Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 7
A viagem e sentimentos estranhos


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem boa leitura.



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(P.V. Mônica)

Quando cheguei em casa fui direto pro meu quarto, porque eu não tava afim de conversar com a minha mãe, eu teria que ouvir ela perguntar “como foi”, “o que aconteceu?”, “se eu me diverti”, eu não queria ouvir nenhuma daquelas perguntas naquele momento, então subi as escadas e fui bem rápido pro meu quarto sem que minha mãe me visse. Deitei na cama e me perguntei ‘’por que aquele garoto ficou tão surpreso quando eu comecei a ser rude com ele?’’ quer dizer, eu sempre fui assim, não ia ser agora que eu ia mudar, eu nunca pareci boazinha pra ninguém, nem mesmo pros meus pais , e porque eu seria com ele? Eu também estranhei ele ter se importado tanto quando eu falei do pai dele, talvez eu tivesse certa, talvez ele não estivesse recebendo tanta atenção assim, por isso ele ficou tão chateado. Tentei não pensar nele, tinha coisas mais importantes pra mim pensar como o Show de talentos que vai ter na escola, esse é o primeiro Show de talentos da escola e o professor falou que na próxima aula, que vai ser amanhã, ele ia escolher duas pessoas pra fazer um exercício de canto pra mostrar pros alunos como vai ser mais ou menos no show de talentos, eu estou tão empolgada, quero muito que o professor me escolha, eu sempre adorei cantar e dançar, musica é uma coisa que eu sempre gostei, e também seria uma ótima oportunidade pra mim provar pros meus “amigos” que eu sei fazer alguma coisa de útil, ninguém acha que eu sou capaz de fazer nada, quando tentei patinar, acharam que eu tava querendo me aparecer e que eu não ia conseguir, quando eu tentei cantar no festival, eles acharam que eu ia quebrar todos os vidros da escola mesmo eles não terem me visto cantar nem se quer uma única vez, essa é a minha chance de mostrar que eu sou capaz de fazer uma coisa direito e que não sirvo só pra ser só uma garota chata e sem talento, a Magali já me viu cantar e disse que eu tenho talento, ela é a única que me apoia. Ouvi batidas na porta do meu quarto e perguntei:

–Quem é?

–Filha, sou eu.-era a voz do meu pai, ele já tinha chegado do trabalho.

–Pode entrar pai.- ele entrou e se sentou ao meu lado na cama.

–Oi filinha, você ta bem?

–to pai. Estava com saudades, você trabalha muito.

–eu sei, também estava com saudades. Então, sua mãe falou que temos vizinhos novos né?!-ele disse, eu fiquei com um pouco de raiva, só meu pai mesmo pra me fazer lembrar de coisas que nesse momento eu não quero nem pensar.

–é, verdade. -falei sem olhar pra ele.

–Então vocês já foram conhecer eles?

–já.

–Conversaram bastante?

–sim.

–Soube que lá mora um garoto da sua idade.

–Sei, idai?- disse querendo mudar de assunto mas não podia.

–nada, só acho que deve ser difícil pra ele, parece que esta se sentindo sozinho por tudo que aconteceu.

–Sozinho? Ah pai me poupe, com o tempo esse garoto faz novos amigos na cidade, relaxa.

– não acho que ele esta se sentindo sozinho porque se mudou pra uma nova cidade, ele não tinha muitos amigos no Rio de Janeiro.

–Ah, então o garoto tem sérios problemas.

–Filha não fala assim, você não o conhece, não pode julga-lo.

–não estou julgando, só acho que ele devia tentar conhecer pessoas né, sei lá, pelo menos falar com alguém.

–Mas deve ser difícil depois de tudo que ele passou.

–E o que ele passou? Ah se mudar pra uma nova cidade não é tão difícil assim né?!que dramático.

–Não, não é bem isso...- eu o interrompi querendo mudar de assunto:

–Tá mas enfim, o que você queria, veio aqui no meu quarto, quer alguma coisa pai?

–Nada não, só que a situação deles me fez pensar em tentar passar mais tempo com você.-eu não entendi o que ele queria dizer com aquilo, fiz cara de confusa e perguntei.

–Que? Pai do que você ta falando?

–como assim querida? Você não sabe?

–Sei do que?

–Achei que sua mãe tinha lhe contado.

–Contado o que? eu to confusa! -ele me olhou por um segundo, hesitou um pouco em dizer mas acabou se decidindo falar:

–Filha...o pai daquele garoto...Ele morreu...ele morreu cinco meses atrás, em um acidente de carro. -Ele disse aquilo, e eu paralisei, meu Deus, então foi por isso que ele tinha se comportado daquele jeito quando eu falei que o pai dele devia não estar dando atenção suficiente pra ele, eu me sentia uma completa idiota, mas ao mesmo tempo me perguntava porque eu estava me importando tanto com aquilo? Uma hora ou outra alguém ia tocar no assunto do pai dele e além disso eu não sabia e eu sempre agi dessa forma, se fosse com outra pessoa eu não me importaria, porque com ele eu me importo?, porque eu me sinto uma estupida por ter o magoado? Eu não devia estar me sentindo assim. Eu pensava em várias coisas até que meu pai falou:

–Tá tudo bem filha?

–tá, tá sim...Pai eu não to me sentindo muito bem, eu acho que vou dormir um pouco, estou cansada.

–Mas agora ainda são 17:00hrs.

–é mas eu já to cansada.

–Tudo bem então eu vou te deixar sozinha!

–ta. Tchau-ele saiu do meu quarto e eu fiquei pensando o quanto deve ser difícil pra ele perder uma pessoa que tanto ama. Espera, o que eu to dizendo? Que se dane, ele tem que superar e pronto, por que eu tenho que me preocupar com os problemas dele? Tentei não pensar naquilo e adormeci.


(P.V. Cebola )

Já estava pronto pra ir pra escola e enquanto eu amarrava o cadarço do meu tênis, ia pensando na Mônica, ficava com raiva de mim mesmo por estar pensando nela, porque ela não merecia a minha raiva, porque justo ela tinha que me magoar?, tinha que fazer tanta importância na minha vida? Vi no relógio da minha cômoda que eu estava atrasado, corri pra escola o mais de pressa possível, cheguei lá e vi que a aula já tinha começado, droga, eu tinha me atrasado, a sala era diferente, era espaçosa e tinha vários instrumentos, provavelmente seria aula de música. Entrei na sala e todos já estavam sentados olhei para o professor e ele me disse:

–Olha se não é o aluno novo que por sinal já se atrasou no segundo dia né?

–Desculpa professor.

–Tudo bem você pode ir se sentar ali com a Carmem. -Olhei e vi que era aquela garota que a Mônica disse que ela não gostava dela, ela pareceu se interessar por mim, mas eu não gostava nem um pouco dela, afinal o Do Contra já tinha me falado que ela dava em cima de quase todos os garotos da escola pra provocar raiva na Mônica, o que eu acho que não funcionava muito bem. Me sentei ao lado dela e o professor começou a falar:

–Bom alunos, como eu estava dizendo, esse ano vamos ter o nosso primeiro show de talentos...-eu lembrei que a Mônica tinha me falado desse tal show de talentos, será que ela ia participar? O professor continuou: -e como vocês já sabem, eu prometi na aula anterior que iria escolher duas pessoas hoje para vim cantar aqui na frente para mostrar alguns acordes que os ajudarão no dia do show, e creio que muitos aqui vão participar já que vale nota pra todas as matérias, não importa se não sabem cantar, vão ganhar nota por participação mesmo assim.-Eu adorava musica, estava doido pra participar, só tinha um único probleminha, eu morria de vergonha de cantar em publico.

–Bom então vamos escolher a dupla. -falou a professor, eu estava com medo dele me escolher, mas acho que não ia acontecer. Ele prosseguiu:

–Mônica querida, gostaria de vir aqui na frente, eu escolho você. -ele tinha escolhido a Mônica, o que me deixou surpreso, será que ela sabia cantar bem?

–isso!!!-ela falou, parecia que ela queria e já esperava que o professor a escolhesse. Ela se levantou e foi até em frente a sala. O professor continuou a falar:

–Bom e a outra pessoa pode ser...ham...Ha já sei...O senhor atrasadinho ali-ele disse apontando pra mim, ai meu Deus e agora?!

–Ah desculpe professor, eu não canto-falei.

–Você toca algum instrumento?

–Sim, violão.

–Então já deve ter cantado uma vez na vida, vem logo pra cá muleque!-eu hesitei um pouco mas levantei e me dirigi até onde Mônica estava, ela parecia com raiva pelo professor ter me escolhido, mas eu fingi não ligar muito, todos na sala estavam olhando pra nós dois principalmente aquele garoto lá, o Tony que estava morrendo de raiva, o que me deixou um pouquinho contente, kk. O professor me entregou um papel com a letra da música e outro para a Mônica e disse até que parte agente ia cantar e depos colocou pra tocar o ritmo pra gente ouvir e pegar um jeito e depois ele falou pra gente começar a cantar:

–Estão prontos? Mônica e...Desculpe qual é o seu nome mesmo?-ele perguntou.

–Meu nome é Cebola.

–Cebola? Ham tudo bem, estão prontos?

–Eu já nasci pronta. -disse Mônica.

–Convencida nada né?!-eu falei. Ela me olhou com uma expressão de raiva e depois voltou a olhar pro papel. E então ela foi até o piano no meio da sala e se apoiou nele eu fiquei apoiado nele também do lado dela.

–Pode começar professor-Mônica falou.

–Tudo bem, mas tentem não ficar parados no lugar ok?!

–Tudo bem-eu e Mônica concordamos.

(P.V. Autora)

Quem quiser ver o video, é só clicar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=rDomad6HWHU

Cebola começou a cantar:

Cebola: Meu coração busca sem parar, uma estrela no alto deste mar.

Mônica olhou pra ele, surpresa, ele cantava muito bem então ela desviou o olhar e começou a cantar:

Mônica: Se pudesse iluminar um caminho até ti, é possível que eu te possa encontrar.

Cebola também ficou surpreso, ela realmente sabia cantar, ele sorriu pra ela que também sorria mais calma, e então eles esqueceram a raiva um do outro e passaram só a sentir a musica dentro deles. Cebola pegou na mão dela e eles foram pro meio da sala enquanto ele cantava:

Cebola: cada manhã, penso em sua voz.

Mônica e Cebola: No momento em que te vejo chegar.

Mônica se sentou na escadinha de três degraus que tinha no meio da sala, cruzou as pernas e cantou:

Mônica: Se esta vida se apaixona da nossa paixão, algum dia nos poderá juntar.

Mônica se levantou da escadinha e segurou a mão dele novamente, Cebola a rodopiou duas vezes cantando:

Mônica e Cebola(refrão): Apenas diga onde eu estarei, entre meus braços eu te cuidarei.

Quando eles cantaram esta ultima frase ele abraçou Mônica, a segurando enquanto ela jogava o corpo para tráz de costas para o chão, deixando os dois próximos um do outro, enquanto Mônica apoiava o seu braço direito no pescoço dele.

Mônica: Como unir almas inseparáveis,- Cebola levantou ela calmamente, a tirando de seus braços.

Mônica e Cebola: E sonhar um beijo sem final.

Mônica subiu na terceira escadinha e ele a pegou pela cintura e a levantou e depois, a colocou de volta no chão, ao mesmo tempo cantando:

Mônica e Cebola: Diga se algo que eu possa fazer, pra te esconder dentro de, meu ser.

Eles voltaram pra perto do piano com as duas mãos dadas e a música estava quase acabando.

Mônica e Cebola: Eu sei vai acontecer, sua metade e minha metade, logo vão se encontrar...Não vai ser por acaso.

Mônica: Uhu iéé.–Mônica cantou o ultimo versinho lentamente com uma voz doce.

Os dois viram que estavam de mãos dadas, ficaram constrangidos , Mônica tirou suas mãos das dele e a musica acabou. Todos na sala ficaram em silencio por um ou dois segundos e depois, surgiram varias e varias palmas, a turma inteira aplaudiu os dois, chegaram até a assoviar. Quando a turma inteira terminou de aplaudir o professor estava com um sorriso enorme no rosto:

–Vocês foram incríveis e realmente deviam participar do show de talentos, Cebola você canta muito bem e Mônica eu não esperava que você fosse tão talentosa.

–Obrigada- disseram os dois.


(P.V. Mônica)

Eu não acreditava que tivesse cantado tão bem daquele jeito, foi tão legal, só que eu me sentia meio estranha porque eu gostava de estar ali na presença do Cebola, o que me deixava confusa, por que eu não estava com raiva dele pela nossa discussão? por que eu gostava de cantar com ele mais do que cantar sozinha? E por que a presença dele não me incomodava?, afinal ele era só mais um garoto novo na escola que eu mau conhecia. O professor Eduardo disse para nós dois:

–Vocês se saíram muito bem, não ficaram parados no lugar, se mexeram, dançaram um pouco e cantaram maravilhosamente, eu esperava mais que desafinassem pra mim dar um exemplo melhor para os alunos, mas vocês tem uma voz muito boa, parabéns.

–Obrigada professor -eu falei.

–é, eu nunca tinha cantado em publico antes- disse o Cebola.

–Sério? Parecia já ter experiência com musica-disse o professor Eduardo-Bom podem voltar para os seus lugares.

Fui me sentar com o Tony e o Cebola voltou a se sentar com a Carmem que com certeza estava paquerando ele, não sei porque mas aquilo me deixou com raiva. Voltei a dar atenção com o Tony que parecia estar com os nervos a flor da pele de tanta raiva que estava por eu ter cantado com o cebola.

–O que foi Tony? qual o problema?-perguntei baixinho pra ele.

–Aquele idiota é o problema. -ele falou olhando pro Cebola.

–Ai para com isso vai, o professor que escolheu ele.

–é mas ele precisava ter pegado na sua mão e segurado na sua cintura?

–Quem esta sendo ciumento agora? E ele não fez nada de mais Tony.

–É impressão minha ou você ta defendendo ele?

–é-é impressão sua, agora vamos prestar atenção na aula ok.

–tá bom.

A aula foi passando e eu não parava de pensar no Cebola, não sei porque mas eu pensava, no jeito que cantamos e em como eu me sentia quando estava perto dele, eu queria parar de pensar mas não conseguia.

–PRIIM -o sinal pro intervalo tocou.

Eu e Tony fomos até a mesa de sempre, onde estavam Carmem, Tikara, Marina, Franja, Magali e Quim.(como sempre).

Carmem logo começou a falar:

–Aquele garoto Cebola parece ser bem legal...né Mônica?!kkk.

–O que você quer dizer com isso Carmem?-perguntei.

–Nada não fofa, só acho que você gostou bastante dele, você não acha Tony?-ela disse querendo me provocar.

–Ai Carmem deixa de ser tão ridícula-falei.

–Me chamou de que?- ela alterou a voz. Tony nos interrompeu:

–Ei, ei, não vão brigar aqui né?-ele disse.

–Tá tudo bem.-eu disse pra ele.

O intervalo passou rápido e então fomos pra aula de ciências que mais chata do que já é, impossível. Entrei na sala e como sempre me sentei ao lado de Tony e o Cebola se sentou com um garoto que eu não conhecia, mas era dentucinho como eu e bem forte. O professor entrou na sala e estava bem animado acho que ia dar alguma noticia.

–Bom dia crianças-ele e essa mania esquisita de nos chamar de crianças, a maioria ali tinha 17 anos, por favor me poupe-tenho uma noticia esplendida para dar a vocês, amanhã não terá aula .-todos começaram a gritar de alegria:

???LEGAL!

???QUE BOM.

O professor prosseguiu:

–Mas haverá aula de ciências. De repente todos começaram a falar:

???ha que chato.

???afffe.

O professor prosseguiu:

–A nossa turma fará uma viagem para conhecer uma floresta a poucos quilômetros daqui, por isso tragam lanternas, roupas reservas, comida caso sentirem fome, enfim, tudo o que forem precisar, nós vamos acampar nessa floresta por isso não haverá aula, falem com seus pais e certifique-os e que estará tudo sobre controle, todos os professores desta turma estarão lá para ajuda-los no que for preciso.

A turma gostou e se animou um pouco com a viagem, eu nem tanto, não gosto de acampar.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, comentem, criticas são sempre bem vindas!!!beijinhosss.