Capitulo 05

 Depois daquele dia as coisas passaram rápidas no acampamento. Eu notei a mudança entre os Semideuses, Bruxos e Vampiros que não paravam de chegar, todos quando me conheciam faziam uma reverência a qual eu odiava.

 Logo eu era chamada de um jeito por cada “mundo”; para os Bruxos: Princesa, por causa da minha querida mãe a quem eu tenho tentado deixar fazer mais parte da minha vida; para os Vampiros: Rainha tinha se tornando o habitual já que os antigos reis, os Volturi, haviam se juntado ao lado de Cronos; e para os Semideuses eu era chamada de Warrior (guerreira). Pouco deles me chamavam de Bella, o que me deixava extremamente irritada às vezes, é claro que as pessoas perto de mim me chamavam pelo nome e sempre tentavam me acalmar quando alguém me fazia perder o juízo.

 Outra surpresa também foi a visita diária de alguns deuses que resolveram se juntar a nós, os deuses pequenos freqüentavam sempre o acampamento e participavam do treinamento, sempre dificultando mais para nós.

– Isabella. – Ouvir aquela voz fez um arrepio percorrer toda a minha coluna. Eu estava me concentrando em meu poder de raios longe de todos, queria fazer que um raio caísse perto de mim, mas o céu só estava feio e nada acontecia. Virei-me e encarei Zeus em sua plenitude um pouco distante de mim.

– Zeus. – Eu disse séria, era a primeira vez que o via do tamanho de um humano, ele parecia relaxado e caminhou para mais perto de mim com as mãos levantadas.

– Não estou aqui para lutar. – Ele disse e deu um pequeno sorriso que eu ignorei.

– O que devo a honra? – Questionei fria e calculando cada um dos seus movimentos.

– Já conheceu Thalia? Sua meio-irmã? – Ele questionou. – E parece que você tem tido a honra de receber visita de muitos deuses, não é?

– Não sabia que tinha outra filha. – Eu disse e desviei meu olhar para o horizonte a minha frente. – E eles não vieram me visitar, vieram ajudar, uma coisa que você particularmente não tem feito.

– Vou ignorar a última parte. – Ele disse e se sentou em um tronco. – Sabe, Thalia parece com você, não fisicamente é claro, ela tem a personalidade forte, mas decidiu se juntar as caçadoras de Ártemis, é a líder delas.

– Sabe o que eu acho? – Questionei me virando para ele sentindo meus olhos pegarem fogo, apesar de não poder ler sua mente, afinal Edward não estava por perto e tinha minhas duvidas se poderia mesmo se ele estivesse eu sabia que ele via uma raiva contida ali. – Thalia simplesmente escolheu esse caminho para não ter que representar você, se eu pudesse, eu faria o mesmo, mas meu destino já esta traçado, sorte a dela e azar o meu.

– Ai Bella, um dia você me mata de tanto ri. – Ele gargalhou e eu não sei o que aconteceu, mas eu me sentia calma, era como se aquilo fosse comum.

– Não me chame de Bella. – Eu disse séria, mas não era um rosnado era apenas a minha voz.

– Prefira que eu lhe chame de Princesa, Warrior ou Rainha? Você escolhe MINHA filha. – Ele disse como se aquilo fosse comum e colocou ênfase na palavra “minha”.

– Vá à merda Zeus. – Eu rosnei em sua direção e ele me olhou com um sorriso aberto.

– Olha a boca querida, eu sei que odeia que te chamem com esses nomes, mas fazer o que? Venha sente-se aqui quero falar com você. – Ele parecia relaxado.

– Estou confortável. Prefiro que você me deixe treinar. – Eu disse e apontei para onde ele veio, mostrando silenciosamente que eu queria que ele sumisse da minha frente.

– Por favor, Bella, não seja teimosa, sim. – Ele disse e bateu ao seu lado.

Bufei e me sentei ao seu lado ignorando o fato de que ele parecia não ter ouvido uma palavra minha desde que apareceu ali. Tentei relaxar, mas era difícil tendo Zeus no mesmo ambiente.

– Eu sei que me odeia e não vou mudar isso, pelo menos eu não posso sozinho, mas eu não vim aqui para isso, nem para me desculpar, afinal você não vai me desculpar mesmo. – Ele disse e deu de ombros. – O tempo vai fazer você mudar de idéia a meu respeito. – Ele suspirou e estendeu para mim um anel, eu já o tinha visto, vasculhei minha mente e encontrei o que procurava: eu o havia desenhado no dia que descobri minha verdadeira vida. – Um presente. – Ele disse e eu toquei o anel dourado. – Ele te reconhece veja. – O anel se fechou em meu dedo médio sem que eu mesma pudesse colocá-lo. – Ele age de acordo com sua mente, se você estiver em perigo ele formara uma espada em sua mão.

– Como? – Questionei chocada.

– Vá tente. – Ele disse.

Pensei e logo uma linda espada dourada se formava em minha mão, ela parecia pesada para qualquer um, menos para mim. Seu encaixe em minhas pequenas mãos era perfeito, o brilho era único.

– Foi feita do ouro do Olimpo, é tão raro e único como você! – Zeus disse e eu o olhei, logo a espada diminui na minha frente se tornando um anel que se prendia ao meu dedo.

– Obrigada. – Agradeci verdadeiramente. – O que acontece se alguém roubar a espada?

– Se a jogar em qualquer lugar ou se a deixar cair em uma batalha espere um minuto e ela voltará para seu dedo na forma do anel. – Ele disse. – Se alguém a manobrar não agüentará o peso, seja ele um dos deuses, Vampiros, Semideuses ou Bruxos. Ela só reconhece a você.

– Obrigada Zeus, é lindo! – Agradeci e pela primeira vez sorri na presença de Zeus. – Eu o havia desenhado no dia que descobri minha origem.

– Ele já estava pronto para você, quando você nasceu ele foi criada especialmente para você. – Ele disse.

– Você quer dizer depois de vocês decidirem que eu deveria viver. – Eu disse mirando o oceano a nossa frente.

– Bella, eu sei que isso te magoa, entendo isso, mas me entenda também. – Ele pediu em um suspiro. – Você era uma incógnita, não sabíamos nada a respeito do que poderia acontecer quando você crescesse. Você não tem noção do quanto eles te temem, o quanto eles tem medo que você se vire contra nós.

– Eles? – Questionei. – Por que você não usa “nós”? É mais apropriado.

– Se eu tivesse que te matar acha que seria tão frio a fazer com minhas próprias mãos? Eu mandaria alguém, e depois o culparia pelo resto da vida. – Ele disse sem me olhar nos olhos. – Além do mais eu não uso nós porque pode parecer loucura, mas eu confio em você, sei que você não vai lutar contra nós, confio em você!

Aquilo me pegou de surpresa, eu o olhei, mas ele continuou olhando o oceano. Meu coração superficial se apertou, o ar me faltou e eu senti que meu mundo girou naquele momento, eu não

sabia se era verdade o que ele tinha me dito, mas eu queria que fosse verdade, meu coração queria isso.

– Bells! – Ouvi a voz de Edward e me pus de pé. Zeus olhou na direção que Edward vinha. – Desculpa atrapalhar. – Ele pediu, mas vi seu olhar avaliar meu rosto e o de Zeus tentando distinguir se havia uma briga.

– Algum problema Ed? – Questionei tentando tirar aquele clima do ar, clima de intimidade que eu havia permitido ter com Zeus; uma troca de segredos.

– É melhor que vejam com os próprios olhos. – Ele disse e seguimos para o centro do acampamento.

Vi algumas Semideuses desconhecidas perto de Ártemis o que me dizia que eram suas caçadoras, então olhei para onde um garoto estava. Seus braços estavam amarrados na árvore e seus pés não tocavam o chão, seus olhos eram raivosos e podiam-se ouvir seus rosnados. Eu sabia que ele era Bruxo assim que pus meus olhos nele.

– Mas o que esta acontecendo aqui? – Questionei sentindo todos me olharam.

– É com você mesmo que eu queria falar. – Ele rosnou na minha direção ainda tentando se soltar, eu respirei fundo e percebi que não era uma brincadeira, no mínimo aquele era um dos meus inimigos.

– Então diga de uma vez. – Eu disse.

– Como vocês podem acreditar que essa criança vai salvar os mundos. – Ele gargalhou enquanto eu me aproximava mais, senti uma mão me parar e pelo choque que percorreu meu corpo eu sabia que era Edward.

– Não fique muito perto, não sabemos quem é, nem se está armado. – Edward pediu e eu rolei meus olhos.

– Não se preocupe um Bruxo sem uma varinha nada pode fazer. – Eu disse e voltei meu olhar para o garoto. – O que devo a honra? – Disse sarcástica e rolei os olhos por ter usado a mesma frase que usei com Zeus a alguns minutos atrás.

– Meu mestre me mandou aqui. – Ele disse. – Cronos mandou um recadinho para você pirralha. – Ele disse ainda tentando se soltar. – Ele disse para que se prepare, ele vai matar todos na sua frente, Charlie e Sue, Reneé, seus amigos, Zeus será despedaçado e jogado no tártaro como todos os deuses! Os Vampiros serão queimados, esquartejados e você verá tudo isso sem poder fazer nada.

– Não ameace meu mundo. – Eu disse e senti o vento mexer.

– Pirralha patética. – Ele disse ainda me olhando. – Você não poderá deter Cronos, sabe por quê? Porque apesar de você ter força e poderes inumanos, você é uma medrosa. – Ele parou. – Ele também disse que se você quiser se juntar a nós será bem-vinda, e ele poupara os humanos.

– Cronos vai morrer! Ninguém ameaça minha família. – Eu rugi e usando o poder de uma Vampira ali presente eu fiz com que ele pegasse fogo na frente de todos. – Eu quero Charlie e Sue aqui, AGORA! – Ordenei e vi alguns se mexerem, meus olhos faiscavam sem dó nem piedade. Se eu seria a Princesa, Rainha e Guerreira desses mundos as coisas seriam do meu jeito a partir daquele momento. 

Arfando, eu dei as costas a todos e olhei para Zeus que estava a um passo atrás de mim.

– Como posso mandar um recadinho a Cronos? – Questionei a ele que olhando em meus olhos viu apenas fogo.

– Podemos achar algum dos cúmplices dele e dar o recado já que você queimou o mensageiro. – Zeus disse como se fosse nada.

– Harry. – Chamei e ele parou do meu lado. – Junte cinco pessoas e vá atrás de algum traidor, traga-o para mim, vamos mandar um recadinho a Cronos.

– Sim Bella. – Ele se virou e senti a mão de Jasper no meu ombro tentando me acalmar.

– Não Jasper. – Eu disse me afastando sem ser grossa. – Eu quero sentir isso, cada fagulha desse fogo que despertou em mim. Eu quero sentir o ódio para conseguir comandar essa guerra, mas mais que isso eu quero sentir todo o poder que está aflorando em mim. Vamos adiantar o processo com isso, sinto que estou desamarrando tudo que me prende.

– Isso quer dizer que seus poderes estão evoluindo. – Reneé disse e sorriu para mim. – Logo você será uma mulher muito poderosa.

– O suficiente para matar Cronos e seus amiguinhos eu espero. – Ares disse e eu me virei para sorrir para meu novo amigo, sim Ares havia se tornado um grande amigo.

– E será! – Zeus disse sorrindo.

 Diferente do que eu esperava, eu não sentia pena de ter matado aquele ser, era ele ou um dos meus, além do mais apesar de Charlie e Sue não serem meus pais de verdade eles me criaram e cuidaram de mim quando os mesmos não estavam. Eu não podia falhar com eles, nem hoje nem nunca.