Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 24
Um novo plano


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora, é que eu estava meio ocupada. Bem, eu queria desejar boas férias pra vocês, e que tenham um feliz natal e um ótimo ano novo. Beijinhos!!!



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(P.V. Mônica)

Uma semana atrás...

–Eu deveria te colocar de castigo! – Falou minha mãe, brava tentando fazer o possível para se concentrar no transito quando na verdade estava furiosa comigo.

–Acontece, que eu já ESTOU de castigo... - Tentei inutilmente me defender.

–Você foi festejar de novo Mônica e agora está doente. Quando é que você vai me obedecer?

Queria poder dizer a ela que tudo aquilo era mentira... Mas não era. Era tudo verdade, exceto a parte do “de novo” porque tecnicamente eu não tinha ido na outra vez, mas admito que eu realmente fui me acabar numa balada pra tirar a depressão.

–Escuta mãe, eu sei que tá brava comigo e tudo mais, mas...

–Brava? – ela riu. – Não, eu não estou brava. – sua expressão voltou a ficar séria. – Estou furiosa.

–Mãe...

–Pare de falar. Já estamos chegando.

–Por que eu tenho que ficar na casa dos meus tios por duas semanas?

–Pra aprender a lição. Pelo menos pense da próxima vez que tentar fugir de casa. Primeiro quebra uma perna que ainda não esclareceu direito essa história – Ela me lembrou. – E depois te encontro doente na cama, e sem falar no meu desespero quando o médico falou que você tinha usado drogas.

–Quantas vezes vou ter que dizer que não fiz nada disso?

–Nenhuma. Como diz o ditado “Uma comprovação médica vale mais que mil palavras”. – Oque? Será que minha mãe ficou maluca?

–Hm... Mãe? O certo é: Uma foto vale mais que mil palavras.

–É eu sei, mas eu não tenho uma foto.

–Você vive dizendo que se importa comigo, mas na verdade não se importa nada. Ficou desesperada quando soube que eu estava doente? Se estivesse mesmo preocupada comigo, não me largaria na casa de parentes pra me deixar outra vez e ir trabalhar.

–Nada disso é verdade.

–É, é sim. Você nem acredita no que eu digo, só sabe duvidar de mim.

–E por que eu acreditaria?

Pensei no que dizer. Nós já tínhamos chegado, minha mãe parou o carro na frente daquela enorme casona, o carro ainda estava um pouco longe da casa, teria que atravessar o gramado pra chegar até lá, fiquei feliz por não estar mais com o gesso na perna, caso contrário eu não chegaria nem perto dali. Minha mãe logo após parar o carro, se virou pra mim, que estava ao lado dela, e me encarou esperando que eu respondesse sua pergunta.

–Eu não sei. Talvez porque você é minha mãe. Ou porque o que eu falo é realmente verdade.

–Então me responda... O que aconteceu com a sua perna no dia em que voltou pra casa á meia noite?

Respirei fundo e olhei nos olhos dela tentando passar a impressão de que sabia que o que eu diria em seguida seria verdade.

–Teve... O show de talentos.

–Show de talentos? O que é isso? – perguntou.

–É um concurso onde todos participam pra ganhar notas extras nas matérias. – conclui ignorando o fato de minha mãe estar totalmente desinformada sobre minha vida, sobre tudo. – Mas eu não queria participar... Mas eu fui obrigada.

–Obrigada? Por quê?

–Por que eu fiquei de detenção por me perder na floresta com o Cebola, mas eu acabei esquecendo de ir, o que me fez perder nota e ser forçada a participar pra ganhar notas extras e ter crédito o suficiente pra poder me formar. – falei rapidamente me convencendo de que expliquei tudo, mas não foi como eu pensei.

–Espera um pouco... Você se perdeu? – é, parece que eu não tinha explicado tudo. Comecei a contar pra minha mãe tudo o que ocorrera, como foi a minha vida dez de que Cebola Menezes começou a fazer parte dela, e até o fato deu estar... Apaixonada. Minha mãe desconfiou um pouco deu ter tocado nesse assunto e começou a pensar que ele estava me levando pro lado ruim, mas eu expliquei melhor. Contei das minhas seguidas faltas nos ensaios de líder de torcida, mas que achava que ninguém se importava já que abandonei a turma popular e não namoro mais o Tony. E finalmente contei que Carmem tinha me trancado bem no dia da apresentação.

–O QUE? – Gritou.

–Calma mãe, eu estou bem agora.

–Calma nada, você perdeu muito sangue, e tudo isso por causa da estupida armadilha dessa garota. Ai, eu sabia, sabia que esses seus amigos não eram um bom exemplo.

–Tá, tudo bem, nessa parte você estava certa.

–E o que aconteceu nessa outra noite?

–Bem... É que... Quando eu fui engessar minha perna... Eu e Cebola nos beijamos. – fiquei sem fala, mas sabia que tinha que continuar. – Tudo estava bem, até você me colocar de castigo e me proibir de ir velo...

–Nada disso teria acontecido se tivesse me dito a verdade. – se defendeu se sentindo um tanto culpada.

–Se eu tivesse te dito você teria feito um escândalo. – minha mãe me olhou com desconfiança. – O que foi? – perguntei vendo a expressão em seu rosto.

–Mônica... Eu posso não ter passado muito tempo com você, mas eu te conheço muito bem e sei que não é só por isso que se afastou do Cebola, se você gostasse realmente desse rapaz teria feito com que eu acreditasse que o que você estava dizendo era verdade, você iria até o fim, eu sei. Mônica você é a pessoa mais persistente, ou seja, teimosa que eu conheço. – Ela sorriu pra mim, um sorriso que me acalmou mais do que tudo. Aquela pessoa que não me dava atenção, aquela que eu achava que só estava se esforçando para causar uma boa impressão aos outros, não existia mais. Minha mãe realmente se importava comigo. Aquele amor que ela distribuía a mim, me tranquilizou me fazendo pensar.

–Eu... Eu não sei. É que, eu perdi tantos amigos... – lembrei-me de Cascão. – Eu estive tão sozinha, não pude contar com ninguém. Sei lá, acho... Acho que eu estava com medo.

–Com medo? – perguntou ela.

–É... Com medo... É que o que eu senti por ele foi uma coisa que jamais senti antes, e aquilo era tudo tão novo, tão diferente que... Fiquei com medo de estar apaixonada, de amar alguém como eu o amo. E quando você disse que seria melhor eu me afastar, eu realmente acreditei nisso, achei que fosse o destino querendo nos separar e que realmente tinha que ser assim. – Mordi o lábio tentando fazer as lágrimas permanecerem no lugar, mas foi em vão, pois elas começaram a escorrer e meus olhos incharem, meu rosto deveria estar vermelho naquela hora.

–Oh querida, vem aqui. – minha mãe me puxou para seus braços, me fazendo deitar a cabeça em seu colo, e começou a fazer um cafuné no meu cabelo. – Tá tudo bem.

–Desculpa. – sussurrei.

–Não tem por que se desculpar você fez a coisa certa, eu teria feito o mesmo se tivesse no seu lugar. Ás vezes eu sou mesmo muito controladora e não tenho dado nenhuma atenção pra você. – desabafou, ainda tentando me acalmar. – Eu vou passar mais tempo com você querida, prometo... Eu prometo. – sussurrou deixando algumas lágrimas caírem junto com as minhas.

–Me enganei a seu respeito mãe... Você é a melhor mãe do mundo. – a elogiei ainda debruçada sobre ela recebendo o seu afeto.

–Obrigada. – agradeci a ela.

–E o Tony? – indagou, me surpreendendo.

– O que tem ele?

–Vocês terminaram mesmo?

–Sim. – respondi rapidamente.

–E o que você vai fazer agora?

–Como assim mãe? Eu estou bem melhor sem ele.

–Mas... E os seus planos?

–Planos?

–É, os seus planos pro futuro. – Lembrei-me do que eu tinha reservado depois que a escola acabasse eu ia pra universidade de PUC-RIO no Rio de janeiro. Mas esses planos só serviam quando eu ainda estava com Tony. Será que eu ainda queria ir pra lá?

–Eu vou sem ele. – Conclui levantando-me.

–Então é isso mesmo que quer?

–S-sim. – minha mãe não se convenceu.

–Tudo bem, você ainda tem tempo pra pensar. – tentou me acalmar. – Mas e o que aconteceu nessa ultima noite? Vai me dizer que alguém te sequestrou?

Eu ri.

–Não mãe, nessa eu tenho que admitir que eu mesma fugi. Mas é que eu estava muito deprê, sabe?

–Hm, sei. – ironizou.

–Eu sei que foi errado, mas era totalmente injusto me manter de castigo sem que eu tenha feito nada e se eu ficasse ali eu ia acabar enlouquecendo de vez. Eu precisava esquecer o Cebola, tirar ele da minha cabeça, bom... Pelo menos era isso o que eu pensava antes de me tocar de que isso... É impossível. – dei um leve sorriso. – Bem... E foi aí que apareceram a Carmem... – Minha mãe se preocupou ao ouvir o nome dela outra vez. – e o Tony. Bem, eu bebi um gole de bebida, nada de mais, é sério. Mas no segundo gole a bebida estava totalmente diferente, alguém colocou drogas naquela bebida, e não foi o Tony porque ele estava do outro lado, então só pode ter sido a Carmem... Eu fiquei tonta e sem saber o que fazer. Alguém apareceu e começou a me bater, eu me lembro de ter perguntado quem era... Era o Tony. – suspirei ao ver a preocupação estampada nos olhos dela novamente. – Eu não entendi muito bem o porquê, mas ele me levou de volta pra casa, acho que ele não queria se meter em encrenca.

–Filha... Eu lamento, mas vou ter que denunciar os dois.

–O QUE? – Gritei.

–Vou ter que fazer alguma coisa, isso não pode ficar assim.

–Não mãe, foi por isso que eu não quis te contar no inicio, porque você ia tomar decisões precipitadas e eu não queria isso.

–Mas se ninguém fizer nada, essa menina vai continuar te atormentando Mônica.

–Eu sei que vai... Mas é exatamente isso que eu quero mãe... Se ela continuar, eu quero saber como lidar com ela... Sozinha.

Ela suspirou e olhou pra mim, me encarando, eu sabia que ela não me entendia no momento, eu acho que nem eu mesma me entendia, quer dizer, eu queria mesmo ver a Carmem pagando pelo que ela me fez, mas não queria que fosse assim, não queria que fosse através da minha mãe, a Carmem era uma pessoa má, e mais cedo ou mais tarde pagaria pelo que fez, do jeito que ela se comportava, seria mais cedo.

– Tudo bem... Como quiser. – disse tentando ver o meu ponto de vista, acho que ela se sentia como se me devesse isso.

Ficamos ali por mais algum tempo. Minha mãe não queria mais me deixar ali como punição, mas ela achou melhor eu ficar para me recuperar dos hematomas e feridas, e também por que seria bom eu me distanciar da escola por enquanto.

Duas semanas se passaram, foi bem mais rápido do que eu pensei. Meus tios eram super compreensivos, principalmente minha tia Nancy. Ela era incrível, me disse coisas encorajadoras, e de como eu deveria lutar por aquilo que eu gosto, por aquilo que eu amo, por que:

–Por que se você realmente gosta de uma pessoa, deve correr atrás dela. – concluiu ela olhando diretamente nos meus olhos, ainda sorrindo pra mim. Lembrei-me do que eu sempre dizia á mim mesma: Não sou de correr atrás de ninguém, mas se eu fizer isso é porque essa pessoa é realmente especial. Será que Cebola seria essa pessoa especial pra mim? Acho que sim.

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Alô?... Quem fala? ... É com você mesmo que eu queria falar... Sim, sou eu, o Tony. E aí, já está melhor?... Que bom. A Mônica volta pra escola amanhã... Não, eu não quero me vingar dela, pelo contrário, eu quero fazer as pazes... Não tem nada a ver com a Mônica... Quer dizer, só um pouquinho... Eu quero me vingar de alguém... Ela mesma... Carmem Frufru... Eu tenho um plano... Você me ajuda?


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem. Comentem!!!!