Sentimentos Ocultos: O Começo escrita por Vick Yoki


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Emoçoes no ar!!



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Será que Valen ou minha mãe havia esquecido algo? Para acabar com o suspense eu abri a porta e me espantei com o que vi. - Olá!

What?

– Oi! O que fazes aqui?

– Vim te chamar pra um passeio, já que o sábado está tão entediante. Sua mãe está ai?

– Não está e não se preocupe o Valen também não esta. Eles foram fazer compras.

– Entendo. Mas eles se importariam se você saísse comigo? - Creio que não, mas o problema não é esse. Entre!

Assim que Filipe colocou os pés na minha casa eu senti que ele estava prestes a desmaiar.

– Puxa!

– Esse é o problema.

– Ah então o problema está solucionado. Eu te ajudo a arrumar isso tudo e depois você aceita sair comigo pra almoçar, afinal, ainda é cedo.

Eu não acreditava que o Filipe além de bonito, era gentil e cavalheiro.

– Seria uma boa, assim você aproveita e me faz companhia. Começamos a faxina em casa. Colocamos um cd bem agitado e começamos a dançar e faxinar ao mesmo tempo. O resto do dia passou num sopro e eu estava animada para sair com Filipe.

– Acho que acabamos!

– Sim, acabamos.

– Então me espere eu vou subir e me arrumar!

– Tudo bem.

– E nada de espionar pela fechadura!

Ele deu uma gargalhada e deixou a mostra seus lindos dentes brancos.

– Tudo bem, mas não demore ou eu vou ser obrigado a subir! - Não vou demorar.

Subi o mais rápido que pude e tomei um banho. Não demorei pra escolher a roupa ideal porque eu não me preocupava com isso. Só tentei não parecer uma desleixada na frente dele. Ele pagaria um mico enorme e eu tenho certeza de que ele não merece isso. Fiz um rabo de cavalo ao invés de deixar o cabelo caído como o natural. Procurei um brinco pequeno que tinha desde os sete anos. O bom é que o brinco tinha uma estrela então não iria parecer infantil. Coloquei uma camiseta azul claro e uma jaqueta preta de mangas compridas. Escolhi uma calça jeans azul e tênis marrom claro. Desci as escadas e me dei de cara com Filipe que parecia estar mofando ali.

– Está querendo me imitar?

– Como assim?

Não tinha parado para reparar em sua roupa, mas vi que era idêntica a minha. Camiseta azul, jaqueta preta e calça jeans. O diferente ali era a cor da calça que era azul marinho e o tênis que era preto.

– Ops, desculpe-me. Eu não tinha reparado na sua roupa.

– Tudo bem, assim vamos sair estilosos pelas ruas.

– Ok!

Eu estava amando estar ali com ele. Poder sentir seu delicioso aroma outra vez, poder olhar para ele, poder sentir a energia que ele me passava quando se encostava a minha mão por acidente, eu amava estar cada segundo perto dele...

– Você gosta do Harry Manson’s?

– Sim.

– Podemos ir lá, o que você acha?

– Perfeito!

– Lembra daquela vez que você e sua família foram lá e nós nos encontramos?

– Claro!

– Eu estava invejando a sua mesa perto da janela.

– Eu sabia!

– Serio?

– Sim. E o que você tanto estava olhando em mim?

Ele soltou outra gargalhada.

– Eu estava te intimidando com o olhar. Queria ver como você reagia.

– Eu reagi como você queria?

– Bem melhor do que eu imaginava. Pensei que fosse jogar purê em mim!

– Eu pensei em fazer isso.

Rimos juntos. Era tão legal estar ali com ele sem se preocupar com nada, nem com o tempo, nem com família. Naquela hora a única coisa que me importava era estar perto dele.

– Chegamos!

Descemos do carro e entramos no Harry Manson’s. O clima estava magnífico! Uma leve neblina tocando os arbustos que enfeitavam o restaurante. Entramos e escolhemos a mesa da janela que por sorte não estava ocupada. Rapidamente apareceu uma garçonete de uns 19 ou 20 anos que ficou encantada com tamanha beleza. Esqueci de ressaltar que Filipe estava com o cabelo levemente arrepiado para cima, diferente do natural, que era estilo bagunçado. Percebi que ela ficou flertando com ele, ou melhor, dizendo, se jogando em cima dele. Acho que ela fingiu que eu não estava ali. Mas o bom disso tudo era que ele não estava olhando pra ela. Quando o êxtase cessou por um instante, a garçonete se lembrou de que éramos clientes.

– O que vocês querem hoje?

Escolhi uma comida italiana simples: macarronada.

– Eu quero macarronada.

– Macarronada?

– Filipe perguntou.

– É simples e saborosa.

Filipe sorriu sem olhar para a garçonete que por sinal estava quase se derretendo junto com a água.

– E você?- Disse se referindo ao Filipe.

– Eu quero o mesmo.

– E o que querem beber?

– Eu quero um suco natural de laranja.

Suco natural de laranja?

– E você?- Agora ela se lembrou de mim.

– Eu prefiro uma coca-cola.

A garçonete saiu dali quase voando com o vento.

– Coitada. Você não sabe o poder que você tem sobre as mulheres.

– Qual poder?

– O poder de fazê-las ficarem enfeitiçadas por você.

- Eu tenho esse poder sobre você?

– Sim, sempre.

– Que bom saber!

– Por quê?

– Porque agora eu tenho você em minhas mãos.

– Vai sonhando!

Ele deu outra gargalhada, uma gargalhada convencida.

– É tão bom saber que você se sente “atraída” por mim.

– Imagina, não sou só eu!

Ficamos ali nos fitando por uns instantes até que eu resolvi quebrar o silencio.

– Porque suco de laranja natural?

– Como você acha que eu mantenho este corpo?

Puxa! Só consegui dar uma risada.

– Haha! Pensou que eu tivesse nascido perfeito?

– Desde que eu te vi eu pensei nessa teoria e acho que todo mundo também acha isso.

Ele deu outra gargalhada. Ele podia tomar suco de laranja, mas mesmo se não o tomasse ele continuaria sendo perfeito.

- Aqui está.

– Obrigada!

– Não há de que. Se precisar, é só chamar.

Ela disse diretamente para Filipe.

– Muito obrigada!

Senti que o olhar dela estava esperançoso. Seu olhar dizia que ela queria que fôssemos apenas amigos, o que na verdade éramos. Mas por trás das máscaras que estavam sobre nós estava um sentimento ocultado: o amor. Ela se foi, não tirando o olhar de Filipe. Ele, não estava se importando ou pelo menos fingia não se importar. - Você gosta daqui?

- Da cidade?

- Sim.

– Gosto. Se bem que eu relutei bastante para não me mudar. Eu gostava muito de Paris.

- Vocês moravam em Paris?

– Sim.

– Agora sei de onde veio seu bom gosto para roupas.

- Você reparou?

– Sim.

– Puxa!

– Você tenta ser imperceptível, mas a sua beleza não deixa. Ele deu outra gargalhada. Ele estava achando isso divertido enquanto eu estava sendo séria.

– A minha mãe diz muito isso.

- Como é a sua relação com a sua mãe?

– Boa. Eu me sinto bem quando converso com ela. O seu defeito mais percebido é que ela é muito agitada e muito ansiosa. O meu pai já é mais calmo.

– Como Benny?

- Idêntico.

– E suas outras irmãs?

- Valerie é a mais velha. Ela sempre gostou de fazer coisas radicais, como surfar, acampar, saltar de pára-quedas. Ela também é a mais desligada. Já Barbara tem um jeito parecido com o da minha mãe. Ela foi a primeira a se formar e sempre deu muito orgulho para a família. Theresa é uma espécie de irmã perfeita. Ela sabe ser divertida e séria no momento certo. Ela sabe como alegrar a família e ela sempre esteve ligada a todos da casa. Benny nasceu depois de Valerie. Ele se parece muito com meu pai, mas sempre ficou mais com minha mãe, por isso ele aprendeu vários dotes culinários.

– E você?

– Eu sou o autêntico.

Demos uma gargalhada.

– Eu sou o tipo de cara que pode mudar de humor de uma hora pra outra. Eu gosto de ficar isolado, ou em ficar em lugares abertos e vazios ou de ficar na companhia de pessoas agradáveis como você. Soltei um sorriso torto e ele educadamente retribuiu. Dei uma garfada na macarronada que por sinal estava magnífica. Fiquei olhando pro jeito que ele comia, e pro jeito que ele refletia silenciosamente sobre algo. Eu estava no melhor lugar que eu poderia estar. Resolvi não perguntar mais nada e esperei que ele dissesse algo.

– E você? Está gostando daqui ou ainda quer voltar para casa? - O tempo vai passando e agente vai se acostumando com o novo habitat. Depois eu descobri que aqui chove quase todos os dias então, comecei a achar que seria uma boa ideia.

– Só por isso?

Eu sabia que não era só por isso.

– Er... Por sua causa também.

– Minha causa?

Nessa hora a garçonete chegou.

– Vocês vão querer mais alguma coisa?

– Não. Você vai querer mais alguma coisa Mogie?

– Não.

– Então pode me passar a conta.

– Aqui está.

– Tome o dinheiro e fique com o troco.

Filipe saiu sem olhar para ela que ficou completamente entristecida.

– Mogie.

– Sim?

– O que você estava me dizendo?

– Que você era um dos motivos que me faziam querer ficar aqui.

– Por quê?

– Você gosta de fazer perguntas difíceis!

– Sim!

– Bem... Por que... Você é um cara legal.

– E?

- E eu me sinto bem quando estou com você, eu me sinto protegida.

– Uau! Mas eu acho que você deve mudar o seu ponto de vista. - Por quê?

– Porque eu posso me tornar “o perigo”.

– Você já é um perigo!

Ele soltou uma gargalhada alta.

– Você tem razão.

Neste momento, Filipe encostou suas mãos em volta da minha cintura e me trouxe pra si de leve. Aos poucos, seus lábios foram encostando-se aos meus e eu comecei a sentir uma espécie de desmaio.

– Você está bem?

– Acho que sim.

– Eu nunca vi uma garota quase desmaiar com um beijo.

– Porque você nunca beijou uma garota estranha como eu. - Isso é verdade!

Rimos novamente. Era tão boa a sensação de estar ali com ele ciente de que ele sabia o que eu sentia.

– Acho melhor irmos, a chuva está ficando mais forte.

– Eu queria poder ficar mais. A chuva é um elemento natural magnífico.

– Não sabia que você gostava tanto de biologia.

– Haha! Você tem que me conhecer melhor. Agora você deve achar que eu sou apenas uma garota frágil e isolada.

– Eu confesso que estava imaginando isso.

– Você quer conhecer mais sobre essa criatura que está a sua frente?

– Por favor, madame!

– Por onde devo começar?

– Comece sempre pelo começo.

– Interessante a sua teoria.

– Haha!

– Bom, eu nasci em 1995. Minha mãe estava esperando um menino até que eu cheguei. Meu pai ficou muito contente com o meu nascimento, mas a minha mãe foi pior, pediu para fazerem uma festa banhada a vodka.

– Nossa!

– Já te disse que a minha mãe é louca?

– Não, mas nem precisa dizer.

– Tudo bem. Nós morávamos na Pensilvânia em uma casa média. O meu pai amava biologia, ama até hoje, e sempre que tinha tempo ele me levava em zoológicos para conhecermos a fauna e a flora daquele lugar. Não sei se te contei, mas eu sempre fui um íma para os perigos.

– Talvez seja por isso que eu esteja aqui.

– Acho que essa é a explicação. Então, quando eu fiz sete anos meus pais fizeram uma festa para mim em um sitio que tinha uma lagoa. O balão caiu nessa lagoa e eu inocentemente me joguei lá dentro para pegar até que comecei a afogar.

–Meu Deus!

– Então o copeiro do sitio ouviu meus mini gritos e veio me salvar e eu fui tirada de lá. Desde então, minha mãe vem me mantendo longe de lagoas.

– Então não se preocupe, nós não vamos fazer piqueniques à beira de uma lagoa!

– Que bom saber!

Demos outra risada. Então, me recordei de algumas coisas que aconteceram na minha vida.

– Quando eu fiz quinze anos meu pai comprou um carro e me ensinou a dirigir. Foi um ano mais legal da minha vida porque foi o último ano que eu fiquei com meu pai.

– E o seu pai foi morar aonde?

– Meu pai foi morar na fronteira entre Canadá e Alasca.

- E como vocês mantêm contato?

– Por telefonemas ou email.

– Sente muita falta dele, não é?

– Sim. Ele sabia o jeito certo para conversar comigo. Ele me entendia.

– Mas o Valentim parece ser legal.

– Ele é muito legal, mas não é meu pai. Eu não estou me preocupando com isso. O meu medo era que Valen não me aceitasse na sua casa e fizesse a cabeça da minha mãe contra mim.

– Porque ele faria isso?

– Não sei. Acho que ando lendo muitos livros sobre o assunto. - Seus pais se falam?

– Acho que não.

–Que pena.

– Eles tinham que fazer isso, era a escolha certa. Meus pais não se davam bem pelo motivo da minha mãe ser muito excêntrica e o meu pai ser fechado. Eles sempre tinham opiniões diferentes sobre um mesmo assunto e nunca entravam em acordo. Já o Valen sabe como lidar com a Rita, sabe puxar as rédeas dela.

– Entendo.

– Mas e os seus pais, como eles são?

– Parecidos com os seus. Mas o diferente é que eles sabem como entrar em acordo. Meus pais nunca discutiram na nossa frente e sempre tomaram as decisões certas. Não dizendo que eles são perfeitos, mas que eles tentam ser.

– Ah!

Filipe se calou por um instante e ficou imóvel.

– O que foi?

– Eu acabei de ter uma ideia!

– Qual?

– Como minha namorada você deve conhecer o resto da minha família.

– Namorada?

– Sim.

– Você não me fez o pedido!

- Não seja por isso. Morgana Gallego Breslin, ou Mogie para os íntimos...

Não me contive e soltei uma risada.

– Ei, não me atrapalhe!

– Tudo bem.

– Você aceita namorar comigo?

– Me dê um tempo para pensar.

– Se você pensar muito serei obrigado a correr atrás da Lauren. - Sim!

– Sim você aceita ou sim eu posso correr atrás da Lauren? - Sim eu aceito!

Ele gritou de euforia e me pegou para si me prendendo ao seu corpo.

– Você não sabe quantas noites eu passei em claro planejando por isso.

Demos um beijo calmo e sereno enquanto nossas almas eram arrebatadas.



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Notas finais do capítulo

Uiii!! O que vcs acharam?? Reviews!!