Era um dia claro e ameno.

Todos em sua volta estavam felizes. Crianças, adultos, idosos e até mesmo os animais pareciam ter naquele dia um pouco de energia a mais. Sorrindo, cumprimentando, falando, acenando...

Seguiu pelo caminho que tão bem conhecia, parando apenas para cumprimentar alguns rostos conhecidos de longas datas. Andava em seus costumeiros passos arrastados, olhos a deriva do céu e o corpo seguindo apenas seus movimentos.

Chegou ao seu destino e com um bruto empurrão, abriu as portas das fadas. A guilda parecia mais agitada que o normal. Mira andava rapidamente entre as mesas, acompanhada de Lisanna, que ajudava a irmã naquele dia. Cana alternava em discutir com Macao e Gildarts, que estava de passagem pela guilda. Levy e Gajeel pareciam estar em uma fervorosa discussão sobre quem iria escolher o modelo das novas calças do Lily. Erza recitava as falas de sua peça para Wendy, Romeo e Charlie. E dentre toda aquela confusão, a única pessoa que parecia estar habitual era Lucy, que estava escrevendo seu livro enquanto desfrutava de uma bebida.

– Ohayo Lucy. - O mago dirigiu-se ao acento vago a sua frente e sorriu.

– Ohayo Gray. - Ela parou de escrever por um momento e lhe sorriu em resposta.

– O que aconteceu com todo mundo hoje? - Perguntou olhando em volta, procurando seu "amigo-rival." - Todos parecem muito eufóricos.

– Eu não sei. - Ela suspirou passando as mãos nos fios dourados. - Quando eu cheguei já estavam assim.

– Isso é muito estranh... - Gray interrompido pelo barulho das portas abertas que estava mesclados a risadas.

Natsu seguido por Harry, entraram correndo pela guilda driblando as mesas e cadeiras que eram jogadas. O rosado segurava algo no topo da cabeça enquanto corria pela Fairy Tail.

– Natsu-kun! Devolva já! - Uma Juvia descabelada entrou em seguida arfando. Ela apoiou-se na parede enquanto respirava forte.

– Você não nos pega... Juju. - A maga arregalou os olhos e cerrou os punhos.

– Aye, Juju. - O exceed concordou com o amigo que sorria divertido.

Habilidosamente, a azulada se esgueirou entre os pilares de madeira da guilda, chegando próxima o suficiente para lançar um jato d'água no chapéu que o derrubou da cabeça do Dragon Slayer.

– Juvia consegui! - Ela comemorou pegando o acessório e o ajustando entre as madeixas.

O que parecia impressionar a todos, era que Juvia não usava seu costumeiro chapéu Russo e sim um simples boné branco com ondinhas em verde mar na parte frontal, juntamente com roupas que pareciam pertencer a Lucy.

Gray a observou sentindo a respiração falhar. Muito curto. Muita pele exposta. Muito de Juvia. Muitos batimentos em sua caixa torácica.

– Oe Luce! - O rosado sentou ao lado da namorada, tascando-lhe um beijo e a deixando com as bochechas rubras. - Você perdeu toda a diversão.

– Foi realmente bastante divertido Lucy-san. - A azulada assentiu. - Aposto que seria muito mais se você estivesse lá.

A maga estrelar sorriu para Juvia. Realmente ela era uma pessoa maravilhosa.

– Ora Ju-chan! Eu não sou muito fã de pescaria, principalmente sem varas. - Lucy torceu o nariz apenas de se imaginar dentro da água, mergulhando em busca de peixes.

– A Juju é muito habilidosa nadando. - Natsu sorriu abertamente, enquanto Juvia fez uma careta ao ouvir seu mais novo apelido.

– Natsu-kun, se você chamar a Juvia assim de novo, ela vai chutar seu traseiro! - Juvia bradou irritada, chamando a atenção de todos no local.

O mago de fogo olhou atentamente para o rosto - agora rosado- da nakama, soltando uma risada alta em seguida.

– DE QUEM VOCÊ ESTÁ RINDO SEU BESTA? - Gray levantou-se chocando sua testa com a do Salamander.

– QUEM TE CHAMOU PARA A CONVERSA, STRIPPER? - Natsu retrucou.

– SEU FÓSFORO IMPRESTÁVEL, EU NÃO PRECISO SER CHAMADO!

– MAL EDUCADO!

– OLHA QUEM FALA! VOCÊ ESTAVA RINDO DE UMA DAMA, OLHOS PUXADOS!

– MELHOR RIR DO QUE SER UM BABACA, OLHOS CAÍDOS!

– SEU INÚTIL, NÃO RIA DA JU...

– Natsu-kun, não brigue. - Juvia tocou o ombro do amigo e falou delicadamente.

– Mas Juj... Juvia, ele quem começou! - Natsu bufou cruzando os braços e dando as costas para a nakama.

– Ouça a Ju-chan seu besta! - Lucy bateu o livro na cabeça do Dragon Slayer. - Se você não me obedecer, vai dormir na sua casa hoje e sem janta!

– Luceeee, não seja má... - Ele choramingou escondendo o rosto na curva do pescoço da garota. - Foi o nudista do Gray que começou.

– EU SÓ 'TAVA TE DIZENDO PRA NÃO RIR DA JUVIA!

– Por que Gray faria isso? - O Ice Maker engoliu a seco.

– P-Porque poderia te chatear. - Ele respondeu e observou ela levantar uma sobrancelha ironicamente.

– Desde quando Gray se importa se Juvia fica chateada? - Indagou com as mãos nos quadris, olhando-o de modo desafiador.

– E-Eu... Só não quero ver você chateada. - Acabaria comigo mais ainda, pensou ele.

– Juvia não se importa com o que Gray acha ou quer. - Ele arregalou os olhos sentindo aquelas palavras penetrarem seu peito.

– Juvia, eu...

– Juvia não 'tá nem ligando. - Ela deu as costas para o moreno e fitou a maga estelar, que lhe oferecia um sorriso orgulhoso.

– Natsu, pare de babar no meu livro! - Lucy reclamou com o namorado, restaurando o clima no local.

– Aqui 'tá muito chato Lucy. - Ele respondeu com o rosto prensado na mesa.

– O Natsu tem razão. - Happy concordou. - Sem graça.

– Lucy, vamos brincar lá fora... - Ele ronronou olhando-a concentrada.

– Estou escrevendo agora, chame outra pessoa. - Ela fez um bico e voltou riscou uma palavra do papel.

Natsu rapidamente selou seus lábios e bagunçou os cabelos da loira.

– Acho que vou brincar com a Juju. - Ele correu e novamente puxou o boné da cabeça da ex- Element 4. - Juviaaa, vamos brincar de bombeiros!

– Aye! Eu posso ser o helicóptero! - Os três saíram da guilda, deixando uma maga sorridente e um mago fitando os pilares de madeira, com olhos abatidos e lembrando-se novamente do perfume floral.

A noite havia caído sobre Magnolia como um folha seca cai dos galhos de uma árvore no outono, de forma rápida e bela. O crepúsculo desenhara formas nas nuvens que passavam rapidamente pelo céu estrelado.

A bela Titânia caminhava sob a imensidão azulada, por que as coisas sempre tinham que ser tão difíceis? Por que ele simplesmente não entendia que o que ela desejava era estar junto a ele? Do que adiantaria mais dor e punição aos seus corações? Ela nunca entenderia.

Nunca entenderia por que seu amado insistia em perturbar seu coração e simplesmente ir embora, sem dizer mais nada. Aquele doce sorriso, misturado com seu cheiro ainda eram claros na memória da ruiva, sempre foram.

Por mais que doesse não toca-lo, que não pudesse ouvir o som da sua voz, que não pudesse amá-lo da forma que sempre quis, ela nunca desistiria dele. Desistir é para os fracos, e com certeza, ela não sucumbiria a isso. Ela o amava, e tinha certeza que um dia, poderiam se amar como sempre esperaram. Afinal, sem sacrifícios não há glória.

Ela suspirou e continuou sua caminhada de modo pacífico. Olhou para o horizonte, viu uma cabeça baixa e sorriu.

– O houve Juvia? - A azulada levantou o rosto e suspirou fundo.

– Juvia está confusa Erza-san. - A ruiva lhe ofereceu um sorriso cativante e sentou a lado da amiga, passando a mão entre as mechas que estavam jogaram em seus ombros. - Às vezes Juvia acha que está pensando demais, às vezes acha que é apenas sua mente tentando enganá-lá.

– E o sobre o que você está pensando? - Questionou Erza já dando palpites mentais sobre sua resposta.

– Lyon-sama.

A ruiva sentiu-se surpresa ao não ouvir o nome de outro mago do gelo.

– Lyon-sama é muito bom, muito gentil com Juvia. - A azulada respirou fundo, sentindo o bolo na garganta se formar. - Mas por mais que Juvia tente gostar dele, ela não consegue!

– Talvez isso aconteça porque você está ser forçando a gostar dele Ju. Nos não podemos escolher a quem amar.

– Juvia sabe Erza-san. Juvia sente-se tão mal por Lyon-sama. Ele é tão bom pra Juvia.

– Ju, você não pode se enganar assim. - Erza suspirou olhando carinhosamente para a maga. - Talvez ele não seja o cara para você amar.

– Mas Juvia...

– Juvi, tente entender que você não pode se obrigar a gostar de alguém. Você pode amar outra pessoa, não estou falando do Gray, ele foi um babaca. - Juvia assentiu levemente. - Você é jovem e bonita, vai encontrar muitos rapazes por ai querendo te dar carinho. E um dia você irá encontrar um que você também queria dar carinho e amar.

– Erza-san tem razão, Juvia não pode mandar em seu coração. - Ela sorriu fracamente e Erza piscou em resposta.

– E não se preocupe, Lyon é um bom rapaz, ele vai achar alguém para amar que também o ame.

Ambas sorriram e fitaram o céu que era o único cúmplice daquela conversa.

E mais uma vez lá estava ele, caminhando sozinho sentindo aquela mesma sensação de ardor no peito, que até a algum tempo lhe era desconhecida. Lá estava ele, vendo sem enxergar e ouvindo sem escutar.

Caminhava por ruas e becos, entrando em algumas vielas e bufando sem seguida. Andou até onde seus pés o levaram, sem rumo, sem vontades, sem companhia.

Rondou o que parecia ser todos os arredores perto da Fairy Tail, passou por apartamentos de seus amigos e até do próprio mas decidiu que não deveria descontar em alguém a sua frustração, causada pelo seu orgulho. Santo orgulho.

Olhando distraído apenas letreiros brilhosos que faziam seus olhos doerem, Gray não percebeu no que tropeçou, fazendo-o apenas xingar e continuar seu caminho.

– EI FRUTINHA CONGELADA! OLHA POR ONDE ANDA! - Fullbustou parou e virou-se para avistar o rosado que estava sentado no meio de uma calçada.

– Oe Natsu. - Cumprimentou sem emoção.

– VOCÊ NÃO OLHA POR ONDE ANDA E SÓ TEM ISSO A ME DIZER? - Natsu gritou levantando os braços. - VOU TER QUE ARRANCAR EDUCAÇÃO DE VOCÊ NA PORRADA SENHOR CUECA!

– Gomen. - O mago respondeu colocando as mãos nos bolsos da calça que ainda trajava. - Eu... Eu realmente não quero brigar Natsu.

O rosado estranhou a ação do nakama e o chamou para sentar-se junto de si. Gray se arrastou até a calçada e largou o corpo na parede, escorregando até chegar ao chão.

– O que aconteceu cara? - Natsu assumiu uma postura preocupada e o moreno suspirou.

– Só não 'tô nos meus melhores dias. - Respondeu com uma voz que Natsu julgou um tanto... melancólica.

– É por causa da Juvia, não? - Ele sorriu fracamente para o amigo que assentiu. - Ela é bastante divertida quando não está falando de você.

– Ela é maravilhosa. - E eu tapado por não perceber isso antes, pensou Gray.

– Sabe cara, você foi muito idiota com a Juvia. Se eu fosse ela, teria mandando você ir onde o sol não bate e dado um chute nos países baixos.

– Me sinto como se tivesse levado a maior surra da minha vida. - Sorriu com o humor negro.

– Como você não percebeu isso antes cara? Ela sempre esteve ali e você nunca valorizou. - Natsu gesticulou tentando entender a lógica do amigo.

– Acho que talvez por isso. Ela sempre esteve ali, então eu só pensava que ela era uma pessoa importante, assim como todos os meus amigos. - Gray passou as mãos pelo cabelo em um gesto desesperado.

– E você nunca parou para se perguntar porque era ela importante cara? - O moreno negou. - VOCÊ É MUITO BURRO!

– EI, NÃO FALA ASSIM! - Revirou os olhos irritado. - Eu sempre quis protege-lá e fazer com que ela estivesse bem, sã e salva. Mas nunca percebi que eu queria que ela estivesse bem ao meu lado, que eu a deixasse feliz.

– Você é cego demais Gray, ela foi te derretendo aos pouco e te deixando apaixonado, mas você nunca notou.

O mago Ice Make jogou o corpo contra a parede e sentiu os olhos marejarem. O que faria agora? Ele a queria, mas não podia acabar com sua felicidade e fazê-la sofrer novamente, mas por céus, como ele a queria de volta.

– Você sabe o que tem que fazer não é? - Natsu levantou-se dando a mão para o amigo.

– Sim, eu já sei. - Gray sorriu levantando-se em seguida. - Valeu torradinha.

– Você sabe que eu estou aqui não só pra brigar não é gelinho? - Natsu sorriu e eles fizeram um toque com as mãos que tinham desde a infância. - Agora eu vou ver a Lucy. Ela me fez prometer fazer massagens nos pés dela.

– Como ela conseguiu essa proeza? - Riu sentindo pena dos dedos da loira. Talvez Natsu houvesse mudado depois de namorar com ela.

– Ela me fez Lasanha. - O rosado sorriu largamente correndo e acenando. Talvez tenha mudado só um pouquinho.

O moreno colocou novamente as mãos nos bolsos e caminhou para casa colocando a mente para trabalhar nos seus planos. Estava decido, ele queria Juvia e iria reconquista-lá a todo custo.

Queria poder novamente sorrir sentindo aquele aroma de jasmins nos jardins dos seus braços.