Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 97
Twitter




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/267862/chapter/97

Quando chegamos, já era muito tarde e as lojas já estavam fechadas, apenas alguns bares abertos e lotados. Ao destrancar a porta do apartamento, pude ouvir alguém correndo lá dentro e abri a porta rapidamente. Alguém correu para o banheiro. A sala estava vazia. Fui até o quarto de Camilla, que estava trancado e Pedro foi até o banheiro, também trancado. Ele batia na porta e gritava para abrirem a porta e nada acontecia. Eu tinha a chave do quarto de Camilla e entrei após bater. Ela estava de costas para a porta e vestia sua blusa vermelha.

“O que aconteceu?” –Perguntei.

Camilla começou a chorar. Muito. Enxugava seus olhos e sentou-se em sua cama. Me agachei a sua frente e ela continuava chorando. Pedro me chamou e quando me virei, ele estava segurando Nathan pelo braço. Nathan estava de cueca Box preta e suas calças nas mãos e vestia uma blusa branca, com meia manga.

“Eu sinto muito.” –Ele disse.

Nathan tremia e Pedro o machucava no braço. Me levantei e levei as mãos a cabeça. Sei que ela já havia feito essas coisas antes, mas eu não conseguia acreditar que, aos quinze anos, ela já fazia por vontade própria, e não vendida. Pedi para que Nathan se vestisse e ele colocou as calças. Fui até a sala e peguei o telefone.

“Qual o número da sua casa?” –Perguntei.

Nathan discou e eu aguardei um responsável atender. Conversei com sua mãe. Elisa. Ela disse que já estava indo buscar Nathan. Pedro ficou com ele na sala e fui conversar com Camilla.

“Era para ter ficado com Heloisa.”

“Eu fiquei. Nathan me ligou há uma hora e a Marta estava dormindo e Helo me deixou sair e viemos para cá.”

“Fizeram o que estou imaginando?”

Camilla abaixou a cabeça e afirmou. Levei minha mão direita a minha testa.

“Usaram a ...”

“Sim!” –Camilla respondeu antes que eu terminasse.

“Tudo bem. Está... tudo bem.”

Eu não parava de repetir. Ouvi o interfone tocar e Pedro o atender. Perguntei se era Elisa e ele disse que sim. Puxei Nathan pelo braço e o levei para fora e a aguardamos na porta do elevador. Elisa se assustou ao abrir a porta e dá de cara conosco. Sem sair do elevador, empurrei Nathan e acenei. Não esperei que acenassem de volta e entrei.

No dia seguinte, Camilla estava na sala vendo um programa adolescente que falava sobre fofoca dos ídolos teen. Me sentei ao seu lado e comecei a ler um livro do Stephen King, Sombras da Noite. Estava na metade do primeiro conto, quando ouvi algo sobre Ed no programa.

“Então, o ruivo está com data marcada para vir ao Brasil em agosto desse ano. Ele fará show em São Paulo e encerrará no Rio. Informantes dizem que é apenas para divulgar o cantor por aqui e em breve fará shows em mais cidades.” –Disse a apresentadora de cabelos castanhos.

“E vocês estão sabendo? Andamos pesquisamos e descobrimos que a maioria de suas músicas são sobre sua ex namorada Alice, o que seus fãs já devem saber, mas aposto que não sabem que não é só apenas Alice que o ginger Jesus, como é conhecido, andou namorando por ai não, é!” –Disse a apresentadora de cabelo colorido.

Camilla me olhou na hora. Eu gelei.

“Sabemos o nome dela e de onde é. Mas o programa está acabamos e contaremos amanhã. Beijos!” –Disse novamente a de cabelo colorido.

“Como descobriram?” –Perguntei.

Camilla não respondeu, pois viu que eu não perguntava a ela. Camilla entrou na internet, pelo seu celular, e entrou no twitter. Ela seguia fã clubes brasileiros para o Teddy e nenhum sabia responder sobre o que o programa havia dito.

“Quero um twitter.” –Eu disse.

Camilla pegou o seu notebook e criou minha conta. Com seu  celular, tirou uma foto minha e colocou no perfil.

“Poste sobre o nada.”

Camilla me entregou o notebook e fui no perfil de Teddy e o segui.

“Mande uma mensagem.”

Camilla clicou para que eu escrevesse algo e apenas escrevi “hi”.

“Isso?” –Ela perguntou.

Camilla tomou o notebook e escreveu “Lembra de mim? Pois é, eu lembro de você” em um programa que traduz para qualquer língua. O programa transcreveu em inglês. Ela copiou e colou na mensagem e mandou para Teddy.

“Não apague.” –Ela disse.

Teddy não publicava algo há doze horas e eu só sabia ficar obsevando seu perfil sem atualizações. Li todas as suas conversas e ele parecia diferente do Teddy que conheci. Não parecia tímido, falava sobre bebidas. Muitas bebidas. Assisti alguns vídeos de shows e Camilla sabia cantar todas as músicas. Ele estava mudado, mas continua usando seus moletons. Suas calças caiam, mesmo com o cinto. Seu cabelo estava bagunçado. Despenteado. Queria saber como era conversar com ele, se eu ainda sentiria alguma coisa. No twitter, ele tinha mais de um milhão de seguidores. Ele nunca veria a minha pequena e idiota mensagem. Que nem ao menos por mim, fora escrita. Camilla se distraiu com um filme que passava na TV, enquanto eu ficava mandando mensagens para Teddy. Falando que estou bem e sinto a falta dele. Também pedi para que me perdoasse. Ele nem estava online, por que veria aquilo tudo? Camilla foi até a cozinha e pude a ouvir dizer para Pedro, que preparava o almoço, que havia criado um twitter para mim. Vinte minutos depois, ele volta olhando para seu celular.

“Está desesperada?”

“O que?”

“Seu twitter. Só tem mensagens para o Ed e querendo que ele te note de novo.”

Me senti mal. Ele tinha razão. Eu tinha trinta tweets e todos eram para o Teddy. Não disse nada.

“Te segui. Me siga de volta.” –Disse Pedro. -“Me ajude a por o almoço.”

Fui nas minhas menções e vi que cinco pessoas me seguiram. Camilla. Pedro. Twitter. Caroline Fontes –uma amiga da Camilla. Heloísa. Kelly-Anne. O último nome fez com que a “fita” em minha cabeça, rebobinasse. Kelly-Anne, a sensitiva. Em menos de uma hora, ela me achou. A foto do perfil parecia muito com ela, mas agora tinha cabelo roxo. A segui de volta e mandei uma mensagem. Não demorou muito e ela respondeu.

“Sabia que te acharia um dia!”

Ela contou que toda semana procurava por mim no site de buscas e nada encontrava. Até eu criar o twitter. Ela ainda mora em Framlingham. Sua mãe ainda prevê o futuro, o que fez com que Kelly nunca desistisse de me procurar. Mesmo que não fossemos muito amigas, ela não se conformava com meu desaparecimento. Segundo ela, nossa casa foi vendida e um casal de idosos mora lá agora. A mobília permaneceu, mas as roupas e objetos pessoais foram doados para hospitais. Ela me contou tudo por “Direct Messenger”. Contou também sobre Teddy ter passado um mês andando em frente a minha casa e batia na porta as vezes, na esperança de eu ter chegado. Ela disse que o ajudou por um tempo, mas ele sumiu. Preferiu seguir em frente com sua carreira e depois de alguns anos, foi para Londres e hoje é um grande artista da Inglaterra. Mas antes de ir, ele escreveu algo para Kelly, caso eu voltasse. Ela nunca leu e estava fechado ainda. Ela pediu meu endereço, mas disse que ia demorar seis ou mais meses para chegar. Falei para que ela abrisse e tirasse foto ou algo do tipo. Kelly escaneou a carta. Duas folhas, com frente e verso. Pude lembrar de como era sua letra. Salvei as imagens, mas não li. Era hora do almoço, não queria chatear mais o Pedro. Que arrumou a mesa com Camilla. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigada por lerem *_* várias pessoas chegaram no twitter falando "comecei a ler ontem" e mais, disseram que choraram ♥ haha vocês me deixam muito feliz. *-*
Quase no capítulo 100 e quase no leitor 100.
jenny, edditedhoran.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Folhas De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.