse Magali.

Ouvi passos entrando na sala, olhei pra ver quem era, era o Cebola, deixei escapar um sorriso do meu rosto, depois virei os olhos para o chão, fingindo não ter o visto entrar, até que uma voz me chamou a atenção:

-O que foi isso Mônica? - perguntou Magali desconfiada.

-O que foi isso o que? - perguntei me fingindo de desentendida.

-Eu vi a sua cara quando aquele garoto novo entrou.

-O que?

-É, eu vi a sua expressão quando... Como é mesmo o nome dele? Tem a ver com comida, isso eu sei, tem a ver com comida... É... cereja, cenoura...

-Cebola. –falei.

-Isso, Cebola... eu vi a sua expressão quando esse tal de Cebola entrou na sala.

-O que? Magali você deve ter colocado muito açúcar no seu café da manhã hoje.

-Ah Mônica nem vem que eu sei muito bem o que eu coloquei no meu café da manhã, eu só comi um abacaxi, cinco fatias de pão, uma melancia, duas cenouras, alguns morangos, quatro panquecas e três xicaras de café, e olha que eu nem coloquei açúcar no café.

-Haha, como é bom ter uma amiga que me faz rir numa hora dessas, nem estou mais entediada com a viagem.

-Hehe, eu sei, sou o máximo kk. - ela disse rindo comigo.

Então o professor André, de ciências chegou à sala dizendo:

-Muito bem, vejo que vocês já estão prontos para viajar, o ônibus que vai nos levar está nos esperando lá fora - disse ele nos levando para fora da sala. Entramos no ônibus e eu me sentei com a Magali, o Tony com o Quim, a Marina com o Franja, a Carmem com o Tikara e o Cebola com aquele garoto que eu não conhecia direito, acho que o nome dele era Carlos, mas as pessoas chamavam ele de Cascão por algum motivo.

(P.V. Cebola)

A viagem foi um pouco longa, mas depois de algumas horas, chegamos ao lugar onde íamos acampar, formamos 7 barracas cada uma para 3 pessoas então o professor falou:

-Muito bem, três pessoas em cada barraca, eu já separei os grupos: na primeira barraca das meninas vão ficar Mônica, Magali e Marina.

As garotas começaram a gritar e dar pulinhos de alegria, parece que estavam felizes em ficarem juntas. O professor continuou:

-Na segunda barraca vai ficar Carmem, Denise e Maria Mello. Na terceira Aninha, Irene e Isadora. Na quarta, Keika, Maria Cascuda e Dora  - As meninas entenderam e ficaram contentes, acho que todas eram amigas. Agora o professor ia falar da barraca dos meninos:

-E na primeira barraca dos meninos são, Cebola, Cascão e Tony. - Fiquei  horrorizado, não acredito que eu ia ficar na mesma barraca que aquele idiota, o Tony também não gostou muito, Cascão veio até mim e cochichou:

-Que sorte de ficarmos na mesma barraca né Cebola.

-é - disse sorrindo. O professor prosseguiu:

Na segunda barraca, Franja, Quim e Titi. E por ultimo, Nimbus, Do Contra e Xaveco.

De repente o Nimbus começou a falar desesperado para o professor:

-O que? Eu e quem? Olha sem ofensa, mas esses dois são uns horrores.

-Pode deixar que não ofendeu-disse Xaveco ironicamente.

Nimbus continuou a falar: - Professor o Do Contra ronca durante a noite, e eu nem quero mencionar o que acontece se o Xaveco beber muito refrigerante.

A turma inteira riu, até mesmo o Xaveco e o Do Contra que pareciam se aproveitar da situação do Nimbus.

O professor falou: - Desculpe Nimbus, mas vai ter que aturar os dois por uma noite.

-Fazer o que né?! - disse ele intrigado.

Depois disso o professor nos levou pra conhecer uma parte da floresta, uma pequena parte e nos mostrou alguns tipos de pássaros e macaquinhos, quando já eram 17horas o professor falou que poderíamos arrumar as nossas coisas:

-Tudo bem gente, arrumem as barracas, e fiquem a vontade, só não saiam daqui de perto, a floresta é grande, podem se perder.

Eu fui até a barraca e arrumei minhas coisas, fui pra fora da barraca depois, e deixei Tony e Cascão arrumando os colchões em que eles iriam dormir de noite. Quando sai da barraca, vi Mônica com o celular na mão procurando sinal, ninguém estava prestando atenção nela, ela já estava longe dali, estava entrando na mata, corri até ela, a essa altura já estávamos bem longe dos outros, mas ainda dava pra vê-los.

-Ei, o que pensa que tá fazendo? - perguntei para Mônica que logo se virou e olhou pra mim:

-Eu to procurando sinal pro meu celular e você? - ela disse irritada.

-O professor falou pra gente não sair dali de perto.

-É e eu falei pra minha mãe que daria noticias assim que chegasse aqui.

-Hunf quem diria. -falei fazendo-a ficar curiosa.

-Como assim quem diria?

-Você se preocupando com a sua mãe, achei que você só se importasse com você.

-E me importo se nessa semana ela estiver calma, ela vai me deixar ir ao cinema á meia noite.

-Ah, já desconfiava, tinha que ser você tinha que querer alguma coisa em troca né?

-affe garoto, você não tem mais nada o que fazer?-ela falou dando alguns passos em frente às árvores, a essa altura não dava pra nos ver mais.

-E você não tem nada melhor pra fazer do que ficar ai tentando inutilmente procurar sinal no meio de uma selva? Por que não está com suas amigas em?

-Eu já disse que tenho que falar com a minha mãe! - ela falou mais alto e mais irritada, andando rápido pra longe de mim, se misturando mais ainda entre as árvores, corri atrás dela e falei:

-Espera! Eu não quis te irritar, eu só quis dizer que talvez não queira passar tanto tempo assim com suas amigas porque elas não te entendem.

-Hunf, como se soubesse tudo sobre mim.

-Eu não sei tudo sobre você. A única coisa que sei é que talvez suas amigas não te entendam porque você é muito arrogante.

-É, pois é talvez seja isso, mas pelo menos eu não sou uma ridícula, sem amigos que não fala com ninguém.

-Eu não sou assim. - falei irritado.

-O que foi? Ficou chateado? Então você pensa que é assim? Chega aqui fala mal de mim e não espera que eu também fale mal de você?

-E-e-eu não quis dizer isso.

-Mas foi o que disse você é um ridículo, não passa disso, e ainda por cima vem me julgar, você deve se achar o máximo não é mesmo?- ela gritou comigo.

-Eu não me acho o máximo, quem se acha é você.

-Pode até ser, mas não sou eu quem não fala com ninguém, porque tem medo de fazer amigos talvez, ou por seja lá o que for.

-Ah me poupe né? Eu não sou desse jeito, nem sei de onde você tirou essa ideia.

-Tirei essa ideia do garoto que se atrasa, esbarra nas pessoas no primeiro dia de aula, enfim, anda com a cabeça nas nuvens.

-Não fui eu quem esbarrou em você, foi você quem esbarrou em mim, ouviu dentuça?

-Me chamou de que “Cebolinha”? –devo ter ficado um pimentão naquela hora de tão envergonhado que estava por ela ter me chamado de Cebolinha.

-V-você me chamou d-de Cebolinha?

-Haha, é e parece que você não gostou muito não é? O que foi? Vai falar elado agora? hahaha.

-RRRRRR, eu não devia ter te contado sobre isso.

-Mas contou. - ela disse e eu sai correndo dali até que ouvi uma voz me chamar.

-Espera Cebola. - disse Mônica. Eu me virei e ela veio na minha direção.

-O que foi? - perguntei.

-Só acho que se você fosse menos melodramático talvez as pessoas te suportassem mais vezes.

-Ai! como você é ignorante. - disse bravo.

-Que seja! Eu vou embora daqui, não quero ficar com você nem mais um segundo! - ela se virou e deu uns dois passos a frente e depois parou, eu estranhei ela ter parado e então perguntei:

-O que foi?

-Eu não sei se é pra essa direção que eu devo ir você se lembra da onde agente estava?  - olhei ao meu redor e foi ai que eu me toquei, agente tinha ido longe demais, andamos tanto que acabamos nos perdendo de vista, estávamos no meio do nada e não sabíamos pra onde ir.

-Mônica, eu acho que agente está perdido. - falei pra ela.

-O que? Como assim? Não, não é possível. EI, TEM ALGUÉM ME OUVINDO? - ela gritou, esperando que alguém a ouvisse.

-Mônica não adianta gritar, ninguém vai te ouvir agente ta no meio do nada.

-E o que fazemos agora?

-Vamos ter que procurar uma saída.

-NÃO! E se agente se perder mais ainda?

-É tem razão, mas eu não vou ficar parado aqui sem fazer nada e acho que você também não,  mais cedo ou mais tarde vão perceber que agente sumiu e vão vim nos procurar mas isso pode demorar horas e já que seu celular tá sem sinal, não podemos fazer nada a não ser  tentar procurar a saída.

-Tudo bem.

-Tá então vamos tentar por ali- eu disse apontando para uma certa direção.

-Tá.


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Notas finais do capítulo

comentem, bjssss!!!