Jane Volturi - A Historia escrita por Ditto
— Olha Mary! É a menina-demônio! - a menina apontava para ela e as outras riam - Será que se eu jogar uma pedra, ela sangra?
— Claro que não, ela é uma bruxa! Bruxas não sangram - a outra respondeu como se fosse óbvio.
Jane se encolheu no canto, olhando-as com raiva. Já não tentava mais fazer amizades, apenas ficava em seu canto esperando que não fosse incomodada. Sentia os olhos das pessoas a perfurando, a julgando. Era injusto, o que ela tinha feito afinal? Deveria ser julgada apenas por ter nascido?
A suspertição era ridícula, embora muitas vezes ela gostaria que fosse verdade,que fosse a bruxa que todos diziam ser, assim poderia explodir a vila e matar todos esses idiotas. E quem sabe então pudesse ter alguma felicidade.
— Menina-demônio! Menina-demônio! - as crianças provocavam .
Jane tapou os ouvidos tentado a todo custo ignorá-las.
— Todo mundo te odeia! Por que você não se mata? Ai você vai para o inferno e se junta com sua mãe lá!
Jane se levantou, aguentaria qualquer coisa que falassem dela, mas falar da sua mãe...
— O que você disse? - perguntou trincando os dentes de raiva.
As outras crianças se afastaram, os instintos as precavendo do que ia acontecer, por mais que elas próprias ainda não entendessem.
— Isso mesmo que eu disse - a menina repetiu, achando que assim iria continuar com admiração das outras crianças - sua mãe era uma bruxa que se juntou ao demônio, eu ouvi meus pais dizendo.
— Cala... a.... boca! - Jane espumava de raiva - Nunca ouse falar da minha mãe!
— E o que você vai fazer? - a menina perguntou, bem menos confiante e mais assustada - Sua mãe era um demônio também. Você sabe.
— Cala a boca! - Jane gritou pulando em cima da menina.
Jane podia ser menor que a menina, mas compensava com sua agilidade. Ao bater na outra ela descontava suas frustrações, sua raiva, tudo. A dor que o rosto da outra demonstrava ao receber cada soco lhe causava um enorme prazer.
Estranhamente a menina parecia sentir uma dor a mais além dos socos que Jane desferia. Sempre que ela brigava com alguém acontecia isso, a pessoa sentia uma dor que ela não sabia de onde vinha. Quem sabe fosse o seu poder de demônio? Riu um pouco com essa ideia.
Quando se deu por satisfeita, saiu de cima da menina, um sorriso de malícia brincando nos lábios.
— Aberração! - a menina gritou antes de sumir correndo junto com as outras crianças.
Jane riu. Sentou-se satisfeita consigo mesma, o rosto de dor da outra continuava em sua memória, o prazer percorria todo seu corpo.
De relance viu homens vestidos de preto a olhando da floresta, porém quando piscou novamente eles tinham desaparecido.
— Acho que estou vendo coisas - murmurou sozinha.
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