POV Crystal

Ele olhou para mim e vi dor espelhada nos seus olhos.

-Então o que é que estás aqui a fazer? Se querias ficar com ele, porque vieste? Porque me beijaste? - a sua voz estava fria no inicio, mas depois, no fim, já quase nem passava de um sussurro.

Naquele momento, a minha vontade de chorar era enorme, mas controlei-me para lhe tentar dar uma resposta plausível.

- Eu não quero ficar com ele, não dessa forma, Paul. Tu és o único que eu amo e desejo mais do que tudo. Só que é o meu clã, agora, eu não o posso abandonar depois de tudo. E, eu não pertenço aqui, eu não sou como os Cullen.

- Mas eras! E podes voltar a sê-lo! E se não quiseres ser todos irão compreender e acabar por aceitar.

Podia ter escapado a todos, mas a mim não e magoou-me imenso.

- “Irão”, Paul? Porque tu nunca me aceitarias assim, não é verdade? - perguntei sem me preocupar com que ele percebesse a mágoa na minha voz.

- Irei aceitar tudo o que for preciso aceitar para poder ficar contigo!

Neguei com a cabeça, ele não me podia dizer aquilo... Eu não podia ficar... Eu era uma Volturi e teria de o continuar a ser para protegê-los a todos.

- Vêm pelo menos vê-los... - ele insistiu, mas agora mais calmo.

- Não posso... eu vim ter contigo e olha no que deu, já o querias matar e não me queres deixar ir. Agora imagina como eles iriam reagir. O Emmett, o Jazz, o Edward, o Carlisle e mesmo a minha Rose, eles iriam perder as estribeiras. - tentei explicar-me ao máximo.

Ele abanou a cabeça negativamente, vi o desapontamento ao olhar para mim. Aquilo doeu, mas eu tinha de os proteger e doeria mais ainda se os perdesse por minha própria culpa.

- Então é assim... Não acredito que com a junção de duas pessoas fantásticas te possas ter tornado nisto! - auch, esta magoou-me imenso e comecei a chorar silenciosamente – Sabes, o melhor é nem sequer apareceres e continuarem a achar que a Eva está morta, assim como a Crystal. E eu, bem eu vou também tentar esquecer tudo o que aqui aconteceu, ou pelo menos, lembrar-me que tu não és nenhuma delas. - e saiu dali sem olhar para trás.

Caí no chão, os meus joelhos não tinham força para me sustentar em pé. Ele tinha sido tão cruel, mesmo eu sabendo que do ponto de vista dele, com as informações que ele tinha, eu talvez, no lugar dele, tivesse reagido da mesma forma.

“É melhor assim!” tentei convencer-me.

Então ouvi vozes.

- Não vamos para ali, é onde o Paul costuma estar... - disse Rose, a minha Rose!!!

- Espera, mas não é ele que lá está. - disse Edward.

E agora?? Onde é que eu me ia enfiar? Ele era demasiado rápido.

Então lembrei-me de subir a uma árvore. Ele chegou ao local onde eu estava frações de segundo antes. Estagnou, exatamente no local de onde eu havia saltado para a árvore. Vi perplexidade espelhada na sua face. Então vi Rose a chegar e a ficar especada a olhar para Edward, com uma expressão, que me pareceu de incredulidade.

- Eva... - murmurou ela.

- Pára aqui o rasto. - disse Edward – Mas está muito fresco...

Então Paul voltou a aparecer e olhou diretamente para mim com um ar de quem ia fazer asneira e disse:

- Sai daí de cima! Deixa de ser criança!

Então, eu percebi o que ele estava a fazer. Ele estava a denunciar a minha presença para que eles não me deixassem ir embora.

Lembrei-me de como ele era quando o conheci, parvo e que pensava em si mesmo. E, voltei a odiá-lo, como o odiava naqueles tempos tão distantes. Nunca pensei que tal voltasse a acontecer.

Desci da árvore, porque sabia não ter alternativa, eles iriam-me obrigar e, além disso, eles não sabiam de nada, para que pudessem perceber o porquê de eu ficar ou fugir...Eles não sabiam! Então, ou era agora ou era nunca... tinha de fugir e usar o fator surpresa.

Quando atingi o solo, calmamente, olhei para eles e sorri suavemente e, então, corri como nunca havia feito na minha vida, pensando que isso bastaria para que não me apanhassem. Quando já pensava que estava fora do alcance deles, Edward agarrou-me e caímos os dois ao chão a rebolar.

- Onde pensas que vais? - perguntou-me ele a sorrir e ainda no chão.

“Ainda posso conseguir fugir!” pensei. Então levantei-me e, quando ia começar a correr, aparece-me Rose à frente a sorrir e a abanar a cabeça negativamente.

Por muito que eu quisesse fugir, não consegui evitar sorrir ao vê-la olhar para mim com aquele olhar carinhoso. Porém contive-me e não a abracei como queria, porque eles deveriam permanecer na ignorância em relação ao facto de eu ser a Crystal, também. Quanto menos soubessem, melhor! Assim ficariam mais seguros quando eu tivesse de me ir embora.

Paul chegou ao local a andar muito calmamente e a sorrir com aquele ar de “acontece!” e eu lancei-lhe um olhar furioso, o que o fez gargalhar e irritar-me ainda mais.

- Não vais a lado nenhum sem primeiro nos explicares tudo. - disse Rose, que apesar de ainda estar a sorrir, disse aquilo de uma forma muito séria.

Acenei afirmativamente. Não teria escolha. Paul tinha acabado de foder tudo, e desculpem a linguagem.

Eles conduziram-me até casa onde estavam todos os outros, como pude perceber pelos que consegui sentir fora de casa.

Comecei a ficar nervosa. E se Paul também me denunciasse em relação ao facto de eu ser a Crystal? O que eu faria? Eles não podem saber de tudo isso! Não ficariam seguros.

Entrei em casa e todos ficaram pasmados a olhar para mim. Bem, será que podia ser pior?

- Eva? - perguntou Esme que já estava a chorar em seco.

- Sim – disse eu ao mesmo tempo que Paul disse:

- Não!

Pronto, estava tramada, ele ia denunciar-me. Olhei para ele a pedir-lhe misericórdia com os olhos. Podia ser que ele me amasse o suficiente para respeitar aquele pedido meu. Ele desviou o olhar e depois disse:

- Não a Eva que conhecemos... - e fez uma pausa – ela agora faz parte de outro clã.

Suspirei aliviada. Ele não me havia denunciado...

- Como assim?! - perguntou Carlisle alterado – Quem é que te transformou?

Respirei fundo e disse:

- Não posso dizer.

- Como assim não podes dizer? - era Edward que estava exaltado agora.

- Ele é o meu clã e eu não posso trair a vontade dele. Seria bonito eu andar a revelar segredos vossos por aí se fosse do vosso clã?

Então, Rose pegou-me nos braços e, como quem implora, a chorar sem lágrimas, disse:

- Mas tu és do nosso clã, princesa! Tu és... - e começou a soluçar descontroladamente.

A minha Rose... Depois de tanto tempo... E quando volto a estar com ela, simplesmente a magoou desta maneira... A pessoa que sempre estava comigo quando precisei...

Então fiz a coisa mais parva que podia ter feito, depois de todo o esforço para os manter na ignorância e protegê-los.

- Oh, Rose! - e abracei-a.

Digamos, que toda a gente ficou em choque, visto a Eva não ter ainda uma grande proximidade com a Rose. Eu sabia que já tinha feito asneira, por isso nem tentei disfarçar ou remediar uma situação irremediável.

- Crystal... - ela sussurrou ao eu ouvido, muito baixinho de maneira a que apenas eu pudesse ouvir e eu acenei afirmativamente com a cabeça. - Promete que não vais.

E, adivinhem!

Naquele momento fiz uma promessa que sabia desde partida que teria de ser quebrada.

- Prometo.

Então olho para Paul que sorria.

Ele tinha planeado aquilo!?

Ele sabia que eu não a iria deixar mal!

Mas ele não tinha ganho como pensava. Afinal eu teria que quebrar aquela promessa.