Capitulo 7 – Lendas Quileute

Depois de eu ter me alimentado de um cervo, pois ainda estava me sentindo fraca por causa do acidente, sentei-me na mesma pedra em que tinha beijado Jacob pela primeira vez. Estava escurecendo e eu tinha certeza que ele viria atrás de mim depois de toda essa história do Johan. Não demorou muito pra eu sentir seu cheiro amadeirado chegando perto de mim.

- Não posso te perder.

- Jacob, você não precisa se sentir assim, eu juro que eu estou... – ele me interrompeu com um rosnado baixo entre suas palavras.

- Não me diga que você se sente bem depois do que aconteceu! – ele pousou suas mãos em meu rosto, me fazendo olhar diretamente em seus olhos – Você não sabe o quanto me doeu ver as imagens na cabeça de Embry. Você toda machucada, com a blusa encharcada de sangue!

- Como se alguém enfiasse uma faca no seu coração, pra matar! – falei, pesando alto. – Minha mãe disse que sua dor é muito mais forte do que a do papai.

- Sim, mais aumenta essa dor pra dez vezes pior! – engoli em seco só de tentar imaginar a dor que ele estava sentindo. Ele sentou na pedra já me abraçando cuidadosamente. – Nessie, quando um lobo sofre um imprint, ele não vive para ele; vive somente para ela e por ela.

- Como assim? – olhei fixamente pra ele, prestando mais atenção.

- Quando olhei em seus olhos foi como se eu tivesse vendo o sol pela primeira vez! É difícil descrever amor, mais é super intenso. Eu queria que você tivesse pelo menos direito de escolher se quer ficar comigo! – ele olhou para baixo.

- Jacob, eu já fiz a minha escolha! E não foi por qualquer motivo que eu ganhei de presente uma mordida do meu pai! – sorri acariciando seu rosto, tirando algumas lagrima que caiam. - Eu fico muito feliz de saber que eu não tenho direito de escolha!

- Depois que o imprint acontece se caso o objeto não quiser o lobo, a magia vai fazer com que o lobo pareça mais irresistível para o objeto que nesse caso é você. Você não teve direito de escolher Nessie! Você me conhece desde o seu nascimento; nós tínhamos um amor fraternal... Eu era o irmão mais velho brincalhão que você não tinha. Depois me tornei seu melhor amigo, seu diário falante como você costumava dizer! – ele finalmente subiu seu olhar, fixando-os nos meus. – Agora que você chegou à maturidade, o imprint também chegou se tornando paixão! Existem dois tipos de imprint, o que eu sofri é o imprint precoce!

- Além de você, alguém mais sofreu esse tipo de imprint? – perguntei curiosa.

- Quill sofreu primeiro! Não percebe como ele cuida da Clair? O jeito carinhoso e ao mesmo tempo brincalhão que ele tem por ela? A Clair tem só nove anos, ela só vai sentir a força do imprint com 17 anos!

- Coitado do Quill! Quem mais na tribo já sofreu o imprint?

- Os únicos que não sofreram foram o Embry, Collin e o Seth! – ele desceu da pedra, ficando de frente para mim. – Nessie, eu preciso te dizer isso, mais não sei como você vai reagir! Não quero que fique comigo por obrigação por causa de um imprint idiota.

- O que foi? – seu olhar mudou de sério para super preocupado.

- Uma vez, minha irmã e o Paul tiveram uma briga e Rachel acabou terminando com ele! Dias depois Paul entrou em um terrível estado de depressão: ele não queria comer e nem beber nada, não tinha vontade de fazer mais nada; ele só pedia pela Rachel! Billy teve que contar sobre o imprint para a Rachel que logo foi atrás de Paul! Aos poucos Paul estava morrendo, perdendo a vontade de viver, porque a razão de sua existência não queria mais ele por perto! – ele pegou na minha mão, suas mãos estavam muito quentes e tremulas. – Nós quase tivemos uma briga há poucas horas atrás. Isso que aconteceu com o Paul pode acontecer com qualquer lobo! – antes que ele terminasse de falar, eu já estava em seus braços.

- Isso não vai acontecer com você porque agente nunca vai brigar! E Mesmo que eu tivesse que escolher você e outra pessoa, seria você! – na hora senti minhas bochechas corarem. Será que eu se eu contasse a ele, ele iria rir de mim? Ele já me olhava desconfiado.

- Isso é um bom sinal! Mais não entendi porque tanta certeza nessa afirmação Renesmee Cullen!

- Lembra há alguns meses atrás, quando agente foi naquela cachoeira fazer um piquenique?

- Lembro sim, por quê?

- Eu tinha me afogado. – sorri sem graça. Será que ele ia rir de mim?

- Eu fiquei louco com aquilo! – ele fez uma careta, repreendendo meu sorriso.

- Então. Promete que não vai rir? – me levantei da pedra ficando de costas pra ele.

- Prometo o que você quiser Nessie! Fala logo. – respirei fundo e falei rápido demais.

- Me afoguei porque fiquei olhando pro seu corpo e tinha me esquecido de prender a respiração! Pronto Falei! – percebi na hora que ele estava segurando o riso.

- Pode me mostrar esse dia? – revirei os olhos. Como ele era convencido! Coloquei minhas mãos em seu rosto, já lhe mostrando os detalhes daquele dia. - Você é maluca sabia? É bom saber que você já tinha um escorregão por mim! Eu sou muito atraente mesmo! – ele nem tinha me deixado terminar de mostrar as imagens e já estava com os lábios colados fortemente nos meus. Eu gostava quando ele me pegava de surpresa para me beijar... Só tínhamos esquecido um detalhe! E esse detalhe estava dolorido agora!

- Jake! Meu... Quadril... Não me aperta... Tanto! – já estava quase sufocando quando ele me soltou.

- Te machuquei? – ele levantou a minha camisa com muito cuidado. – Droga, eu sou o pior namorado do mundo! Isso está inchado dinovo... Vamos pra sua casa, Carlisle vai cuidar disso pra você. – ele foi à minha frente, mais eu fiquei paralisada. Como ele pode dizer aquilo na minha frente? Eu tinha acabado de declarar que antes de ele me beijar pela primeira vez, eu já tinha certa queda por ele e ele me vem com “Droga, eu sou o pior namorado do mundo”? – Amor, está tudo bem?

- Jacob, tem como parar de dizer que é o pior namorado do mundo? Eu ficaria muito grata por isso! – balancei a cabeça, indo em direção a ele quando tropecei e cai no chão. Olhei pra minha mão, que estava sangrando. Jacob me pegou no colo, já me levando para a mansão. – Droga! Tem coisa pior que isso? Isso é mandinga. Só pode!

- Sua mãe deve ter passado o horrível senso de equilíbrio pra você quando você nasceu! – ele encostou sua testa na minha, sorrindo todo brincalhão.

- Não se esqueça do maravilhoso poder de se meter em confusão, por gentileza! – sorri em resposta, continuando com a sua brincadeirinha boba.

Quando passamos pela porta principal, meus pais estavam deitados no sofá. Minha mãe já levantou em alerta.

- O que aconteceu? – ela já veio me pegando do colo de Jacob, mais eu segurei seu pescoço com força.

- Calma minha querida, Nessie só tropeçou e machucou a mão. Não foi nada! Pega por favor a maleta do Carlisle para eu cuidar do curativo dela e aproveita e pegue outra camisa minha para ela por favor. – minha mãe assentiu, subindo as escadas rapidamente. Meu pai já olhando para mim, começou a segurar o sorriso. – Acho que Jacob tem muita razão no quesito equilíbrio! Você puxou a sua mãe nisso e em outras coisas também. – minha mãe em menos de um minuto já estava conosco novamente. Meu pai beijou sua mão, lhe agradecendo. Ele não estava fazendo aquilo... Eu aqui com dor e ele paparicando a minha mãe. Faça mil favor né pai! – Tudo bem, eu já parei! - Revirei os olhos. Meu pai era um bobo no quesito amor por Bella!

Já estava tirando a camisa me preparando para a morfina quando minha mãe deu um pigarreado. Olhei para cima e vi meu pai me olhando sério e Jacob virado de costas para mim.

- Renesmee, vou cuidar da sua mão primeiro!

- Desculpe papai, pensei que você fosse cuidar do meu quadril. – abotoei a camisa novamente, ficando toda corada. – Pode virar Jacob! Desculpe por isso.

- Sem problemas, eu não vi! – ele vacilou feio olhando nos meus olhos.

- Viu sim Jacob! – meu pai o dedurou, rosnando baixo. Jacob não sabia mentir mais para mim, pois de tanto conviver com ele, eu já conhecia todos os seus truques! – Filha, depois que eu terminar aqui se despeça de Jacob e vá para a cama! O dia hoje foi muito agitado e você precisa descansar bastante! - Meu pai enfaixou a minha mão e começou a cuidar do meu quadril. Ele apenas deu uma injeção de morfina e pediu que eu não tivesse muito contato com o corpo de Jacob, pois a sua temperatura fez com que o efeito passasse mais rápido.

Depois de tomar um banho e de ter colocado uma roupa limpa, Jacob me deu um abraço delicado de boa noite na porta do chalé.

- Não queria ir! – ele já estava fazendo careta.

- Você está cansado Jacob, tem que descansar! Provavelmente você vai acordar primeiro que eu, então pode vir me acordar se quiser. – ele abriu um sorriso malicioso.

- Eu poderia dormir no seu quarto. Pode deixar a janela aberta?

- Quer me deixar de castigo? Depois do que você disse, meu pai vai ficar de alerta! – ele deu uma enorme bocejada, já me abraçando.

- Melhor eu indo mesmo Renesmee. – ele me deu um selinho. – Eu te amo!

- Eu te amo muito!

E lá se foi o meu lobinho. Aquela foi a primeira vez que ele tinha dito que me amava. Pelo menos uma coisa boa nesse dia tão horrível!