Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 5
III — Sing! |Parte 2|.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [11/03/2014].



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Após cinco dias de treinamento, o grande dia chegara. Alguns iriam cantar, outros iriam pagar mico... E eu ia tocar Jimi Hendrix. Foi mal aí sociedade.

Vesti o uniforme do colégio e coloquei a guitarra atrás das costas. Como era apresentação, obviamente não teria aula. Então fiz questão de não pegar minha mochila. Desci as escadas e segui para fora de casa, antes de minha mãe gritar meu nome.

Não vai se alimentar?

Respirei fundo e balancei a cabeça:

Compro algum lanche no colégio.

Deu essa mesma desculpa alguns dias atrás falou. Virei-me para ela: Vamos, sente-se aqui. Você tem tempo para chegar lá, qualquer coisa te dou carona.

Assenti positivamente e servi uma xícara de café morno. Tomei como se fosse água e segui para o carro. Liv me levou até o portão da escola e, no final, me desejou boa sorte. Foi nessa hora em que minhas mãos começaram a suar e eu ficar nervosa.

Entrei com quinze minutos de antecedência. Caminhei em passos largos até o pátio e sentei-me no primeiro banco que tinha. Tirei minha guitarra da capa de proteção e verifiquei se as cordas estavam afinadas. Comecei a tocar o riff inicial de Voodoo Child.

E eu tive uma impressão de estar sendo observada. Era verdade, porque Castiel estava bem à minha frente, de braços cruzados e acompanhando meus dedos pelas cordas.

Como raios ele chegou aqui?

Vai tocar essa, novata?

Ah! Pelo amor de Jimi Hendrix, vai chamar tua mãe de novata!

Sim respondi. E você?

Ele não respondeu, sentou-se ao meu lado e puxou a guitarra para si. Me assustei no começo, até ele começar com alguns solos improvisados. E juntando tudo aquilo, formava-se uma música... Uma obra prima... Apenas War Pigs do Black Sabbath.

Ele tocou por pelo menos um minuto e meio. Arqueou a sobrancelha e moveu os dedos para as cordas, apertando a sexta corda e afrouxando a terceira. Ah, eu sabia que tinha algum problema com elas.

Boa sorte, novata.

Ele me entregou a guitarra e saiu.

Sem hesitar, corri atrás dele para irmos juntos ao auditório.

P.O.V AMBRE.

Observei Jane, lá de cima, chegar acompanhada de Castiel. Eles não se falavam, mas mesmo assim senti meu sangue fervilhar em ódio. Eu não acredito! Eu elimino tanta gente para poder ficar com Castiel e, no meio do ano, entra uma intrusa e o rouba com a maior facilidade do mundo.

Essa novata me paga! Nunca vi uma igual.

Daqui a pouco é a hora dela se apresentar. É a segunda depois de Íris. Quando eu fizer o sinal, vocês jogam.

As duas assentiram positivamente. Saí de lá para que não levasse a culpa do que iria acontecer com ela. Pois sabia que Jane seria a primeira em me acusar.

Sentei-me no centro de todos, meio camuflada por algumas pessoas. Logo o professor apareceu por trás de uma cortina vermelha, segurando um microfone em mãos:

Atenção, por favor! disse ele. Iremos começar com as apresentações. Lembrando que os três primeiros finalistas ganharão prêmio. E os demais ficarão com nota de participação em todas as matérias estudadas no colégio.

Alguns múrmuros... E ele continuou:

Para começar nossa manhã, vou chamar Íris!

A cabeleira ruiva e fedorenta apareceu. Sentou em uma cadeira e puxou um violão. Ela tinha uma voz bonita, tenho que confessar, mas a música me fazia ter vontade de dormir. E, finalmente, depois de dois minutos ela finalizou aquela encheção de saco.

O professor apareceu de novo, com aquela voz de morto:

E a próxima a se apresentar é Jane Slander!

E o alvo chegara. Jane se posicionou na mesma cadeira que Íris sentou. Plugou um cabo estranho no amplificador e testou a guitarra. Não estava funcionando, para a minha alegria. Pelo menos, nisso a Charlotte serviu para fazer.

Não está funcionando... Jane falou pelo microfone.

O professor se aproximou para testar. E, na hora, enviei uma mensagem para Li. Em menos de dez segundos um grande balde de tinta laranja pintou o corpo da novata. A pressão levou seu corpo pequenino e delicado ao chão. A guitarra também foi atingida e o professor ficou com alguns pingos na roupa.

Em seguida, várias penas colaram-se ao corpo da novata. Deixando-a parecendo uma galinha.

Escutava-se apenas a risada da plateia. E a minha auto-estima aumentava a cada segundo, deixando-me com um sentimento de poder e prazer. Sorri com o meu trabalho e o desempenho de minhas ajudantes. Elas realmente mereciam os sapatos que eu havia lhes prometido.

Quando percebi, Jane atravessara a porta na companhia do professor e de Nathaniel. A diretora chegou no mesmo instante, dando-nos um sermão sobre a falta de educação com alunos novos e a mancha no nome do colégio. E o dono do ato iria ser expulso.

Eu só mandei, Charlotte e Li reproduziram. Ou seja, elas que se danem.

P.O.V JANE SLANDER.

Já fazia dez minutos que estava ajoelhada no chuveiro do ginásio sem ação e reação. Apenas tentando digerir o porquê de aquilo ter acontecido comigo. A ingenuidade havia tomado conta da minha mente... E eu apenas sentia uma raiva enorme e uma vontade imensa de chorar.

Após meia hora eu saí. Nesse meio tempo, a servente apareceu com um uniforme reserva para mim. Saí do ginásio, peguei minha guitarra toda manchada e provavelmente estragada. Segui para fora do colégio.

Para onde vai?

Reconhecia essa voz. Virei-me para trás e encarei Nathaniel, com os olhos úmidos.

Tentar consertar um bem precioso.

Antes você precisa passar por um interrogatório ele sorriu torto. Me acompanha na sala?

Assenti e caminhei em passos rápidos até chegarmos ao Grêmio Estudantil.

Aguardamos pela diretora, mas ela não deu sinal. Nathaniel decidiu fazer as perguntas ele mesmo. E quando as respondi, ele fez uma cara de espanto:

Você está acusando Ambre pelo ato?

Há dias ela vem me importunando, Nathaniel.

Tudo bem... ele murmurou. Mas pode não ser ela, porque aqui no colégio temos um grupo de boas vindas. Essas pessoas aprontam com os novatos durante meses... E pode ser uma dessas pessoas.

Sua irmã faz parte do grupo?

Ele demorou, mas disse que sim.

Eu não acredito como permitem uma merda dessas vociferei. Eu vou embora, não posso te obrigar a acreditar em mim.

Levantei-me para sair da cadeira, mas Nathaniel pegou-me pelo braço. Senti ele olhar no fundo dos meus olhos. Sem conseguir raciocinar direito, ele me abraçou. Abraçou fortemente e sussurrou um pedido de desculpas.

Corei com sua atitude.

O momento foi interrompido. Pensei que fosse a diretora entrando, mas era o contrário. A última pessoa que eu pensaria... Ambre!

Que droga é essa?

Ela gritou sem se importar com o eco do corredor vazio.

Justo com ela Nathaniel?

Respirei fundo e cruzei os braços:

Você tem cinco minutos para admitir o que fez falei.

O que eu fiz? ela apontou para si mesma. Ah, agora tudo é culpa minha!

Está se estressando sem ser acusada. Essa daí tem culpa raciocinei. Vamos lá, Ambre!

Ela não disse nada. Saiu do Grêmio sem dar satisfações. Era óbvio que com essa atitude Nathaniel ficaria com uma pulga atrás da orelha. Depois de cinco minutos, saí do colégio.

Eu só sei que não deixaria barato para ela. Se ela está levando vantagem nessa guerra, que espere por alguém virando o jogo. Pois é isso que eu vou fazer.

* * *

No sábado, encontrei todo o pessoal do colégio. Ambos me perguntaram sobre o acontecido de ontem... Dei uma resposta que não acusasse ninguém e saí de perto. Procurei pela lista de ganhadores do projeto.

Em primeiro lugar havia ficado um tal de Lysandre. Em segundo o Castiel e em terceiro a Ambre.

Ela sabotou, só pode!

Saí de lá soltando fumaças pelo alto da cabeça. Esse colégio tá sendo uma merda. Literalmente uma merda! Eu sinto muita falta da minha antiga cidade.


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