Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 23
XX — Pesadelo. |Parte I|.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [06/04/2014].



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273792/chapter/23

P.O.V JANE SLANDER.

Foram algumas horas tumultuosas que eu vivi. Mesmo segura, na casa de Castiel, eu sentia medo. Fechava meus olhos e imaginava sendo pega por Vicktor novamente... imaginava ele me batendo novamente.

Meu consciente adora brincar comigo.

Eu acho que vou ao colégio amanhã. Assim, eu posso me distrair e ficar alguns minutos sem me torturar mentalmente. Eu espero, pelo menos, conseguir me distrair. Espero que não seja impossível. E se eu chegar a ver Ambre naquele colégio, não respondo pelos meus atos.

Coloquei a cabeça no travesseiro e esperei que o sono me atingisse.

[...]

O despertador tocou às seis e meia da manhã. Eu costumava acordar mais cedo, mas naquele minuto deixei passar. Rastejei-me até o banheiro e comecei a escovar os dentes. Como eu não tinha roupas na casa de Castiel, não dei o trabalho de pedir alguma emprestada. Fui com a mesma que eu estava desde sexta-feira à noite.

Acordei Castiel, ele levantou de primeira, e foi direto para a cozinha tomar café. Depois, ele se vestiu para irmos ao colégio... agora calcula o lixão que estava a boca dele. Antes de sairmos, forcei-o a escovar os dentes.

Em quinze minutos estávamos no colégio.

Vi um pontinho ruivo bem no fundo do corredor. Caminhei até lá. Era a Íris, logo que ela me viu, correu para me abraçar. Retribuí o abraço, não havia nada melhor do que o fazer naquele momento.

— Eu fiquei super preocupada! — ela disse. — Você está bem? Ele te machucou?

Balancei a cabeça negativamente, mentindo.

— E o celular?

— Aqui comigo — falei, em seguida sorri: — Obrigada por ter feito aquilo.

— Imagina... foi mais do que minha obrigação.

Nos sentamos em um banco no pátio. Comecei a contar para Íris o que passei lá... cortei algumas partes sobre o último dia, não querendo preocupá-la muito. Após isso, disse que já havia feito a queixa na polícia e que Ambre seria presa quando a encontrassem. Vicktor também.

Ficamos um tempo sem assunto. Fiquei observando o céu, que estava limpo, mas tinha algumas nuvens ainda. O sinal tocou, como era aula de matemática e eu tinha um trabalho pendente para entregar, não compareci. Fiquei fazendo-o, para depois encontrar o professor, inventar uma mentirinha e entregar.

Puxei meu estojo e meu caderno, tentei formular alguns cálculos.

Após uns dez minutos, eu havia conseguido fazer três cálculos. Eles estavam realmente bons. Senti a presença de alguém no local, olhei para frente e Armin apareceu, caminhando em minha direção. Sorri. Coloquei a minha mochila no meu colo, para que ele pudesse sentar-se ao meu lado.

— Fala, Armin!

— E aí, pequenina!

Soltei uma risadinha pelo nariz.

— Jogou...?

Ponderei em responder. Vasculhei minha caixa de memórias e então lembrei que semana passada tínhamos uma aula vaga. Armin veio conversar comigo sobre alguns jogos. E então ele pediu para que eu jogasse "Amy" um jogo que parece ser interessante pra caramba. É legal pra quem gosta de levar um susto. Só que eu não joguei ainda... Merda. Eu vi um gameplay só.

— Eu esqueci... — murmurei, cabisbaixa. — Sinto muito.

— Tudo bem — ele respondeu. — Você parece de cabeça cheia... anda com olheiras. Está tudo bem?

— É. Eu estou bem — tentei mudar de assunto. — Bem que eu poderia ir na tua casa hoje, daí eu não esqueço de jogar. Tu comprou o jogo pela PSN, né? Então facilita.

— Verdade — ele assentiu. — Te vejo as três da tarde então?

— Sim! Prepara uma comida também — ri.

Ele riu também e assentiu. Disse que iria recuperar o portátil da diretora, porque ela havia confiscado ele na aula. Nos despedimos e ele sumiu rápido pelo corredor. Peguei minha mochila e esperei o sinal tocar. Me acampei em frente a porta da sala de aula, esperando que o professor saísse de lá.

[...]

O professor torceu um pouco, mas no final pegou o meu trabalho.

Agora estávamos na última aula. Era História e eu me interessava. Realmente, eu entrei no conteúdo que o professor explicava... hoje aprendemos um pouco sobre o Japão Feudal. E, em nenhum momento, eu me deixei perder em outros pensamentos desagradáveis.

Vinte minutos depois fomos liberados para ir embora. Esperei Castiel guardar seu material, então fomos. Saímos da porta e caminhamos por entre as pessoas, que trancavam a passagem para o final do colégio.

Subitamente, eu parei.

Arregalei os olhos e apertei fortemente a mão de Castiel.

— Jane? — ele me chamou, não respondi. — Jane? O que foi? Me responde!

Tentei fazer minha respiração voltar ao normal e balbuciei:

— Ambre...

Peguei meu celular rapidamente e disquei o número da polícia. Caminhei vagarosamente em direção a ela, com o celular no ouvido. Castiel me parou, sussurrando para que eu falasse com ele primeiro:

— Eu a encontrei — disse. — Sou Jane Slander. Ambre está na minha frente, no corredor principal do colégio Sweet Amoris.

Após quinze segundos, alguém respondeu:

— Segure-a aí, estamos a caminho.

Desliguei o telefone e observei a loira com as costas encostadas na parede, ao lado da sala dos representantes. Nathaniel não havia passado por aquela porta, e Ambre parecia impaciente. Ela colocou uma bala na boca e cruzou os braços, olhando para os lados.

Tentei me camuflar em um grupo de estudo que conversava sobre um livro que eu não sabia qual era.

— O que ela faz aqui? — um deles sussurrou.

Decidi responder:

— Cara, continuem o assunto de vocês — encarei Ambre. — Eu só preciso ficar aqui... prometo que saio logo.

Ela parecia estar prestes a arrombar aquela porta. Desencostou as costas da parede e girou a maçaneta. Entrou lá rapidamente e não saiu mais. Com isso, eu saí da roda do grupo e fui para perto de Castiel. Pedi que ele passasse para perto da sala e os espiasse pela persiana da janela.

Não obtemos êxito.

Olhei para a saída e consegui ver um homem vestindo um terno entrando. Segurei minha mochila fortemente, contendo o sorriso. Era o delegado. Caminhei discretamente até ele. Decidida em não parar para falar com ele:

— Grêmio estudantil.

Falei isso caminhando, após, saí da porta para não chamar a atenção. Castiel apareceu logo em seguida. Disse para que ele me esperasse aqui. Sentamos na calçada e aguardamos algum sinal. Escutei algum murmurio de dois alunos saindo... Ambos falavam dele.

Três minutos...

Bati meus dedos freneticamente na calçada.

Cinco minutos...

Encostei minha cabeça no ombro do ruivo.

Dez minutos...

Olhei para o lado. Na hora, o delegado saiu do colégio agarrando o braço esquerdo de Ambre. A mesma protestava, ordenando para que ele a largasse. Minha respiração descompassou totalmente.

Ele não respondeu.

Ambre não falou mais nada. Pisou perto da calçada onde eu estava sentada. Caminhou de cabeça erguida até o carro. Antes de entrar...

Ela olhou para mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!