Sentimentos Ocultos: O Começo escrita por Vick Yoki
Notas iniciais do capítulo
Neste capitulo Mogie irá conhecer sua familia, mas, como sempre há uma ovelha negra para estragar tudo...
- Mogie?
- Sim. Quem está ai?
- Eu!
- Consciência?
- Não.
- Filipe?
- Sim.
Não me dei conta do que estava fazendo só sei que corri rapidamente para seus braços.
- Ah! É tão bom te sentir aqui comigo.
- Também acho.
- O Consciência te permitiu entrar nos meus sonhos?
- Sim. Eu expliquei para ele que queria te ver.
- Parece ser tão real.
- É verdade. Fiquei deslumbrado com tantas estatuetas espalhadas por aqui.
- Você não pegou o pergaminho de Hades, não é?
- Não, por quê?
- Segundo o Consciência, ele é amaldiçoado.
- Oh! Ainda bem que não peguei.
- Que tal se déssemos um passeio?
- Adoraria, mas está na hora de você acordar.
- Acordar?
- É. Ou acha que ainda é cedo? Por incrível que pareça, o sol deu suas caras hoje!
- Como você sabe?
- Eu estou vendo.
- Onde?
- Aqui na sua janela?
- O que?
Abri meus olhos rapidamente e dei de cara com ele.
- O que você está fazendo aqui?
- Quando eu disse “Estarei sempre ao seu lado”, eu disse sério. - Hahaha!
- Eu ainda estou sério.
- Não parece.
- Não mesmo. Eu sou um péssimo ator.
- Posso concordar com isso.
- E você acha que atua tão bem assim?
- Não. Por isso eu não atuo.
- Oh!
- Mesmo que você não atue muito bem, você continua sendo quase perfeito.
- Porque “quase perfeito”?
- Porque não tem como ser perfeito estando comigo.
- Você acha?
- Claro!
- Eu não acho. Você me completa! Mesmo que eu não seje perfeito, você me faz querer ser.
- De onde você tirou essa frase?
- Da internet.
- Tem mais?
- Sim. “Um ultimo suspiro, tudo volta ao seu lugar”. Essa eu tirei de uma nota que eu estava lendo.
- Ooh!!
- Hahaha!
- Ah, já ia me esquecendo.
- Do que?
- Eu tenho umas perguntinhas pra te fazer.
- Vá em frente.
- Por onde você foi embora ontem?
- Eu segui pelos fundos, dei uma volta pela casa e pulei a janela do seu quarto.
- E como você deixou aquele bilhete em cima da minha cama? - Pulando a janela.
- Você tambem fez isso agora?
- Sim.
- E como teve certeza de que ninguém além de mim te encontraria aqui?
- Bom, a minha vontade de te ver foi maior então eu não me preocupei com os perigos.
- Você já deu uma olhada pela casa?
- Sim.
- Eles estão aqui?
- Não. Parece que o Valentim foi buscar o seu carro no concerto e a sua mãe foi até a igreja.
- Interessante. E o que você vai fazer se alguém chegar agora? - Irei me esconder debaixo da cama.
- Convincente.
- Haha!
- Acabei por hoje.
- Bom, agora é minha vez.
- Ok.
- Já que todo mundo saiu porque você não vem comigo até a minha casa para que eu te apresente para a família?
- Seria uma boa mas eu tenho medo de que eles não me aceitem.
- A Theresa, o Benny e o Paul te amam.
- Como sua amiga não sua namorada.
- Tanto faz, eles vão continuar te amando.
- Não tenho tanta certeza.
- Por favor!
Fiquei olhando seu olhar tão inofensivo que me fez ter vontade de chorar. Cai como um patinho que ainda não sabe nadar.
- Tudo bem!
- Magnifico!
- Preciso tomar um banho.
- Tudo bem, vou ficar aqui no quarto.
- Se alguém bater não atenda.
- Tudo bem.
- E se esconda embaixo da cama.
- Ok.
- Te amo!
- Eu também.
Dei um beijo em sua testa. Essa era a forma de mostrar o nosso amor um pelo outro: rápida e discreta. Tomei um banho rápido e vesti uma roupa leve: camiseta branca, blusa azul por cima, calça jeans preta e um tênis all star. Isso, pra mim, era considerado leve. Decidi deixar o cabelo meio bagunçado. Queria ver o que Filipe achava disso. - Estou muito esquisita?
- Esquisita você já é.
- Obrigada!
- Mas você sabe como atrair olhares para você.
- Acho que não.
- Pelo menos o meu você atraiu.
- Obrigada de novo.
- Ah de nada. Contando que o penteado ficou surpreendente! - Serio? Achei que fosse achar despojado demais.
- Nunca acharia isso.
- Que bom! Vamos antes que Valen ou Rita chegue. Descemos a escada rapidamente. Tinha medo de alguém chegar e nos ver.
- Agora você está mais calma?
- Ainda não. Meus nervos estão a flor da pele.
- Que exagero!
- Você não sabe como meu coração está acelerado.
- O meu fica assim sempre que estou com você.
- O meu também.
- Corações se apaixonam?
- Não sei mais acho que sim, afinal, são eles que nos unem a outra pessoa.
- Então sinto em lhe informar, mas o meu coração mandou te avisar que está perdidamente apaixonado pelo seu.
- Acho que o meu coração quis dizer a mesma coisa.
- Então estamos quites, podemos marcar a data do casório. - Ok!
- Você é muito idiota.
- Você é muito mais.
Tranquei as portas e coloquei a chave atrás do vaso de flores, onde Valen sempre colocava. Fiquei mais nervosa que o normal então senti sua mão, agora quente, encostando nas minhas.
- Não se preocupe, vai dar tudo certo.
- Vou tentar.
Passamos por uma estrada coberta de árvores gigantescas. Valen havia me dito que esse era o local mais afastado da cidade. - Porque vocês moram aqui?
- Korene gosta de lugares isolados, sem vizinhos. Confesso que todos da família gostam, mas Korene sempre gostou mais. Foi ela quem comprou a casa.
- Oh! Sua mãe tem muito bom gosto.
- Tem sim.
A casa era linda. Feita de madeira branca e aparentemente muito arejada. Os fundos da casa tinham janelas gigantescas de vidro.
- Vamos entrar?
- Sim. Mas espere eu controlar meu nervosismo.
- Espero o tempo que for preciso.
Aquele seu olhar confortante me fez pensar em como eu tinha sorte de estar ali com ele. Ele mostrava em seu olhar toda a preocupação que ele tinha comigo. Tive vontade de correr mas não para longe dele e sim para perto. Tive vontade de dizer o quanto ele era importante pra mim mas este não era o momento certo.
- Acho que estou pronta.
- Espero que sim.
Filipe me levou para dentro da casa. Passamos pelo jardim e entramos pela porta central. Não pude esconder a admiração que senti por aquele lugar.
- É muito linda a sua casa!
- Obrigada, mas espero que não se surpreenda de imediato. Você ainda não adentrou a casa.
- Oh!
Filipe entrou na casa e eu lhe segui. Paul e Korene estavam na sala de estar. Paul estava lendo o jornal e Korene estava lixando as unhas.
- Paul, Korene, esta é a Mogie!
Paul veio até minha direção com um sorriso imenso.
- Bom vê-la de novo.
- Digo o mesmo.
Korene veio em seguida. Ela tinha um sorriso diferente, mais discreto. Tinha cabelos pretos e longos, uma pele sedosa e usava roupas que lhe caiam muito bem.
- Olá Mogie! Seja bem-vinda e sinta se em casa.
- Obrigada Srta. Wilker.
- Me chame de Korene.
- Sim, Korene.
Valerie e Theresa desceram juntas. Valerie tinha um skate na mão e Theresa estava com uma revista de moda.
- Então você é a Mogie?
- Sim. Muito prazer!
- O prazer é todo meu! Eu sou Valerie.
Ela se parecia com Korene. Tinha o mesmo formato de rosto e os cabelos tinham a mesma cor. Já o tamanho era bem diferente. Valerie havia adotado um corte que ficou muito bem nela: repicado. Ela era muito bonita.
- Oi Mogie! Espero que não tenha esquecido do nosso compromisso.
- Oi Theresa! Pode deixar, eu não vou esquecer!
Saiu da cozinha, Benny, meu colega de trabalho e amigo.
- Olá madame Descaso!
- Olá Manda Chuva!
Soltamos uma risada baixa e pequena e Benny veio até mim e me deu um abraço.
- Bem vinda a família. Somos loucos mas você se acostuma! Filipe soltou uma gargalhada.
- Haha! Eu que o diga, Benn! Mas onde está Barbara?
- Estou aqui.
Então, ela apareceu. Ela sim era a mais bonita de todas. Tinha uma aparência como a de Theresa mas era mais bonita. Tinha um rosto escultural, cabelos loiros e cacheados, olhos azuis. Ela era invejável.
- Barbara, esta é a Mogie.
- Oi. Pai, você já preparou pra mim aquilo que eu te pedi?
- Filha, você não vai cumprimentar a Mogie?
- Eu disse “oi”!
Ela subiu as escadas balançando os cabelos. Me senti uma idiota naquele momento.
- Porque vocês não almoçam aqui?
- É uma boa ideia, mas eu não posso. Rita e Valentim não sabem que eu estou aqui.
- É uma pena. Espero que venha mais vezes e perdoe a falta de educação da Barbara.
- Tudo bem, não se preocupem.
- Então, vamos Mogie.
- Vamos. Foi um prazer conhecer você, Korene.
- O prazer é todo meu!
- Deixe um abraço com Paul.
- Ok, pode deixar!
- Tchau Theresa, tchau Benny.
- Tchau Mogie!
- Espero te ver no restaurante, madame.
- Vou estar lá.
Eu e Filipe seguimos até o final do jardim. Confesso que estava magoada com a forma que Barbara havia me tratado. Mas tudo é uma questão de tempo.
- Está magoada?
- Não.
- Tem certeza?
- Sim. Não se preocupe.
- Não gosto de te ver assim.
- Não se preocupe, tá tudo bem.
Filipe pegou nas minhas mãos mais uma vez e acariciou-as me deixando leve. Depois me deu um leve beijo nos lábios e na testa. Eu me sentia bem mais aliviada sabendo que ele estava ali comigo, me protegendo. Em menos de cinco minutos chegamos em casa. Filipe estava dirigindo mais rápido que o normal. Quando chegamos, encontrei meu carro na garagem junto com o de Valentim.
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