Pretending escrita por yris
Notas iniciais do capítulo
Hey, um cap bem bestinha pra vocês ♥
HARRY
– Se você tirar as roupas da mala mais uma vez eu desisto de te ajudar! – Isabella gritou sorrindo.
– Eu não tenho culpa se você só sabe escolher roupas erradas! – Harry respondeu tentando conter uma gargalhada.
Ele estava adorando irritar Isabella. Ela havia tirado as roupas dele do closet e inocentemente começou a dobrá-las para colocar na mala, e toda vez que colocava alguma peça dentro da mala, Harry a tirava só pra brincar com Isabella.
Harry havia a buscado na casa dela pouco antes da hora do almoço, só para poder aproveitar o resto do dia com a garota. E agora que já era noite, estava na hora de arrumar a mala. E agora eles estavam em um ninho com as roupas do Harry todas espalhadas pela cama dele.
– Desisto dessa mala. – Ela disse jogando uma camiseta na cara dele.
– Mais cedo você disse que brasileiros não desistiam nunca. – Harry respondeu rindo.
– Talvez isso só funcione com os brasileiros no Brasil. – Ela meio que suspirou e riu ao mesmo tempo.
– Acho que você não é brasileira, tem alguma coisa errada aí...
– Só por que eu não sei sambar? – Ela perguntou na defensiva.
– E também não entende de futebol.
– Já entendi, ok? Olha, você pode aproveitar essa mala e comprar uma passagem só de ida pro Rio, sabia? – Isabella falava irritada – Aí você aproveita que as escolas de samba devem estar se preparando pro carnaval do ano que vem e desfila na Sapucaí. Aposto que milhares de passistas vão querer te ensinar alguma coisa!
– Rio é onde tem aquela coisa de braços abertos?
– O nome daquela coisa de braços abertos é Cristo Redentor! – Isabella explicou tentando imitá-lo.
Harry estava se divertindo enquanto ela falava e atirava as roupas nele. Era tão bonitinho ver que ela estava com ciúmes dele, ver como ela olhava pra ele querendo sorrir, querendo provocá-lo.
– Okay. Eu não disse que queria alguém que sambasse e entendesse de futebol! – ele se explicou ainda rindo. – Só disse que você nesse aspecto não é como uma brasileira.
– E em que aspecto eu pareço uma brasileira? – ela o incitou.
Harry nem precisou responder, bastou lançar um olhar furtivo sobre o corpo dela. Então ele fechou os olhos e sentiu um dos seus casacos atingindo seu rosto em cheio.
– Você é muito fofa com vergonha. – Harry disse sorrindo e afastando o casaco. E ela ficou com mais vergonha ainda.
– É melhor você parar com a bagunça e arrumar essa mala logo.
– Eu não quero ir.
– Mas você tem que ir, esqueceu?
– Bem que eu queria.
– É por pouco tempo.
– E se você me trocar por alguém não tão irritante quanto eu?
– Acho mais provável o contrário, sabe... quase noventa e nove por cento de chance.
– Não, não é em todo lugar que eu encontro uma brasileira não tão brasileira.
– E em todo lugar eu encontro pessoas que pensam que Brasil se resume em futebol e samba.
– Me desculpe, lady, não queria ofender.
– Não fiquei ofendida! Já estou acostumada com isso, sério, gosto de fazer piadas com isso.
– Não parece.
– Okay, vamos parar com isso. Quer dizer, vou sentir falta disso.
– Do quê?
– De ouvir você falando besteira com essa voz arrastada. – ela riu.
– Também vou sentir falta disso.
– Do quê? – ela perguntou.
– De ouvir você dizendo que eu sou um idiota com esse sotaque não tão britânico. – ele disse e Isabella riu.
– Vou morrer de saudade. – a garota disse em português e ele não entendeu.
– O que você disse?
– Seria algo como “vou morrer de sentir sua falta”.
– Pode repetir em português? – ele pediu e ela o fez. – Dá pra repetir um pouco mais devagar?
Isabella falou cada palavra pausadamente. Harry achou tão bonito como ela falava aquilo com tanta sinceridade. E achava tão lindo como o verde cinzento dos olhos dela cintilava para ele.
– Entendeu? Sabe, saudade é uma palavra que não existe no inglês, e estranhamente é uma das que eu mais gosto. – Isabella contou.
– Saudade? – Harry repetiu num sotaque britânico.
– Isso, saudade. Porque tipo, você pode dizer que sente falta de algo, mas não precisa especificamente dizer o que é.
Harry se ajeitou mais no meio da cama e indicou para que Isabella saísse da beira da cama e viesse se deitar ao lado dele. Ela foi tentando não derrubar nenhum montinho de roupas dobradas que havia ali em cima. Harry fez com que ela ficasse deitada encolhidinha à frente dele, quase podendo sentir a respiração dela constante.
– Me explica mais sobre isso que você quer dizer. – Ele pediu.
– É um pouco confuso mesmo. Saudade é um dos sentimentos que me acompanham devido estar longe da minha família, mas ao mesmo tempo encaro como algo bom; pelo menos significa que eu me importo e amo cada um deles. Eu não quero dar uma aula de português, mas saudade é uma palavra simples, mas com um significado imenso. É muito mais fácil do que dizer “estou sentindo falta”. É mais fácil dizer “saudade” quando você está sentindo um aperto no coração, quando você está realmente sentindo falta... – ela riu ligeiramente – acabei não dizendo nada, não é?
– Pelo contrário, eu entendi. E gostei também de como você colocou isso. – Harry respondeu observando cada detalhe do rosto dela.
E encostou seus dedos levemente, sentindo a pele macia do rosto de Isabella; que fechou os olhos sob o toque dele. Tão delicada, com uma serenidade decidida, com um sorriso travesso no rosto. Harry se perguntou por que tinha levado tanto tempo para encontrá-la...
– Não vai dormir. – ele sussurrou.
– Não cometeria essa loucura agora. – ela respondeu no mesmo tom, e colocou as mãos encostadas ao peito dele.
– Sabe, hoje de manhã, o Marco me ligou pra falar da viagem... – Harry começou.
– Quem é Marco?
– Não sei se você já percebeu, mas ele sempre está com a banda, ele é um dos nossos, ahm, agentes... Pois é, ele me disse novamente que deveria estar pronto amanhã cedo. Até que ele falou sobre nós. – Harry disse cuidadosamente e percebeu uma leve alteração no rosto de Isabella.
– O que ele disse?
– Ele me perguntou o que eu tinha com você... me contou sobre as fofocas e as nossas fotos na internet. E olha, eu não me importo com fofocas, eu não devo satisfações da minha vida pessoal... e você?
– Eu já sabia que isso iria acontecer em algum momento. Eu sei quem você é. E o que você respondeu pra ele?
– Disse que você era a garota mais incrível que eu já conheci, que você era especial. – Ele disse pegando nas mãos dela. Harry percebeu que os olhos dela se enchiam de lágrimas. – Não chora, por favor.
– Eu sou uma idiota sentimental, não sei se vou conseguir não chorar com você falando essas coisas de mim.
Harry não gostou de como Isabella se referiu a si mesma como se ela fosse algo desimportante.
– Mas isso é verdade. Você é incrível, e quero que você saiba disso. Você é diferente das outras, você me trata como um cara normal, não se importa com as besteiras que falo, e você traz algo tão bom pra mim... – Harry continuou encarando-a.
– Ah – Isabella sibilou e as lágrimas caíram no travesseiro dele. – Harry...
– O que foi?
– Como você consegue dizer isso assim?
– É o que eu sinto, e você merece saber as coisas que você merece saber o que você causa em mim.
– Eu me sinto uma idiota só de pensar o que penso sobre você, que acho precisaria reunir toda coragem do mundo pra dizer tão abertamente. – ela riu envergonhada.
– Agora fiquei curioso. O que você pensa de mim?
– Não tenho coragem. Você também vai me achar uma idiota.
– Não vou não. – Ele disse encostando um dedo no nariz dela, sem soltar a outra mão.
– Acho mais fácil escrever e te dar uma carta, mas seria pior.
– Diz logo, vai. – Harry suplicou.
– Pode ser em português? Assim você não entende. – ela disse sorrindo.
– Não, em inglês, agora. Por mim, vai... vou passar muito tempo longe.
– Chantagem emocional barata. Mas funciona – ela riu – Resumidade, eu sinto como se te conhecesse há muitos anos. Pode parecer meio estranho, mas é verdade. Tipo, quando eu não te conhecia de verdade, eu costumava te contar tudo.
– Como assim?
– Eu costumava olhar pra alguma foto sua no meu celular e simplesmente começava a falar sozinha. Me sentia bem melhor depois, mesmo que a sua foto não falasse nada. – Isabella riu novamente com vergonha – Porque mesmo sem estar perto, eu confiava em você. Eu acho que por mais que você não seja você, tenha milhões de pessoas que te amam, você não esqueceu o que realmente importa.
– Ser feliz?
– Sim. E eu sei que você errou, acertou, mas a maioria das pessoas só sabe julgar sem conhecer. Mas o que eu sinto é tão diferente, que apesar dos pesares, eu não conseguia ficar com raiva de você, porque toda vez que eu via o seu rosto em algum lugar eu automaticamente sorria. E até hoje é assim.
Isabella se virou de bruços cobrindo o rosto. Mas Harry não iria deixar que ela parasse de falar tão facilmente, ele estava amando ouvi-la falar, transmitia tanta paz, fazia-o sentir mais que especial. Harry nunca tinha ouvido alguém falar sobre ele com tanto carinho, geralmente só sua mãe fazia isso com naturalidade.
– Isabella...
– Aqui. – Ela respondeu virando o rosto milimetricamente para olhá-lo.
– Eu gosto de ouvir você falar...
– Eu prefiro você falando, mas já que você insiste... Sabia que é difícil dizer o que sente? Quando ia ao médico, quem dizia tudo por mim era a minha mãe – Isabella riu e voltou a se deitar de frente para ele. – Mas já que isso não é uma doença, ou pelo menos ainda não chegamos na época da deliria nervosa – ela sorriu.
– Delíria nervosa?
– Você não vai entender... é de um romance distópico. O livro é muito legal, me fez pensar muito sobre toda essa coisa de amor, mas esse não é o ponto agora. Enfim, pode parecer um pouco idiota, mas eu não ainda não acredito que você goste de estar comigo... parece tudo como um sonho infinito que pode acabar a qualquer momento.
– O infinito não acaba.
– Eu sei, mas você entendeu o que eu quis dizer! O ponto é que eu não sei se eu mereço isso... Você faz com que eu me sinta uma adolescentezinha que fica suspirando e fazendo meu coração pular. E antes que você pergunte, eu sou mais velha que você.
– Eu pensei que você tivesse quinze anos. – Harry disse sínico.
– Errou, tenho trinta. – ela brincou – sou quase dois anos mais velha que você.
– Nooossa, que diferença! – Harry ironizou.
– Por que a gente tá falando disso? Era pra eu estar dizendo qualquer coisa sobre você! – ela acusou – Então, desconsiderando o fato de você estar acostumado com declarações de amor, eu só posso dizer que você faz com que eu me sinta a pessoa mais sortuda do mundo. O jeito que você sorri com essas covinhas fofas, que você fala, olha, o jeito que você me toca... faz o meu mundo perfeito demais. É um pouco assustador pra mim também, mas quando eu te vejo tudo parece tão certo.
Harry a puxou para perto de si e a beijou com todo cuidado do mundo. Em uma sequência de selinhos no rosto de Isabella, ele não teve mais dúvidas sobre ela ser muito especial. E não importava o que Marco dissesse sobre as garotas com as quais Harry se envolvia, Isabella não era como as outras semicelebridades que queriam aparecer ao lado dele.
– Eu não quero ir.
– Você precisa ir. Pelos fãs, por mim, pelos garotos, pela sua carreira, por tudo, basicamente.
– Ah, essa tal de responsabilidade. Quer vir comigo?
– Eu não posso, minha vida não é como a sua. Esse é o seu trabalho, o meu não é assim. É um pouquinho mais chato que viajar para lugares incríveis. – Isabella riu.
– Então vamos aproveitar esse tempinho que ainda temos juntos.
– Pensei que já estivéssemos fazendo isso.
– Pois é, a gente dá um jeito nessa mala depois. – Harry disse chutando outro monte de roupas que estavam aos seus pés.
– Quem se importa com a mala, né? – Ela disse dando um selinho nele.
– Exatamente.
Harry juntou seus lábios nos dela para outro beijo até que os dois tivessem que parar para recuperar o fôlego. E parecia que toda vez que ele se perdia mais nela, um choque percorria seu corpo. E ela parecia corresponder da mesma forma, pois Isabella segurava firme para que ele não se afastasse nem um segundo. Era tudo intenso, sincronizado, surreal.
E eles não parariam aquela brincadeira até que se rendessem um ao outro.
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