Apparent Killer. escrita por SevenSeasTreasure


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Não é como se alguém lesse essa fanfic, mas, em todo caso, desculpem a demora.



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O sábado foi entediante. Nicholas tentou marcar algum programa para todos fazerem juntos, mas não deu certo. Todos estavam ocupados. Lily havia saído com Lucas para fazer algumas compras. Amy e Joshua tinham combinado de passar o dia juntos. Nicholas ficou enjoado só de pensar no romantismo que foi o dia deles.

No domingo a tarde, finalmente os cinco conseguiram se reunir. Sentaram-se em volta de uma mesa redonda de lanchonete, compraram porções de fritas e duas garrafas de Coca-Cola. Era o que alguns chamavam de pobreza. Esses adolescentes chamavam isso de felicidade.

Nicholas engolia algumas batatas fritas enquanto os amigos discutiam sobre um texto impresso que Amy trouxera. Não havia prestado muita atenção, mas Nick concluía que era sobre um blog que defendia um serial killer qualquer. Ouviu a palavra “psiquiatra” várias vezes.

— Por que estamos falando de mortes nauseantes na presença de uma bandeja de batata frita, mesmo? — perguntou Nicholas.

— Porque você está na mesma cidade que um serial killer, talvez. — Amy disse, em tom irônico.

— E por que eu deveria me preocupar com algo que a polícia deveria cuidar? Limito-me apenas a não andar sozinho de noite. Isso é pedir pra ser estuprado, assaltado e assassinado. — rebateu Nick. Amy apenas o ignorou.

— Então, como eu estava dizendo... — Lily começou a falar — Deveríamos ir para nossas respectivas casas arrumar nossas malas. Amanhã vamos viajar, não vamos?

— Fala sério. Você se preocupa em viajar, quando tem um assassino solto por aí? — perguntou Lucas, olhando para a pequena garota.

— Mas que diabos você quer que a gente faça?! — perguntou Lily, indignada — Quer que eu pegue uma metralhadora e saia por aí atirando em qualquer ruivo que aparecer?

— Vamos acalmar os ânimos, ok? — Joshua disse, com um tom de voz parecido com a de um pai dando uma ordem. — A Lily tem razão. Não podemos fazer nada.

— Então você não está preocupado com a possibilidade de Gabe Hillen atacar a sua família enquanto você se diverte no Winter Camp? — Lucas voltou a falar.

— É claro que ele se preocupa! — Lily exclamou um pouco impaciente — Mas ninguém aqui é da polícia, sabe. Nós vamos viajar por uma semana. Mesmo se nos preocuparmos, não vamos poder fazer absolutamente nada.

— Certo. — Nicholas suspirou, comendo a última batata frita — Vamos mudar de assunto? Não quero desperdiçar minha última tarde antes da viagem falando sobre um cara que eu nunca vi na vida.

— Mas o Lucas tá certo. — Amy falou com a voz baixa. — Não podemos simplesmente fingir que não há nada acontecendo. Além disso, a polícia já se mostrou pouco competente para enfrentar Gabe. Não precisamos pegar em armas e prender esse cara nós mesmos. Só precisamos tentar ajudar as pessoas a se protegerem...

— Isso não vai dar certo. — Joshua lamentou. — Eu quero muito fazer algo, também. Mas não tem como ajudarmos.

— Finalmente alguém que pensa como eu. — Lily ergueu as mãos brevemente, olhando para cima, e logo voltou ao normal. — Então, vamos arrumar as nossas malas? — a garota imediatamente sorriu, porém, apenas ouviu Amy, Lucas e Joshua dizerem “não” em uníssono.

— Que saco. — Nicholas encheu um copo de Coca-Cola. — Vocês não podem parar de discutir isso, não?

— É. Não podem? — Lily olhou para cada um dos amigos com uma expressão impaciente, enquanto batia a ponta dos dedos da mão esquerda na mesa.

— Tá ok, tá ok! Desisto! — Amy pegou o papel que continha o texto do Sociedade Cega, e o enfiou na bolsa. — Eu vou pra casa, ok? Já que vocês não estão de bom humor hoje, não tenho nada o que fazer aqui.

Amy se levantou, empurrando a cadeira para trás, e começou a andar apressadamente em direção à calçada. Joshua suspirou, e foi atrás dela.

— Eu, hein. TPM é coisa do diabo. — Nicholas apoiou o braço direito na mesa, e o queixo na mão.

— Nem me fale. Aliás, estou seriamente desconfiando que exista TPM masculina. — Lily disse, olhando para Lucas.

— Ah, vá se ferrar.

Lucas bufou, e também se levantou, indo na direção da sua casa. Lily e Nicholas se entreolharam e riram.

***

Joshua andava ao lado de Amy, que estava com uma cara emburrada. Não pôde deixar de sorrir. Os traços daquela garota eram delicados e perfeitos. Não eram tão frágeis quanto os de Lily, e não tão brutos quanto os das outras garotas. Seus cabelos castanho-claros caíam perfeitamente sobre os ombros, indo até metade dos seios ligeiramente maiores que a média. Joshua continuaria a olhá-la o dia todo, se Amy não o fitasse com certa irritação nos olhos.

— Por que está sorrindo? — perguntou a garota.

— Estou olhando para você. Não posso? — Joshua perguntou, com um sorriso torto no rosto.

— Não, não pode. Estou brava. — um leve bico se formou nos lábios de Amy, enquanto ela voltava a olhar para frente.

Joshua riu. Envolveu os ombros dela com um dos braços, andando paralelamente com a namorada. Amy, por sua vez, pôs o braço em volta da cintura dele, retribuindo o abraço.

— Não se preocupe com essas coisas, Amy. A cidade é muito grande. É provável que nós nunca encontremos com esse tal de Gabe Hillen.

— Espero que esteja certo.

Porém, Joshua não fazia ideia de como estava errado.

***

Jenny estava apoiada no parapeito da janela de seu apartamento. Pensava que teria mais graça se ficasse olhando para o céu a noite, onde poderia ver as estrelas, e a luz não irritaria tanto seus olhos, mas não ligava muito para isso. Olhava para a rua, como se esperasse alguém ansiosamente. E esperava, na verdade.

Gabe Hillen era praticamente seu noivo. Na verdade, eles eram noivos mais na imaginação de Jenny do que em qualquer lugar. Mas ela não se deixava enganar. Gostava de pensar que ela e Gabe tinham uma relação mais profunda do que realmente tinham, só por gostar da ideia de viver ao lado dele pelo resto da vida. Porém, sabia que era apenas uma ilusão.

Ser esposa de um serial killer estava fora de cogitação, mesmo com ela querendo que isso fosse real. Mesmo se Gabe a amasse tanto quanto Jenny o ama, não bastaria. Afinal, não é só porque um casal se ama que vão ficar juntos no fim. Isso depende de muitas coisas. Gabe era um criminoso. A partir do momento que ele deixou que a polícia e a mídia soubessem sua identidade, a vida dele acabou. Teria que se dedicar ao crime pelo resto da sua existência. Viveria ilegalmente para sempre. Quando sua vida finalmente acabasse, não teria uma família para chorar pela sua morte.

Porém, Jenny estava disposta a derramar lágrimas sobre o corpo de Gabe, se assim fosse. Era a mulher dele, afinal. Acreditava fielmente que nunca iria deixar de amar o seu homem, por mais errado que ele fosse. Se separar, seguir outro caminho, talvez. Mas esquecê-lo, jamais. Iria se esforçar para ajudá-lo até onde puder. Se ele precisasse fugir do país, fugiria com ele. Se ele precisasse de dinheiro, tentaria ajudá-lo, mesmo que precisasse se prostituir. Tinha um pouco de nojo da ideia de ter que se deitar com outro homem além de Gabe, mas a necessidade falaria mais alto. Tinha plena consciência que Gabe não era só dela. Ele não se deitava com prostitutas, porém, estuprava garotas dez, vinte anos mais novas que ele. Ficava um pouco triste com isso, mas Jenny suportava. Tinha consciência de que Gabe só a usava. Mas estava disposta a ser usada. Se preciso fosse, daria a sua vida pelo homem que ama. Se rebaixaria até o último nível, mas nunca o abandonaria.

Por Deus, ela se sentia uma adolescente sonhando depois de assistir um filme de romance água-com-açúcar. Mas assim que ela era. Uma vadia, aos olhos de todos. Uma serva aos olhos de Gabe. Uma vergonha para o sexo feminino, aos olhos das várias feministas do mundo. Porém, mesmo sendo apenas um objeto conveniente para o homem que amava, ela estava feliz, simplesmente por poder satisfazê-lo.

Perdida em seus pensamentos, Jenny não notou a presença de outra pessoa no seu quarto, até sentir mãos a abraçarem por trás. Sorriu ao reconhecer o abraço de Gabe. Respirou fundo, permitindo que o doce cheiro dele penetrasse suas narinas. Ficou de pé, sentindo o corpo dele contra o seu. Realmente, ela era feliz, e suportava tudo, apenas por esses momentos com ele.

— Não vi você entrar... — sussurrou ela, segurando delicadamente as mãos do ruivo.

— Você estava distraída. — Gabe passou os lábios pelo pescoço de Jenny, dando leves mordidas, que causavam arrepios na pele da mulher. — Pensando em mim?

— Mais do que você imagina. — Jenny soltou uma risada baixa. — Como foi? Você realmente vai atormentar a vida daquela sua filha?

— Não fale assim. Parece que está com ciúmes. — o ruivo a virou delicadamente, ficando de frente para ela. Seus olhos verdes examinaram atentamente o seu rosto, enquanto a abraçava pela cintura.

— Não estou. — era claramente mentira. Claro que era.

Gabe havia contado para Jenny algo que fizera 15 anos atrás. Em uma noite, ele havia invadido a casa da sua ex-namorada, e a fizera de refém. Foi a primeira vez que estuprara alguém. E, como bônus, ganhara uma filha.

— Não precisa mentir. Mas saiba que eu ainda estou decidindo se vou deixá-la viva ou não, depois de contar algumas coisas a ela e àqueles amigos dela.

— Que pai atencioso. — Jenny disse ironicamente. — Aposto que vai poupá-la pelo simples fato de que ela é sua filha.

— Eu não sou assim tão mole, meu amor. Pode deixar, vou fazer o que for melhor. — o ruivo beijou levemente os lábios dela, num gesto inesperadamente delicado. — Não quero mais falar sobre isso.

Jenny sorriu.

Segunda feira, 7h da manhã.

O céu estava cinzento, combinando com o clima frio. Lucas e Nicholas estavam lado a lado, na frente da escola, cada um com uma mochila nas costas. Estavam no meio de várias turmas do ensino médio, mas, da classe deles, só os dois já haviam chegado.

Lucas ainda estava um pouco transtornado por causa do dia anterior. Um texto defensor de assassinos e uma pseudo-discussão com seus amigos o deixara um pouco abalado. Havia refletido um pouco na noite passada, e, neste momento, procurava um jeito de se desculpar com Nicholas.

Por sua vez, Nick parecia completamente calmo, como se não tivesse acontecido nada demais. Tentava, com muito esforço, ficar acordado. A única coisa que não o impedia de dormir de vez, era porque não estava apoiado em lugar nenhum. Porém, Lucas desconfiava que Nicholas capotaria no chão e começaria a dormir ali mesmo a qualquer momento.

Nada colaborava para o humor de Lucas. Algumas meninas cochichavam indiscretamente entre si, falando sobre a aparência do garoto. Trocavam risinhos irritantes, conversando sobre coisas banais. Certa vez, uma menina perguntou a ele se podia apalpar o volume da sua calça.

Outra coisa que o estava deixando perturbado era o texto daquele blog que Amy havia apresentado no dia anterior. Lucas não conseguia pensar direito. Sabia sim que matar era algo horrível, que nada justifica tirar a vida de uma pessoa... e, ontem, lutou para expor essa opinião. Porém, a verdade era que Lucas achava serial killers um tanto quanto interessantes. Uma das suas opções para faculdades era psicologia. Ele morria de curiosidade em saber como a cabeça de assassinos seriais funcionava. Sempre tentou entender como psicopatas tinham tanto sangue frio para realizar tantos crimes. Achava, sim, que matar era errado, mas não podia deixar de se sentir fascinado. Principalmente quando se tratava de Gabe Hillen.

Lucas estava perdido pelos seus pensamentos, quando sentiu Nicholas cutucar seu braço. Rapidamente, o garoto saiu do transe.

— Ei, Lucas. — Nick começou a falar — Está bravo comigo?

— Não. — ele respondeu rapidamente — Não estou. Sabe, eu deveria pedir desculp...

— Ah, cale a boca. — Nicholas sorriu — Não precisa se preocupar com isso. Eu entendo você e tal. Não quero perder esta maravilhosa manhã ouvindo seus discursos sobre perdão.

Lucas se sentiu aliviado.

Alguns minutos depois, todos os alunos que iriam para o Winter Camp chegaram. Joshua chegou junto com Amy, ajudando-a a carregar as malas da garota. Lily chegou logo depois, na companhia de Trisha Aundrey. A pequena estava claramente desconfortável ao ser acompanhada por uma garota como Trisha. Porém, não houve nenhum imprevisto. Os ônibus da excursão chegaram, e todas as turmas embarcaram e partiram em direção ao Winter Camp, o lugar onde passariam os próximos dias. Alguns estavam completamente animados com a oportunidade de passar dias na companhia de seus colegas de classe, sem os pais para vigiá-los. Outros estavam terrivelmente desanimados. Mas tudo correu bem.

Exceto pela indesejada companhia de Gabe Hillen, algo que nenhum dos alunos estava ciente. Ainda.


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