ISABELLA

“You're insecure, don't know what for

You're turning heads when you walk throught the door

Don't need make up, to cover up

Being the way that you are is enough"

A música continuava com seu ritmo animado, mas nada de Isabella acordar de seu sono profundo. Até que ela mexeu o braço procurando pelo celular que estava em cima do criado-mudo ao lado da cama; e sem abrir os olhos, ela cantarolou o trecho que tocava e desligou o despertador, voltando a afundar o rosto no travesseiro. Ela precisava daquele ritual para se levantar da cama.

Segundos depois Isabella abriu os olhos lentamente, com um sorriso leve no rosto e suspirando. Acordar com a voz dos seus meninos a deixava de bom humor quase sempre e era um ótimo remédio contra qualquer coisa ruim que pudesse estragar o seu dia. Ela sentou na cama, observando as paredes recém-pintadas de verde do seu quarto – em seu novo apartamento que fora completamente decorado, era seu segundo apartamento ali em Londres, ela não teve muito tempo para arrumá-lo como deveria.

Praticamente todos os dias de Isabella em Londres eram corridos, um revezamento entre faculdade, agência de moda e um emprego de fim de semana como garçonete numa pizzaria do shopping. Aquilo consumia a moça de 19 anos, mas ela estava contente por conseguir aquilo, gostava de estar ocupada; porque pelo menos assim Isabella não tinha muito tempo para ficar triste de saudades de casa, mas às vezes era inevitável não soltar algumas lágrimas e passar horas da madrugada no telefone conversando com a mãe no Brasil.

Ela se levantou da cama num pulo e se pôs a fazer sua higiene matinal e colocou uma roupa bonita para encarar o dia – um vestido branco estampado leve com um casaco azul turquesa, sapatilhas macias – soltou o longo cabelo ondulado castanho claro e passou uma maquiagem para disfarçar algum resquício de olheiras, pegou a bolsa e saiu para tomar café na Starbucks que havia no caminho da faculdade.

Isabella estava em sua mesa, sentada esperando seu pedido quando uma garota de cabelo negros e pele clara chegou sorridente sentando-se à sua frente e segurando a bolsa em cima do colo. Aquela era Tami, sua amiga da faculdade que também morava ali perto e de vez em quando tomava acompanhava Isabella em seu café.

– Animada pra hoje? – Tami perguntou com um sorriso largo.

– Tem alguma coisa em especial pra animação de hoje? – Isabella devolveu uma pergunta com as sobrancelhas franzidas e um quase sorriso.

– Não lembra? Hoje o Sr. Heath disse que teria uma surpresa para a classe! – ela olhou para Isabella com os olhos arregalados de incredulidade.

– Ah, sim, isso. Será que vai ler algo legal mesmo? – Isabella perguntou pensativa.

– Você acha que o nosso melhor professor iria nos dar falsas esperanças?

– Não, provavelmente não. Ele não iria querer queimar o filme dele com a gente! – Isabella respondeu rindo da própria piada. Cinema, queimar filme... ela riu com vontade.

Tami riu, mas não foi da piada, foi da falta de criatividade e da insistência da amiga em ficar fazendo esses trocadilhos toscos. Era engraçado que por mais que ninguém entendesse as piadas internas de Isabella, ela conseguia contagiar as pessoas com sua risada curta. Tami balançou a cabeça negativamente ainda sorrindo e foi pedir seu café para acompanhar a amiga. Em seguida seria uma longa manhã na faculdade que valeria mais a pena depois que elas descobrissem a surpresa do Sr. Heath para a turma.

HARRY

Ele acordou com batidas fortes na porta de seu quarto.

– Harry, se você não levantar agora dessa cama eu vou arrombar essa porta! Eu não to brincando! – Harry ouvia Louis gritando lá do lado de fora.

O garoto de cabelos cacheados rolou na cama à procura do seu controle da porta. Sem mal abrir os olhos, Harry pegou o pequeno controle que estava na cabeceira da cama e apertou no pequeno botão central. Ele era eternamente grato a quem houvesse criado controles para abrir portas, aquilo evitava muitas tragédias como essa que Louis causaria.

A porta abriu num clique e Louis entrou como um furacão se jogando em cima de Harry para acordá-lo. Mas ele só fez se enrolar mais no lençol. E Louis começou a pular, gritar e puxar os lençóis sem se importar se o amigo estava pelado ou não.

Harry estava quase se arrependendo por ter deixado que Louis ficasse com uma cópia da chave de seu apartamento.

– Vamos, cara! Levanta, a gente tem que ir daqui a pouco pra nossa reunião com a equipe de produção do clipe! – Louis falava alto com a voz mais convincente que sabia fazer.

Mas Harry teimava em ficar com os olhos fechados e só soltava um gemido baixo.

– HAROLD! EU JÁ DISSE PRA ACORDAR, SEU FILHO DA MÃE! – Louis gritou com raiva.

E Harry puxou o lençol cobrindo todo o rosto, e em seguida o baixou deixando abaixo dos olhos, abrindo-os lentamente. Fez uma carinha de cachorro sem dono para Louis, e dava piscadas demoradas, como se fosse voltar a dormir novamente. Louis o encarava friamente, mas por dentro ele queria rir.

– Vem cá, dorme aqui comigo, amor. – Harry disse com aquela voz rouca de sono levando o braço na direção de Louis, e abrindo um sorriso curto sem mostrar os dentes.

– Eu até deitaria, mas na minha cama, SE A GENTE NÃO TIVESSE QUE SAIR DAQUI A ALGUNS MINUTOS, entendeu?  - Louis falou pausadamente como se que fosse ajudar o cérebro de Harry absorver e interpretar melhor a informação.

– Mas ainda é cedo demais, praticamente de madrugada, cara... – Harry bocejou e piscou com força – e ninguém nunca chega na hora marcada mesmo. – ele sacudiu a cabeça.

– Você é quem nunca chega na hora. E dessa vez eu também – Louis disse dando de ombros. – você não tem jeito mesmo, seu desgraçado! – ele não conseguiu segurar o riso enquanto Harry dava mais um sorriso cínico. – Mas bora, sai dessa cama logo e vai pro banheiro. A gente tem que sair daqui em no mínimo dez minutos, se não o Liam vai cortar as nossas cabeças. As duas.

Harry soltou uma gargalhada ao imaginar a cena com sua mente poluída. Louis também o acompanhou na risada enquanto saia do quarto.

– Não quer tomar banho comigo, Lou? – Harry perguntou sentando-se na cama.

– Você não presta mesmo, moleque! – ele soltou uma risada e saiu do quarto batendo a porta.

Harry riu sozinho, olhou para o teto branco do quarto, suspirando. Não estava com nenhum pingo de vontade de sair de casa naquele dia, a cama estava tão quente e macia, estava tão perfeita para continuar dormindo. Mas ele não podia sequer pensar na possibilidade de faltar àquela reunião com a equipe de produção dos videoclipes. O garoto já podia ouvir as primeiras broncas vindas do Liam sobre como ele deveria ser um pouquinho mais responsável com os assuntos da banda.

Ainda mais que era a primeira reunião a respeito da produção do videoclipe de “Stole My Heart”, todos teriam que estar presentes, teriam que tomar as decisões sobre cenário, coreografia, e mais detalhes que o diretor deles fazia questão de ouvir a opinião deles sobre tudo, para que ficasse bem natural, bem a cara da banda. E todos os garotos concordavam que deveria sempre ser assim.

– Harry, Niall acabou de me mandar uma mensagem, ele vai passar aqui para irmos juntos! Vá logo tomar banho! – Louis gritou de algum lugar para que Harry pudesse ouvi-lo.

Harry se arrastou da cama para o banheiro, indo afogar a preguiça.