A Moonlight Waltz - Spellbound escrita por JoyceSW


Capítulo 2
Capítulo 2




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Lirith Venuto

Os fracos raios de sol penetraram a cortina vermelha do quarto em que eu estava e esquentaram minha face. Ainda sem abrir os olhos tateei o lugar sentindo minha cabeça girar. Era quente. Macio e confortável. Abri os olhos assustada e dei-me conta de que eu estava em uma grande cama de lençóis de seda negros com inúmeras almofadas rodeando-me. Virei-me da cama e fiquei de cara com o sol. Por meros instantes meus olhos arderam e eu fui obrigada a baixar meu olhar piscando várias vezes para adaptar-me a claridade enquanto sentia algumas lágrimas quentes descerem por meu rosto e molharem o lençol cor da noite que me cobria. Levantei a cabeça e novamente me senti tonta e vi tudo girar. Uma sensação estranha se apossou de mim. Não sei bem o que era. Sentei-me na cama e olhei ao meu redor. Era um quarto lindo. As paredes eram pintadas com inúmeras formas geométricas e em algumas partes algumas silhuetas que eu não consegui distinguir eram destacadas em cores claras e suaves que contrastavam com o negro do ambiente. A cama tinha um dorsal, este era de ouro incrustado com pedras e brilhantes, o véu que pendia sobre ela era negro como os lençóis. As cadeiras eram posicionadas estrategicamente ao seu lado. Todas eram Luis XV com espaldar estofado de vermelho sangue assim como o assento. As pernas tinham leves envergaduras e eram um pouco retorcidas. Havia também naquele aposento um lindo guarda-roupa de madeira escura ao fundo da parede no lado esquerdo. Aliás, as partes em que estive nesse castelo eram dessa mesma cor de madeira. Creio eu que seja carvalho. Uma janela com vitrais coloridos chamava a atenção do outro lado, o vento balançava de forma ritmada suas cortinas; fazendo os raios solares parecerem luzes sobre mim. A minha frente estava uma linda penteadeira que também fazia par com as cadeiras. Os tons escuros predominavam o quarto. O Chão de mármore em tom cinza e um tapete felpudo em vermelho completavam a grotesca decoração. Porém era de extremo bom gosto. Eu sentia algo esquisito em relação aquele ambiente, não só no nele. Mas no castelo todo.

Ainda sentada tentando encontrar uma definição ou algo que me pudesse esclarecer o porquê de me sentir tão mal. Tão vulnerável e aflita por causa daquela sensação que ainda me era inexplicável, ouvi um click e notei a fechadura da porta ser cuidadosamente girada. Uma mulher morena de profundos olhos azuis e extremamente pálida surgiu em meu campo de visão. Ela por sua vez, fita-me curiosa ao mesmo tempo em que sua face mostrava que ela estava levemente arrependida.

-Por favor, queira me perdoar, pensei que a senhorita ainda estava dormindo. - Disse ela com a cabeça baixa e seu corpo levemente curvado. Por alguns instantes as palavras pareciam ter sumido da minha boca. Eu não sabia o que dizer.

-Eu ainda estou no castelo de Vlad? – Perguntei a ela que balançou ligeiramente a cabeça de forma positiva. –Ainda é madrugada? O dia ainda está amanhecendo?

-Não senhorita, o dia já amanheceu faz tempo e a tarde está indo embora. –Fiquei assustada ao ouvir a sua resposta. -A senhorita dormiu a madrugada, a manhã e a tarde quase que inteira. – Mas como? Eu não estava me sentindo mal e... Claro a noite anterior. Um súbito desmaio, mas por quê? Constatei desanimada. – O sino já badalou sete horas. Está na hora do jantar. – Disse ela despertando-me do insistente filme que passava em minha mente. Tudo acontecia de forma rápida e eu já não conseguia assimilar muita coisa. As diversas cenas que rodavam em minha mente não eram capazes de deixar tudo claro, algumas lembranças eram tão vagas. Tem algo muito errado aqui! - O Mestre deseja comer com a senhorita. -Ela se aproximou da porta. -Ele quer que vista aquele vestido carmesim. -Olhei para a direção que seu dedo apontava. Preso a porta do guarda roupa havia um vestido carmesim que ia de um ombro ao outro. Era acompanhado por um espartilho de amarrar na frente e tinha inúmeras saias. Vários detalhes em preto e pedrinhas estavam distribuídos pelo corpo chamando a atenção para o busto e pescoço. Era todo pomposo e acompanhado de um par de luvas. Um vestido digno de rainha. Ainda olhando vidrada para ele não conseguia entender como não o tinha visto ali. Ele não teria aparecido do nada, ou teria? Abanei minha cabeça tentando me livrar das dúvidas que se formavam novamente. Fiz menção e levantar-me para falar com a empregada, mas ela já tinha saído. Sozinha de novo neste imenso quarto. Com um lindo vestido. E um cara dos sonhos esperando-me lá embaixo. Por que ao mesmo tempo em que parece um sonho, parece tão errado? Dúvidas e dúvidas têm que acabar com vocês antes que acabem comigo.

Apoiei-me na cabeceira da cama e levantei-me devagar, pois minha tonteira ainda não havia passado. Dando alguns passos tortos e cambaleando no piso gélido eu consegui chegar próximo ao guarda roupa. Retirei de forma calma e cuidadosa o vestido de seu cabide e voltei em direção à cama andando um pouco melhor e sem cambalear tanto. Mais ainda muito tonta.

Com cuidado retirei minhas simples roupas e senti o vento frio abraçar-me, dobrei minhas peças e as deixei posicionadas em cima do divã na frente da enorme cama. Aos poucos vesti aquele lindo vestido. Meu corpo parou de tremer e eu me senti mais segura e firme para andar. Minha tonteira havia ido embora completamente. Bati as mãos algumas vezes pelo vestido, ajeitando-o um pouco mais e fui em direção ao enorme espelho da penteadeira. O lindo vestido que agora adornava meu corpo havia ficado perfeito para mim. Como se tivesse sido exclusivamente feito para meu corpo. Sem dúvida alguma Vlad tinha um excelente gosto. Sentei-me no banco de madeira e enquanto encarava meu reflexo pálido, coloquei meus fios sedosos e macios sobre meus ombros e os escovei com as pontas de meus dedos. Eu tinha que ao menos estar apresentável, principalmente por agora trajar um vestido tão lindo. Peguei meus sapatos que estavam em baixo da penteadeira e os calcei. Dei uma última olhada no espelho e sai cautelosamente do quarto. O vestido era um pouco pesado e enroscava sua borda em meu sapato. Tentei arrumá-lo, mas não obtive êxito. Deve ser por causa do tamanho, ele se arrastava no chão; mesmo eu estando de salto parecia não ter sido suficiente. Ao sair ao corredor eu não sabia para onde ir. Eu me sentia como um labirinto, diversos corredores emendavam-se um no outro enquanto eram iluminados por poucos lampiões e algumas tochas espalhados ao decorrer de cada um deles. Eu não sei como, nem porque mais algo dentro de mim foi me guiando. Sem nem dar-me conta cheguei até as escadas que davam acesso a sala de visitas. Esta era a mesma sala em que tudo havia acontecido na noite anterior. Eu não sei por que, mas... Eu queria muito ver Vlad novamente. Existe algo em relação a ele que me fascina, me deixa boba e me tira tanto a fala quanto o fôlego. Ele me encanta.

Ao posicionar-me para descer vejo-o cruzar pelo pátio e vir até o fim da escada. Esperando-me ali. Vlad como sempre elegante e sorridente. Enquanto descia as escadas não conseguia deixar de fita-lo. Eu havia sido hipnotizada por seus lindos olhos. Ao me receber no último degrau, ajoelhou-se como um príncipe e pegou minha mão esquerda, deslizou suavemente a luva que ali se encontrava, e levou as costas de minha mão até seus lábios beijando-a. Eu senti meu sangue congelar ao sentir seus lábios gélidos em contato com minha pele  quente. Não tive dúvidas de que Vlad é um perfeito cavalheiro. Porém um humano de pele fria.

Ainda sorrindo para mim com seus olhos vidrados nos meus, ele se pôs de pé e estendeu o braço para que eu o agarrasse. Não pensei muito e o abracei, fazendo-o andar comigo. Porém era ele que estava comandando todos os passos dados. Tanto por mim quanto por ele.

Chegamos até a sala de jantar, onde um belo banquete estava servido na enorme mesa. Vlad desvencilhou meu braço do dele e deu alguns passos a frente puxando uma cadeira para que eu me sentasse. Caminhei em sua direção sentando-me e sendo empurrada por ele com certa leveza. Vi-o dar a volta na mesa e sentar-se a minha frente.

-Querida, dormiu bem esta noite? – perguntou ele enquanto enchia sua taça de cristal de vinho.

-Sim, dormi bem. - Confirmei sua expectativa e em troca obtive um sorriso meigo e sincero. - A cama é agradavelmente confortante. Nunca dormi tão bem em toda a minha vida. – respondi a ele sorrindo enquanto retirava uma mecha de cabelo que havia caído em meus olhos.

Aquela sensação de algo ruim voltou e tomou-me por inteiro; foi impossível manter minha sanidade no lugar na presença de Vlad. Involuntariamente minhas pernas se mexeram fazendo-me ficar de pé, suspirei fundo ficando de costas enquanto apreciava mais um vaso de amaranto que havia numa outra mesa ali na sala de jantar. O que há de errado comigo? Por que estou sentindo isso? Não faz sentido. Vlad notou meu desconforto e veio até mim. Seu corpo ficou rente ao meu e sua mão foi direcionada para minha cabeça enquanto seus dedos passavam livremente por toda extensão de meus cabelos, fazendo com que meus fios se arrepiassem com seu toque frio.

-Algum problema minha querida? Esta tão distante. – Disse-me enquanto virava meu corpo para si e tomava meu queixo por entre suas mãos.

-Não é nada... Eu não quero comer. - Menti. - Não tenho fome. – Expliquei a ele esquivando-me de seus dedos frios.

-Então, existi algo que lhe perturba? – indagou ainda afagando meus cabelos com sutileza.

-Algo me incomoda desde que eu cheguei aqui. – Retomei minha postura, a qual eu sempre tive e o confrontei com minha sinceridade. - Por que eu desmaiei se nem estava com sono? – Perguntei-lhe e vi seu rosto ficar ainda mais pálido e seus olhos um pouco mais fundos do que o normal. - E dormir desde a madrugada até às sete horas da tarde, o senhor não acha estranho? – Indaguei novamente tendo como resposta o silêncio por parte dele. Porque não queria esclarecer minhas dúvidas? – Eu não sei o que acontece... Por favor, peço encarecidamente que não leve isso como um insulto senhor Vlad, mas sinto calafrios aqui. Esse lugar me afeta de uma forma não positiva. Não me sinto muito bem aqui.

-Um abraço ajuda?-Nem ao menos tive tempo de pensar para responder ou responder sem pensar, Vlad simplesmente abraçou minha cintura com ternura enquanto meu rosto encostava-se a seu peito. Não haviam batidas aceleradas. Nem estremecimento de sua carne. Simplesmente não havia coração ali. A única coisa que eu ouvia eram os ecos das próprias batidas do meu coração e o frio que vinha dele e embalava meu corpo fazendo-o sentir num dia de inverno sem agasalho. Minha mente gritava para sair dali, mas meu coração insistia e não levava em conta a razão. Queria que ficasse ali. E eu ia segui-lo, mesmo desejando que algo meu concordasse com o contrario.

-Senhor... Vlad... – Chamei-o mais ele não se importou em responder. Meu rosto deixou de se esconder sobre seu peito e eu o encarava vidrada. Nossos rostos iam se aproximando gradativamente. Vlad olhava em meus olhos de um jeito terno e suave até que nossos lábios se encontraram num calmo e singelo beijo. Esse momento poderia durar para sempre. O beijo foi quebrado e ele parecia ter prazer em ficar me observando.

-Eu desejo você... Para Sempre! – Disse ele enquanto juntava nossos lábios novamente. Seus beijos foram descendo, trilhando um caminho até meu pescoço. O ar gelado emitido por ele tocou meu pescoço e fez meu corpo retrair. Vlad abraçou firmemente minha cintura e cravou seus dentes naquela aérea sensível e frágil. Eu sentia meu corpo ferver e meus gritos de dor eram ouvidos na mansão toda. Rapidamente minha boca fora tampada por uma de suas mãos. A agonia havia se juntado a mim. Eu mal podia acreditar que eu estava nas mãos de um vampiro. Enquanto sentia cada gota de meu sangue ser drenada por ele, pensava em como tinha sido boba de aceitar um convite de um estranho. Eu achei que tivesse vindo apenas pela musica. Nada mais do que isso. Mas para ele eu era o prato perfeito. Lágrimas caiam incontrolavelmente de meu rosto. Eu iria morrer. Logo após os gritos de dor, meu corpo fora tomado por uma sensação desconhecida, porém boa, virando gemidos de um prazer incontrolável. Vlad retirou suas presas de meu pescoço e meu corpo esmoreceu, minhas pernas fraquejaram e eu perdi o chão. Ele pegou-me em seu colo como sua noiva e fitou-me intensamente.


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