Cartas Para Eduarda escrita por Rachel Sales


Capítulo 2
Semente da discórdia


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão por ter escrito um capítulo mais curto >.< Escrevi só pra não ficar muito tempo sem postar. Prometo que da próxima vez eu escrevo um capítulo mais longo :D Mesmo não tendo atingido os 5 reviews eu não achei justo deixar quem leu esperando. Boa leitura!



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Meu coração batia em ritmo acelerado. Tinha acabado de acordar e estava procurando meus fones de ouvido quando sem querer puxei a carta que escrevera antes de adormecer.

Calma. Isso não pode ser real. Você deve estar ficando louco, eu pensei. Pisquei os olhos uma, duas, três vezes para me certificar do que estava vendo. Logo abaixo do que eu tinha escrito encontrava-se a seguinte frase:

" Sempre estarei com você".

Desci as escadas como um raio. Lisa estava limpando a mesa e retirando o que tinha sobrado do almoço.

– Você mexeu na minha gaveta? – eu estava um pouco alterado e nervoso.

– Claro que não, Ethan. – Lisa me olhava um pouco confusa. Com certeza ela jamais tinha me visto daquela maneira.

– Você esteve no meu quarto? – eu desejava que ela respondesse que sim, mesmo que possivelmente fosse ficar bravo com ela por ter mexido em minhas coisas. Mas ainda assim isso seria uma explicação mais plausível do que a ideia que acabara de se formar em minha mente.

– Estive mas quando cheguei você estava dormindo e achei melhor não te acordar. O que houve? – ela me olhava um pouco cautelosa, talvez até cautelosa demais. Eu não estava agindo tão estranho assim. Ou estava?

– Nada. – dei uma gargalhada seca.

Voltei ao quarto e procurei uma caneta embora tivesse quase certeza de que Lisa escrevera a resposta na carta. Mesmo assim resolvi testar, por precaução.

Peguei a carta e escrevi logo abaixo.

"Quem é você?"

Esperei. Passaram-se alguns minutos e nada tinha acontecido. Ri um pouco da minha idiotice por pensar tal coisa. Já estava levantando da cama e me dirigindo à porta quando algo me chamou atenção.

Letras estavam se formando na carta.

Ofeguei de surpresa. Voltei a sentar e esperei até que a frase estivesse completa.

"Meu nome é Eduarda"

Olhei para a carta e minha respiração acelerou: minhas suspeitas tinham sido confirmadas.

Eu estava me sentindo um pouco tonto. A parte racional do meu cérebro dizia que eu estava tendo um surto psicótico devido ao estresse. Resolvi ouvir essa parte.

"Mas você não é real. É apenas fruto da minha imaginação"

Minhas mãos tremiam enquanto a caneta deslizava desajeitadamente pelo papel.

Dessa vez a resposta não demorou a aparecer. Dentro de poucos segundos já podia se ler perfeitamente as palavras de Eduarda.

"É claro que existo. Sou sua amiga"

Fiquei surpreso com a resposta.

"Por que não estou enxergando você?"

Olhei em volta do quarto procurando cuidadosamente algum sinal de Eduarda. Várias imagens de como seria sua aparência passaram em minha mente.

"Você não pode me ver. Pelo menos não por enquanto. E eu também não posso me comunicar com você sem que você queira."

Ergui as sobrancelhas, confuso. Eduarda continuou escrevendo.

"Há duas regras para que eu possa falar com você. Primeiro: Você precisa começar a carta. Segundo: Eu só posso responder aquilo que você me perguntar. Entendeu?"

"Entendi." escrevi. Um sorriso apareceu desenhado na carta.

Dei uma risada estranha que mais pareceu a risada de alguém que estava segurando com unhas e dentes o restante de sanidade que ainda lhe restava.

"Você é um bom rapaz. Eu quero protegê-lo."

"Me proteger de quê?"

Eu perguntei.

"Todos eles estão mentindo pra você"

Ela respondeu.

Aquilo me perturbou um pouco.

"Tenho que ir"

Escrevi e não esperei por uma resposta. Joguei a carta de Eduarda no lixo e comecei a procurar um antigo isqueiro que havia sobrado de minha época de escoteiro. Acendi e joguei na lixeira.

Observei a carta queimar até virar cinzas.


Estava na hora do jantar. Meu pai já tinha voltado do trabalho. Olhei em volta e estranhei ao não ver nenhum sinal da minha mãe.

– Lisa! – gritei. Ela veio da cozinha carregando uma bandeja com lasanha e uma jarra de suco.

– O que foi, Ethan? – ela perguntou. Meu pai ajudou Lisa a colocar a bandeja na mesa e segurou a jarra de suco para que ela pudesse cortar a lasanha.

– O que aconteceu com a minha mãe? – eu estava meio confuso. Ela já deveria ter voltado pra casa.

– Ela ligou avisando que iria chegar tarde hoje. O personal trainer da academia chegou uma pouco atrasado. – Lisa sorriu para mim.

Olhei disfarçadamente para meu pai. Ele tinha fingido não ouvir a parte do "personal trainer".

Sentei e me servi com um pouco de arroz e a lasanha. A campainha tocou.

Me levantei e atendi. Dylan olhou para mim como quem perguntasse se estava tudo bem e eu assenti levemente com a cabeça.

– Que bom! Porque eu vim jantar aqui hoje. – ele sorriu.

– Eu não me lembro de ter te convidado. – dei de ombros.

– Não precisa agradecer. É pra isso que servem os melhores amigos.– ele me deu um leve tapa no braço e correu para a mesa.

Voltei para o meu lugar e comecei a comer. Meu pai parecia meio cansado e estava brincando com o prato de lasanha.

– Como foi a escola? – meu pai perguntou. Tenho quase certeza de que foi mais por educação do que por interesse.

Olhei para Dylan. Ele abaixou a cabeça e se concentrou na lasanha.

– Foi normal. – eu respondi. Esperei que Dylan fosse contar a verdade mas ele apenas levou o garfo a boca.

Lisa sentou em um lugar a minha frente e sorriu. Retribuí o sorriso e coloquei um pouco de suco em um copo.

Quando levei o copo à boca só conseguia pensar em uma coisa: eu estava agindo como se nada tivesse acontecido mas a frase de Eduarda ainda não havia saído de minha cabeça.

"Todos eles estão mentindo pra você"

Agora não havia mais volta. Eduarda havia plantado em mim a semente da discórdia.



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Notas finais do capítulo

Pra quem quer saber o que é um surto psicótico :) http://saude.terra.com.br/interna/0,,OI2740227-EI1520,00-Entenda+o+que+e+um+surto+psicotico.html