Mudança De Planos escrita por Clara Ferler


Capítulo 20
Meu primeiro amor.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, bjs!!! Quero agradecer todos os coments e todas as recomendações, obrigada por terem paciência e continuarem acompanhando minha fic!!!



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(P.V. Cebola)

- E então?... – falei movimentando minha mão esperando que aquele cara me desse logo à resposta para a minha pergunta.

-Ela vai ficar bem. – ele me falou finalmente. Suspirei de alivio. – Ela apenas sofreu algumas lesões no local. Poderia ter ocorrido de trincar o osso do tornozelo, mas isso não aconteceu. Os medicamentos que recomendei serão necessários pra ela continuar andando, mas irá mancar pelo menos por duas semanas... Eu vou deixar claro que ainda há riscos de lesões sérias no tornozelo, porque não chegaram até aqui a tempo de não ocorrer ferimentos graves, por isso vou verificar como vão os cuidados que ela vai tomar nessas semanas. – Suspirei de alivio novamente, apesar de ter ouvido o aviso do médico, ele continuou:

- E onde estão os pais da garota?

-Hm... Bem... Eles ainda não sabem que ela está aqui. – falei envergonhado por em nenhum segundo ter pensado nisso.

-Ah, mas então você não tem o direito de receber essas informações. – ele disse me olhando sério. Mas então, o seu olhar mudou de um jeito que me surpreendeu. Ele sorriu e direcionou o seu olhar pra mim. – Ah... Entendi... Você deve ser o namorado, certo? – fiquei mudo.

-Ah... Não... Não é nada do que o senhor está... – ele me interrompeu:

- Não tem problema... Pode receber sim essas informações. Só diga pra ela que terá que usar muletas até se recuperar, tudo bem?

-Na verdade... Eu não sou...

-E fique tranquilo porque eu já disse que ela vai ficar bem. E depois você passa as informações para os pais dela. – Não sabia como responder aquilo, eu não queria que ele se arrependesse de me dar todas as informações, então apenas concordei com a cabeça.

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Enquanto isso...

-E então né? – disse ele sem saber ao certo o que dizer.

-É né! – respondeu ela também sem saber o que dizer.

Eles se sentaram ali na grama do jardim, fora do hospital, esperando Cebola terminar de falar com o médico.

-Olha... Você... Foi bem legal ajudando a Mônica. – Tentou dizer Magali, engolindo todo o seu orgulho.

-Valeu! E talvez você não seja a péssima amiga que eu achei que fosse... Me enganei... Desculpe! – falou em fim.

-Ah... Não precisa se desculpar. Mas aceito suas desculpas.

Cascão olha pra ela. Vendo aquele rosto de boneca que costumava ter também anos atrás, quando a conheceu. Aquela garota que aparentava ser tão falsa e artificial. Que aquele rostinho de princesa boazinha era só armação... Bem, aquela opinião não existia mais na mente de Cascão. Ele se direcionou a ela, e então disse:

-Sabe, Magali... Antes... Eu pensava que a Mônica estava enganada a seu respeito... Que você não a merecia como uma amiga, e que, eu poderia me redimir se ela deixasse. Eu seria um bom amigo pra ela. Um amigo bem melhor do que você. – Magali logo se enfureceu, mas tentou não demonstrar e continuar ouvindo. – Antes eu achava que a Mônica estava cega, porque ela tinha tantas opções de amizade, e foi ter o azar de escolher justo você... – Ela tenta se controlar pra não demonstrar a raiva, apesar de fracassar um pouco nisso. – Mas hoje eu penso diferente... – Magali logo se interessou: - Hoje, eu penso que a Mônica tem sorte de ter uma amiga como você! – ele conclui sorrindo. Ela, então, desenha o maior sorriso que poderia conseguir fazer. O garoto que ela menos gostaria de presenciar, se tornou sua melhor companhia. Rapidamente de curvou para dar um abraço em Cascão, que retribuiu a ele. De repente, os dois pensaram que aquela poderia ser o início de uma nova amizade.

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(P.V. Mônica)

-Calma, eu não vim brigar.

-O que faz aqui? – perguntei já impaciente.

-A enfermeira me deixou entrar.

-Eu não perguntei como veio parar aqui, e sim o que faz aqui... Franjinha?

-Eu vim ver como está.

-Como EU estou? – olhei pra minha perna, que se encontrava com um gesso a cobrindo. – Desde que você me trancou naquele quarto, eu vim parar aqui porque quebrei meu tornozelo, se é que quebrei!

-Espera um pouco... Eu não te tranquei no quartinho de limpeza, quem fez isso foi a Carmem.

-É, mas foi você quem me mandou pra lá seu idiota.

-Opa, nem vem que eu não fiz nada.

-Franja, para com isso. Você fez parte dessa armação, eu sei. Você me disse que estavam me esperando lá, e quando eu fui ver, não tinha ninguém, apenas a Carmem que me trancou lá.

-Mas eu vim me desculpar... A Marina nem sabe que eu fiz parte disso, e se soubesse, eu iria morrer.

-E é o que você merece. – resmunguei com ódio.

-Eu fui obrigado Mônica.

-É, aposto que o Tony te forçou a fazer isso.

-Tony? – ele riu. – O Tony nem sabe disso. – Eu olhei pra ele confusa e surpresa, aparentemente ele já se preparava para me dar uma explicação, então me preparei para ouvi-lo. – O Tony jamais tentaria te machucar.

-A nem vem, que eu sei muito bem que nesse último mês, eu tenho ficado cada vez mais longe do Cebola, provavelmente ele quer voltar comigo e tentar me afastar dele porque sentiu ciúmes, sei lá.

Ele deu uma leve risada outra vez, e depois voltou à atenção pra mim:

-Tudo bem Mônica, está certo que ele fez parte desse lance de separar você daquele cara. Mas as piadinhas, as brincadeiras estúpidas e a armadilha de areia... Não foi ele, ele nem sabe que isso aconteceu.

-Então quem foi?

-Não é obvio?... A Carmem. Ela me chantageou para fazer aquela armadilha de areia e pra arranjar alguma desculpa pra você parar naquela salinha.

-Te chantageou? Como?

-B-bem... Ela tinha um vídeo meu que é constrangedor e... Eu prefiro não comentar... Mas o importante é que ela conseguiu o que queria... Bem, quase tudo hehe.

-Como assim? – perguntei.

-Ela queria ver você não se formar, queria que você reprovasse de ano, e assim ela ia ganhar o show de talentos. Nisso, ela só conseguiu em uma parte, na outra ela não conseguiu. – olhei pra ele esperando que prosseguisse: - Ela ganhou o show de talentos.

-O que? – perguntei indignada. Como ela poderia ter vencido? Que raiva.

-Foi isso que você ouviu. Mas por outro lado... Você não reprovou de ano. – Suspirei de alivio, junto com um breve sorriso, mas logo quis saber o motivo, então perguntei: - Por que não?

-Bem... Isso eu não posso te contar, quero que seja surpresa. Quando os seus amiguinhos chegarem, eles te contam.

-Mas...

-Nada de mas...

Olhei pra ele, estranhando aquela pessoa que eu via, não acredito que ele foi capaz de fazer aquilo comigo, apesar de ter esclarecido o motivo, eu ainda não reconhecia. Ele percebeu a minha expressão e sorriu:

-Ei, eu ainda sou o mesmo Franja de sempre, tudo bem?

Eu simplesmente concordei com a cabeça. Até que ouço um som de alguém batendo na porta e ela logo em seguida se abre.

-Eu trouxe essas comidas e... – diz Irene com Milk shakes na mão e uma bandeja de comida, ela logo se cala ao ver Franja ali dentro.

-Oi. – ele diz.

-Esse é o... Bem, você já conhece. – digo, sabendo que apesar de Irene ser de uma classe menos popular que a minha, ela ainda era muito popular e a turma dela conversava de vez em quando com a nossa.

-É, oi Franja. – ela diz.

-Que horas são? – pergunto.

-23:00 horas. Você dormiu bastante. E falando nisso... Acho melhor ligar pros seus pais, eles devem estar preocupados. – diz ela colocando a bandeja sobre a mesinha do quarto.

-Ah, meu pais nem devem saber que eu existo.

-Como assim?

-Estão tão ocupados, nem devem estar em casa agora. Acho que estão viajando. Sei lá, devem estar na empresa do papai, geralmente ficam lá até a meia noite.

-Ah tá. – conclui Irene com um olhar de pena.

De repente ouço outro barulho na porta, e então, ela se abre, entrando Magali, Cascão e... Cebola. Fico feliz em velo.

-Oi. Vejo que já acordou. – fala Cascão sentando-se ao meu lado na cama.

-O que aconteceu? – pergunto.

-Bem... Alguém te trancou, não sabemos quem. Você adormeceu quando o Cebola te carregou até o hospital... – Fiquei vermelha ao ouvir aquilo, mas fingi não ter percebido. – E então te trouxemos aqui, você fez uns exames e de acordo com Cebola, você vai ficar bem. O que o médico disse mesmo Cebola? – Cascão pergunta.

-Hm... Que você... Vai precisar usar muletas por pelo menos duas semanas, e ele vai receitar medicamentos pra você segui-los durante esse tempo. – ele disse meio sem jeito, não entendi o porquê, mas apenas concordei.

-E o médico te deu toda essa informação? Eu frequento esse hospital sempre que fico doente e geralmente os médicos só dão informações para familiares. – digo.

-B-bem... É que... – disse ele bagunçando os cabelos com a mão meio sem jeito.

-É que... – indiquei tentando dizer pra ele prosseguir.

-É que... Ele pensou que agente fosse namorados. – ele disse finalmente. Apenas senti meu rosto pipocar, e nossas faces ficarem coradas.

-Ah... Tá. Esse é o Franja pra quem não conhece. – o apresentei tentando mudar de assunto.

-O que ele faz aqui? – pergunta Cebola em um tom meio bravo.

-Ele veio dizer que fez parte da armação da Carmem, mas só porque foi chantageado.

- O que? Como assim? – perguntaram todos ao mesmo tempo.

-É, foi a Carmem quem me trancou, mas ele veio pedir desculpas.

-O que você fez seu idiota? – ele falou alterando tom de voz em direção a Franja.

-Calma Cebola. – falei.

-Calma nada. Já estou cansado de ver você com essas pessoas que na verdade não são suas amigas. – de repente, vejo que a expressão de Irene muda sem que ninguém perceba, apenas eu. – Essas pessoas que você confia por um segundo e acabam te decepcionando. Essas pessoas não prestam, fazem planos ridículos tentando te jogar na pior, e você fica achando que está tudo bem quando na verdade não está. – Irene abaixa a cabeça com uma expressão de culpa, mas tentei fingir que não era nada, e voltei a prestar atenção na voz preocupante e ao mesmo tempo enfurecida de Cebola:

-Pessoas que fazem sempre a mesma coisa... Por um segundo você acha que são suas amigas, mas na verdade não passam de mentirosas.

-TÁ BOM, FUI EU! – Gritou Irene pra que todos ouvissem e ficassem confusos.

-Você o que? – pergunta Cebola meio que indignado por ela ter o interrompido.

-Eu... Participei da armação contra a Mônica. – Concluiu quase chorando.

-O que? – perguntei espantada.

-Me desculpe, não foi intencional... Ninguém sabia que ela ia fazer isso, esse plano não foi só contra você, mas também contra todos nós. O Franja foi chantageado... Mas eu não... Eu fiz por conta própria. – terminou de dizer com vergonha da sua atitude. Mas ainda assim, eu via a sinceridade no rosto dela. – Me desculpe! – ela disse outra vez. Eu já esperava que Cebola continuasse falando a respeito das pessoas traíras, mas não. Ele apenas parecia demonstrar a mesma reação que a minha.

-Tá tudo bem. – falei. Irene então levantou a cabeça e esboçou um sorriso um tanto sutil.

-N-não está brava? – perguntou.

-Não. – respondi.

-NÃO ESTÁ? – Perguntaram todos ao mesmo tempo, o que me deixou um pouco surpresa e zangada.

-O que aconteceu com você? – pergunta Irene.

-C-como assim?

-Você... Geralmente é meio vingativa não é? Sei lá, achei que fosse me matar hãhã.

-É... Er... Eu não me comporto mais dessa maneira. – olho rapidamente pra Cebola, e logo desvio o olhar quando noto que ele notou o que eu quis dizer. – Mas o que aconteceu pra eu não reprovar de ano? – perguntei, lembrando do que Franja mencionou.

-Bom, mais uma vez eu te salvei. – disse Cascão rindo. – Eu tinha gravado há um mês o vídeo de você e do Cebola cantando na aula de música, e então entreguei para o professor, que logo viu e te deu nota, ainda mais quando eu expliquei que você estava no hospital.

-Oww! Obrigada Cascão. – agradeci. Parece que eu estava começando a perceber quem eram os meus amigos de verdade.

Franja logo saiu dali, foi se encontrar com a Marina. Apesar deu saber que o que ele fez foi errado, ele estava arrependido. E podem até dizer que os verdadeiros amigos não fazem uma coisa dessas com o outro, e isso é verdade, mas agora, nesse momento, eu digo que os verdadeiros amigos... Perdoam.

Escutei batidas na porta e ela logo se abriu. Um senhor de jaleco entrou e disse:

-Bem Mônica, está tudo certo. Pode ir embora. – Ele disse e logo em seguida olhou pra Cebola. – O seu namorado já te falou dos medicamentos? - corei. Mas mesmo assim tentei não demonstrar e disse:

-Não, não falou. – e olho pra ele, esperando uma explicação.

-Ah... Aqui está – Cebola falou tirando do bolso da sua calça um papelzinho com tudo o que terei que usar e o que terei que fazer durante o dia.

-Pode-se levantar.

Logo estava de pé, depois de meus amigos me ajudarem. Ainda sentia dor, mas melhorou bastante.

-Bem, vamos embora? Por favor. – pedi.

-Tá claro. Cascão! – Disse Cebola, chamando a atenção de Cascão.

-Ah... Foi mau cara... Dirige você... Eu vou ficar aqui no hospital com a Magali mais um pouco.

-No hospital? – pergunta Cebola.

-Com a Magali? – eu completo.

-É... Estamos tentando ser amigos. – disse ele. – depois vamos pra casa a pé, assim temos tempo pra conversar.

-Então tá – concordamos nós dois. Me desgrudei da Magali pra tentar andar sozinha, mas isso não deu muito certo, pois logo tropecei, quase caindo de cara no chão, antes que os braços de Magali e Cebola me segurassem. Mas felizmente não caí, sorte que tinham eles ali do meu lado. Cebola logo colocou meu braço direito por cima de seu ombro, me fazendo apoiar minha força nele. O simples toque dele já me deixou eletrizada, e olhando para aquele sorriso, pude ver o quanto gostava do garoto, por mais que eu tentasse não gostar, eu gostava.

-Vamos. – ele disse.

-Tá bom.

Fomos pra fora do hospital até chegarmos ao carro do Cascão, onde ele abriu a porta pra mim e logo a fechou depois que entrei no carro. Logo em seguida ele entrou no banco ao meu lado e fechou a porta. Ele ficou olhando um tempo para o carro ainda parado, e parecia medo refletindo nos olhos dele.

-Não precisa ter medo. – falei.

-M-medo? Por que teria medo? – ele perguntou.

-Hm... Eu não sei... Talvez por causa do acidente. – falei em um impulso, sabia que ele não queria falar no assunto. Ele simplesmente ligou o carro e começou a dirigir. Durante o caminho inteiro ficamos sem dizer nada, até que chegamos em frente a minha casa, ele desligou o carro e olhou pra mim.

-Cebola... – comecei a dizer. – Se você quiser... Pode falar comigo... E-eu, sou uma boa ouvinte. – e dei um sorriso forçado.

-Olhe, eu não quero falar sobre isso tudo bem?

-Tá... Eu só achei que... – não disse mais nada, apenas abri a porta do carro disposta a sair quando então, ele puxa o meu braço.

-Mônica espera. – eu olho pra ele e então fecho a porta do carro novamente.

-O que foi? – pergunto.

Ele simplesmente olha pra baixo e suspira profundamente, e finalmente levanta a cabeça e olha nos meus olhos:

-Eu... Eu e ele éramos melhores amigos.

-Deve ter sido duro pra você saber da noticia... Q-quer dizer, deve ter sido horrível saber por alguém que seu pai... Morreu em um acidente de carro. – falei um pouco nervosa, francamente eu não era boa nesses assuntos.

-E foi mesmo horrível... – ele olhou pra mim. – porque eu estava lá... Com ele.

-O-oque? – fiquei muda.

-Eu estava no carro quando aconteceu o acidente... Estava chovendo e... Meu pai parou no sinal vermelho... Quando uns caras voltavam de algum lugar e estavam totalmente bêbados, quando então... – ele parou no mesmo instante por falta de voz. No momento em que ele abaixou a cabeça para chorar, pude sentir a dor que ele sentia, a perda e a falta de esperanças. Pelo que eu via Cebola nunca se abriu com ninguém, pelo menos era isso que seus olhos diziam. – Eu nunca falei sobre isso com ninguém.

-Nem com a sua mãe? – perguntei.

-Minha mãe não tem sido a mesma desde então...

-Como assim?

-Hm... Eu não sei... Talvez, eu não consiga falar com ela, porque apesar dela tentar demonstrar que se importa comigo, eu sinto a dor que ela revela, eu sinto que ela tenta se esforçar pra dar toda a atenção pra mim, mas ela não consegue... Eu me sinto como se eu fosse um estranho perto da minha família. Como se tivessem tantos problemas, e eu... Só sou mais um desses problemas que ninguém tem tempo pra tentar resolver.

-Não diz isso. – Falei colocando a minha mão sobre a dele.

-Mas é verdade... Às vezes eu me sinto como se ninguém se importasse comigo, apesar de lá no fundo querer se importar, tem coisas mais importantes pra fazer do que ficar lidando com o garoto ridículo que não sabe viver sem o pai. – abaixei a cabeça sabendo exatamente o que é passar por uma fase onde ninguém te nota, onde apesar de gritar, ninguém te ouve e não há nada que possa fazer pra mudar isso.

-Eu sei como se sente. – sussurrei. Ele deu um meio sorriso torto e um tanto irônico, e falou:

-Duvido que saiba Mônica... Sua vida é perfeita, tem tudo o que quer e na hora que quer... Seus pais são ricos, sua casa é linda, e sem mencionar que é a mais popular do colégio... Você não sabe o que é perder alguém que ama.

- O que? – perguntei irritada. Ele percebeu o meu tom de voz, mas mesmo assim continuei. – Você não tem o direito de falar assim comigo. Não me conhece, não sabe o que eu passo todos os dias e... – ele me interrompeu:

-E pelo que você passa todos os dias em? Ah já sei... Você vai fazer compras. Ah não, você vai estourar todos os seus cartões de crédito. – disse ele irônico.

-Não fale assim de mim. – resmunguei.

-E como devo falar?... Que você é a coitadinha da história, que sofre por ser rica e popular, e que tem amigos terríveis, ai coitadinha. – disse ele sarcástico e com uma voz fina tentando me imitar. Eu gemi de raiva, como ele se atrevia a se intrometer, mas não era por isso que eu ia deixar barato pra ele:

-Ah é? Pra mim é você quem se faz de coitadinho, sempre dizendo que é o garoto solitário que simplesmente está tentando fazer amigos, mas na verdade você é um interesseiro.

-Eu? Um interesseiro? – disse ele com uma breve risada.

-Sim você. Sempre tentando se aproximar de mim, só por que sou a mais querida, e tudo isso só pra tentar fazer amigos através de mim. – deduzi, apesar de não ter certeza sobre o que eu estava dizendo. Ele se calou, mas não se deu por vencido, apenas balançou a cabeça e disse:

-Você já está em casa, é só ir embora.

-Tá bom. – disse simplesmente, cruzei os braços e fiquei ali parada olhando pra frente, e ele estranhando a minha atitude, falou:

-O que você está esperando?

-Eu não consigo sair do carro... Eu preciso de ajuda pra descer. – falei.

-Ah, é... Desculpa. – ele disse meio sem graça, e saiu do carro tentando parecer bravo apesar deu saber que ele já não estava mais. Abriu a porta pra mim, e pegou na minha mão me ajudando a sair. Eu tentava ficar em pé, mas era tão difícil, nunca passei por uma experiência de tentar andar só com o peso de uma perna. Ele fechou a porta do carro e eu ainda escorregava de uma maneira tentando ficar de pé. Em um movimento quase caio, mas ainda com Cebola segurando as minhas duas mãos, me abraça vendo a minha dificuldade no equilíbrio, sendo então, a única forma de me manter em pé. A sensação que sentia era tão poderosa, que ele tinha o controle total sobre mim. Então chegamos à porta da minha casa e estava prestas a abri-la quando então:

-Mô! – ele sussurra.

-O que?

-Hm... Me desculpa sabe?... Não queria discutir.

-Hm... Me... Desculpe também.

-Pelo quê? – ele pergunta.

-Por ser chata e irritante ás vezes, e sinceramente eu não acho tudo àquilo que eu te disse. – ele sorri, e chega mais perto de mim, me fazendo dar um passo pra trás e bater levemente de costas na porta, me impedindo de dar qualquer outro passo pra trás. Ele deu mais um passo em minha direção, e sussurrou no meu ouvido:

-Tá tudo bem... Ás vezes eu gosto de te ver brava. – disse ele sorrindo.

-O que? – perguntei quase que num fio de voz.

-Você fica bonita quando está brava... É por isso que fico tentando esgotar sua paciência.

-Ah é? – disse com um sorriso debochado.

Ele deu o último passo á frente que poderia dar, para que não houvesse mais nenhuma distância entre nós dois. Ele colocou o dedo indicador em meu queixo, levantando minha cabeça, fazendo com que eu olhe em seus olhos. Nossas respirações seriam facilmente confundidas, pois nossos rostos estavam tão perto um do outro que faltava um centímetro para que se tocassem. Não aguentei ficar ali, simplesmente esperando para poder expressar o sentimento que havia há certo tempo em meu coração. Ainda olhando em seus olhos, abri um leve sorriso. Disse:

-Me beije logo. – sussurrei. As palavras que eu acabava de dizer foram tão impulsivas que eu não as reconheci. O sentimento que o cercava, era o mesmo que o meu. Ele apenas sorriu, antes de levar seus lábios e encosta-los levemente aos meus. Uma onda de calor invadiu todo o meu ser, como se as únicas pessoas que houvesse naquele lugar, talvez até naquele planeta, fossem só nós dois. Meus braços logo se envolveram em seu pescoço e seu corpo me prendia ainda mais entre a porta da frente e ele. Abraçando-me ainda mais a cada segundo, sentia toda a paixão que ele sentia vindo direto até mim. Seus lábios se moviam de acordo com os meus, como se nada importasse mais do que aquele momento, como se cada segundo não fosse o suficiente. Meus olhos permaneciam fechados, e eu conseguia ouvir e sentir cada toque, cada gemido, cada suspiro, e sentir ele perto de mim era a melhor coisa que eu podia querer, não demorou muito pra que suas mãos se envolvessem em minha cintura, querendo me sentir mais perto do que já estou. Sua língua brincava com a minha enquanto nossos corpos não poderiam se aproximar mais. Meus braços passavam pelo seu peito e seu pescoço, quando tenho certeza de que o que sentia era amor. Mas então, seus lábios foram afastados, e fiquei com os olhos fechados por alguns segundos depois, ainda sentindo o toque dele. Abri os olhos e o vi em minha frente com um sorriso bobo, no qual eu não podia viver sem.

-Boa noite. – Digo abrindo a porta de minha casa, apesar de não querer sair dali.

-Boa noite. – ele sussurrou. Virando-se devagar indo em direção ao carro e antes de entrar vira pra mim ainda sorrindo, antes deu entrar em casa e fechar a porta atrás de mim. Entrei sorrindo com tanta felicidade, me dirigi até a cozinha com o rosto radiante, Cebola se tornou bem mais que um amigo... Tornou-se a minha primeira paixão, o meu primeiro amor. Congelo ao ver o que está por vir.

-Onde estava esse tempo todo mocinha? – perguntou ela mais do que irritada.

-Mãe? Pai?...


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer? Mônica está encrencada? Esperem o próximo. COMENTEM!!!