Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 11
IX — Beijo.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [16/03/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Hoje, eu não havia visto Nathaniel quase o dia inteiro. E foi só no intervalo que nos esbarramos. Ele estava sorrindo de orelha a orelha, e alegava estar me procurando também. Estranhei, e decidi perguntar:

— Causa, motivo e razão?

— Você nem vai acreditar...

— O que aconteceu? — indaguei. — É algo bom, né?!

Não, Jane! Aquele sorriso na cara dele foi porque Ambre morreu atropelada... Espera aí... Não seria uma má ideia.

— Eu andei pensando em suas reclamações a respeito da minha irmã... — bingo! — E eu dei queixa na diretoria.

— Ah! Fala! Sério! — comemorei. — Sério isso?

— Sim — ele se espantou um pouco com a minha animação. — Ela levará mais alguns dias de suspensão. Não é certo, mas a partir de amanhã ele não vem pro colégio.

— Obrigada, cara! — abracei ele fortemente. — Muito obrigada!

— Não agradeça... Isso era uma obrigação que eu deveria ter feito há muito tempo.

Dei um grande sorriso e saí de seus braços. Fui procurar Íris para contar a novidade, já que ela havia virado minha aliada em odiar a Ambre. Íris me contou que também já sofreu nas mãos de Ambre quando era novata.

Vasculhei o pátio cheio e ela não estava lá. Fui para a sala de música e nada. E na sala de aula... Lá estava ela lendo. Só sei que bati na minha testa por não ter dado preferência a esse lugar antes dos outros. Caminhei até ela rapidamente e fechei o livro.

— Ei!

— Cara, você nem vai acreditar! — falei. — A Ambre tá suspensa. Tipo, suspensa. Sabe suspensão? Isso aí! Tipo, ela levou mais suspensão do que os outros dias. E eu tô feliz pra caramba.

Tipo, tipo, tipo.

— Sério? — ela sorriu como nunca antes. — Isso é música para os meus ouvidos!

— Sim! — exclamei. — Agora só falta saber quanto tempo ela vai ficar fora. Espero que seja pra seeempre!

Girei minhas mãos ao ar e me sentei atrás dela. Sorrimos juntas e prometemos nos divertirmos muito enquanto ela estivesse fora. Íris era uma garota de bom coração... Eu gostava muito dela.

* * *

Alguns dias se passaram e eu continuava naquele tédio louco de ir para o colégio. Todo mundo estava sabendo da suspensão que Ambre tinha tomado, mas não foi por meio de mim... Quer dizer, mais ou menos. Eu falei para Íris, que falou pra fulano, que falou pra ciclano, que falou pra o capeta... E por aí vai.

— Tá feliz, hein?!

Olhei para Castiel de sobrancelhas arqueadas.

— Como não ficar quando se sabe que a Ambre tomou suspensão? Só falta ela tomar uma bala no meio da testa.

Ele soltou uma risada pelo nariz e ficou quieto.

Mas havia um problema... Ambre continuava vir para o colégio. Até quando vão adiar a droga da suspensão dela? O pessoal do colégio tá festejando pra caramba porque ela vai sair... Mas a menina continua dentro de ambiente escolar.

Não se rendam, soldados. Uma hora ela sai.

Caminhamos até a sala de aula. Sentei na minha carteira e Castiel logo atrás. Virei-me para trás e vi que o desenho da Janis Joplin permanecia vivo na carteira, mas meio apagado. Decidi contornar e terminar o desenho.

— Onde aprendeu... a desenhar tão bem?

— Ah — suspirei. — Desde os dez anos em aulas de desenho. Parei ano passado. Eu não consegui aproveitar minha infância... Eu ia em aulas de desenho, aula de guitarra, aula de piano. Não sobrava tempo para brincar.

Ele permaneceu quieto, observando o desenho.

* * *

Matei a última aula. Era literatura, e eu odiava os livros que a professora nos mandava ler. Eu prefiro os que sejam de meu gosto e que eu não me sinta entediada ao ler um parágrafo.

Mas não fiquei sozinha. Embaixo da árvore, pegando uma sobra fresca, estava Castiel. Eu no banco e ele na grama. Era sempre assim quando decidíamos não permanecer nas aulas.

E, então, ele veio se sentar ao meu lado. Colocou o braço direito ao redor do meu ombro e jogou a cabeça para trás. Eu senti meu corpo inteiro esquentar com a atitude dele. Estava quase implorando para que meu rosto não ficasse vermelho.

Castiel se virou para mim, eu sabia que não aguentaria por muito tempo, então, virei meu rosto para ele também. Estava um clima tenso e eu não fazia ideia do que fazer.

— Nossos olhos são praticamente iguais...

Entreabri minha boca, um pouco impressionada com o que ele notava em mim. Castiel me fitou por mais alguns segundos e sorriu. Colou sua testa na minha e... me beijou.

Caramba.

Ele movia os lábios de forma lenta, jogando o trabalho para cima de mim. Coloquei minhas mãos ao redor de sua nuca, pegando alguns fios de cabelo. Ele queria descer mais um pouco, mas não permiti. Decidi parar por aí mesmo.

— Não posso...

Era tudo o que eu queria: um beijo dele. Eu fiquei surpresa, de fato! Mas... quando eu corria atrás dele, não havia zero por cento de chances de isso acontecer. E quando a gente menos espera... Fica aí o resultado.

Agora eu entendo porque dizem que a vida é cheia de surpresas.

Ele não respondeu, mas sua feição me perguntava o motivo. Eu não respondi... Tinha vergonha de falar qualquer coisa.

— Você sabe... — comecei. — Eu... Eu não posso. Eu tenho um problema, Castiel.

— Problema?

— É... Aquele que você não para... Não para de pensar na pessoa. Não consegue esquecê-la, até admitir que gosta dela... demais.

Castiel ficou quieto. Seu semblante se acalmou um pouco mais. Ele deixou os lábios em uma linha reta e tirou seu braço de perto de mim. Virei meu rosto, encarando minhas mãos descansadas em minhas pernas:

— Eu sinto muito...

Levantei-me imediatamente e saí de lá. Escondi-me no banheiro feminino e esperei que o sinal tocasse para que eu pudesse ir embora. Faltavam dez minutos para a uma da tarde.

O telefone tocou e era a minha mãe. Pelo menos alguma coisa para me distrair nessas horas...

— Oi... — sussurrei. — Não posso falar agora, eu estou na aula ainda!

— Tudo bem, quando sair do colégio, venha direto para casa. Tchau.

Ela desligou. Respirei fundo, pensando no que me esperava... A voz de Liv não estava muito normal. Ela parecia meio preocupada, tratei de não esperar o sinal tocar. Dei um nó no guarda e consegui sair do colégio.

Quando cheguei, ela ficou um pouco quieta. Enrolou, enrolou... E:

— Eu recebi outra oportunidade de emprego.

— O quê?! — quase gritei.

— É, Jane. Em Paris. O salário lá é incrível... Você consegue comprar um apartamento facilmente, não precisando pagar aluguel. Poderei trocar os móveis da casa e nos dar uma vida melhor.

Se fosse por Ambre, eu já estava no aeroporto embarcando... Mas há outras correntes que me prendem naquele colégio. E eu não consigo dizer adeus.

— Mas, mãe...

— Escute-me — ela murmurou. — Eu vou ir para lá, vou ficar uma semana. E se tudo der certo, nós vamos. Se não der, continuaremos aqui. Eu não quero brigar com você. Não quero sequer que opine sobre isso.

— Como não? Como eu vou ficar sozinha em casa?

— Não era isso o que mais queria?

— Sim, eu sei... Mas nós acabamos de chegar. E eu não quero ir, eu estou gostando de estudar lá. Já fiz amigos e vai ser duro abandoná-los em tão pouco tempo.

— Tudo bem... — ela gesticulou algo com as mãos. — Deixe-me pensar...

E, no final, entramos em um bom senso. Nessa semana, Íris ficaria em casa comigo, já que ela morava sozinha. Não faria diferença. E o acordo foi esse. Em uma semana ela traria a resposta. Me ligaria todo o dia para saber como andariam as coisas.

Eu estava literalmente brava com ela. Mas não podia questionar, já que ela não permitiu.

Fui para o meu quarto e não nos falamos mais desde então.


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Notas finais do capítulo

dhaskljfhsdfça



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