Deus Deve Odiar-me! - 1 Temporada escrita por BouvierDesrosiers
Notas iniciais do capítulo
Este capítulo é pequeno, mas é o mais pequeno de toda a fic :) Boa leitura.
Estava a dar em doida. A matemática nunca me deixou assim. Sempre fomos como uma só e agora ela parece não me facilitar as coisas. Não consigo concentrar-me. Não consigo pensar. O quê que se passa comigo? O David está encostado na cadeira com o cabelo todo despenteado de tanto o abanar enquanto pensa, de braços cruzados e de lápis na boca, olhando o caderno. Ele tal como eu, não tem dificuldade alguma nesta disciplina, mas parece que está com problemas agora.
- Ainda não conseguiste resolver? – Perguntou ele, acordando-me dos meus pensamentos. Eu estava com o queixo apoiado da mão e a abanar o lápis que estava na outra. Só agora reparei que estava a olhar para ele.
- Não. Está difícil… – Queixei-me, suspirando.
- Pelo sorriso com que estavas pensei que tivesses finalmente resolvido isto. – Disse ele, afastando o caderno.
- Sorriso? Qual sorriso? – Perguntei. O quê que ele está a dizer? Eu não estava a sorrir. Porque haveria? Apetece-me mais chorar, do que propriamente sorrir.
- Estavas a sorrir. Porquê? – Perguntou, olhando-me, que estava sentada ao seu lado. – É por causa da noite de ontem?
- O quê que teve a noite de ontem? – Questionei. Não percebi a quê que ele se refere.
- Tu sabes muito bem. – Respondeu, num tom autoritário, o qual me fez erguer a sobrancelha e olha-lo com cara de poucos amigos. – Tu e o Seb…
- Ah, isso.
- Ah, isso?
- Ciúmes, outra vez? – Perguntei, deixando escapar um risinho. Tinha piada.
- Não. Não tenho disso! Porque haveria?
- Não sei, por isso mesmo é que estou a perguntar.
- Eu não tenho ciúmes, está bem? – Resmungou, voltando novamente a sua atenção para o caderno, mas rapidamente se irritando. – Que nervos! Não consigo resolver isto!
- Eu também não. Este vai ser o pior teste de sempre.
Isso era certo. O David sentia o mesmo. Pela primeira vez, e contrariamente ao que pensava, ele empenha-se. Ele está realmente chateado por não estar a conseguir resolver o exercício. Aproximei-me dele e apoiei-me nos braços, espreitando para o caderno, enquanto ele escrevia possíveis maneiras de resolver o problema.
Passamos horas a estudar. Como não tínhamos resolvido aquele exercício, deixámo-lo para o fim. Agora, já com todos os outros concluídos, voltamos ao enigma que nos estava a pôr os nervos em franja.
- Eu desisto! – Resmungou David, levantando-se e tentando arranjar o cabelo. – Vou dar em doido!
- Vamos! Mas anda cá, não podemos desistir! – Disse eu, esticando a mão, chamando-o.
- Eu já pensei em todas as maneiras possíveis e não encontro a solução! – Continuou ele a resmungar. Sentou-se ao meu lado novamente.
- Mas vamos conseguir.
Juntámo-nos um pouco mais e debruçámo-nos sobre a mesa, olhando o caderno rabiscado. É estranho, nós os dois tão perto e a trabalhar em conjunto. Dou por mim a sorrir para o ar. Quando me apercebo, olho pelo canto do olho para o David. Espero que ele não tenha visto. Tento concentrar-me de novo que estamos a fazer. De repente, fez-se luz. Foi como se se acendesse uma lâmpada no meu cérebro, que me levou à resposta. A resposta é !
- Já sei!
Assustei-me. Falamos os dois ao mesmo tempo. Parece que não sou a única inteligente aqui. Estranhamente ficamos a olhar-nos nos olhos como se estivéssemos parados no tempo. Os nossos rostos estavam muito próximos. Próximos demais. Senti um arrepio pelo corpo todo, perante aqueles olhos cor de avelã e não sei o que se passa, mas tenho vontade de o beijar. Quando “acordei”, afastei-me um pouco, antes de fazer algo que não devesse.
- A resposta é . – Disse ele, continuando a olhar e no mesmo sítio.
- Sim, é isso mesmo. – Assenti, fechando o caderno. – Problema resolvido!
Um sorriso desenhou-se no rosto dele. Fizemos todos os exercícios possíveis e imaginários. Penso que já estávamos bem preparados para o teste. Além disso, já está na hora de jantar e amanhã é outro dia.
Passamos também o Domingo a estudar. Estávamos mesmo empenhados em manter as excelentes notas que tínhamos. O David não foi ensaiar com os rapazes por isso, apenas ficamos os dois na sala. Dei pela presença de Seb, que nos observava da entrada da porta. Afastei-me instintivamente de David.
- Passa-se alguma coisa? – Perguntei.
- Não. Vocês vão ficar aí o dia todo assim…?
- Assim? – Questionou David.
- A... A estudar. – Respondeu Seb. Pareceu-me um pouco atrapalhado e não entendo porquê.
- Vamos. – Provocou David com um leve sorriso. Olhei para um e olhei para outro. Estou com aquela maldita sensação de que me escapou qualquer coisa.
O Seb voltou para o estúdio, com ar sério. Devia chatear-me com o David mas, na verdade, eu estava bem ali. Sentia-me bem, o que me faz confusão. Continuo sem conseguir explicar o que se passa comigo.
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Que acham da "Matemática"? :P