Akai Ito escrita por Ushio chan


Capítulo 28
Revelações parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá... É, eu demorei, mas escrevi dois caps em um, depois posto a segunda parte.
Espero que vocês gostem e me perdoem.
Boa leitura, minna-san!



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•••PDV ÍRIS•••

Abro os olhos, ainda deitada na cama e envolta pelos cobertores e pelos braços de Matt. Enterro o rosto em seu peito, aspirando o cheiro quente e agradável e deixando um arrepio tomar conta de meu corpo. Ainda não me sinto segura o bastante para acordar sem este pequeno ritual matinal. Tenho medo... Não de ele me deixar, mas de acordar na sede da SPK em Nova Iorque e descobrir que foi tudo um sonho; que Matt nunca voltou.

– Hm... – O som profundo e sonolento da voz de um Matt que acaba de acordar preenche o quarto. – Bom dia.

– Bom dia, Mattie. – O antigo apelido lhe arranca um sorriso.

– Adoro quando você me chama assim. – Recebo meu primeiro beijo do dia e dou um sorriso largo. Inicio o preguiçoso processo de remover o grosso e pesado edredom de cima de meu corpo, sentindo o frescor do dia tocar meus braços expostos pelas mangas curtas de minha blusa.

Suspiro longamente, inspirando o frio ar da manhã. Jogo-me sobre o travesseiro novamente, esticando os braços e me espreguiçando. Matt abafa uma risadinha e me encara suavemente com os olhos verdes.

– O que foi? – Pergunto curiosamente, minha voz ainda soando como o ronronar sonolento de um gato.

– Você tem hábitos interessantes quando acorda. – Sorri o garoto. Em questão de um segundo, agarro-o pelo pescoço e o aperto contra mim, beijando seus lábios e sorrindo.

– Bobo. – Rimos ao mesmo tempo.

– Calem a boca, seus idiotas apaixonados. – A voz sonolenta e irritada de Mello resmunga, anunciando que o louro acordou.

– Você também é um idiota apaixonado. – Diz Matt enquanto me solta.

Ambos nos sentamos ao mesmo tempo para encarar o chocólatra, que acaba de abrir sua primeira barra de chocolate do dia. O agradável cheiro de avelã misturada ao do doce preenche o quarto. O fato é que Mello sabe ser irritante quando quer, em especial pela manhã.

– Já, Mello? – Kim emerge de dentro dos cobertores, os longos cabelos brancos mais bagunçados do que nunca e a camisola incrivelmente amarrotada. Entretanto ela parece se arrepender de ter levantado ao sentir a luz em seus olhos, de forma que pressiona um travesseiro contra o próprio rosto e volta a se deitar.

– Kim está de ressaca. – Ri meu namorado. – Ou será que vocês fizeram alguma coisa além de dormir? Se fizeram no banheiro podem fazer em um quarto com mais gente. – Ele faz uma piada de mau gosto com as informações íntimas e confidenciais que Beyond nos deu ontem à noite. A mão de minha amiga surge na superfície e direciona um gesto obsceno ao ruivo a meu lado.

Por fim, no colchão vizinho, Leila e Near se espreguiçam ao mesmo tempo e eu me deixo cair contra o peito de Matt.

– Se levantar com sono pela manhã é um abuso da força de vontade. – Resmungo ao me forçar a levantar novamente. O ruivo se levanta da cama e sai do quarto, dirigindo-se provavelmente à cozinha para tomar seu café da manhã.

Near fica de pé e vai até a cama, descobrindo o corpo da irmã, cuja camisola está ainda mais amarrotada do que eu achei que estivesse. A albina sequer se mexe.

– A Kim entrou em coma. – Ri Mello, cutucando o braço da namorada para tentar acordá-la. Ela geme algo ininteligível. – Não siga a luz, Snowdrop!

– Meu Deus... – A voz da menina está abafada pelo travesseiro. – Meu namorado é um retardado. - O comentário de minha amiga não agrada o louro, que a agarra por trás e passa a fazer cócegas em sua barriga. – Ah! Pare! O que você está fazendo?! – Ela se debate, tentando fugir, enquanto eu e Near rimos. – Me deixe dormir!

– Esta é a sua punição, baixinha. – Ri o louro retardado, prosseguindo com o “castigo”. Paro de assistir a cena e atendo o pedido desesperado de meu estômago, indo tomar o café da manhã.

Matt fez alguns litros de café para nós, uma vez que todos nos viciamos em cafeína durante o caso Kira. Coloco alguns pães na torradeira e espero ansiosamente que fiquem prontos antes de comê-los com um pouco da geleia de morango que Beyond trouxe. Espero que ele não me mate por isso, mas há um carregamento enorme na geladeira e eu também gosto de geleia de morango. Talvez ele até mesmo fique orgulhoso de mim!

– Vejo que você compartilha desde meu delicioso vício. – B entra na cozinha e toma o pote de minhas mãos, começando a comer.

– Sim, geleia é bom e eu gosto de comer com torradas. – Digo cautelosamente, temendo ser assassinada.

– É bom saber... Vou ter que esconder algumas para mim. – Ele me encara com os sinistros olhos de rubi e sinto que devo me considerar com sorte.

– Claro, claro. Vou procurar o Matt. – Engulo o resto de café e lavo a xícara antes de sair da cozinha, deixando o psicopata sozinho.

É horrível dizer isso, mas ele me assusta. Eu realmente sentir falta de Beyond e L, mas a presença do assassino, em especial quando estou sozinha com ele, me deixa um pouco estressada. Sei que ele é meu amigo e jamais faria algo contra nós, mas... Ainda assim... Ele tem um passado sangrento e temo que sinta falta de matar.

Matt está lá fora... Fumando. Odeio a nicotina por isso. Não me importo que ele tenha vícios como videogame, mas vícios letais realmente não me agradam. Vou até o ruivo, que está sentado no banco branco do jardim da frente com um cigarro na boca. Passo um braço ao seu redor e pouso a cabeça em seu ombro

– Eu juro que estou parando aos poucos. Agora estou fumando apenas dois por dia ao invés de dez. Estou tirando dois por semana. Agora vou diminuir um de cada vez e, em breve, terei me livrado disso quase completamente. Meus vícios se resumirão a videogames e a você. – Abraço-o ainda mais forte, meu coração se enchendo de calor enquanto ele apaga o cigarro e o atira na lixeira.

– Estou muito orgulhosa de você, Matt. – Ele coloca um chiclete na boca e me abraça de volta carinhosamente, acariciando meu braço. - Eu preciso trocar de roupa para sair com a Kim. – Anuncio, levantando-me e beijando seu rosto antes de entrar na casa de Akira e ir para o quarto principal.

Kim e Mello ainda brigam na cama, ela se debatendo e tentando se livrar de seu abraço letal e ele segurando-a como se fosse uma boneca enquanto aplica o “castigo”, mas, ainda assim, o faz carinhosamente. Como minha amiga aguenta isso, eu não sei, mas eles ficam fofos assim.

– Para fora, Mello, eu quero trocar de roupa. – Digo, fazendo os dois pararem de se agarrar e olharem para mim, ainda abraçados. Com muita má vontade, o louro solta a albina e se retira do quarto. Coloco uma calça jeans escura e uma blusa florida e ela usa uma blusa preta e calça jeans clara. Apesar de minha insistência, Kim nunca abandonou os sapatos sem salto, o que acentua seus insignificantes 1,55m. “Com o tempo, a gente se acostuma com a falta de altura e começa a valorizar os apelidos carinhosos”, ela diz. Acho isso engraçado da parte dela... O quanto ela passou a gostar dos apelidos do Mello, quero dizer.

Depois de prontas, me despeço de Matt enquanto Kim e Mello trocam um beijinho. Por fim, deixamos a casa e caminhamos pela rua, passeando sem rumo. Conforme andamos, resolvemos que nosso programa será ir ao cinema. Kim quer ir ver o filme da série Akai Ito.

– Então... Como vão as coisas com o Mellitos? – Indago. Minha amiga fica vermelha.

– Bem... – Ela abre um sorriso largo enquanto as maçãs do rosto ficam vermelhas como dois tomates. – Estamos em um tipo de paraíso agora. Briguei um pouco com ele ontem, mas já estamos bem outra vez. Eu tenho uma coisa para contar...

– Você está grávida?! – Mello e ela não se cuidaram, isso eu sei, mas... Eles têm que ter um mínimo de noção, certo?

– O quê? Mas é claro que não! Eu perdi a virgindade há menos de quarenta e oito horas! – Reclama, corando. – É outra coisa.

– Vá falando. – Ordeno, Segurando seu braço e forçando-a a ficar parada a minha frente.

Lentamente, Kim ergue a mão livre, os dedos separados uns dos outros e as costas da mão completamente viradas para mim. Um gigantesco sorriso está estampado em seu rosto. E então eu vejo. Um pequeno brilho avermelhado em seu anelar, cercado por uma fina linha prateada. Mello... Ele deu isso para minha amiga? Ele leva sua relação com ela a sério a este ponto? O louro se casando? Com minha melhor amiga? Meu deus!

– Nós vamos nos casar. – Ela aumenta o sorriso, ficando vermelha de alegria. Solto um berro agudo, abraçando-a e pulando junto com ela, sua cabeça batendo em meu ombro a cada vez que chegamos ao chão. – E você vai ser a minha Madrinha, sim? Digo, se fizermos mesmo alguma coisa. Nunca falei com Mello sobre isso. – Meu coração pula de alegria.

– Agora vá falando. Quanto ele te pediu? – Inicio o interrogatório.

– Ontem, logo antes de entrarmos em casa. Akira nos pegou no instante seguinte, o que foi meio constrangedor. – Ela olha para o chão. – O jeito que ele me pediu foi muito lindo, fiquei tão emocionada que chorei. – Voltamos a caminhar lado a lado enquanto ela me dá os detalhes, fazendo-me pular e descrever do fundo do meu coração o quanto Mello é fofo com ela.

Discutimos todos os prós e contras do casamento, ainda que ela já tenha aceitado. Discutimos sobre cada uma das possibilidades, abordando todos os temas possíveis e imagináveis sobre o que pode ou não acontecer depois de um casamento. Em nenhum momento o sorriso enorme de Kim saiu de seu rosto, o que me faz pensar que realmente é a escolha certa. Ela está feliz como não foi durante cinco anos, o que me deixa contente.

– E sobre bebês? – A pergunta vem a minha cabeça.

– Bem, eu quero ter um bebê com o Mello. Quero muito, para falar a verdade. Mas um bebê parece algo muito sério que envolve acabar o caso Kira e tomar uma série de decisões na vida. Não sei se estou pronta para isso agora. E nem o Mello, porque tenho a sensação de que a história dele e do Matt com a polícia ainda não acabou.

– Isso me estressa, sabe? Mesmo que Matt tenha me mandado cartas o tempo todo, ele continuava longe e eu não sabia quando seria a última vez que ele iria escrever. Eu sabia o quanto ele estava infeliz e me machucava muito... Neste ponto você teve sorte.

– Não acho isso. O pior para mim era pensar que Mello estava aliviado por ter se livrado de mim... Isso é a pior coisa que existe. Ainda que eu soubesse o que estava acontecendo, mesmo que tivesse consciência do perigo, ao menos eu teria condições de falar com ele... Dizer que o amava. Poderia dormir. Não é algo a ser considerado melhor do que qualquer outra situação... Embora pudesse ser pior. – O que aconteceu com minha amiga não foi justo com ela. Ou com Near.

Nunca tive certeza de se ela estava dramatizando ou se o que ela fazia era por causa do que ela sentia, mas não duvido dela. Em especial, não depois de ver o quanto Kim é capaz de se forçar a continuar sua rotina normalmente, ainda que isso signifique parar de comer e ficar semanas sem sorrir ou dormir. Ela finge mal, mas finge. Ela diz que está bem, mas suas olheira e a perda de peso contam outra história.

– Você tem razão. – É tudo o que eu digo. – Mas por que estamos falando disso? Você vai se casar! – Abraço-a.

•••PDV USHIO•••

Ino pega minha mão e entrelaça nossos dedos. Acabamos de fazer o check-inn e estamos esperando para entrar no avião. Cada um de nós carrega apenas uma mochila com algum dinheiro, nossos computadores, meu iPhone carregando minhas músicas de J-Rock e, claro, a foto com a carta.

– Está se sentindo bem? – Na verdade, não muito. Estou nervosa, uma vez que hoje será um dos dias mais importantes da minha vida, mas isto é tudo o que eu sinto.

– Estou sim, Ino-chan. Não precisa se preocupar tanto comigo, isso não muda nada em mim. Continuo a mesma pessoa. – Sorrio, tentando acalmá-lo.

Ultimamente Ino tem me tratado de uma forma muito diferente. Eu queria que as coisas não tivessem mudado tanto assim entre nós, queria que ele continuasse sendo Ino-kun, meu melhor amigo pelo qual sou apaixonada. Não mudei nada, ao menos não psicológica e emocionalmente, mas eu diria que ele mudou. Isso é triste.

– Eu sei... Não é com você que eu estou me preocupando neste exato momento. – Ele toca minha barriga na altura do útero. – É com ele.

– Não está acontecendo nada agora, Ino. Nada mesmo, eu juro para você. O fato de eu estar grávida não muda nada, Ino. A única coisa diferente é que eu tenho que comer por dois e vomito pela manhã. E daqui a nove meses teremos um bebezinho com a gente. – Ponho minha mão sobre a dele e passo a falar em português para ter certeza absoluta de que ninguém ira entender o que eu estou falando.

– Eu sei... – Ele me dá um beijinho nos lábios. – Eu estou feliz, Shio-chan. Muito feliz, você não faz ideia do quanto. Eu vou ser pai do de um bebê seu, eu estou muito contente. O único problema é que eu sou muito super-protetor, em especial com relação a você. – Ele me abraça com força, a mão livre ainda em minha barriga, e me beija repetidas vezes pelo rosto todo; nariz, testa, bochechas, queixo, lábios... Eu simplesmente adoro estes raros momentos com Ino. Acho que o fato de serem incomuns é o que os torna tão bons. Ele se afasta de mim e nos olhamos por um instante. Ino é um garoto bonito também. Os olhos grandes cor de mel, os cabelos arruivados e bagunçados em um estilo meio Visual kei... Ele é realmente muito fofo.

– Anata wa kawaii desu.

– Aishiteiru. – É só o que ele me responde. – Sabe, Shio, eu fico feliz que tenhamos concordado em ficar com o bebê.

– Hai... Bem, temos que pensar em um nome para ele, não é? Qual será o nome se for menina? – Pergunto. Se for menina eu gostaria de chamá-la de Yui ou Aimi. Mas ainda preciso falar com Ino sobre isso.

– Se for menina, podemos chamá-la de Aimi, eu sei que você adora este nome. Se for menino, eu gostaria de chamá-lo de Lewis.

– Eu também gosto de Lewis para meninos.

– Hontou? Mas você mal consegue falar o L! – Ele caçoa.

– Mas eu gosto do jeito que “Lewis-chan” soa. É fofo. E Aimi é um nome lindo. – Abro um mangá e me sento em seu colo para lermos juntos enquanto esperamos, o que acaba com o assunto.

Pessoalmente, estou ansiosa para que esta coisinha dentro de mim comece a se desenvolver e se torne um bebê que eu poderei pegar em meus braços e chamar de filho. Nunca achei que iria querer ser mãe, eu nunca me considerei alguém que fosse ter uma família, mas agora que veio, me parece tão natural... Obviamente eu não quero me tornar uma dona de casa, e nem vou, eu apenas incluirei “mãe” na minha lista de trabalhos.

Passo a me concentrar no mangá. Estamos relendo Kuroshitsuji, porque sou obcecada pelo Sebastian...


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Notas finais do capítulo

E então? O que me dizem vocês aí? Surpresos? Hahaha! Espero que sim... :D
Bem, eu estou sem ideias para notas. Assim, espero que tenham gostado e que mandem um reviewzinho... Tem pessoas aí de quem eu até estou com saudades em matéria de review.
Beijos! Jya ne!
- Ushio