Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 6
IV — Tempestade.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [12/03/2014].



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Ontem à noite, levei minha guitarra em um lugar para ver se tinha conserto. Mas nem reformando toda ela... Foi nessa hora que ele disse em que eu senti um aperto no meu coração. Quase tive vontade de chorar, mas deixei pra fazer isso em casa.

Liv disse que iria me comprar uma no meu próximo aniversário... Vamos ver se ela o faz.

Mas eu não me conformo!

Vesti meu uniforme e fui ao banheiro verificar se estava tudo em ordem em mim. Estava. Tomei um café rápido e minha mãe levou-me para o colégio. Quando cheguei, senti olhares que não tinham no primeiro dia de aula em mim. Cada um levava um sorriso ou um riso zombeteiro.

Demorei a entender... Até...

Isso aí. Havia várias fotos minhas coladas na parede. Eu estava cheia de tinta e pena, parecia uma galinha!

Não reagi enquanto meu corpo tomava-se pelo ódio. Tudo bem! Terceiro dia de aula... E em nenhum desses dias eu pude estudar normalmente, embora eu deteste ler um livro de química.

Arranquei uma foto e dirigi-me cega pela fúria para o Grêmio Estudantil. Agora Nathaniel iria me ouvir, e se desse razão mais uma vez para Ambre, eu faria questão em tira-lo daquele cargo.

Entrei na sala.

Pode me explicar o que diabos significa isso, Nathaniel?

Hm? ele estreitou os olhos e puxou a foto. Mas... Quem fez isso? Diga-me e eu punirei agora mesmo!

Ah, vai punir a tua irmã então!

Ambre?

Não! ironizei. O capeta.

Ele levou a mão direita para a testa. Massageou a mesma e respirou fundo. Entregou-me a foto novamente e se dirigiu para a mesa, buscando alguma coisa que eu não fazia ideia do que era.

Eu já te expliquei sobre isso, Jane.

Meu sangue fervilhou, fiz questão de gritar:

E você acha que eu acusaria Ambre por nada? Dê-me um motivo para eu odiá-la no terceiro dia de aula!

Ele não respondeu. Largou os papéis e se dirigiu até o telefone. Discou nos números e a única coisa que disse foi: "venha até aqui". Não conversamos mais até certo ponto... Até Ambre aparecer.

O que quer comigo, Nathaniel?

Nathaniel caminhou em minha direção. Tirou a foto de mim delicadamente e analisou-a. Nesse meio tempo, Ambre cruzou os braços e pigarreou, tinindo o salto agulha no chão. Transmitindo um som terrivelmente chato. Nathaniel girou a cabeça lentamente e mostrou a foto para Ambre, encarando-a:

Explique-se.

Explicar o quê? ela riu. Acha que eu fiz isso?

Tenho certeza.

Ah, coitadinho! rebateu. Tive vontade de estrangular ela. Está redondamente errado, irmãozinho.

O sinal tocou na hora. Ambre soltou um longo suspiro irônico, traduzido como: "Até mais, perdedores!" E saiu da sala. A primeira coisa que toquei, joguei em Nathaniel. Era um bloco de notas.

Ai!

Estúpido! gritei. Deixou a presa fugir por vontade própria! Eu não sei se dou risada ou começo a chorar.

Eu vou falar com Ambre e mandar ela parar, não se preocupe.

Caralho, Nathaniel! Não é assim! Você tem que parar ela de maneira brusca. Se for com conversinha mole, ela vai se sentir no direito de me incomodar cada vez mais! Deixa de lado um pouco esse teu instinto protetor e dê para ela o que merece!

Ele ficou sem palavras. Sabia que seria difícil tratar esse assunto com Nathaniel. Iria pedir ajuda da diretora...

Saí do Grêmio.

Passei pela sala da diretora, mas ela estava trancada. Fui até o pátio e encontrei Castiel lá, o que não era novidade pelo jeito. Sentei-me ao lado dele.

E aí, cara.

E aí, novata.

Nossa! Ele me respondeu com a maior naturalidade! Alguém deve ter sugado seu mau humor e mandado para Marte. Essa, com certeza, é a teoria mais aceita pela população.

Preciso da sua ajuda... murmurei.

Eu não ajudo ninguém.

Parabéns! comemorei. Essa será sua primeira vez!

Castiel estreitou os olhos e me encarou por dois segundos. Balançou a cabeça negativamente e voltou a olhar para o nada, como sempre fazia quando eu o observava.

Eu gostaria, um dia, de saber o que se passa na cabeça dele... Castiel é um alguém misterioso. Mas a sua personalidade me faz ficar terrivelmente estressada e querer pegar um revólver, para matá-lo ali mesmo.

Tudo bem... Apenas me dê uma ideia do que eu posso fazer para me vingar de Ambre.

Então foi ela quem fez aquilo com você? perguntou.

É... Foi.

Ambre faz parte do grupo que "incomoda" os novatos por um certo tempo. Alguns pegam tão pesado que eles mudam de colégio na primeira semana. Um se suicidou ano passado.

Sério?

Sim. Depois disso a brincadeira foi suspensa... Mas ela voltou em segredo, alguns meses depois. Foi aí que Ambre entrou, e parece que você é o alvo dela...

Fiquei chocada com o que Castiel me falou. Fiquei perplexa por ele ter me dito que um aluno suicidou-se pelo que sofria. Eu não quero pensar assim, não quero chegar até esse ponto. Por isso eu preciso terminar com toda essa palhaçada enquanto há tempo.

Aguente firme, novata. Ela nem começou com as brincadeiras...

Castiel levantou-se e foi para o ginásio.

Sem hesitar, corri atrás dele. Quando alcancei-o, toquei seu ombro. Castiel recuou, e voltou a olhar para frente. Sem dizer nada. Absolutamente nada.

Me dê uma ideia e eu nunca mais te importuno!

Ele deu um sorriso que nunca havia visto. Em poucos segundos consegui identificar o que ele transmitia através da curva em seus lábios.

Tira uma foto dela nua. Ameace-a com a foto que ela vira uma pessoa bem obediente. Ah, manda uma cópia pra mim.

Tu é o maior virjão. reclamei.

Ele soltou uma risadinha pelo nariz e seguiu sem falar nada. Foi agora que eu me toquei... Ele estava sendo irônico! E eu, bem esperta que sou, acreditei. Bom, mas acho que não deixei transparecer tanto... Eu espero!

Vai continuar me seguindo por quanto tempo, novata?

Merda!

Até você me falar algo que preste contornei a situação, tremendo.

Castiel virou-se na mesma hora, ficando frente à frente de mim.

O que você quer de mim, Slander? indagou, perto de meu rosto. Eu já disse o que queria. Agora se vira, mas larga do meu pé.

Não respondi. Senti minhas mãos tremerem descontroladamente com aquela aproximação de Castiel em mim. Senti minhas pernas bambas ao compartilhar o mesmo ar com ele. Ele estava irritado, e o meu coração descompassado.

Castiel se aproximou, e roçou seus dedos em meus lábios.

Acalme-se, novata.

Foi tudo o que ele disse. Deslizou seu dedo indicador para o meu seio esquerdo, onde se concentra o coração. Depois disso, ele saiu.

Deixei-me cair no chão, de joelhos. Escutei a tempestade e a chuva batendo no telhado do ginásio. De repente, o barulho do meu coração era pequeno perto da chuva.

Até quando ele vai ser assim? Mais um para brincar comigo e com meus sentimentos? Maldita hora em me lembrar que me apaixono em dois toques.

O resto da aula foi normal, não ousei em nenhum minutos olhar para trás. Fiz amizade com a ruiva à minha frente, a Íris. Começamos a conversar e logo descobrimos que temos muitas coisas em comum.

Mas em nenhum momento deixei de pensar em Ambre.


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