Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 4
III — Sing! |Parte 1|.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [11/03/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Mais um dia no colégio. Meu segundo, na verdade. Só que, colégio é colégio, até no primeiro dia você entra em um tédio infernal. Quem não gosta de estudar é assim mesmo. Só que eu quero ser alguém na vida, então... Vamos tentar estudar.

Saí de casa sem comer alguma coisa, por conta do atraso. Poderia pegar alguma coisa na estrada ou esperar até o intervalo para comprar um lanche. Tudo dependia do meu estômago e seus roncos nada delicados.

O primeiro período era aula de música, algo que eu apreciava muito. No entanto, quase morri correndo para poder chegar a tempo. E no final, o resultado foi Jane toda suada.

E como todo professor tem que ser filho da mãe, logo no segundo dia passaram um trabalho. Só que não é um trabalho normal... É um que precisa tocar qualquer coisa. Por quê?!?!

Todo mundo ficou animado. Minha preguiça então...

Logo depois ele disse que haveria prêmio para primeiro, segundo e terceiro lugar. Me animei um pouco, mas nem tanto. Como a participação era obrigatória, já fui pensando no que iria tocar.

Cutuquei a menina ruiva a minha frente:

— Vai participar?

Curta e grossa. Hoje a paciência tá fogo.

— Provavelmente sim... — murmurou ela. — Sou Íris!

— Jane — sorri. — Mas é um trabalho chato, vou ter que confessar.

— Também acho, mas sou o tipo de pessoa que não perde nota por nada.

Assenti positivamente e joguei-lhe um sorrisinho não querendo mais conversa. Prestei atenção nas últimas ladainhas do professor e quase dormi.

Debrucei-me sobre a carteira e fiquei em uma posição para ele não me ver. Tirei meu merecido cochilo.

P.O.V AMBRE.

Pensei por um tempo na hipótese de fazer alguma coisa com a novata na apresentação. E qualquer coisa cairia bem, já que haveria um bom público para a atriz do meu espetáculo. Eu, como uma das principais pessoas a pregar peça em novatos no colégio, teria de fazer algo chocante!

Tenho certeza que a minha ideia será melhor do que a dos outros alunos a sabotarem qualquer coisa. Mas como havia apenas uma novata no meio do ano, a guarda dela veio para mim.

— Meninas... — cochichei para Li e Charlotte. — Já sei o que vão fazer.

— Por que vai implicar com ela, Ambre? Jane parece ser uma pessoa legal.

— Está errada, Li. Jane é metida e uma ameaça, seu gênio é capaz de tomar o meu posto. Pude perceber que a menina tem papas na língua — respondi. — E se não está satisfeita, simplesmente desista de nossa amizade.

— E o que ganhamos com isso? — indagou Charlotte.

Puxei meu celular e mostrei-lhe vários e vários pares de sapatos caros que poderia comprar em instantes na internet de meu celular. Elas se animaram na hora, e esqueceram da pena que sentiam da novata.

Está indo tudo certo, até agora.

P.O.V JANE SLANDER.

O sinal do intervalo soou. Virei-me para trás e dei de cara com o ruivo de ontem. Ele parecia ser um cara legal, mas era fechado demais... E eu estava com uma louca vontade de quebrar essa barreira de gelo que ele usa para se fazer de cara durão.

Panaca.

Vou falar com ele.

— E aí — falei, fitando o garoto cabisbaixo rabiscando algo no caderno. — Vai fazer o que na apresentação?

Ele me encarou por um tempo, soltou uma risada pelo nariz e voltou a rabiscar o caderno. Essa lei de ignorar as pessoas... Já, já corto as asinhas de machão desse cara.

— Está nesse planeta ainda?

— Sim.

— Então me responda!

— Tá achando que manda em mim? — ele me olhou duramente. — Mas se eu te responder você para de me incomodar... Vou tocar guitarra. Satisfeita? Volte para o seu mundo e me deixe em paz.

— Legal.

Não virei para frente, peguei meu lápis e desenhei um esboço de Janis Joplin na carteira dele. De início, Castiel não disse nada... Mas aos poucos que minha obra prima ia se formando, ele não tirava os olhos dela.

Escutei alguém pigarreando muito alto. Por um deslize, borrei no desenho. Fiz questão de virar-me para ver quem era o infeliz.

A tal da Ambre.

— Parece que a novata tá com a bola toda, ein?!

— Não tenho bola pra começo de história, Ambre.

— Cabeça quente! — ironizou. — Pode se acalmar, só estava brincando.

Não respondi. Voltei minha atenção para o desenho e, nessa hora, Castiel já estava arrumando suas coisas e saindo da sala de aula. Eu juro que eu dou um trato naquela loira filha de uma quenga!

Perdi minha oportunidade com aquele menino.

Sem pensar, deixei Janis Joplin sozinha. Peguei minhas coisas e saí a procura de Castiel. Não vou desistir dele até criar uma amizade e... provar para todos que ele, no fundo, é um menininho sensível que gosta de ir no colo da mamãe.

Ele é muito revoltado, cara.


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