Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 15
XIII — Partida.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [21/03/2014].



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P.O.V CASTIEL TISSOT.

Quando você perde, começa a dar valor.

Jane vai para Paris daqui algumas horas. Eu não queria me importar, realmente, não queria. Eu não queria me prender a esse pensamento, e foi algo rápido. Debrah apareceu de repente, e o que eu pude fazer foi mandá-la para o inferno. Disse para que voltasse daqui seis meses, e não tenho certeza se ela vai fazer isso. Eu a perdi pela segunda vez.

Talvez eu vá perder, agora, alguém que eu nunca tive. E que eu gostaria de ter.

Porra, que gay isso.

Mas a questão é que: eu tô curtindo a novata. E eu não quero que ela vá, de maneira alguma. Por isso, a babaca da Íris vai ter que me ajudar. Eu já perdi uma, e não posso perder outra agora.

Como não curtir uma garota que faz um som? Que curte um som? Que se intromete em qualquer assunto que você fala? Ela se mostrou boa o bastante para qualquer coisa, sem pedir nada em troca. E eu gostei disso.

* * *

P.O.V JANE SLANDER.

Como não alimentar algumas esperanças ao saber que você não conseguiu sair do colégio Sweet Amoris? É isso aí. Minha mãe não conseguiu me tirar, meus dados do colégio ainda estavam sumidos. E isso não permitia que eu mudasse de colégio. Liv alegou que até semana que vem eu já estaria no novo colégio.

Já era hora de ir. Eu não queria ir, e não adiantava implorar. Havíamos tido uma discussão algumas horas atrás. Isso resultou na raiva da minha mãe, acabaremos por ir duas horas antes do combinado.

Por pura sorte, Íris apareceu na hora que eu estava prestes a entrar no carro. Minha mãe bufou alto, encostou a testa no voltante e esperou.

— Oi... — ela murmurou. — Te acompanhar no aeroporto é pedir demais?

— Ah, Íris!

Não dei bola para o estresse de minha mãe. Corri na direção da ruiva e a abracei fortemente. Após isso, ela pediu se Lysandre poderia ir conosco. Assenti, era claro. Em menos de dois minutos ele estava lá. Desconfiei que o albino estivesse escondido em algum lugar.

Ri com meu pensamento.

— Vamos?!

— Ahm, sim! — Íris disse. — Mas não é muito cedo?

— Liv quer passar em alguns lugares antes.

Íris arqueou a sobrancelha. Entramos no carro.

Fiquei no meio de Íris e Lysandre. A ruiva ficava olhando para o visor do celular a cada segundo. Já, Lysandre, ficava olhando para a janela, pensativo. Observei o teto do carro tornar-se mais claro. Era Íris mexendo no celular.

Como não quis parecer meio cara de pau, foquei minha cabeça para a estrada, mas meus olhos para o lado, tentando ver o que ela fazia. A garota entrou na caixa de mensagens e, rapidamente, escreveu:

"Aeroporto. Em uma hora."

Íris olhou para mim, antes que ela pudesse perceber, foquei meu olhar para a estrada. Ela voltou a olhar para o celular, um pouco aflita. Desligou a tela do visor e guardou-o no bolso. A única coisa que eu não entendi foi a tal mensagem meio "codificada".

Ficamos quietos o resto do percurso. Antes de chegarmos ao aeroporto, minha mãe parou no banco. E em duas lojas.

Depois de uma hora, Liv estacionou o carro no próprio estacionamento do aeroporto. Pagou a tal parcela obrigatória e nós saímos. Ela logo desapareceu, dizendo que iria resolver as coisas do embarque. Eu, Íris e Lysandre nos sentamos em uns banquinhos estofados que havia por perto.

— Bom... — comecei. — Eu agradeço por terem vindo, mas já podem ir. Não se incomodem e esperar mais tempo.

— Negativo! — Íris disse. — Ficaremos até você embarcar.

Dei um sorriso torto e abracei a ruiva novamente. Ela era a minha barreira de proteção contra meus problemas. E pensar que eu teria de deixá-la como deixei Emy. É tortura.

Ficamos conversando por um tempo, até a mulher no alto-falante, pela primeira vez, falar que meu voo iria sair em meia hora.

— Ah, cara... — Íris pensou alto, suponho. — Cadê... Cadê?!

— Cadê o quê? — indaguei.

— Ah, nada... Nada.

Dei de ombros:

— Acho que vou embarcar, falta meia hora mesmo!

— Não! — ela suplicou. — Fica mais um pouquinho. Por favor!

Assenti positivamente e sorri. Sentamo-nos em um banco e arranjamos assunto para conversar. Falamos mal de Ambre. Logo, em seguida, Lysandre balançou a cabeça para Íris, chamando-a para algum lugar.

— Já volto.

P.O.V ÍRIS.

Caminhamos para uma área mais isolada.

— Cadê o Castiel? — indaguei.

— Não sei, eu vou ligar pra ele. Espera aí.

Assenti positivamente e observei Lysandre. Ele discou os números e olhou para Jane. Ela, infelizmente, nos encarava fixamente. Por isso, Lysandre abaixou a cabeça e colocou o telefone no ouvido.

— Alô? Castiel?

Encostei meu ouvido no celular, não me importando com Jane. Consegui ouvir a conversa:

Faaala, Lysandre. Sua quenga.

Castiel, simpatia em pessoa!

— Onde diabos você está? Jane vai embarcar daqui meia hora?

— Aguenta dez minutos que eu tô no ônibus. Chegando aí.

Lysandre desligou sem ao menos dizer tchau. Deve ter ficado ofendido com alguma coisa que Castiel falou. No lugar dele, eu já estaria acostumada. Castiel é sempre assim, grosso. Mas no fundo ele gosta da pessoa.

Decidimos voltar pra lá, antes que ela ficasse desconfiada demais.

P.O.V JANE SLANDER.

Eu estava estranhando o comportamento deles. E iria ficar muito chateada se os dois estivessem de segredinho. Bom, eles obviamente estavam de segredinho. Mas, afinal, o que era?

Quando chegaram perto, tentei dar um sorriso, saiu falso. Mas não foi para que eles percebessem alguma coisa.

— Algum problema? — perguntei.

— Nada. — Íris disse.

— Vocês estão estranhos... Falem aí! Há alguma coisa. Me contem!

Íris negou, alegando quer era coisa da minha cabeça. Foi a mentira mais feia que eu ouvi na minha vida.

A mulher, novamente, falou no alto-falante. Eu tinha quinze minutos para embarcar. Então, decidi dar um ponto final naquilo. Se escondiam algo de mim, dane-se. Eu estava indo.

— Então é adeus, né...

— Fica mais um pouquinho... Cinco minutos.

Assenti positivamente. Agora, os minutos passavam como horas. E quando eu havia atingido meu limite, me levantei do banco e abracei cada um deles, despedindo-me.

Íris me segurou pelo braço. Encarou Lysandre por alguns segundos. A troca de olhares foi intensa, eu não entendia nada. Os dois deram de ombros, então, voltaram a me olhar.

— Ele não vem... — ela murmurou. — Tchau.

— Tchau, Jane. Boa viagem — Lysandre falou.

Sorri para os dois e recuei alguns passos, sem fazer perguntas. Levantei minha mão e dei um aceno sem mexê-las. Girei os calcanhares e caminhei para a escada de embarque. Antes de subir, não deixei de dar uma última olhada.

Dez minutos.

Consegui ver uma cabeleira ruiva correndo descontroladamente. Era ele. Sorri involuntariamente e me permiti voltar.

— Ei! — ele gritou. — Espera!

Corri até Castiel.

— Você veio... — murmurei, sorrindo. — O tempo é curto. Então... tchau.

Ele não respondeu. Olhou nos meus olhos, que, eram quase iguais aos seus. Em um ato rápido, Castiel tomou-me em seus braços e me beijou. Foi um beijo rápido, mas o melhor que eu tinha dado na minha vida. A despedida.

— Fica, por favor. Fica.

— Eu queria... juro — sussurrei. — Mas bem tudo é como a gente quer.

— Não, cara! — ele ergueu a voz. — Vai morar lá em casa. Sei lá, mas, por favor, não entra naquele avião.

Nessa hora, Liv apareceu.

— Cinco minutos, Jane Slander. Vá para o avião. Agora.

Engoli todo o choro que poderia despejar agora. Mordi meus lábios e me afastei de Castiel. Recuei alguns passos para trás. Ele não me impediu, mas, singelamente, estendeu o braço para mim. Neguei com a cabeça.

— Eu não posso voltar atrás — falei, inaudível. — Eu amo você. Não se esquece disso.

"Passageiros do voo 665, com destino à Paris sai em três minutos. Os passageiros restantes devem embarcar neste minuto."

Dei de ombros, dando um meio sorriso. Castiel piscou lentamente os olhos. Estendeu o braço por inteiro, fingindo poder me pegar. Não aguentando mais, virei de costas e corri para a escada.

Subi imediatamente, derrubando algumas lágrimas no caminho.

Eu me sentia um monstro, mas o relógio decidira voar. Sentei-me no banco do lado da janela e encarei a pista de pouso. Tudo bem... Durma, que assim você não sente dor.

Eu odiava pensar que ele havia ido para o aeroporto pra nada.

Eu odiava me julgar por ele sentir algo por mim.

E eu fui embora.


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