Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 10
VIII — Música.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [16/03/2014].



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Faltavam vinte minutos para a sete da manhã e eu já estava completamente acordada. Sem nenhum vestígio de sono, fui tomar um banho gelado, embora estivéssemos no final do inverno.

Minha mãe começou a fazer dança, por isso não voltou para casa. Disse que iria dormir na amiga dela... Eu achei isso estranho para a idade da Srta. Liv, mas não protestei. A vida é dela, ela faz o que quiser. Porém, se ela não chegar até ao meio-dia, eu vou ligar para a polícia.

Cheguei no colégio cedo hoje. Dei de cara com Ambre, era normal ela chegar a essa horário, já que era irmão do representante. Não consegui ir para o pátio, porque ela e suas seguidoras trancaram a passagem.

— Já comecei o dia vendo assombração — murmurei. — Ninguém merece.

— Trinta reais, novata. Ande logo, não tenho muito tempo.

— Eu não — indignei-me. — Era só o que me faltava!

— Tudo bem — ela sorriu maldosamente. — Não diga que não lhe avisei.

Não entendi nada, até a hora de Ambre me empurrar e me fazer cair no chão. O tombo havia sido doloroso, por isso, enquanto eu me recuperava, ela vasculhava minha mochila. Ambre encontrou minha carteira, mas não havia nada lá dentro além de dois euros.

Ela atirou a carteira na minha cara e se levantou novamente:

— Pobre.

Meu sangue fervilhou:

— E você ainda mais para mendigar dinheiro aos outros, não é, Ambre?

Ela não respondeu. Me encarou com desgosto e saiu. Suspirei fundo e arrumei minha mochila novamente, com a maior paciência do mundo, só para não correr atrás dela e degolar aquele pescoço.

Esperei mais alguns minutos e fui para a sala de aula. O professor chegou logo em seguida. Era História, e debatemos um pouco sobre o nazismo. Foi mais para uma descontração e aprender mais sobre o que Hitler fez na época dele.

Alguns períodos depois, o intervalo de meia hora chegara. Não havia nada melhor do que isso. Só ir embora e dormir. Olhei para os lados e decidi ir falar com Íris, que na verdade sentava na minha frente.

— Íris — chamei. — Você está em qual clube do colégio?

— Hn... no de música — sorriu. — Você não entrou em nenhum ainda? Só temos o de basquete e de jardinagem disponível.

— Entendi... E por quem foi preenchida a última vaga do clube de música?

— Por Ambre.

Desde quando aquele demônio... se interessa por alguma coisa além dela?

Soltei uma risadinha e apoiei meu rosto com as mãos. E os cotovelos na mesa. Ficamos conversando por curto tempo, tudo bem resumido, mas deu para descobrir um monte de coisas sobre Íris e o colégio em si.

Sem falar que ela disse que tinha uma quedinha pelo Lysandre. Eu acho que nunca vi esse cara... Mas não vou falar isso.

— Íris...?

— Sim?!

— Você conhece uma tal de Debrah?

— Oh, sim! Ela foi uma ex-aluna aqui do colégio. Mas acabou saindo por causa que uma gravadora queria contratar ela. Debrah canta, e ela tinha uma banda com Castiel, seu ex-namorado também.

Eu queria perguntar mais coisas, mas o o sinal havia soado. Fiquei pensando por pouco tempo sobre as palavras que Íris tinha me dito. E depois eu esqueci... Era uma coisa que eu tinha o prazer de descobrir, mas não conseguia o fazer.

Na aula de matemática, não consegui me concentrar. Fiquei desenhando algumas coisas no meu caderno, até o professor me chamar e perguntar como se resolvia o tal cálculo.

Como eu era péssima em matemática, não fazia ideia de como resolver. Fiquei alguns segundos em silêncio, escutando as risadas de Ambre. Então, Íris me jogou um bilhetinho, singelamente, o abri e falei o que constava lá.

— Certo.

A única coisa que o professor falou. Passou o cálculo para a lousa e continuou com as explicações.

Eu só sei que tenho de começar a prestar atenção no que o professor diz. Senão eu fico mais um ano aqui no colégio... Tudo o que eu quero é me livrar dele. Só preciso de dedicação e tirar a preguiça que tá habitada em mim desde que eu nasci.

Na última aula, Castiel estava presente, tanto que me cutucou e me passou um bilhetinho:

"Hoje no porão. 13:00"

Fiquei feliz ao saber que ele não me ignoraria e eu não precisava fazer isso com ele. Respondi um "ok" E voltei a fazer meus exercícios de sociologia.

* * *

Bati três vezes na portinhola e esperei que alguém me atendesse. Um minuto depois, um menino de cabelos platinados apareceu. Ele era relativamente diferente, mas muito bonito.

— Oi?

— Olá... — sussurrei. — Me chamo Jane, e... Castiel pediu para que eu comparecesse aqui no fim da aula. Então, né.

— Ah, prazer em conhecê-la, senhorita. Chamo-me Lysandre — ele beijou delicadamente a minha mão e se ajoelhou, dando passagem. — Entre, por favor.

Sorri.

Então era esse o dito cujo que eu ouvi falar umas mil vezes e nunca tinha prestado atenção.

Íris tem um bom gosto. Ele parece ser um cara gente boa e bem educado.

Entrei.

O irônico do lugar era que: você entrava em uma porta pequena pra caramba para se deparar com um porão enorme. O colégio era estranho, de fato! O problema era que a iluminação não era muito boa, mas não dei bola. Apenas queria saber o porquê de ter sido chamada para cá.

Lysandre foi para um palco que tinha lá. Sentou-se nele e também puxou um bloco de notas, escrevendo algo. Mais para trás, havia uma bateria e atrás dela um menino loiro. Decidi me apresentar para ele.

— Olá, eu sou a... — parei de falar quando vi Nathaniel: — Você?

— Céus! O que faz aqui?

— Castiel me convidou para vir aqui, também estou tentando entender o que eu faço aqui.

Nessa hora, a porta rugiu. Nela apareceu o protagonista dessa algazarra toda. Castiel. O garoto segurava uma guitarra cor vinho. Se aproximou de nós e suspirou:

O que há?

— O que eu tenho que fazer aqui? — cortei.

— Bom... Eu e Lysandre temos uma banda. Nathaniel só serve de apoio, na verdade é só um encosto. E como você curte um som, eu pensei que nos poderia assistir ensaiar e falar alguma coisa.

— Ah... Entendi.

Nathaniel torceu a boca ao se lembrar de ser chamado de encosto. Encarou Castiel por dois segundos e voltou a mexer em suas baquetas. Fui um pouco para trás e me sentei no chão, para que pudesse vê-los tocando alguma música.

Mas eles ficaram quietos e eu estranhei.

— E aí, não vão tocar?

— Diz uma música aí, novata.

Estreitei meus olhos olhando para Castiel. Analisei suas feições e tentei tirar alguma coisa dali. E a única coisa que veio em minha mente foi uma música do Pearl Jam.

Better man... O que acham?

Gay — Castiel disse. — Vamos tocar Killing in the Name.

Então por quê você pediu opinião, desgraçado??, pensei. Bom, pelo menos é uma música boa... Rage Against the Machine faz um som do caral... É, isso aí.

Era uma música com um ritmo mais rápido, e uma letra mais suja. Cara, eu lembro de quando eu jogava GTA San Andreas e na Radio X tinha essa música. Old times...

E eu só fui perceber que estavam tocando quando a música estava na metade. Tratei de mostrar mais interesse na música. Castiel tocava sentado e Lysandre cantava de olhos fechados. Porra, o Lysandre tem uma voz do capeta.

Nossa.

Que.

Voz.

Quando ele falou, na música, "motherfuckeeer" eu quase senti meus ovários explodirem. Se é que tem como isso acontecer, maaas...

A música havia terminado e eu não demorei em elogiá-los:

— Vocês fazem um baita som, meninos!

— Eu imaginava que você ia curtir meu talento — Castiel vangloriou-se.

— Ah, pode ter certeza que o Lysandre se destacou mais — rebati. — E o Nathaniel também mandou muito na batera. Me convidem mais vezes pra ver essa maravilha.

Alguns minutos depois debatendo sobre como eles eram bons, Castiel sugeriu que eu tocasse alguma coisa. E então ficou mais ou menos assim: eu no violão, Lysandre no vocal, Castiel na guitarra e Nathaniel na voz secundária.

Tocamos Wish You Were Here do Floyd.

É claro que o Castiel tirou a distorção e deixou com um tom mais leve o instrumento. Ele ficou com o solo e eu com a base. Embora eu preferisse ter ficado no solo.

Pra mostrar meu talento, depois de tocar aquela música, partimos para Black do Pearl Jam, ao meu pedido. Fiquei com o solo e o Castiel na base.

— Eu toco bem melhor — falou ele.

— Ah, mas você é muito egocêntrico.

Depois de um tempo discutindo — eu até tentei bater nele. — resolvemos encerrar. Quando olhei no relógio do celular, já era duas e meia da tarde. Sequer estava com fome. Tinha, também, três chamadas perdidas da minha mãe.

Retornei a ligação para ela e segui direto para a casa de Kentin. Ela estava lá e eu teria de me despedir dele.


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