Capítulo 04

 Todos da sala ficaram em um silencio incomum. Zeus me encarava, mas não havia ódio nele, eu não sabia o que ele estava sentindo, mas eu também tinha medo de descobrir, afinal Zeus não sabia, mas eu tinha certeza que ele poderia me matar se quisesse.

– Isabella. – Athenas me chamou e se levantou do trono. – Sei que você tem ódio de todos nós, erramos com você e com sua mãe, sabemos também que nada do que você esta fazendo é por nós, mas quero que saiba que a decisão que você tomar não será contestada.

– Você está errada Athenas. – Eu disse e suspirei, Annabeth definitivamente é idêntica a mãe. – Não odeio vocês, pelo menos não todos. – Eu sorri para ela e me virei para olhar Zeus. – Eu tomei minha decisão. – Eu disse e me virei olhando cada deus ali presente, fossem os doze grandes ou os pequenos. – Eu lutarei até meu ultimo suspiro, treinarei o tempo que for preciso para que Cronos ou não saia da onde está ou volte rapidamente. Mas vocês terão que fazer a parte de vocês!

– O que você planeja, Hibrida? – Perguntou docemente uma deusa, definitivamente dos menores.

– Seu nome? – Questionei calmamente.

– Sou Héstia pequena criança. – Ela disse calmamente.

– A deusa virgem do lar e da lareira. – Eu disse e sorri abertamente pela primeira vez. – Sabe Héstia, você sempre foi uma das minhas deusas favoritas. – Eu suspirei lembrando de Sue. – Sue, a humana que me criou, me falou de cada um de vocês, cada detalhe que a humanidade sabe. Héstia abandonou o trono para não causar tumulto por causa de Dionísio.

– Você sabe muito? Sou Hécate. – Ela se apresentou e sorriu.

– Você é a deusa associada à magia, bruxas e cruzamentos. – Respondi. – Bem perto do que eu sou.

–Sim pequena. – Hécate respondeu. – Mas o que você planeja?

– Todos os deuses lutarão. – Eu disse. – Não vou colocar meu povo no campo de batalha enquanto vocês escondem seus rabos no Olimpo. – Disse ficando fria de repente. – Todos vocês lutarão ou eu não lutarei.

– Justo. – Ares disse.

– Não pode mandar em nós. – Hera disse raivosa e eu a olhei e sorri zombeteira.

– Ou vocês lutam ou todos vamos morrer. – Eu disse e dei de ombros. – No fim a culpa sempre será de algum de vocês mesmo.

Dei as costas e saí do recinto deixando uma verdadeira bagunça para trás, não me importei com tão pouco, procurei por Clarisse e logo estávamos a caminho do acampamento, enquanto contava a ela minha decisão ela ficava perplexa com todos os detalhes que lhe contei.

Chegamos ao acampamento e os lideres de cada chalé estavam reunidos com Quiron, Carlisle e os vampiros, mais a minha mãe e três jovens.

– Até que fim! – Minha mãe disse sorridente.

– Quem são? – Perguntei apontando para os únicos três a quem eu não conhecia.

– Três bruxos. O loiro é Rony, a menina é Hermione, e o rapaz se chama Harry. – Ela apontou e eu soube que eles eram os melhores que ela tinha.

– Prazer. – Saudei com a cabeça e parei na ponta da mesa enquanto Clarisse tomava seu lugar. – Não sei se fui bem clara para vocês, mas a coisa comigo e o Olimpo não é mil amores. – Parei e vi eles me encararem com atenção. – Eu tomei a decisão de treinar e aprender tudo que eu preciso. Lutarei contra Cronos ao lado dos Vampiros, Bruxos e Semideuses com uma única condição. – Parei novamente e olhei para minha mãe. – Só lutarei se os deuses lutarem.

– O que? – Percy disse chocado.

– Bom meu caro, ou é assim ou nada feito. – Eu disse. – Não vou colocar meu povo lá na frente enquanto eles se escondem no Olimpo, não vou perder pessoas por causa de algo que é culpa deles.

– Eu acho justo. – Harry disse. – Com todo respeito princesa, mas você acha que os deuses lutarão?

– Eu acho que eles não têm escolha. – Annabeth se prontificou. – Eles podem ver a verdade nos olhos dela que todos nós vemos, se ela não lutar o mundo esta acabado e eles estarão sendo jogados no tártaro.

– Uma boa encrenqueira. – Ouvi a voz de Ares atrás de mim e me virei, dessa vez ele tinha o tamanho humano e todos pareciam querer se curvar enquanto seus olhos estavam presos em mim. – Bom senhorita “gosto de uma confusão” você conseguiu. – Ele disse e eu ergui mais o queixo e sorri. – Os deuses lutarão.

– Então teremos uma luta digna. – Hermione disse e eu sorri para ela.

– Não. – Eu disse rindo. – Essa luta de digna não terá nada minha cara.

– Como assim? –Quiron questionou.

– Temos eu e Reneé do mesmo lado Quiron, o que você acha que pode acontecer? – Questionei rindo.

Depois da reunião encerrada eu segui para um lugar reservado com Harry e seus amigos, me sentei na pedra enquanto eles se posicionavam na minha frente, logo minha mãe surgiu no meio das arvores e sorriu para nós.

– Um presente. – Ela disse e me entregou uma caixa onde dentro havia uma varinha.

– Obrigada! – Agradeci e sorri.

– Vamos ver o que você consegue fazer? – Rony questionou e eu me levantei rapidamente.

– Vamos começar com fogo. – Minha mãe disse com sua varinha na mão e apontou para uma árvore pequena. – Catchfire. – Logo ela pegava fogo enquanto nós olhávamos.

– Sua vez. – Harry disse.

– Que os deuses nos protejam. – Eu disse e apontei minha varinha para uma outra árvore. – Catchfire. – A árvore pegou fogo e ela não foi a única, senti que perdia o controle e logo minha mãe gritava algo para que a água acabasse com o fogo. – Desculpa.

– Tudo bem, você colocou intensidade na palavra e não soube controlar as chamas. Acontece muito no começo. – Ela disse sorrindo e eu retribuí.

Ficamos durante um bom tempo assim, quando começou a escurecer todos caçaram seus rumos e eu me mantive ali, sentada tentando entender como as coisas saíram tanto do meu controle, afinal eu só tinha 12 anos e já tinha a responsabilidade de salvar os mundos ao qual eu pertencia.

– Hey! – Ouvi a voz de Edward e me virei, o vendo correr e se sentar ao meu lado. – Está tudo bem?

– Eu não sei. – Eu disse e mordi o lábio inferior. – Eu acho que ver Zeus olho no olho pela primeira vez me abalou um pouco.

– São muitos acontecimentos. É tudo muito rápido. – Ele disse e tocou meu cabelo.

– Só queria ter o controle da minha vida de novo. – Eu sussurrei.

– Feche os olhos. – Ele pediu e eu o fiz, enquanto ele ainda alisava meu cabelo. – Agora se concentre e escute.

Concentrei-me e esperei, logo eu pude ouvir as ondas batendo nas pedras ali perto, algumas pessoas conversando envolta da clareira, pude escutar o vento assoviar entre as folhas, os animais que estavam por perto, eu podia ouvir tudo e sorri por isso enquanto o vento ricocheteava na minha pele.

– Consegue ouvir? – Ele questionou rindo, mesmo de olhos fechados eu podia saber que ele estava com aquele maldito sorriso torto nos lábios. – As ondas estão batendo nas pedras, o vento ricocheteando nas folhas.

– O mundo é tão lindo de olhos fechados. – Eu disse e suspirei.

– Sim. – Ele disse e eu abri os olhos me deparando com suas órbitas douradas. – Quando você se sentir perdida, feche os olhos e concentre-se, você vai sempre achar o caminho para casa através do vento, através da natureza.

– Obrigada. – Eu disse e ele beijou minha testa.

– De nada. – Ele disse.

Voltamos a ficar no silencio e eu tive que sorrir, afinal ele me fazia sentir tão bem, tão única. Acho que Edward é o único que não coloca pressão sobre meus ombros, que não me vê apenas como uma salvação.

– Você acha que eu vou morrer? – Questionei olhando para a árvore queimada a minha frente.

– Como é? – Ele questionou.

– Você sabe, quando eu lutar contra Cronos, você acha que eu vou morrer junto com ele? – O encarei e ele parecia apavorado com a idéia.

– Não. – Ele disse sério. – Eu estarei lá, todos nós estaremos lá e vamos proteger você.

– Uma parte de mim, a parte que odeia Zeus, não quer lutar, quer deixar Cronos matar ele primeiro. – Eu disse e suspirei. – Mas a parte correta minha, a parte que se preocupa com todo mundo e a parte responsável, sabem que não posso permitir isso mesmo que Zeus e Hera me queiram morta depois dessa luta.

– Zeus não deseja isso. – Edward disse. – Não mais! – Ele parou e olhou no fundo dos meus olhos. – Zeus te ama Bella, você é filha dele.

– Não Edward, ele precisa de mim apenas isso! – Eu disse e desviei o olhar, olhando para o céu azul escuro onde tinham tantas estrelas