Apparent Killer. escrita por SevenSeasTreasure


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Acho que nunca postei um capítulo tão rápido em toda a minha vida. Apreciem.



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O clima úmido e o frio deixavam Amy com um extremo mau humor. Ela não suportava nada que a obrigasse a se encher de roupas e mal se mexer. O pior de tudo é que todos a achavam louca quando dizia que adorava o calor. Porém, tinha se acostumado com isso.


Ela, Lily e Trisha iriam dividir um chalé. As três ajeitaram as suas coisas. Lily e Amy conversavam, enquanto Trisha permanecia em silêncio. Depois de alguns minutos, Amy saiu do chalé, dizendo que iria procurar o namorado.


Trisha sentou-se na cama que tinha escolhido (ou sobrado), encostada na cabeceira. Tirou o celular do bolso, e imediatamente começou a trocar mensagens de texto com alguém. Lily, sem muito o que fazer, se aproximou da garota.


— Trisha? — chamou a pequena, um pouco hesitante — Posso fazer uma pergunta? — A outra garota parou de digitar, e olhou para Lily.

— Diga. — respondeu, com um tom de voz indiferente.

— Por que você não se esforça para fazer algum amigo? — Lily tentava ser o mais delicada possível, mas acabou falando em tom de censura.

— Eu não preciso de amigos. Não como vocês. — com “vocês”, Trisha se referia à praticamente todos da escola. Ela já havia dito isso antes, mas geralmente, a conversa acabava por aí. Por isso, Trisha já pegou o celular e continuou a fazer o que quer que estivesse fazendo antes. Mas Lily não desistiu.

— Como assim? — a morena insistiu. Trisha levantou uma sobrancelha.

— Quer mesmo saber? — Lily apenas assentiu. A outra suspirou.


Trisha guardou o celular no bolso, e ajeitou-se na cama. Olhou para Lily, como se estivesse esperando ela desistir de conversar. Por fim, Trisha começou a falar.


— Eu não gosto dos meus colegas. Eles são hipócritas e cegos. Nenhum deles se daria bem comigo. Não tem mente aberta para novas ideias, nem consegue disfarçar o egocentrismo. Um bom exemplo é aquele seu amigo, Joshua. — depois de falar isso, Trisha esperava que Lily defendesse o amigo. Já era comum. Mas não foi isso que aconteceu. Em vez disso, Lily pediu que ela continuasse a falar. — Eu estudo com vocês há um bom tempo. Desde a sexta série, se não me engano. Lembro que você, Joshua, Lucas e Nicholas eram muito amigos. Eu até conversava e ria com vocês de vez em quando, lembra? Pois é. Mas na oitava série, a Amy veio estudar com a gente. A partir daí, as coisas começaram a mudar.

— Está dizendo que a Amy estragou a nossa amizade?

— Precisamente. — Trisha ajeitou os óculos. — Desde que ela chegou, Joshua ficou cego de paixão. Você deve ter reparado que ele faz tudo o que ela quer. Lembro que no primeiro ano, até mais ou menos o mês de março, Joshua estava mais quieto que o normal. O que era isso? Ele sofrendo pela Amy.

— E o que tem de errado em sofrer por amor? — Lily perguntou, porém, não parecia querer uma resposta. Queria apenas a opinião de Trisha.

— “Amor”. — A garota fez aspas com os dedos. — Ah, por favor. Joshua e Amy são dois adolescentes em plena puberdade. Pelas ações dos dois, é claramente perceptível que o romance deles não tem futuro. Joshua faz tudo o que a Amy pede, e ainda agüenta as crises de ciúmes dela calado. Ele se afastou consideravelmente de todos, passando um tempo enorme com ela. Apesar de serem namorados, eles ainda são duas pessoas. Joshua ainda não percebeu, mas quando ver que ele parou de viver a vida dele para agradar a Amy, vai ser tarde demais. Eu sei que algumas pessoas já tentaram alertá-lo sobre isso. A vantagem de ser quieta é que ninguém nunca percebe a sua presença, e você acaba ouvindo coisas que não deveria ouvir.

— Então quer dizer que eles não se amam de verdade? — mais uma vez, Lily não parecia curiosa para ter uma resposta.

— Exato. — Trisha parecia cansada de falar. Provavelmente era a primeira vez em muito tempo que alguém a escutava. — Pelo menos, por parte da Amy. Se ela o amasse de verdade, não obrigaria ele a se afastar dos amigos.

— E por parte do Joshua?

— Bem... não. Ele não enxerga quem Amy realmente é, e ama essa Amy que ele acredita existir. Alguém que não é egoísta e egocêntrica. E é por isso que eu não tenho vontade de conversar com ele. Quando aos outros, eu não falo com eles por alguns motivos, mas principalmente porque eles não me entenderiam. — Trisha se levantou, indo até a porta — Bem, eu tenho mais o que fazer. Vou procurar um lugar mais confortável. — e saiu do chalé.

— O que você vai fazer? — Lily rapidamente foi para fora, seguindo-a — Tem a ver com as mensagens de texto que estava mandando?

— Por que quer saber? — Trisha estava indo em direção ao estacionamento. O motivo, Lily não sabia. Mas continuava a seguindo.

— Porque finalmente encontrei alguém que tem o mesmo ponto de vista que eu. — Lily pronunciou essas palavras calmamente. Trisha congelou onde estava sem falar nada.


***


Jenny esperou. Olhava no relógio a cada cinco minutos. Esperou até que os ônibus da excursão ao Winter Camp tivessem partido. Esperou mais, para garantir que eles já estivessem bem longe. E só então pôs seu plano em prática. Era a primeira vez que agia sem as ordens de Gabe. Já tinha questionado e ajudado a aperfeiçoar alguns planos de Gabe, mas agido sem ele, nunca. Tinha certo medo dele se decepcionar com ela, mas a sua preocupação era maior.


Gabe havia cuidadosamente entrado em um dos ônibus que levara os alunos ao Winter Camp, de modo que ninguém o reconheceria facilmente. Isso incluiu cabelos tingidos com spray, lentes de contato, roupas roubadas e um cadáver. Jenny já havia se acostumado com isso. Agora, era a vez de ela ir para o acampamento. Ela pensou em roubar um carro, mas não daria certo. O dono poderia ir até a polícia, e seria fácil rastrear a localização do carro roubado. Acabaria denunciando Gabe. Então, ela optou por cortar a garganta de algum motorista, empurrá-lo para o banco traseiro do carro, e dirigir até o Winter Camp.


Enquanto os alunos chegaram lá pelas dez da manhã, Jenny chegou por volta das onze. Deixou o carro encostado em um lugar onde não havia nem bolas de feno como testemunha, e seguiu o resto do caminho a pé. Quando viu o acampamento, entrou na floresta, percorrendo o resto do caminho por ali, para não ser vista. Ficou ali, não muito perto do acampamento, mas perto o suficiente apenas para ouvir alguns barulhos sutis vindos do Winter Camp. Certamente estava perfeito.


Acomodou-se no chão, com as costas apoiadas em uma árvore, e abriu a mochila que estava carregando. Ali havia uma boa quantidade de comida, alguns curativos, e, claro, armas.


***


Lily Collins se sentia triunfante. Trisha não era uma pessoa difícil de lidar. Bastava que a deixasse falar um pouco, e depois dizer que concorda. Sendo isso verdade ou não.


Nos últimos dias, quando não estava com os amigos, Lily estava investigando o caso de Gabe. Pesquisou profundamente sobre ele, hackeou alguns sistemas, seguiu algumas pessoas, e pensou. Pensou muito. Levou um bom tempo. Começou a pesquisar assim que Gabe cometeu seu primeiro assassinato. Lily tentava a todo custo achar o responsável por aquelas torturas. Acabando, não precisou descobrir. Um tempo depois, a mídia revelou a ficha completa de Gabe. Sentiu-se um pouco frustrada, mas continuou a pesquisar. Até que conseguiu localizar Gabe. Algumas vezes o seguia, assistindo de longe alguns crimes. Começou a escrever cartas para ele. Não escrevia nada muito importante. Apenas fazia questão de lembrá-lo que ela sabia o seu paradeiro, e que não o entregaria para a polícia. Lily não podia deixar de se sentir fascinada com o mundo de Gabe. Sentia-se extremamente bem em saber que havia um psicopata fazendo tudo o que ela sonhava em fazer.


Era evidente que Trisha tinha alguma ligação com Gabe. A conversa que tivera com ela confirmou isso. Lily havia lido o texto no Sociedade Cega, e logo ligou os fatos. Trisha Aundrey havia escrito aquilo. Agora era só esperar.


***


Gabe Hillen finalmente estava no Winter Camp. Era uma sensação incrível de sucesso. Tinha se rebaixado ao máximo e se disfarçado de motorista de ônibus para chegar ali. Ninguém suspeitou. Escondeu tudo o que precisaria no meio da bagagem dos alunos. Era fácil esconder alguma coisa ali. Até um cadáver passaria despercebido.


O ruivo carregou tudo o que trouxera para certo ponto da floresta. Não era muita coisa, mas dava certo trabalho.


Começaria a realizar o plano ainda nesta noite. Não havia chances de dar errado. Ali era um lugar afastado. Sem sinal de celular. A cidade mais próxima se encontrava a alguns bons quilômetros. A única desvantagem é que era um lugar completamente cercado de floresta, mas qualquer um que tentasse fugir, facilmente se perderia e morreria de fome, sede, por ingerir algum tipo de veneno em uma tentativa de se alimentar, loucura ou suicídio. Era perfeito. Livraria-se de um bando de jovens inúteis e perdidos, e ainda conseguiria se divertir um pouco.


Gabe tirou um pouco dos mantimentos que trouxera, e começou a comer. Ainda tinha algumas horas para gastar. Mais tarde daria um jeito de tirar o maldito spray colorido do cabelo. Se livraria do disfarce, e seria Gabe Hillen novamente. Tanto por fora quanto por dentro.


***


Um pouco depois do almoço, as atividades do Winter Camp começaram. Os professores reuniram os alunos em mesas que foram postas no enorme espaço do acampamento. É claro que não conseguiram um silêncio completo, mas pelo menos não era necessário gritar. Cada turma sentava-se em uma mesa. Algumas eram mais barulhentas, mas estava tudo acontecendo como os professores tinham previsto. Algumas aulas práticas aconteceriam ao longo da semana. Nada fora do normal.


Em uma das mesas, Lucas rabiscava no caderno, distraído. Nicholas estava dormindo. Lily prestava atenção na aula, assim como Trisha. Joshua tentava seguir o exemplo das duas, mas Amy insistia em conversar com ele. Em um momento, Lily a mandou calar a boca.


O tempo foi passando. No fim da aula, Lucas e Lily permaneceram na mesa, fazendo o resto dos exercícios. Porém, não estavam muito concentrados.


— O que ficou fazendo de manhã? — Lucas perguntou, em uma tentativa de puxar assunto.

— Nada demais. — respondeu Lily. — Fiquei falando com a Trisha. Ela é bem legal.

— Se você diz. — Lucas deu de ombros, parecendo não acreditar muito. — Sobre o que falaram?

— Sobre o assunto mais comentado do momento. — Lily começou a rabiscar qualquer coisa no caderno, apoiando o queixo na mão em punho, e o cotovelo na mesa. — Gabe Hillen. — Lucas pareceu subitamente interessado.

— O que falaram dele?

— Por que está interessado? — a garota ergueu uma sobrancelha. — Falando assim, parece que você ama esse cara.

— Bem... — a voz de Lucas vacilou um pouco. — Você sabe. É natural que eu queira saber algo sobre o homem mais bizarro da história.

— Ele não é o homem mais bizarro da história. — ela revirou os olhos — Vocês falam dele como se fosse o demônio.

— E não é? — Lucas perguntou, em tom irônico.

— Um gênio é sempre incompreendido em sua época. — Lily murmurou, em tom inaudível.


***


Quando começou a escurecer, os professores deram as atividades por encerradas. Todos jantaram, e se reuniram em vários cantos para conversar, namorar, e sabe-se lá o que adolescentes de 17 anos fazem. O barulho de conversas, músicas e risos dominava todo o acampamento. Os chalés estavam quase vazios, a não ser pela presença de pessoas mais reservadas, e casais aproveitando a maior privacidade.


Jenny tinha dormido durante a tarde. Sabia que a noite ia ser longa, e se preparou para ficar acordada. Estava com armas carregadas, munição extra guardada nos bolsos, e o psicológico preparado para o que estava por vir.


Gabe, inconsciente da presença da namorada, estava igualmente preparado. Armas brancas e armas de fogo estrategicamente prendidas pelo corpo, para garantir total liberdade de movimentos e segurança. E ainda havia uma corda atravessando seu corpo, pois com certeza iria precisar de algo assim.


Em suas costas, uma metralhadora aguardava o momento de ser usada para acabar com algumas vidas. Em sua mão direita, um machado consideravelmente grande e afiado seria usado como arma principal. Até perder o fio, era a lâmina desse machado que iria levar o terror às últimas horas de vida de todos os adolescentes que Gabe Hillen planejava matar.



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Notas finais do capítulo

Sem previsão para o capítulo 4.