Talvez seja ela.

Certo dia Maitê acordou, me beijou e disse “bom dia” com os lábios colados nos meus, e eu senti que ela sorria, eu achei aquilo magnifico, tão original. Eu nunca tinha sentido alguém sorrir.

“Você vai se atrasar...” , ela falou e por um momento eu achei que não tinha escutado as palavras, apenas o tom. “Vitor, você tem que levantar, vai se atrasar.”

Eu abri os olhos, e cai dentro de seus olhos castanhos, como se fosse um precipício, e quando eu cheguei ao fundo eu realmente acordei, balançando a cabeça, “Tudo bem, eu já estou indo.”

Como eu estava realmente atrasado, eu tive que tomar banho rapidamente, e quando sai Maitê, o tipo de mulher que você não espera ver em uma cozinha fazendo nada a não ser tomando vodka e tônica, estava fazendo café e pondo a mesa para um café da manhã de um casal normal e simples.

“Minha nossa, como ela é linda”, era a única coisa que passava na minha cabeça. Aquela cena, uma mulher servindo café na mesa pra mim, me deixou maravilhado.

Naquele momento eu me via ao lado dela usando aliança e tudo mais, eu amava o fato de sermos tão diferentes e ela ainda assim me entender melhor que qualquer um.

Maitê nunca teve aquela beleza que se destaca de primeira, demora pra ver o que ela tem de especial, mas quando você vê... Simplesmente não consegue parar de olhar.

Ela acendeu um cigarro, e se sentou ao meu lado na mesa. Ela me observava de uma maneira tão familiar, e confortante, como se me conhecesse a vida inteira e pudesse ler os meus pensamentos.

Eu não pude evitar de sorrir, nem a fumaça fina que subia do seu cigarro naquele momento podia estragar aquilo.

“Então.. Vitor, eu vou ter uma reunião com os meus colegas do trabalho, o que quer dizer que vou voltar mais tarde hoje. Tudo bem?”. Até o maravilhoso tem arranhados, o que ela realmente quis dizer em ‘reunião com os colegas’ é se drogar. Ela acha que eu não sei...

“Tudo bem, até mais tarde então.”

“Até, não deixa a Manuela pisar em você, hein.”, ela falou rindo.