ISABELLA

Isabella e Tami chegaram à London Metropolitan University praticamente atrasadas. Ficaram tão empolgadas com o café e a conversa na Starbucks que se esqueceram de sair alguns bons minutos antes do horário de aula devido ao transito congestionado do centro da grande cidade. E não adiantava os milhares de xingamentos todas as vezes que o carro delas parava em algum sinal vermelho, e por mais que as garotas cursassem o segundo ano da faculdade de cinema, elas não estavam estrelando algum novo Transformers para que o Citröen de Isabella criasse asas e voasse até a universidade.

E depois de longos minutos, Isabella estacionou seu carro preto na primeira vaga disponível que encontrou e junto com Tami correu prédio à dentro. Sem se importarem com as outras pessoas as olhando torto, elas simplesmente não poderiam chegar atrasadas na aula do Sr. Heath. E entraram na sala num rompante, chamando a atenção de todos os outros alunos que já estavam lá dentro. Eles as olharam com curiosidade, mas logo depois voltaram a se dispersar. As amigas entreolharam-se rindo e pegaram lugares quase no fundo da sala. Menos de sessenta segundos depois o professor Heath entrou na sala com um animado “bom dia”.

E o homem de meia idade, mas com um ar jovial, disposição e cabelos invejáveis, desatou a falar sobre a sétima arte que era o cinema e que finalmente, após muita embromação com as matérias introdutórias do novo semestre, disse que eles começariam a estudar mais especificamente a produção de roteiros e algumas noções de direção também.

Os olhos verdes cinzentos de Isabella pareciam brilhar mais a cada frase concluída pelo professor. Ela era completamente apaixonada por cinema, a cada dia tinha mais convicção disso. Se assistir a um filme bom e era uma sensação incrível, estar por trás das câmeras produzindo-o da melhor maneira, construindo-o era mais maravilhoso ainda. Isabella tinha certeza de que escolher cinema à moda fora a melhor decisão já tomada por ela.

– E para iniciarmos nossos estudos sobre roteiro, quero fazer uma brincadeira com vocês antes de qualquer coisa! – concluiu o Sr. Heath. – bom, vocês sabem que adaptações de livros para as telas do cinemas estão bem comuns – Heath começou arrancando alguns murmúrios – mas calma! Vocês não vão adaptar nada agora! – ele riu e continuou – É algo bem menor, mas que não significa que é menos importante: os videoclipes! Vamos supor que somos contratados por um produtor musical para escrevermos um roteiro para o videoclipe, porque sim, os clipes contam uma história, e alguém tem que escrevê-la! E de onde sai a inspiração para fazê-lo?

– Da música – a turma respondeu em coro.

– Sim! Vocês estão indo bem! – o professor riu e começou a falar em tom de mistério – Agora vamos à nossa pequena brincadeira: vou entregar a cada um de vocês uma cópia de uma letra de uma música e vocês terão que fazer o esboço de um roteiro. Deixe que a música leve vocês para longe, imaginem, sejam criativos, abram a mente e escrevam algo. Quais seriam as primeiras cenas perfeitas para aquela música? Se perguntem isso e depois do primeiro passo as ideias fluem! – o Sr. Heath terminou com a voz motivadora e andava encenando enquanto falava.

Ele era um bom ator, fazia todas as expressões direitinhas – transparecendo toda a paixão com a qual os alunos deveriam botar pra fora ao escrever o esboço. Ele pegou uma pilha de folhas e começou a distribuir pela sala, ainda falando sobre como eles deveriam agir: escrever um trailer com a ideia geral, e depois pensando nas cenas e em como elas se encaixariam.

– Ah, eu to adorando isso! – Isabella sussurrou para Tami ao seu lado com um sorriso largo.

– Amiga, eu também! Mas será que essa era a surpresa que ele tinha na aula passada ou será que esqueceu? – Tami perguntou pensativa.

– Eu não me importo com isso agora, vai ser perfeito fazer um roteiro, venho esperando essa matéria há algum tempo, e eu mal vejo a hora de começarmos o laboratório!

– Vai ser maravilhoso entrar na parte prática mesmo! Já pensou nós começarmos a trabalhar –

– Logo você vai descobrir essa sensação, Srta Andrews! – o Sr. Heath a interrompeu com um sorriso simpático e a entregou uma folha de papel.

Ele dirigiu o mesmo sorriso a Isabella e também a entregou uma folha de papel com a letra da música. Ela tentou devolveu um sorriso grato ao professor antes que ele continuasse sua caminhada pela turma.

Isabella observou o papel, e menos de dois segundos a moça reconheceu a música e riu baixo. Tami a olhou imediatamente balançando a cabeça negativamente com um ligeiro sorriso nos lábios, ela sabia por que Isabella estava sorrindo. A música era muito conhecida. Mas logo o sorriso dela se desfez, ela entendeu a intenção do professor. Por ser muito conhecida, tornaria aquilo um pouquinho mais complicado pegar as ideias mais diferentes, imaginar algo novo. Mas aquilo não era problema para Isabella, criatividade era o seu forte.

Isabella começou a reler a letra de “I’ll be waiting” e ouvir a voz de Adele dentro de sua cabeça. Abriu o caderno em uma folha limpa, uma caneta e se pôs a escrever suas primeiras ideias.

HARRY

Antes mesmo que a porta do elevador se abrisse, podia-se ouvir o barulho dos garotos. Niall contava alguma piada para Harry e Louis, e eles riam como crianças com doces, despreocupados com o que quer que fosse. Mal sabiam que lá dentro da sala de reunião da gravadora havia um diretor, empresário e alguns produtores já sem muita paciência. Mas não tardaram a descobrir.

– O que vocês estavam fazendo? – O produtor deles Mike Clegg perguntou repreensivamente.

– A resposta tá na cara inchada do Harry! – Zayn soltou sem pensar com um riso curto.

– Muito obrigado, Zayn. Bom dia pra você também. – Harry respondeu irônico.

– Ok, acho que agora a gente já pode começar a trabalhar, né? – Liam interrompeu já um pouco entediado com aquilo.

– Vocês deveriam ser um pouquinho mais sensatos como o Liam, sabiam? – Mike falou ainda um pouco irritado.

Zayn olhou torto para Liam, se perguntando por que também não havia sido incluído como sensato e Liam devolveu uma cutucada como resposta. Os dois riram enquanto Harry, Niall e Louis se aproximaram e logo trataram de pedir espaço no sofá. E ficaram os cinco sentados não tão confortáveis naquele grande sofá, de frente para o resto da equipe que estava em poltronas e outros sofás menores que haviam naquela sala naturalmente informal.

– Como já foi decido antes, galera, Stole My Heart está arrebentando as paradas como single, então agora vamos trabalhar no videoclipe. O John já tem algumas ideias ótimas aqui sobre como deveria ser, então vamos aperfeiçoá-las! – Mike falou apontando para o diretor John com um sorriso animado, sem qualquer resquício de que estivera irritado. – Ele vai contar pra vocês agora, isso vai ser muito bom!

John abriu um laptop e começou a falar sobre suas ideias para locais onde deveria ser filmados, como seria o ambiente de acordo com a música, e logo mais ideias foram pipocando dos meninos e do resto da equipe de produção. Tudo ficou bem animado, nenhuma oportunidade de fazer alguma piadinha com alguma coisa passava batido, eles se punham a falar sobre como não queriam que o clipe ficasse como milhares que já existem, que queriam tudo bem diferente, bem do jeito deles.

Harry era um dos que mais falavam, ele tinha umas ideias realmente loucas e algumas aproveitáveis. A única coisa que havia certeza é que teriam que filmar bastante à noite, afinal a música fala sobre um coração roubado sob as luzes da noite. Ele já imaginava como aquilo seria divertido, ele gostava de estar na frente das câmeras com os outros garotos, imaginava até que tinha jeito como ator. Mas ele não pensava muito naquilo, sua paixão era cantar.

E ele estava tão empolgado com a conversa que nem percebeu o tempo passar, ele passou algum tempo roubando o saco de chips batatas que Niall comia. Até que já era meio-dia e John e a equipe de produção de Mike tiveram que ir para seus respectivos almoços.

– Que tal nós irmos ao Nando’s? – Niall sugeriu empolgado.

– De novo, Nialler? Eu já to ficando enjoado de ir lá – Liam reclamou para implicar.

– A gente acabou de voltar de férias, acho que não vai ser uma boa ideia ficar andando por aí agora que tá todo mundo morrendo de saudade da gente! – Zayn disse todo convencido.

– Até parece que tá todo mundo louco de vontade de te agarrar, Zayn! Você já tá passando do ponto, cuidado pra Perrie não te querer mais – Louis disse passando a mão na barriga de Zayn que se afastou dando um tapa em Lou no mesmo segundo.

– Olha aqui Luigi, isso se chama gostosura, eu hein, não sei como a Eleanor aguenta tantos ossos! – Zayn replicou se fingindo de ofendido e rindo da cara de Louis.

– Essa foi boa, Za! – Harry se aproximou para um high five com Zayn.

– COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE ME TRAIR DESSA MANEIRA, HARRY EDWARD? – Louis gritou indignado, seguindo os garotos em direção ao estacionamento.

– Isso é pra ver se você aprende a me acordar de uma maneira mais sutil que um terremoto!

– Afinal pra onde a gente vai agora? Eu quero comer! – Niall bradou.

– Pro meu apartamento! Acho que a geladeira tá recheada, qualquer coisa a gente pede de algum restaurante. – Liam respondeu.

– Amo a sensatez do Liam... Bora ser como ele galera! – Zayn fez o mesmo tom de voz do empresário deles e aí começou a seção de vamos-zoar-com-o-Liam com direito a todas as imitações possíveis, e consequentemente gargalhadas e tapas.

Eles se dividiram em dois carros. Louis e Niall foram com Harry, e Liam foi com Zayn. Porém eles escolheram o pior caminho para voltar pra casa, esqueceram que era horário do almoço e as ruas do centro estavam com o transito lento demais para quem estava morrendo de fome. Ah, e ainda haviam os semáforos, que como para aumentar o sofrimento dos garotos fazia questão de ficar vermelho toda vez que os carros dos garotos se aproximavam.

Harry estava entediadamente parado num sinal vermelho quando reparou no carro que estava do seu lado direito. Era de um Citröen preto de um modelo de uns dois anos atrás, ele reconheceu o carro, já tivera um parecido quando ainda não era famoso, e ele amava e conhecia muito os carros. E através do vidro escuro do seu Audi ele viu que uma garota dirigia com os vidros abertos e com outra menina no banco do carona.

Ela virou o rosto para falar com a amiga e ele pode ver o rosto dela bem direitinho, os cabelos castanhos emoldurando o rosto fino e de pele clara da garota, ela era bonita. E por um segundo ele imaginou que ela também estava o vendo, mas era impossível alguém conseguir ver alguma coisa pelo lado de fora com aqueles vidros peliculados completamente escuros do carro de Harry.

Ele ficou a observando falando e sorrindo para amiga até que uma buzina alta soou e Niall berrou do lado. Ele acelerou o carro e seguiu no cruzamento enquanto a garota dobrou a esquina, mas Harry não olhou, ele estava prestando atenção na história que Louis contava das suas férias recentes, uma surpresa que Eleanor e sua mãe Johannah haviam preparado.

Mas na mente dele o sorriso dela pairava como flashes.