Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 7
VI — Seis meses.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [13/03/2014].



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Hoje cheguei ao colégio logo seguindo para o pátio. Tinha o intuito de encontrar Castiel, mas ele não estava lá. Então, comecei pensar na minha atitude de mal chegar no colégio e já procurar um menino...

Caramba! Não pode ser!

Eu me recuso!

Balancei a cabeça negativamente e me sentei no banco, tentando negar qualquer sentimento que poderia estar nascendo em mim. Era o cúmulo do absurdo eu gostar de alguém que praticamente me odeia. E que me ignora quase toda vez que falo com ele.

Ergui minha cabeça e olhei para frente, cansada. Vi dois belos pares de pernas. Eles eram femininos... Decidi levantar meu olhar para a pessoa toda. Uma menina de cabelos castanhos, tinha os olhos azuis. Usava uma blusa azul e rosa, extremamente vulgar. Sua calça tinha alguns detalhes rasgados e levava tatuagens no braço direito.

Fiquei com uma puta inveja dela.

— Olá! ela disse, simpática. Me chamo Debrah.

Não quero saber.

— Jane — respondi, com um sorriso meio forçado.

— Você, por acaso, estuda aqui?

Mas é claro que não! Você não viu na minha testa que eu estudo em Marte? Aliás, estou indo pra lá. Tchau.

— Sim?!

— Ótimo! — ela se alegrou. — Você conhece um cara chamado Castiel? Ele tem os cabelos negros e olhos acinzentados como os seus. Hã... Ele é alto, também.

Cabelos negros? Acho que ela andou errando...

— Hn... Eu conheço, mas ele tem cabelos ruivos. Não-naturais, obviamente.

— Oh! — Debrah se surpreendeu. — Eu não acredito que ele pintou o cabelo! Não vejo ele há quase dois anos. Na verdade, vim para fazer uma proposta, sabe? Convidar ele para fazer parte de minha banda. Já que vou ficar uma temporada pela cidade...

Ok. Deixa eu ver se eu entendi bem... Essa tal de Debrah chegou para levar Castiel embora? É impressão minha ou eu estou perdendo alguém que eu nunca tive? Ah, pare com essas besteiras!

— Jane? ela me chamou, despertando-me de meus devaneios. — Poderia chamá-lo aqui? Eu não posso passar além do pátio. Então...

— Sem problemas menti. Eu vou procurá-lo.

Encontrei Castiel de primeira no porão. Ele estava sentado e com uma guitarra vermelha, tocando alguns solos improvisados. Respirei fundo observando-o. Ele percebeu, parou de tocar e me encarou.

Não dissemos nada um ao outro. Eu estava paralisada, pensando se iria ou não contar sobre a tal Debrah. Mas fui em frente, deixando de lado qualquer consequência que eu poderia sofrer:

— Há uma garota no pátio... — disse. — E ela quer falar com você.

— Quem é ela?

Meu coração acelerou. Não poderia deixar a conversa ir pelos ares, já que eu tinha começado a merda:

— Debrah.

Engoli em seco. A última coisa que eu vi foi Castiel atravessando o porão correndo. Consegui ver seu vulto passando por mim... Pela euforia, ele deveria estar ansioso pela chegada da tal Debrah.

É, eu perdi antes mesmo do jogo começar.

Saí do corredor e trombei com um menininho de suéter verde. Usava um óculos fundo de garrafa e tinha um corte de cabelo extremamente engraçado.

Espera aí...

— Kentin?

O garoto ajeitou o óculos e se levantou. Bateu a poeira do suéter e olhou para mim. Sorriu, sorriu largamente. Em seguida, abraçou-me como um filho abraça uma mãe.

— Jane! — falou. — Senti sua falta.

— Eu também... — respondi, meio afogada pelo abraço. — O que faz aqui?

— Minha mãe foi transferida no trabalho. Agora estou estudando aqui... Mas é por pouco tempo, pois daqui alguns dias irei para um colégio militar com meu pai.

Começamos a andar em direção a sala.

— Colégio militar? Por quê?

— Hn, vou te falar o que ele me disse — Kentin limpou a garganta: — "Você tem que virar homem de verdade! E não deixar que roubem seu lanche e seu dinheiro. Covarde!"

— Seu pai é tipo... Duro demais.

— Eu sei, mas não neguei a palavra dele. Estava certo, sou mesmo um covarde e preciso me virar sozinho — suspirou. — Bem, eu vou falar com a diretora. Nos vemos depois.

— Tchau...

Cuidei ele entrar na sala da diretora. Fiquei feliz por rever Kentin, mas ao mesmo tempo triste por saber que o pai dele diz coisas absurdas para o filho. Eu acho que cada um é de um jeito... E Kentin é simplesmente assim. Não seria saudável mudá-lo!

Esperei o sinal bater e entrei na sala.

O intervalo passou... E nada do Castiel. O quarto sinal soou, e nada do Castiel. O último sinal soou, e nada do Castiel. Procurei pelo pátio: nada. Falei com Nathaniel embora estivesse magoada com ele e nada. Por onde raios ele andava? Estava com a tal da Debrah?

Naquela hora não liguei para minha mãe vir me buscar. Fui para casa caminhando.

Cheguei exausta. Esquentei meu almoço no microondas e liguei meu computador, para me distrair um pouco. Já que meus pensamentos me torturavam da pior maneira possível. Peguei minha comida e voltei para o quarto.

Entrei em uma das redes sociais que eu tinha. Visualizei as malditas notificações de jogos. Olhei as mensagens de Emy e respondi-as. Fui para os pedidos de amizade... Haviam sete pedidos. Cada um da nova turma que eu estava estudando. Inclusive dele.

Agora ele vai me perseguir até aqui?

Antes de aceitar, fui mexericar na página dele.

Castiel Tissot.
17/01/1994.
18 anos.

Olhei, principalmente, o status de relacionamento dele. Tudo indicava que ele estava solteiro... Então, qual era o seu vínculo com Debrah?

Deixei isso de lado e aceitei a solicitação de amizade. Abri uma nova guia no navegador e fui assistir a um detonado de um jogo que não poderia comprar.

* * *

Após duas horas, eu havia terminado uma parte do detonado. Deixei a outra parte reservada para assistir amanhã. Fechei a guia e, então, percebi que a outra estava piscando. Fui rapidamente ver o que era.

Era ele, novamente. Meu coração bateu descontroladamente, briguei mentalmente comigo por isso. Fui em frente, passei a seta do mouse pela caixa de texto... e analisei o que ele havia escrito.

Castiel Tissot: Ei, novata.

Jane Slander: Ei, veterano.

Ele visualizou a mensagem apenas dois minutos depois. Eu estava curiosa para saber o que ele queria comigo.

Castiel Tissot: Aquela garota... o que ela disse para você?

Jane Slander: Perguntou onde você estava. E depois pediu para que eu trouxesse você até lá...

Castiel Tissot: Hn, entendi.

Recolhi forças para digitar e fui mais fundo:

Jane Slander: O que ela queria contigo?

Ele visualizou, mas não respondeu. Bati minha testa na mesa três vezes e cobri meu rosto com as mãos, envergonhada. E quando voltei a fitar a tela do computador, havia uma resposta.

Castiel Tissot: Queria que eu voltasse a tocar com ela...

Em um impulso, digitei:

Jane Slander: E você aceitou?

Castiel Tissot: Pedi que me procurasse daqui seis meses.

Após isso comemorei por ele não ter aceitado agora. Daqui seis meses... ninguém sabe qual será a resposta dele. Se ele recusou agora, quem garante que aceitará daqui seis meses?

Vá em frente, porque você tem chance!


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