Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 16
XIV — Paris.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [23/03/2014].



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Em um mês, eu tive pesadelos. Era a culpa, mesmo eu não tendo culpa. Eu tinha pesadelos com Castiel, mas apenas me lembrava de alguns flashes. Eles batucavam na minha mente todo o dia, importunando-me e torturando-me.

Resultado: nota zero no teste de matemática do novo colégio.

Eu sinto muita falta dele, e muita falta de Íris. Eu nunca pensei que fosse me apaixonar tão rapidamente... E toda hora eu me pego pensando: será que ele me esqueceu? Castiel tinha quem ele queria aos pés dele... E isso me dava muito medo.

O.K., eu pareço uma idiota assim.

Na última semana, eu descobri que ainda era, de lei, aluna do Sweet Amoris. Eu fiquei feliz, mas ao mesmo tempo decepcionada... Isso queria dizer que eu estava meio clandestinamente estudando no novo colégio.

Isso me deu uma pontadinha de esperança... E eu comecei a bolar mil e um planos para voltar a morar naquela cidade, nem que fosse sozinha. E, por isso, Íris me deu um bocado de ajuda!

Saí do meu quarto.

— Mãe.

— O que foi? — ela perguntou, assistindo.

— Eu não saí do Sweet Amoris, não é? Por quê?

— Seus arquivos ainda estão sumidos, Jane — respondeu, grossa pra caramba. — Isso não importa, porque, quando acharmos... Quem escondeu, irá pagar um preço caro na justiça.

Engoli em seco e saí do local.

Pensei e repensei sobre o que iria fazer.

Minha mãe tem o dom de me estressar. Se ela não me ver em casa hoje à noite, não vou me arrepender disso. Ela é muito presa no trabalho, desde... desde o acontecimento com meu pai. Esquece a filha e não quer que eu saia de casa ainda.

Puxei meu celular, para enviar uma mensagem para Íris.

* * *

P.O.V CASTIEL TISSOT.

Eu estava esparramado na cama, brincando com um cigarro, entre meus dedos. Eu nunca pensei que iria ficar nesse estado gay. Faz um mês que a novata foi... E, mesmo eu tendo escondido os arquivos escolares dela, Jane foi. Sim, fui eu que escondi os arquivos dela, tanto que todo dia, antes de dormir eu os olho. Nem com Debrah era assim...

Deve ser porque ela era uma vadia que sempre tava de quatro pra ti, Castiel.

Nas últimas semanas, aceitava ficar com todas as garotas que me pediam. Nas últimas semanas, eu bebi demais, fumei demais, comi guria demais e tô aqui num estado vegetativo.

Escutei o começo de Black Swan do Megadeth. Era o meu celular tocando. Tateei-o pela cama, mas não consegui atender a tempo. Quando fui ver quem era... Engoli em seco. Esperei que ela deixasse uma mensagem.

Joguei o celular para a escrivaninha.

No mesmo instante, ele vibrou, sinalizando que eu tinha uma mensagem de voz. Disquei o número para escutá-la:

"Ei, cara... Eu liguei pra saber como você está. Eu sinto sua falta."

Suspirei fundo.

— Eu me sinto muito bem, Slander. Muito bem por eu ter me matado para chegar no aeroporto e ver você partir. Obrigada por perguntar.

Saí do quarto e fui arranjar alguma coisa para fazer.

Trinta minutos depois, meu celular tocou de novo. Eu não atendi, embora minha mão estivesse coçando para que eu clicasse na tela. Esperei ela deixar uma mensagem e fui escutar:

"Não sei se você está em horário de aula, mas... eu gostaria de escutar a sua voz. E também sinto que posso estar te incomodando."

Porra, ela tem um intuito bom.

Eu saí do apartamento, fui levar Dragon para passear pelo parque. Estava tudo bem, brinquei com ele com apenas um graveto. Era impressionante o quão feliz Dragon ficava em correr pra todos os lados em busca de um graveto.

Duas horas depois eu voltei pra casa, após ter dividido duas garrafas de cerveja com Lysandre. E meu celular também deu sinal de vida, mas agora era uma mensagem.

"Você não deveria estar em casa? Eu sinto sua falta... E estou com uma leve impressão que você não quer falar comigo. Para de ser vacilão!"

Ela fica tão engraçada quando está com raiva... E a sua voz também. Talvez esteja na hora de ligar pra ela, ou torturá-la mais um pouco. Tanto faz.

— Alô? — falei, meio desinteressado.

— Castiel... — era ela. — Oi...

— Ehm... — balbuciei. — Foi mal... Sabe... Não ter retornado antes.

— Tudo bem, eu queria ouvir a sua voz. Também queria te falar que eu—

Ligação cortada.

Vai tomar no cu, sua rede de telefone do caralho! Que inferno!

* * *

P.O.V JANE SLANDER.

Eu fiquei meio... de cara com a ligação, mas tudo bem. Enquanto Castiel não atendia minhas ligações, eu fui procurando no catálogo onde ficava uma rodoviária aqui em Paris. Havia estações de trem, mas preferi um ônibus, porque a viagem sai mais barata.

Há dez minutos da minha casa, eu encontrei a provável salvadora do dia.

Entrei e me dirigi a uma cabine.

— Olá — falei. — Eu gostaria de saber os horários de ida à Sweet Amoris.

— Nós tínhamos um que acabou de sair... — respondeu a mulher. — E o próximo sai às sete da noite. E chega às dez.

— Perfeito! — falei. — Eu vou querer. Quanto é?

— Vinte euros... Eu só vou precisar da sua identidade.

Entreguei o documento para ela. A mulher conferiu e digitalizou a minha passagem no computador, logo em seguida, ela imprimiu, me entregando. Dei o dinheiro também.

Saí do local.

Me aguentei para não gritar! Eu consegui, cara! Eu. Consegui.

Como minha mãe sai do trabalho às oito da noite, não vou ter problema com o horário. Cara... Eu tô feliz pra caramba.

Cheguei em casa e comecei uma maratona para arrumar minhas roupas e alguns pertences que eu levaria junto. Tomei um banho demorado e vesti uma roupa confortável. Peguei uma outra mochila e coloquei algumas porcarias para comer na viagem.

Antes de sair, deixei um bilhete para minha mãe, em letra maiúscula.

"FUI PROCURAR A QUENGA QUE SUMIU COM MEUS ARQUIVOS ESCOLARES. IREI FICAR NA CASA DE ÍRIS NESSE MEIO TEMPO. NÃO ME PROCURE. AMO VOCÊ, COROA, MAS SÓ UM POUQUINHO. ♥"

— Acho que esse tamanho de letra está bom...

Eu estava agradecendo o ser que havia sumido com meus arquivos escolares. Isso era apenas uma desculpa — que eu tinha certeza que não funcionaria — para voltar. Eu sei que se eu aparecesse novamente aqui... Minha mãe iria me esgoelar e fazer outras coisas piores.

Saí de casa as pressas. Cheguei na rodoviária e vi que ônibus já estava lá. Perguntei se poderia embarcar, eles assentiram. Eu entrei e achei um lugar vago nos últimos bancos do ônibus.

* * *

P.O.V CASTIEL TISSOT.

Agora é ela que não atende o celular. Me diz: eu mereço uma coisa dessas? O Lysandre disse que sim, mas eu não ligo pra a opinião daquela bicha.

Meu! — falei. — Desentoca dessa casa, vamos sair.

— A gente tomou umas de tarde, quer ir aonde estrupício?

— Sei lá! Vamos dar uma volta.

Ele suspirou fundo e assentiu, meio relutante. Dei um sorriso meio arteiro e me levantei do sofá.

— Falei lá com a Jane, hoje.

— E o que ela conta? — indagou Lysandre.

— Sei lá! Ela ia me dizer alguma coisa, mas a ligação caiu.

— O que ela disse?

Tentei imitar a voz rouca e extremamente linda dela:

— "Também queria te falar que eu..." Pá! Rede filha da puta corta a ligação.

— Para de falar um pouco essas palavras! Eu. Não. Gosto.

— Foda-se — provoquei.

— Bom... voltando ao assunto, eu acho que ela está grávida.

Permiti-me parar no meio da rua, colocar as mãos no joelho e gargalhar. Cara, eu tava rindo pra caramba. Eu cheguei a sentar naquele asfalto molhado, só pra rir. Era óbvio que depois de um tempo eu comecei a forçar a risada. Mas Lysandre era tão burro que... Que burro!

— Cara, nem deu nada.

— Ah, esqueci que você não conseguiu dar uns pegas nela.

Parei de rir na hora e comecei a andar, ignorando qualquer coisa que ele falasse para mim. Pelo menos eu não namoro uma sonsa que nem a Íris. Idiota também. E a Íris não faz um som como a Jane, então...

Eu escutava Lysandre falar de Íris nesse tempo que eu estava ignorando-o. Eu não suportava isso, pelo simples fato de não gostar daquela menina. Mas eu relevei... Tanto que por dentro, eu já tinha arranjado uma escopeta e atirado nele umas seis vezes.

— O tempo passou!

Nossa, Lysandre. Vai pra o inferno.

— Que horas são? — perguntei.

— Dez e quinze da noite.

— Ah, eu vou ir então — falei. — Até amanhã, brother.

Dei um soco no ombro dele e saí. Pus minhas mãos no bolso e fiz algumas fumacinhas enquanto caminhava, já que o frio estava intenso naquela noite. Cinco minutos depois eu cheguei em casa, corri ligar a televisão para me distrair com alguma coisa.

* * *

P.O.V JANE SLANDER.

O ônibus havia atrasado vinte minutos, pois parou na estrada para pegar outros passageiros. Não sabia se isso poderia acontecer, mas não dei bola. Avisei Íris que antes de ir para a casa dela, eu iria dar um jeito e ver Castiel. Eu não aguentava mais.

Saí da porta e liguei para um táxi, não iria caminhar a essa hora da noite. O taxista já estava ali presente, indiquei-lhe o endereço e ele me levou até lá. Em dez minutos estávamos lá.

Agradeci a corrida e paguei. Saí com as malas e corri para a porta, antes de bater na porta, assoprei minhas mãos, que estavam vermelhas de frio. Tentei digitar uma mensagem, e consegui, embora tenha quase quebrado meus dedos.

"Você foi atrás de mim há um mês atrás. Agora chegou a minha vez... Me desculpe. Agora abre a porra dessa porta porque eu tô morrendo de frio e não tô a fim de escrever texto meloso."

Em menos de um minuto, a porta foi aberta com cautela. Mas após ele ter me visto, terminou de abrir bruscamente a porta. Não tive tempo de falar algo, porque fui afogada por um abraço.

— Eu... — murmurei. — Posso dormir aqui?

Ele assentiu positivamente, mas antes de me deixar entrar, me beijou.


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