Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 24
XX — Pesadelo. |Parte II|.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [07/04/2014].



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273792/chapter/24

P.O.V JANE SLANDER.

Um mês depois...

Andava de um lado para o outro, tentando engolir a notícia que chegara inesperadamente da boca de Castiel. Ele tentou me acalmar, dizer que estava tudo bem e que poderíamos superar aquilo. Mas era impossível.

Impossível.

E quando eu digo que é impossível, realmente é impossível.

Porra! Eu não quero nem pensar no que eu escutei. E a capacidade deles? Vivemos cercados de gentes podres assim, e eles simplesmente... conseguiram deixar que ela fosse. E isso me irrita, não só isso, me deixa com muito medo. Ela pode estar com raiva. Muita raiva.

Nesse mês, tudo foi totalmente pacato. Eu ia para a escola sem precisar me preocupar. Vicktor estudava no noturno e nunca aparecia de manhã para me incomodar. Fiquei quase a semana inteira indo na casa de Armin, todas as tardes, para zerar Amy o mais rápido possível.

Armin é um cara legal, eu curto muito ele. Era legal também quando eu estava concentrada, aí ele chegava por trás e me dava um susto. Agora pensa no controle do videogame indo parar na cabeça dele.

Fazíamos, toda tarde, pipoca para jogar. Engordurei todo o controle com as minhas mãos. Tomávamos refrigerante e eu sujava minha boca de chocolate. Saía horrível da casa dele. Às vezes nós deixávamos de jogar para fazer um som. Armin tocava bateria e eu pegava a guitarra dele... É uma Les Paul, eu chamo ela de Grohl.

Tudo bem, eu sei que a Les Paul não é a guitarra do Dave Grohl. Dane-se! Armin não tem dinheiro pra comprar uma DG 335. Eu acho.

Cala boca, Slander, é óbvio que não.

Naquele dia eu faltei. Não fui ao colégio, por puro medo. Eu tinha medo de encontrá-la e de ver o remorso que ela guarda de mim. Tinha medo que ela fizesse algo pior comigo. Eu não consigo esquecer isso... é tão difícil!

Eu me odeio.

PS: Minha mãe não me ligou ainda...

* * *

P.O.V AMBRE TURNER.

É incrível a dissimulação dos meus pais. É incrível como só quando você vai presa, eles resolvem se importar com você. Mas importar de um jeito de te dar um sermão por ser uma filha idiota... Por ser uma desgraça, um encosto na vida deles. Por ser uma "cadela", como meu pai disse.

Eu apenas ri deles.

"Sua cadela! Acha que vai conseguir alguma coisa sequestrando os outros? Te criamos para o quê? Para virar uma viciada em heroína que se mete com gente podre?"

Ah, pai... você não tem noção do nojo que sinto por você.

Isso não é nem um terço do que mostrei ser para eles. Eu sou pior, muito pior. Talvez eu realmente tenha nascido para ser má. Para ser a ovelha negra da família. A mimada que quer tudo na mão... e quando não ganha, simplesmente toma um rumo diferente na vida. A ex-rica que se mete com drogas quando não tem um tustão no bolso.

Isso aí, Ambre. Você vai longe assim.

Mas por que mudar de verdade quando pode seguir o rumo dessa vida podre? Se eu estou estragada já, por que voltar para trás? Eu vou seguir em frente, e continuar fazendo merdas.

Eu nasci pra isso.

— A polícia tá na nossa cola — falei, sentando-me. — Aquela vadia me denunciou. Eu consegui fazer uns esquemas e fugir da cadeia... mas não vai demorar muito pra eles sentirem a minha falta. Se já não estão me procurando!

— E com certeza ela já deve estar sabendo — Vicktor disse.

Era óbvio que ela sabia.

A polícia tem o gravador em que Vicktor me manda dar um sumiço nela. Mas o problema é que: naquela época eu não queria fazer nada com ela. Mas agora... agora eu quero é fazer tudo o que estiver ao meu alcance com aquela garota. Tudo. Ela não tinha moral pra me denunciar, sabendo que quem queria aquilo era Vicktor.

Jane vai pagar muito caro por isso, e não vai demorar.

Ela deveria estar sabendo também que eu sumi, pois Castiel me viu nas ruas. Eu estava com um moletom marrom e uma calça azul de malha. Estava imunda, fedendo à maconha e desarrumada. Estava com olheiras... Enfim: eu não era a Ambre naquele dia.

Ele me reconheceu, de longe. Me ameaçou, dizendo que se eu voltasse aparecer para Jane, eu ia me ferrar.

Sabem o que eu fiz? Eu ri. Só isso.

E ainda não acredito como consigo gostar dele... sabendo que Castiel me trata como uma qualquer. Como um lixo.

Bati a porta do meu quarto fortemente. Encostei minhas costas nela e deslizei aos poucos para o chão. Me vi imersa em roupas jogadas ao chão. Me vi imersa em seringas espalhadas em tudo que é lugar. Um quarto sujo. Cheirando a mijo e tudo o que se pode imaginar.

Eu me deixei levar... muito.

Eu não sou como antes. Eu piorei, e não pretendo voltar para aquela Ambre mimada, desgraçada que prejudicava tudo e a todos. Ela pode ficar adormecida dentro de mim. Porque agora eu sou outra, bem pior.

Agora eu prejudico apenas quem realmente precisa ser prejudicado.

Nathaniel é uma dessas pessoas.

Aquele desgraçado contou todos os meus podres para os meus pais. Eu escutei barbaridades deles por causa de Nathaniel. Ele vai pagar caro. Eu quero ver como Nathaniel vai se sentir sendo tirado do cargo de representante... e o resto eu vejo depois.

Quase me esqueci de Castiel!

* * *

P.O.V JANE SLANDER.

Acabei de me lembrar que depois de amanhã é o meu aniversário. Eu estou com a cabeça tão ocupada que não me deixei pensar no dia que completarei dezoito anos e no dia que virarei independente da dona Liv. Ah, que saudades daquela chata.

Mas só de pensar na chatice dela, eu fico com vontade de manter distância dela. Coitada, deve estar super magoada comigo. Eu mandei uma carta isso mesmo dizendo que haviam achado meus arquivos. Era óbvio que eu não falei que Castiel tinha pegado-os. Ela não me retornou até agora.

E eu fico muito grata pelo ruivo ter feito isso. Se não fosse ele, eu estaria lá em Paris, levando uma vida chata pra caramba.

Escutei a campainha do apartamento de Íris tocar. Corri para atender... Enquanto o fazia, dei risada de mim mesma, que uma semana ficava na casa de Castiel e na outra na de Íris.

Me surpreendi a ver Armin nela.

— Armin! — falei animada. — O que te trás aqui?

— Hm... estava a fim de jogar com alguém — ele corou. — Então...?

— Pode chegar. Trouxe o videogame, né? A Íris não tem.

— Está na minha mochila.

Sorri. Caminhamos para a sala. Eu ajudei ele a instalar, porque não era difícil. A televisão de Íris era de quarenta e duas polegadas. Sera ótimo jogar na sala dela.

Quando terminamos, Armin se sentou no chão, fiz o mesmo. Ele parou subitamente. Deixou o controle ao lado dele e se virou para mim, tentando se lembrar de alguma coisa. Soltei uma leve risadinha, até ele sorrir zombeteiramente:

— Quem está de aniversário depois de amanhã?

Corei:

— Eu...?!

Armin riu e puxou minhas bochechas de um lado para o outro. Foi engraçado. Após isso, ele colocou um jogo. Assassin's Creed I.

Puta merda, esse é um clássico.

Clássico.

Sabe o que é clássico?

Então.

Jogo cheio de bug, gráfico lixo, missões repetitivas... mas o que vale é a diversão. Eu amo esse jogo. Foi o primeiro que joguei quando ganhei em um playstation. Cara, não tem. É muito bom, e eu não consigo demonstrar meu amor por esse jogo por aqui.

É díficil.

Mas saibam que eu amo ele.

Demais.

Como era só pra um jogador, eu comecei a jogar primeiro. Começamos do zero, e tivemos que fazer o tutorial. Na hora de passar sobre as mulheres que seguravam um vaso na cabeça, eu falhei. Fui correndo e atropelei todas elas, por pura brincadeira. Então eu estendi o controle para Armin, ele foi todo cauteloso e conseguiu passar.

Na hora de fugir dos guardas, eu fiquei parada e esperei o cara me enfiar uma espadada nas costas. Foi hilário! O personagem, Altaïr Ibn-FodãoLa'Ahad, deve estar decepcionado comigo. Eu envergonho ele no jogo.

O cara, no jogo, era o assassino mais legalzão, conseguia cumprir missão de qualquer jeito. Dá até orgulho. Então vai a Jane jogar e caga nele.

Risos.

Please, sir! I'm poor and sick a ongreh! — imitei a voz da mendiga, enquanto Armin ria da minha cara. — Você é pobre e doente? Então vou aliviar sua dor com a minha lâmina oculta.

Então depois de ter matado-a, havia perdido dois risquinhos de life. Ou seja, havia dessincronizado um pouquinho.

— Ah, merda — falei.

— Hur dur! — Armin zombou. — Esqueceu que Altaïr não mata civis? Ele mata templários. Oh, templars! Oh, Robert De Sablé!

— Shut the fuck up! — gritei. — Pega esse controle e foge dos guardas por mim.

Ele riu. Correu com o personagem e se sentou em um banco, no meio de dois outros civis. Isso fazia com que Altaïr ficasse anônimo mais uma vez. Então, um guarda parou perto dele e começou a olhar para os lados. Armin imitou-o:

— Quem fez isso? Digam-me!

Esse jogo é muito sem noção. Eu disse.

Depois de um tempo, só tirando com a cara daquele jogo, decidimos zoar de verdade. E o que fizemos? Armin colocou GTA pra rodar. Agora imagina nós dois no multiplayer daquele jogo.

Cara.

Não prestou. Definitivamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Podem perceber o jeito espontâneo de escrever JanexArmin. Eu só me inspiro em mim mesma jogando AC1 EHAUEHAUHEUA.

Procurem na internet o significado das palavras em inglês, pq não tô afim de traduzir aqui. Flwwwwwww.