Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 35
XXX — Distração.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [04/07/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Passamos a madrugada inteira no hospital. Nada de grave aconteceu com Armin, aquilo foi só... um susto. Ele demonstrava sentir grande dor, e o pessoal levou ele pro hospital, embora não fosse necessário. Mas no calor do momento, a primeira oportunidade que aparece a gente agarra.

Tá todo mundo puto com Castiel.

Nem preciso falar sobre Íris, mas mesmo assim, o farei. Ela chorou por uns quinze minutos, dizendo que todo o esforço fora uma perda de tempo. Grunhiu dizendo que odiava Castiel e outras coisas. Íris está realmente em uma bad. Lysandre não está assim, mas a decepção é muito visível no seu rosto. Ele se machuca ao ver Íris naquele estado, e mais ainda ao lembrar da atitude de Castiel.

Ele preferia ficar em coma? Sério mesmo. Cara mais ingrato!

Pela manhã, quando o sol aparecia, Armin ganhou alta. Ele foi pra casa com Alexy, mas eu fui junto, dizendo que ficaria lá até ter certeza de que ele estaria bem.

Foi um erro... Armin sorriu como uma criança. Mostrou os dentes e me olhou ternamente. Não poderia ter dado tanta aproximação, mas ele é meu melhor amigo. Eu devo ajudá-lo, mas não quero passar esperanças. Isso é difícil de lidar.

Por sorte, nada demais aconteceu.

Tentei distraí-lo o máximo que podia.

* * *

Na segunda feira...

Todo mundo voltou pro colégio. E os rumores sobre a briga rolou solto, em cada canto que se passava, ouvia-se "Armin" ou "Castiel". Ninguém conseguia cortar ou segurar a língua dos estudantes.

Não posso esquecer das piadinhas que fizeram à Armin. Alguns até davam-se socos na barriga e se jogavam no chão. Após isso, levantavam-se e riam. Perguntavam também como era levar uma "muletada" no estômago.

Eu me irritei tanto com um garoto, que dei um tapa nele. Foi infantil, eu sei... Ele teve a coragem de dizer: "Calma aí, gatinha!" e depois disso, as bolas dele foram amassadas pelo meu tênis. Consegui ver ele cair no chão e gritando: "Ai meu pau, sua vadia"

Eu ri, como sempre.

Agora sim ele ficou de pau duro.

Imbecil.

Na última aula, Armin foi pra casa antes do sinal bater. Disse que não estava se sentindo bem... Mas eu sabia: ele queria ficar sozinho. Eu o entendo, e o respeito também.

Pensei que não teria companhia para voltar pra casa. Então, aquele ruivo falsificado e inútil apareceu. Estava lá, com a moral lá em cima, se achando o dono do colégio.

Ele segurou fortemente no meu braço, e me puxou para uma sala sem ninguém. Nem preciso dizer que a discussão durou anos e eu perdi o final da última aula.

— Pensei que realmente gostasse de mim.

Eu arqueei a sobrancelha:

— Do que está falando?

— Você poderia ter me esperado, Slander.

— Ah! — ironizei. — Agora ele vai se fazer de coitadinho. Se liga, Castiel!

— Eu não estou me fazendo de coitadinho — ele apertou meu braço. — Sabe que eu não vou com a cara do Armin e tenho meus motivos para odiá-lo.

— Cara — falei, rindo nervosamente: — Não se lembra do que disse há três meses atrás? Disse que não queria mais saber de mim... Me tratou feito um lixo. E agora você tem coragem de perguntar se eu ainda te amaria? Vai pro inferno!

Ele abriu a boca para falar, mas o interrompi:

— E tem mais! — falei, me soltando: — Eu estava disposta, praticamente correndo, para te pedir desculpas. E quando cheguei lá, simplesmente começou a descontar toda a sua raiva em mim.

Ele ficou quieto, me encarando. Eu podia ver em seus olhos a vontade que ele tinha de acabar comigo naquele momento.

— Por que não vai viajar com a Debrah? Ela foi, mas... vai voltar.

Naquela hora, Castiel apertou mais meu braço e me prensou contra a parede. Sem falar naquele indicador dele enfiado na minha cara. Eu não sabia como ele estava conseguindo se equilibrar:

— Não fala dela na minha frente. Você quer me provocar, não é? — ele disse, eu temi, pois pensei que ele poderia me matar ali mesmo: — Cale a droga da sua boca, Slander. E saia da minha frente antes que eu piore as coisas.

— Você está fugindo — insisti na provocação. — Espero que um dia se arrependa... Mas, saiba, Castiel, que "a gente" não existe mais. Foi um erro total me envolver com você.

Saí de perto antes, mas ele pigarreou:

— Tivemos uma coisa, Jane? — perguntou, frio. — Aquilo foi apenas uma distração. Você foi o pior objeto que eu já tive na minha vida. Agora entendo porque é tão difícil alguém querer uma tampinha feito você.

Eu virei de costas novamente. Ergui minha cabeça, prendendo a respiração e a vontade de chorar. Soltei aos poucos o ar, e decidi responder:

— Foi um prazer ser sua distração, Castiel.

E eu saí.

Por que raios ele voltou assim do hospital?

Que queime no inferno. Não quero mais saber. Ele é tão estúpido e ignorante. Importa-se apenas com ele e a revolta por estar usando muletas. Porra! Que cara mais ridículo! E... Eu não acredito que voltei pra cá por causa dele. Agora eu me arrependo a morte por isso e o desejo de viajar à Paris aumenta a cada instante.

Mas eu ficarei, por Íris e Armin.

Eu só preciso arrancar esse sentimento de mim. Não pode ser tão difícil assim... Castiel se provou um monstro hoje. E eu realmente não mereço gostar de pessoas como ele.

Eu quero um tempo pra mim.

Foi demais.

Descobrir que o cara te usou é pesado.

Mais pesado ainda é a lembrança rondar em sua mente e te torturar.

Eu desisto.

Eu pensei que Castiel pudesse ser o cara ideal pra mim. Mas eu estava redondamente enganada. Conseguia ver apenas suas qualidades — que não eram muitas — e os seus defeitos, eu sempre amenizava. Via-os, mas pensava no passado dele e achava um motivo para ele ser assim.

Mas o que ele fez agora, tanto hoje quanto ontem, foi demais pra mim. Ele agrediu Armin de forma tão estúpida... Tão covarde!

Peguei meu celular e digitei uma rápida mensagem pro Armin:

"O que tá aprontando?"

Ele me respondeu cinco minutos depois:

"Nada. Vem aqui."

Sem protestar ou pensar, eu saí do colégio e segui diretamente para a casa de Armin.

Quando cheguei lá, ele estava em um estado melhor. Mais animado, mais engraçado, mais Armin. Ficamos conversando e comendo por um tempo... Acho que engordei uns dois quilos. E, de tarde, jogamos. Como sempre.


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