A Matemática De Vítor Cost. escrita por LittleLucas


Capítulo 5
5




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Luciana.

“Hum... me pediram pra eu vir lhe entregar isso...”, Falou atrapalhada, a nova estagiaria do jornal onde trabalho. “São as notícias do dia, pediram pra você fazer as tirinhas de acordo com elas.”

“Ah, tudo bem, obrigado.”, Agradeci sem olhar para a pobre da estagiaria.

“Eu gosto dos seus quadrinhos...”, Ela continuou falando, apesar da minha total falta de simpatia com ela.

Eu simplesmente continuei calado enquanto mexia na gigante pilha de folhas, e rascunhos que tinham espalhados pela minha mesa, procurando a minha grafite pra desenho.

“Mas, eu acho que você deve ouvir isso o tempo todo, pelo jeito.”, a decepção na sua voz era palpável. Mas eu sinceramente, naquele momento, não estava bem pra conversar com ninguém.

Eu escutei ela se virar e sair andando com os seus saltos batendo no chão, levemente, e enfim parei pra ver quem era ela. Os cabelos abaixo da cintura, liso, ondulado nas pontas, balançava nas suas costas harmoniosamente, ela usava uma saia daquelas de cintura alta, o que na minha opinião é uma desculpa pra quem gosta de mostrar a bunda – não que eu ache ruim -, grande em cima, e já embaixo, parece que usa um cinto, ao invés de uma saia.

Ela andava, e os meus colegas de trabalho, a admiravam descaradamente, Gabriel dos esportes, ficou vidrado na maneira que ela andava, elegante cabeça erguida, e ela nem se quer virou o olhar para ele. Júlio da meteorologia, deixou a sua caneta cair quando ela passou ao seu lado, e mais uma vez ela nem sequer demonstrou um simples sinal de interesse, muito menos de quem ligava por estar sendo observada. Já devia estar acostumada, é claro.

Estressado, e um pouco impressionado – admito - , voltei a baixar minha cabeça e me concentrar na árdua tarefa que era achar algo na minha mesa ultra-hiper bagunçada.


Naquele mesmo dia, no horário do almoço, eu tive uma surpresa, que eu não sabia se era agradável ou inconveniente.

Levantei a cabeça, e olhei para a porta da grande sala que eu divido com meus colegas, e vi Maitê conversando com Samuel, o fotografo/paparazzi do jornal. Ela se despediu dele com um beijo no rosto, e eu a vi andando na minha direção.

Eu não sabia como estava minha expressão naquele momento, mas tenho certeza que eu não parecia feliz, nós tínhamos brigados naquela manhã antes de eu ir trabalhar.


“Meu Deus, Vítor, como você é paranoico, isso tudo é insegurança, por um acaso?!”

“Você sabe muito bem como eu sou, soube como eu era no momento em que você me conheceu. Então não trate como se fosse surpresa.”, falei tentando não gritar e parecer calmo.

“Vítor, Vítor...”, Maitê falou segurando meu rosto com as duas mãos. “Não precisa se preocupar com o Michael, você sabe, nós somos parceiros, na fotografia.”

“É Maitê, mas ele é seu ex.”, falei recolhendo meus papéis o mais rápido possível para sair dalí e me tacar no escritório.

“Um ex, qual eu troquei pra ficar com você!.”, ela gritou pra mim. O que me fez parar de me movimentar em volta do apartamento, impressionado, já que em mais de um ano em namoro ela nunca tinha elevado a voz. “Isso já não é o suficiente, pra você confiar em mim?”.

Eu simplesmente respirei fundo, segurei o seu olhar por alguns minutos, e sai, tive medo de falar uma merda, ou sei lá.


“Você poderia sair pra almoçar?...”, perguntou Maitê prostrada na minha frente, enquanto dessa vez eu fingia procurar minha grafite de desenho, sem olhar pra ela. “Você me ignorar, tudo bem, eu sei que você faz isso, mas você nem sequer me olhar é idiotice, Vítor.”

Eu a ignorei completamente, meus amigos falam que isso é completa idiotice, mas na falta do que falar, ou no medo de falar besteira, acho melhor nem falar, e no medo de jogar um olhar ou uma expressão que eu possa me arrepender, eu achei até melhor esconder meu rosto entre todos os papéis que estavam e cima da minha mesa.

Ela deu a volta pela mesa, me abraçou e me deu um beijo rápido nos lábios, falando que me amava. Ela sabia o quanto eu gostava daquilo, mas eu me recusava a dar o braço a torcer.

Maitê foi embora, me deixando confuso, com um misto de alívio e apreensão.

Passei o resto do dia no trabalho, fingindo que desenhava, e fingindo que pintava os quadrinhos, quando na verdade eu pensava vagamente em Maitê, sem um pensamento certo, - sabe aqueles flashs?, em que você não sabe exatamente no que está pensando, só sabe que está pensando na pessoa, era assim que eu estava, me distraia um pouco olhando o vazio, e em seguida Maitê vagava preguiçosamente pela minha mente – e de vez em quando apreciava a estagiária com os meus colegas pervertidos.

Eu burlei o horário de saída, e acabei me expulsando do prédio, ás cinco horas da tarde, e por um acaso a tal estagiária que estava chamando atenção, estava do lado de fora do prédio também, fumando um cigarro.

Ela me lançou um olhar de desprezo.

“Olha, eu entendi esse seu olhar.”, eu falei me aproximando dela. “É que eu não estou em um bom dia, eu sinto muito, eu não devia ter sido idiota daquele jeito.”

“Ainda bem que você sabe. Eu fiquei muito decepcionada, desde que você começou a fazer as tirinhas daqui, eu não perco um jornal. E a primeira vez que eu falo com você, descubro que você é um otário.”, ela tragou o cigarro, e virou-se para me encarar. “Legal, pra porra, você não acha?”

“Sinto muito, sinto muito mesmo, como posso me redimir?”. Perguntei começando a me incomodar com a fumaça de seu cigarro.

Ela tirou o cabelo do rosto, e eu pude ver seus olhos castanhos muito claros, quase mel, e não pude evitar como aqueles olhos eram lindos.

“Você pode me contar o porque de você estar assim.”

Quando ela falou isso, eu me senti altamente desconfortável, sou uma pessoa bem extrovertida e sociável mas os problemas são meus, eu ia falar que não, mas como ela continuava me olhando com os seus lindos olhos, segurando uma expectativa, eu contei, falei quem era Maitê, e tudo o mais.



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