My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 39
Sangue


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO DEMOREI PQ VCS ESTÃO SENDO QUERIDOS! :* Se também recomendarem, seria melhor ainda... Agradecimentos aos leitores: Narumy, Lord, Kevyn, Alessandra e Ingryd. Vocês viram a capa? Ela está muito show, gente, e devo agradecer aos artistas e a página Fanfiction's Universe!
Não sei se esse capítulo ficou tão legal quanto o outro, mas espero que gostem!



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Uma semana havia se passado. Ulquiorra e Orihime relutaram em expor o seu relacionamento por alguns dias, por falta de jeito de contar para todos. No entanto, ambos eram pessoas muito transparentes e os que o conheciam percebiam que havia algo de diferente.

O grupo estava reunido na casa de Rukia: Ichigo, Orihime, Ulquiorra, Neliel, Tatsuki, Loly, Grimmjow e Renji. Byakuya não deixava a morena sair muito, no entanto já havia se provado um bom anfitrião, gostando de receber os amigos de Rukia para os conhecer. Ele não costumava se intrometer na conversa dos jovens, mas sempre aparecia de modo inesperado, fazendo Rukia pensar que ele os vigiava o tempo todo. Conversavam de banalidades medianas, pois o uso de informação perigosa ou de palavras vulgares haviam sido fortemente censurado por Rukia —todas as piadas que Grimmjow havia preparado se foram com esta regra. Eles riram de Tatsuki, que usava uma seleção de palavras fortes para descrever suas experiências na academia, sobretudo sobre homens que não malhavam as pernas e mulheres “bundudas”.

—E estes homens, —Renji, que também ia a academia, acrescentou. —ficam se olhando no espelho, fazendo pose para mostrar os músculos. Comentam sobre o corpo de outros caras, e não percebem o quanto são gays!

O grupo riu.

—E o pior é que este é o mesmo tipo de cara que tem preconceito com os gays. —Tatsuki disse. —Tipo: “Uau, que músculos bonitos!” —Tatsuki fez uma voz grossa, fazendo gestos afeminados. —“Que corpo bronzeado e malhado! O quê? Eu não estou te paquerando, seu bichinha!”

Eles riram da imitação, jogados e estirados nos sofás e no carpete de uma cor quente. Comiam salgadinhos, cuspindo farelos um no outro. Grimmjow conseguia ser surpreendentemente nojento comendo —apenas não mais nojento do que Neliel, que fazia caretas com os Doritos mastigados na boca, jogava os picantes, já mastigados, no pacote e falava com a boca cheia.

—Numa noite, havia uma loira e um gordo americano em um bar porto-riquenho... —Grimmjow tentou, mas foi interrompido por Rukia.

—Não. —ela disse, virando a cara, mas sem estar brava.

—Mas meu pai me contava essa!

Ela virou o rosto para Grimmjow, de um modo muito sombrio.

—Eu não conheço seu pai. Não sei o que ele contava para você em Porto Rico.

—Eu. Nasci. No. Japão. —Grimmjow falou, de um modo muito vagaroso, para ver se eles enfiavam isso na cabeça de uma vez por todas.

—Rukia, —Ichigo replicou, relaxado e deitado em um dos sofás, com uma voz muito calma. — não sei o que Grimmjow irá contar, mas te garanto que Byakuya não está nos espionando para ver se há más influências em sua roda de amigos e nunca mais deixar você ver ninguém, se alguém por a caso contar uma piadinha suja.

—É, Ichigo, eu acho que você tem razão. —Concordou ela, mas em um timing perfeito Byakuya passou no corredor, fazendo-a tomar um susto. Ela colocou uma mão no peito e a outra ela ergueu, apontando Grimmjow e Ichigo com o dedo indicador. —Não!

Grimmjow bufou, enquanto a maioria do grupo ria —inclusive Neliel, que praticamente cuspiu o conteúdo da boca no rosto dele. Ela engoliu o resto, dirigindo o olhar para cima, para onde a maioria do grupo jazia sentado nos sofás —Ulquiorra, Loly e Orihime sentados em um sofá; Ichigo estirado em outro, disputando espaço com Rukia e Tatsuki; E Renji e Grimmjow com os pés embolados, responsáveis pela luta anterior que tiveram por quem deveria estender as pernas. Ela sorriu, de um modo desdenhoso.

—Por que não falamos do casal recém formado aqui? —sugeriu Nell.

Ulquiorra quase cuspiu o refrigerante, mesmo tendo em mente que a possibilidade de Neliel saber do namoro e o zoar era grande. Orihime ergueu os braços, os mexendo freneticamente.

—Íamos contar, eu juro!

Ulquiorra se limitou em concordar com a cabeça, escondendo o rosto com o copo de refrigerante.

—O QUÊ?! —exclamou boa parte do grupo, embora alguns destes estivessem rindo.

Quando acabou a maior euforia, Neliel se pronunciou, com um sorriso safado no rosto.

—Ulquiorra, Hime-chan, na verdade eu falava de Grimmjow e Renji.

Orihime e Ulquiorra enterraram a cabeça nas mãos, enquanto o pessoal repetia o “O quê?!”.

—EU SABIA! —berrou a Kuchiki, apontando para os dois, fazendo o povo rir. Grimmjow e Renji se separaram rapidamente, olhando de um modo ofensivo para Nell e Rukia.

Tatsuki fez um gesto de mão.

—Orihime e Ulquiorra... Renji e Grimmjow... nenhum destes casais foi novidade para mim. —Tatsuki afirmou. —Os dois, Orihime e Renji, não paravam de falar de seus conjugues. “Ah, Ulquiorra é tão romântico!” “Ah, Grimmjow é um gostosão”!

—ECA! —berrou Renji, colocando o dedo na garganta para simular vômito, enquanto o pessoal ria do que Tatsuki contara.

—Eu sei que ele me quer! —exclamou Grimmjow, por cima das risadas, os fazendo rir ainda mais. —Infelizmente, ele não é o meu tipo.

—Você que não é o meu tipo, seu tingido! —esbravejou Renji, se segurando para não partir no soco.

Para Orihime e Ulquiorra, foi uma das melhores formas de se contar para os amigos —pois tudo, apesar de vergonhoso, foi natural e engraçado. Além disso, o novo casal do grupo (Renji e Grimmjow) havia roubado a atenção deles e o pessoal não comentara muito mais sobre os dois.

No entanto, para Loly, aquilo havia sido um Inferno. Ela encarou Inoue, que estava rindo, de forma raivosa — sentia vontade de estrangulá-la.

Da casa dos três amigos, Loly tinha uma visão perfeita da casa de Inoue e já percebia certa rotina em seus atos. Ás nove horas da manhã, Orihime abria todas as janelas da casa, muitas vezes bocejando e usando pijama, pois era a primeira coisa que fazia quando acordava. Toda quinta-feira ia à feira e comprava verduras e frutas. Reservava a tarde para sair com os amigos e ouvir música alta, e todo finalzinho de tarde costumava ir ao mercado, provavelmente para comprar seu café da tarde e algo para fazer o jantar.

Loly observou-a por três semanas, com exímia atenção. Acabou esquecendo de alimentar suas amizades, principalmente as que ainda cultivava com as suas amigas da outra cidade, mas cuidava de sua beleza, guarda-roupa e também de Ulquiorra. Reservara tempo, principalmente no fim da noite, quando Orihime já dormira (22:30; 23:00; pois, como já saía com Ulquiorra á tarde, era desnecessário madrugar com ele) para alfinetar o moreno sobre o relacionamento dele com a ruiva. Os moradores de sua casa (jovens de férias) não dormiam cedo, portanto não achavam estranho os dois ficarem acordados até tão tarde —na verdade, jogavam canastra.

Neliel havia ficado preocupada com Loly e já tentara conversar com ela. Todas as vezes Loly mentia ou fazia-se de desentendida. Ulquiorra já estava irritado com ela, por isso sempre que Loly ficava no mesmo cômodo que ele, o Shiffer fugia para seu quarto.

Loly, satisfeita com as informações da rotina de Orihime e já com raiva de ter que ver o rosto da ruiva todos os dias, decidiu resolver isso logo.

Era sábado e Orihime havia saído com uma colega de escola, uma ruiva estranha chamada Chizuru, que Loly só havia dirigido palavra uma vez na vida (“Sai da minha frente. Quero ver o quadro.”). Elas se encontraram na frente de uma boate. Loly as seguiu até lá, sem que as duas percebessem.

Ela ficou matando tempo na rua, sempre com um olho na saída da boate, em lojinhas e coisas do gênero. Chegou a conversar com dois garotos que estavam sentados no acostamento e que claramente estavam á fim dela.

Quando Orihime e Chizuru saíram da boate, ambas vestindo roupas curtas e molhadas de suor, Loly ouviu os elogios de Chizuru para com Inoue e ficou com mais raiva ainda. As duas se separam e Loly seguiu Inoue, deixando os garotos com quem conversava embasbacados.

Muitas pessoas ficavam nervosas numa situação destas, porém Loly não. Sentia-se surpreendentemente calma, quase em equilíbrio, com uma ansiedade boa. Ela nem ao menos precisava se esforçar em não ser notada, pois Orihime era uma garota muito distraída. A maior dificuldade de Loly era se segurar para fazer do jeito e no lugar certo.

A rua era escura e, à essa hora da noite, não havia muito movimento de pedestres —não pessoas dentro da lei, pelo menos, pois vários carros paravam para as damas da noite. Loly estimava que Orihime fosse burra demais para perceber o perigo de andar na rua sozinha, na área de cafetões e traficantes.

Passavam por vários becos, lacunas entre os prédios, e Loly os verificava rapidamente com o olhar. Eram lugares que não tinham câmeras, propensos para a venda de drogas. Enxergou um que não parecia pertencer a ninguém que ela precisasse se preocupar, e que não estava sendo usado ou que havia pessoas ao redor destes.

Loly não tinha muito tempo, já que não faltava quase nada para Orihime enfim chegar ao ponto de ônibus, por isso correu e agarrou Inoue por trás. Ela esperneou e lutou, tentou berrar, porém Loly tampou sua boca com a mão e a arrastou para o beco.

Se alguém havia visto algo, não reagiu. Era um local em que eles eram acostumados com violência. Mesmo as pessoas de bem, ficariam quietas por temer se envolver em alguma briga de gangue. Geralmente, ficavam entocadas em suas casas, com medo dos barulhos lá fora.

Loly jogou Orihime, com violência, em um dos becos e esta bateu nas latas de lixo, que caíram perto dela e fizeram barulho, além de liberar um cheiro nojento. A Airvine sorriu, vendo que parte do lixo havia sujado os lindos cabelos ruivos de Orihime, aqueles que Loly tanto odiava.

Inoue sentou-se e levantou a cabeça, um pouco tonta, para olhar para a sua agressora. Seu rosto congelou em pânico, enquanto Loly trincava os dentes e sorria.

—Loly... —ela formou o nome, usando dor na voz. —Por que está fazendo isso?

Loly fez uma careta de raiva, irritada com a tamanha burrice de Inoue. Correu até ela, se abaixou e pegou a garota pelos cabelos, a levantando até ficar em pé. Orihime gemeu, esperneou um pouco com os braços, mas Loly era mais forte do que ela.

—Eu não te disse para ficar longe do Ulquiorra?

Algo na voz de Loly, o que ela fazia florescer em Inoue: o medo, o pânico, a dor e a submissão, fez com que Orihime quase se desculpasse por isso. No entanto, ela percebeu o quanto irracional seria se ela pedisse desculpas, pois afinal Ulquiorra nunca esteve com Loly. Não era como se fosse traição.

A respiração quente de Airvine em seu rosto fez com que Inoue buscasse forças para lutar contra ela. Orihime empurrou Loly com toda a sua força, fazendo com que ela soltasse-a e ainda caísse no chão, um pouco afastada da ruiva. Infelizmente, Inoue também desabou, com a sua cabeça latejando.

Loly, que era mais resistente, levantou-se com muita raiva. A morena parecia uma bomba, e as suas explosões eram praticamente imprevisíveis e muito destrutivas. Chutou Orihime com sua bota de salto alto e bico fino, fazendo com que uma dor surgisse de sua barriga e se dispersasse por todo o seu corpo. Orihime gritou e protegeu a cabeça e os órgãos vitais com os braços, rolando.

Loly montou em Orihime, fazendo-a parar de rolar. Com insistência, livrou-se dos braços de Inoue, que davam-na tapas, e socou e estapeou Orihime com muita força. Ela berrou por socorro, porém ninguém veio.

A Airvine estava muito irritada, quase descontrolada, porém uma vozinha irritante dizia em sua mente que ela precisava parar, antes que ferisse de modo grave Inoue. Se por a caso o fizesse, eles iriam a mandar para um reformatório, e, por causa do que seu pai fizera, ela iria ficar lá por um bom tempo.

Já sentia a umidade do rosto de Inoue, que chorava muito, e berrou com isso. Se sentia poderosíssima, quase como Deus, pois era ela que decidiria o que iria ocorrer com Inoue Orihime.

Quando viu o sangue no rosto de Orihime, parou e observou o que havia feito. Os cabelos sujos e embaraçados, a roupa levemente rasgada e bastante encardida, o rosto inchado e roxo, um filete de sangue saindo dos lábios de Inoue. Ela tocou o sangue com o dedo indicador e levou-o a altura do rosto, para observá-lo. Havia algo de muito especial no sangue — era viscoso, vermelho, quente, com gosto de ferro, um combustível orgânico para os corpos dos vivos, uma criação divina, algo muito essencial, necessário. Era o verdadeiro símbolo e a verdadeira essência da vida.

Loly levantou-se, deixando Inoue chorando em silêncio no beco, caminhando até a rua. Então, virou-se para ela e disse:

—Eu me controlei. —afirmou. —Se você falar algo para alguém ou continuar esse namorico com Ulquiorra, eu faço muito pior.

Loly não esperou a resposta. Andou de modo decidido, estalando as botas na calçada, não olhando para nada se não para frente.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a paranoia do sangue, mas é que eu estou vendo "Dexter" agora (e também lendo), então tô muito viciada. Dexter é o serial killer fictício mais querido, pois ele é engraçado, gentil e só mata outros assassinos ;) Recomendo a série para o mundo todo!
Espero que eu tenha chocado vocês, pois quis demonstrar o quanto o bulliyng é sério, e provavelmente vai ficar esse clima por mais uns dois capítulos.