Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 40
XXXV — Tributo.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [03/08/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Fiquei o resto da manhã sentada no sofá da casa de Íris. A sala estava escura, e para variar, eu estava sozinha. Ultimamente eu tenho chamado aquela casa de minha, porque definitivamente só eu vivia naquele lugar. E era isso que eu chamava de amor o que a Íris têm com o Lysandre.

Eu tenho manias estranhas. Quando estou pra baixo, costumo a ficar no escuro, pensando. Ou deitada no chão, pensando também. Fecho os olhos, escuto Joy Division e me lamento mentalmente pela minha vida ser tão boa, mas tão estúpida.

E eu nem preciso citar que o criador disso tudo se chama Castiel.

Falando nele, recebi uma mensagem dele há pouco tempo. Não abri, mas vi no celular o seguinte: "Nova mensagem recebida de Filho Da Puta"

Eu mudei o nome dele pra esse. Antes era: "Não ouse atender!"

Quando a pessoa é retardada, dá nisso.

Então eu decidi desbloquear meu celular e ver a mensagem. Fiz aquele trajeto chato, quase implorando para meu celular não travar. Ele era da idade da pedra, velhinho, mas a consideração por ele era tão grande que eu não tomava vergonha na cara e comprava um celular novo.

"Tributo ao Arctic Monkeys às 22h. Rola?"

Rola? Só se for pra enfiar naquele lugar onde você faz cocô.

Ponderei em respondê-lo. Estava indecisa, afinal, eu amo Arctic Monkeys, e ver um tributo seria tão legal. Eu iria, de qualquer forma, mas aí eu lembro que é com o Castiel... e eu ainda gosto da criatura. Só não entendendo o porquê dele ficar correndo atrás de mim, depois de ter me humilhado pra caramba.

Decidi responder.

"Onde vai ser?"

Depois que enviei, dei uma checada na mensagem anterior. Ela fora enviada há vinte minutos atrás... se eu tivesse sorte, ele poderia me responder agora. Ou quarenta minutos depois, pra cobrar a minha demora.

Enquanto isso, fui buscar algo para comer. Perdi tempo, porque não tinha literalmente nada que prestasse. Íris é vegetariana, então, ter vegetais na geladeira pra mim é a mesma coisa que nada. Não gosto. Não como. Mas respeito a quem é.

Voltei para a sala.

"Você tem a mania de ficar longe do celular, certo? Hahaha. Vai ser no British Pub. Vamos então?"

Ui! Eu tenho coisa mais interessante do que ficar mexendo no celular. Aliás, nem dá pra mexer nessa bicheira. Só dá pra mandar mensagem, fazer ligação e jogar um jogo da cobrinha. Sabe aquele jogo da cobrinha, que tu tem que ir comendo até ela ficar grande, mas se a cobrinha se encosta ela morre? Esse mesmo.

Old but gold, né.

"Tá, pode ser. Te encontro lá?"

Não acredito que aceitei o pedido! Mas sem segundas intenções. Se ele tentar alguma coisa, eu chamo qualquer cara e digo que é meu novo namorado. Ok. Eu não sei mais o que fazer da vida. Se o Armin gostasse, eu poderia levar ele junto, mas ele é um fresco que não gosta de AM.

"Não, eu vou aí na Íris. Apareço aí por 20:45, pode ser?"

Nossa, que educado. Nem parece que é o Castiel. Ele sempre teve a mania de querer chegar mais tarde nos lugares. Eu lembro que ele me contou uma vez que tinha de ir a um casamento, chegou uma hora depois do que deveria. Quase mataram ele. Também, pede pra levar.

"Pode ser. Se deixar — claro que vai, eu mando — eu tenho pelo menos duas horas pra dormir agora. Adiós!"

Deixei o celular em qualquer canto da sala e saí. Fui até o quarto da Íris e fiquei encarando o colchão improvisado que tinha — uma junção de cobertores quentinhos e um travesseiro —, e a cama dela. Eu dormia no colchão, e ela, quando ficava em casa, na cama.

Ponderei.

Me joguei na cama.

Minhas costas merecem isso.

* * *

Abri meus olhos lentamente e naturalmente. Eu gosto muito de acordar assim, é sinal que eu dormi o bastante e posso encarar uma noite cantando muito Arctic Monkeys.

Tateei meu celular para olhar a hora. Foi aí que lembrei que ele estava na sala. Sendo assim, me levantei da cama, coloquei minha pantufa e caminhei até a sala. Estava literalmente acordada agora, sem um pingo de sono e me sentindo mais renovada.

Peguei o celular embaixo de uma almofada.

Olhei a hora.

Sete da noite.

Puta que o pariu!!! — gritei. — Era pra ser quatro horas da tarde agora!!!

Percebi, também, que havia uma chuva de mensagens do Castiel. Bem, nem tanto, eram apenas algumas. O bastante para ficar uma tarde sem checar o celular e sem respondê-lo.

Abri a primeira.

"Fiquei sabendo que vai voltar a morar em Paris..."

Grande coisa. Abri a segunda mensagem:

"Que fique claro que a gente só vai nisso porque curtimos muito AM. E... bem, eu não quero que você pense que eu estou te flertando porque hfskldjha"

Acho que esse "hfskldjha" foi artimanha do Dragon. Aquele cachorro ama morder teclados de celulares. O meu é a prova viva disso.

Abri a terceira.

"Maldito seja o Dragon! Mas, continuando, só não quero te dar esperanças de nada. E também quero passar só uns minutinhos com você, já que vai voltar pra lá."

Céus! Se eu não soubesse que esse canalha é convencido, eu já teria voado pra a casa dele e pegado o ruivinho pelo pescoço. Me dar esperanças? Eu tô é agradecendo por ele ter largado do meu pé. Ok. Eu sou uma mentirosa, mas... eu achei uma baita sacanagem isso que ele escreveu.

Decidi responder a simpatia:

"Quão convencido de 0 a 10? 10000000. Ah, brincadeira. Espero que você arranje uma pessoa com bastante bunda e peito, eu ainda lembro de quando reclamava que eu era uma tábua. Não que eu não seja ainda, masss."

Não sei qual dos dois é pior, eu ou ele.

Casal perfeito.

Que não é mais casal.

Depois disso, eu decidi tomar um banho. Foi rápido, porque demorei quinze minutos. Eu costumo a demorar bem mais. Quando fui para o quarto, percebi que a noite iria ser fria, então optei por colocar meu moletom deles. Na verdade não dava pra descobrir diretamente que era do Arctic Monkeys, a não ser se a pessoa soubesse o que significava: "Flicking through a little book of sex tips. Remember when the boys were all electric?", minha mãe disse que eu tenho roupas polêmicas.

Eu lembro de quando eu comprei minha camiseta do Pink Floyd, que tinha duas vacas fazendo sexo. Ela me xingou horrores por aquilo, mas eu não ligava, dava risada. Liv nunca soube dar sermões.

Ela disse que eu não tinha vergonha na cara.

Pior que era verdade... ela nunca soube o porquê de eu dar risada daquele sermão dela. Se ela soubesse que eu tinha experimentado maconha, eu não estaria mais viva hoje.

Mas isso faz tudo parte de experiências. Adolescente é literalmente um bicho curioso.

Terminei de vestir minha calça e colocar meu tênis all star. Estava no básico do básico, porque realmente não dava pra ir com um vestido tubinho rosa num lugar daqueles. A não ser que você goste de chamar a atenção e ter fotos suas publicadas no facebook com alguma legenda ofensiva e engraçada.

* * *

Às 20:50 o Castiel bateu na porta.

Cinco minutos depois do que havíamos combinado por mensagem. Mas eu não sou aquela pessoa de cobrar atraso, ainda mais quando não tenho nada com ele. Se eu reclamasse, soaria um pouco estranho.

Nos cumprimentamos normalmente e seguimos para o British Pub. Era por perto, não passava de dez minutos caminhando. E, no meio do caminho, ficamos conversando sobre música. Era legal, porque Castiel entendia de muita coisa e eu não ficava pra trás.

Quando chegamos lá, ele fez questão de pagar meu ingresso. Neguei do começo até o fim, mas decidi ceder quando vi que não teria saída com aquele cabeça dura. Custou dez euros, foi generoso. Prometi que pagaria uma bebida pra ele, por compensação.

Ele foi um tremendo desgraçado, me fez pagar um Jack Daniel's.

Ah, então eu entrei na onda e bebi também, enquanto escutava um carinha desconhecido cantar Flourescent Adolescent. Foi demais, porque o tributo realmente estava bom.

E por incrível que pareça, o Castiel não tentou nada comigo. Nada mesmo.

Eu juro!

Juro até minha embriagues passar e eu me lembrar de toda merda no dia seguinte...


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Notas finais do capítulo

Hmmm... falo nada.



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