Like A Bird escrita por va


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora, eu andei meio ocupada esses dias.
desculpa os errinhos de português também,eu não consegui tirar todos e ainda devem ter muitos mas tenham paciência >.



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-Tchau querida, bom dia de aula.

-Tchau mãe.

Eu estava andando para chegar no portão de entrada da escola. Depois daquele dia em que eu fiquei com a Sara no cover do Green Day agente ficou mais umas três vezes. Em momento nenhum eu esqueci a Alice : ainda gosto muito dela, só que com esse trem do Gustavo ela vinha tendo cada vez menos tempo para estar comigo. Eu me sinto meio culpada por causa disso: ficar com a Sara quando o meu coração é de outra pessoa. Só que eu sei que ela não tem nenhum sentimento por mim (acho que ela não tem sentimento por ninguém aliás) então por enquanto estava de boa. Eu tinha chegado meio atrasada e por isso fui correndo para a minha sala.

Sentei, arrumei minha mochila e minhas coisas e sai para poder encher a minha garrafinha de água.

Quando estava na porta percebi que a Melissa estava encostada na mesma. Ignorei-a enquanto passava mas ela fez questão de pular para minha frente para me impedir de faze-lo.

-Que isso Camilão, tem tanto tempo que agente não conversa-realmente, tinha muito tempo que ela não vinha pegar no meu pé.-Como vão as coisas ? Tá tudo bem em casa? E o namoradinho?-perguntou com a cara mais fofa do mundo mas eu saquei que ela estava falando aquilo por que ela sabia que eu não tinha namorado porra nenhuma e provavelmente não ia ter tão cedo.

-Poxa Melissa, que legal você perguntar! Uai, lá em casa tá tudo bem e com o meu namorado...-me lançou aquele olhar venenoso que só ela e o Diogo tinham- acho que posso dizer que estão até boas-lógico que eu estava me referindo a Sara só que la não precisava saber que se tratava de uma menina e que agente não namorava. Com certeza ela estava esperando eu começar a gaguejar e abaixar a cabeça para ela por que ela ficou me encarando com uma cara de espanto.

-Unnnh. E quem você tá namorando mesmo? Ah, deve ser aquela vassoura, aquele menino alto, magro e esquisito...qual era o nome dele mesmo?

-Leo-ele era mesmo alto, magro e esquisito e não estava nem ai para que as pessoas falassem isso dele. Eu também não. Ela não esperava que eu respondesse nada e estava ficando cada vez mais surpresa.

-Unnnh. Então vocês estão juntos?

Dei uma gargalhada alta- Não, eu e o Leo não estamos juntos-era engraçado primeiro por que ele era o meu melhor amigo e segundo por agente estava afim da mesma garota.

-Unnnh. Então com quem você está namorando?-ela falou irritada.

-Ah Melissa, eu até queria te dizer, mas você sabe, é segredo- Dei um sorriso de lado para ela e uma piscadela depois fui embora me desviando dela para faze-la entender que a conversa acabava ali.

Ela ficou parada me olhando com cara de tacho. Acho que a cabecinha dela não era capaz de processar o fato de que a menina que ela vinha bullynando desde a primeira serie do fundamental tinha acabado de responder ela e tinha saído por cima em uma conversa daquelas.

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-Então Camila, o que aconteceu?

-Do que você tá falando Leo?

-De você dã! Do nada você apareceu aqui na escola como se fosse uma pessoa totalmente diferente! Me conta, os aliens te abduziram e te trouxeram de volta?

Acho que ele estava falando do dia seguinte ao que eu fiquei com a Sara pela primeira vez. Realmente, eu me sentia diferente. Eu tinha FICADO com um GAROTA na frente de UM MONTE DE GENTE e não estava nem ai para isso. Tudo bem que era um bando de gente desconhecida mas eu me sentia como se tivesse explodido o meus medos: medo de ficar com alguem, medo de ficar com uma menina, medo das outras pessoas verem. Tinha me tornado muito mais confiante. Então eu acho que é razoável o Leo perceber alguma mudança em mim. Mas ele já estava exagerando.

-Ai Leo, deixa de ser dramático !

-Mas aconteceu alguma coisa não aconteceu?

Eu mordi o lábio. Não sabia se devia contar para ele. Mas era o Leo e ele sabia de quase tudo da minha vida, por isso eu olhei em volta para conferir se a Alice ainda estava num grupinho mais distante conversando e contei tudo para ele. No final ele ficou mais surpreso até do que a Melissa.

-Puta que pariu!! Eu não acredito!! Não, perai, eu tenho que absorver essa informação.-

Ele estava realmente perplexo e eu não o culpava por isso. A uns meses atrás eu não conseguia nem conversar com as pessoas direito.

-Mas e a Alice?-ele falou por fim?

-Que que tem ela?-

-Você ainda não gosta dela?

-Gosto.

-Então …

-É, eu sei. É complicado. Mas tenho certeza de que a Sara não se importa.-ele continuou olhando para mim como se duvidasse da minha afirmação mas no final das contas deu de ombros.

Nessa hora a Alice finalmente se afastou do grupinho para vir conversar com agente.

-Então Camila, tudo bem com você?-fiz que sim com a cabeça-É só que você tem estado meio estranha ultimamente...

-Ai meu deus, até você Alice?Impressão sua- desviei o olhar.

-Acho que não...aconteceu alguma coisa e você não quer me contar-ela falou em um tom meio chateado.-Achei que fossemos amigas...-ela estava usando a frase que eu disse quando fiquei sabendo dela e do Gustavo

-Ah não, quem ficou de namorico escondido foi você! Não vem me julgar não!-eu realmente fiquei brava. Ela podia ficar escondendo as coisas e eu não?

-Então aconteceu mesmo alguma coisa?-ela deu um sorrisinho de vitória.

-Ah vai cagar Alice-me levantei e sai de perto deles. Eu sei que não devia estar com tanta raiva assim mas eu estava e não queria ficar aturando pergunta dela.

O restante da aula passou sem nenhuma novidade. Tocou o sinal, eu guardei as minhas coisas e fui embora. Não vi, mas pude sentir o olhar gelado da Melissa nas minhas costas. Desde o dia qem que eu a tinha respondido ela tinha ficado muito mais hostil comigo e eu tinha medo que ela fosse me atacar a qualquer hora. Mas como não podia fazer nada e respeito só ignorei-a e continuei pelo meu caminho. Quando eu sai me deparei com uma cena inusitada: a Alice sozinha aparentemente me esperando do lado de fora da sala. Quando eu passei pela porta ela veio ao meu encontro. Eu adorei vê-la ali mas mesmo assim perguntei:

-Aconteceu alguma coisa?

-Poxa, eu não posso vir te encontrar para gente ir junto para casa?

-Ah Alice, você sabe que atualmente agente não tem se visto direito. Nem eu tenho te visto longe do Gustavo.

-Exagerada. Agente não fica junto tanto tempo assim- eu sei que eu estava exagerando mas mesmo assim.-Sei lá, é só que, agente tem estado meio afastada uma da outra, e com a conversa de hoje eu pude confirmar isso. Eu não quero perder você-disse isso ao mesmo tempo que chegava mais perto de mim e pegava a minha mão. Nem preciso dizer que derreti por dentro preciso?

-Boba-eu falei apertando a mão dela.-Você nunca vai me perder- corei um pouquinho. Ela só riu e me deu um beijo no rosto. Eu corei mais ainda. Era incrível como ela me fazia ficar encabulada com facilidade. Andamos assim durante um tempo até que ela finalmente soltou minha mão.

-Você realmente não vai me contar o que aconteceu não é mesmo?

-Não, não vou. Na realidade, eu não posso.

Me encarou durante um tempo- Ok. Eu vou descobrir mesmo assim- falou abrindo um sorriso.

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-O que agente vai tocar agora?

Eu estava sentada de frente para o Matheus, do lado da Sara. Estávamos no meio da nossa aula em conjunto e tínhamos acabado de tocar uma música. Eu devo admitir que agente estava tocando bem demais (inclusive eu que finalmente conseguia tocar o violão bem).

-Não sei- a Sara falou ao mesmo tempo que inclinava o corpo e colocava a cabeça no meu colo pedindo carinho. Eu ri do jeito manhoso dela e comecei a fazer cafuné.

-Ai meu deus, vocês duas no mó love- o Matheus tinha ficado felicíssimo quando contamos para ele que tínhamos ficado. Por ele agente deveria namorar, casar e ficar junto para sempre. Eu olhei meio sem graça para ele mas mais sem graça ainda para o professor que estava ali por perto. Sério, na primeira vez que a Sara vez alguma coisa suspeita comigo durante a aula eu achei que ele fosse ter um ataque cardíaco. Eu fiquei um pouco preocupada por que ele podia acabar contando para alguem, mas ele era amigo nosso e no final das contas entendeu e eu tenho quase certeza de que ele não ia sair falando por ai.-Eu queria que o Fê estivesse aqui.-ele falou suspirando.

-Você tem agente, não precisa do Fê- eu falei.

-Ah tá! Meu namorado vale mil vezes mais do que duas amigas babacas como você ouviu?-ele fez uma pose de esnobe que ficou muito engraçada.

Eu ri dele e a Sara falou alguma coisa que não entendi. Pedi para ela falar de novo só que eu não entendi do mesmo jeito. Cheguei mais perto para tentar ouvir direito e ai ela aproveitou para morder de leve o meu lábio e me dar um selinho, tirando a cabeça do meu colo enquanto eu ficava lá envergonhada. Ela ficou rindo da minha cara.

-Então- o professor arranhou a garganta para chamar a nossa atenção.-Camila, um amigo meu me contou que vai ter um festival de música na sua escola. Você não gostaria de participar com os outros não?-

Eu mordi o lábio inferior. Eu tinha sim ficado sabendo daquele festival só que eu tinha ficado quieta por que ainda não tinha certeza se queria tocar na frente de um monte de gente. Um monte de gente da minha escola ainda por cima.

-Nossa, que legal- disse o Matheus batendo palminhas de alegria- Agente devia mesmo tocar!! Vamos arrebentar!!

-É. Seria legal- Sara- Por que você não contou pra agente antes?-levantou uma sobrancelha para mim.

-Ah gente, é a minha escola. Eu não sei se estou pronta para tocar na frente dos meus colegas-

-O linda- o Matheus veio apertar as minhas bochechas- É claro que está! Você não tá escutando agente tocar super bem? Agente vai arrebenta e dar na cara daqueles bocós dos seus coleguinhas!-

Eu e a Sara rimos com gosto dela. Aquela animação dele chegava a ser contagiante.

-Tá bom Matheus. Falta algum tempo ainda então eu vou pensar ok?

Mais palminhas de alegria antes de agente voltar ao ensaio normal.

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Mais um dia de escola. Naquele dia eu faria uma apresentação de filosofia: agente tinha que apresentar para a sala inteira o resumo de uma texto de Aristóteles sobre a moral. Eu gostava muito de filosofia por isso não estava nem um pouco preocupada, mas o Leo e a Alice precisavam daquela nota ( por melhor que ela fosse nas outras matérias ela era incrivelmente ignorante em filosofia). Como os seminários eram a tarde e por isso agente tinha um tempo de almoço estávamos aproveitando esse tempo para rever a apresentação. Só que quando eu abri a minha mochila para pegar o meu texto com as minhas anotações eu não consegui acha-lo.

-Merda. Acho que esqueci o texto com a Joana. Vou buscar com ela e já volto-eu havia explicado umas coisas para uma colega minha mais cedo então imaginei que devesse ter esquecido com ela. Me levantei e fui procurar ela: passei pelo pátio, pela quadra, pelas arquibancadas e nada. Quando enfim eu a encontrei o meu texto não estava com ela. A única conclusão possível então era de que eu o havia esquecido na sala mais cedo. Subi correndo as escadas para chegar no corredor no qual agente tinha aula de manha. Geralmente havia uma turminha de meninos mais novos estudando ali de tarde só que naquele dia eles provavelmente tinham ida para alguma excursão boba por que quando eu cheguei estava tudo um silêncio só. Eu tive que passar por 3 salas antes de entrar na certa e achar o meu texto debaixo da carteia que eu tinha ocupado mais cedo. Mas quando eu me virei para ir embora eu vi uma cena que me deixou realmente apavorada: a Melissa do lado de fora com o Diogo olhando para mim maliciosamente enquanto trancava a porta da sala. Obviamente era uma brincadeira muito engraçada para eles me trancar e me deixar sozinha lá a tarde toda para perder a apresentação. Mas para mim não era.

-Abre essa porta agora !- eu falei com a voz tão desesperada quanto ameaçadora. Se tivesse alguem ali no corredor eu tenho certeza de que teria me ouvido. Mas não havia ninguém além deles dois.

-I, ficou irritadinha foi?-Diogo- Esquenta não que eu tenho certeza de que mais tarde vai passar alguma faxineira aqui e te tirar dai-ele riu- ou não.-ele abriu ainda mais o sorriso.

-Diogo seu filho da puta! Me tira daqui agora!-eu esmurrava a porta

-Gente, ela fala palavrão !Que horror!- a Melissa fingiu uma cara de assustada- Quem sabe da próxima vez você pensa um pouquinho antes de me retrucar?-me lançou um daqueles olhares venosos enquanto saia da minha vista.

- O que está acontecendo aqui?- era a voz do Gustavo, para minha surpresa e deles também

-Nada que te interessa- pude ouvir a voz alta do Diogo

-Gustavo!!- eu gritei

-Que isso cara, vai trancar a menina lá dentro? Pelo amor de deus, em que maternal que vocês tão?-ele falou com clara indignação na voz.

-Olha aqui novato, não mete o seu nariz aonde não foi chamado!-o Diogo falou com raiva- Sua vida aqui nesse colégio pode ficar muito mais complicada! Fica longe disso se não eu te garanto que ninguém mais aqui vai falar com você e você vai viver um verdadeiro inferno- agora o tom de ameaça era claro.

Era verdade que o Diogo e a Melissa juntos poderiam fazer praticamente a escola inteira se virar contra ele. Era verdade que ele sendo novato ia ficar muito difícil para ele conseguir se adaptar depois disso. Eu pude imaginar essas coisas passando pela cabeça dele enquanto esperava em um silêncio angustiante que pareceu durar horas.

-Isso mesmo- eu desesperei quando ouvi os sons dos passos se afastando.

-Não!!!!!Gustavo!!!!-

Eu continuei gritando, esmurrando e chutando a porta. Só que ninguém apareceu até de noite quando a aula já havia a muito acabado. Quando eu sai eu estava decidida de que era a ultima vez que a Melissa me humilhava daquele jeito. Eu não ia deixar aquilo barato.

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O Leo e a Alice ficaram realmente bolados comigo. O meu professor era racional então não penalizou eles pela minha falta mas sem eu lá para ajudar eles acabaram ficando muito nervosos e erraram bastante a parte deles. Eu custei para conseguir falar com eles direito mas quando enfim eu consegui explica-los o motivo de eu não ter ido eles ficaram super indignados. A Alice até falou em dar queixa na diretoria mas todos nós sabíamos que não ia adiantar nada. O problema mesmo foi quando eu falei do Gustavo. Eles simplesmente não acreditaram que um cara como ele poderia fazer uma coisa daquelas. Disseram que eu provavelmente tinha confundido as vozes e quando eu insisti que tinha certeza do que tinha ouvido e de que não estava ficando louca eles voltaram a ficar chateados comigo. Eu fiquei puta com a atitude deles de preferirem defender um cara praticamente desconhecido do que acreditar em mim. Quando falei isso agente acabou brigando e atualmente eu não quero ver a cara dos dois nem pintada de ouro.

-Camila, o que tá acontecendo com você hoje?- o Matheus perguntou assustado com a força com a qual eu tocava o violão;

-Nada Matheus. Nada mesmo. Só que eu tenho os amigos mais idiotas da face da terra- eles realmente eram os mais babacas do mundo.

-Aqueles amigos fofos, atenciosos e maravilhosos dos quais você tinha nos falado?- a Sara disse. Até ela tinha se mantido meio afastada de mim quando percebeu o meu humor.

-Eles são fofos e atenciosos. Mas também são uns idiotas e eu não quero mais falar com eles.- eu disse enquanto tentava afinar o instrumento. Eu estava esticando tanto a corda que se o Matheus não tivesse tirado o violão das minhas mãos eu teria arrebentado ela.

-Então tá novinha, conta para gente o que aconteceu-ela falou enquanto se sentava na minha frente e o Matheus colocava o violão de lado.

Eu contei tudo para eles. No final me sentia melhor e estava bem menos irritada do que quando tinha começado.

-Poxa Camila, é uma merda seus amigos estarem fazendo isso, mas você não acha que tá fazendo tempestade em copo d'água?Vocês se dão tão bem! Dá um tempo para eles que eu tenho certeza de que vão perceber o erro que cometeram e vocês vão ficar de boa de novo.-disse o Matheus e me deu um sorriso acolhedor

-Pois é.- falou a Sara enquanto pegava a minha mãe e ficava fazendo carinho.

-É. Eu sei.- eu disse suspirando retribuindo.

-Agora você precisa fazer alguma coisa com essa vadia da Melissa! Ela acha que te tem na palma da mão e você não pode permitir isso!- Matheus

-Eu sei. Por isso eu decidi que agente vai tocar no festival lá da escola!-falei sorrindo para eles.

-A tá, e você já decidiu por nós?- a Sara falou zombando por mim

-Isso mesmo!-falei rindo para ela- Agora sério. Tipo assim, a Melissa acha que eu sou uma pobre coitada que não tem nenhuma qualidade além de tirar notas altas nas provas. E eu admito que eu não fiz muito para convencê-la do contrário. Mas imagina a reação dela e do Diogo quando agente aparecer lá na frente e fazer um puta de um espetáculo para a escola inteira? Ela nunca mais vai poder falar nada de mim!-eu disse com olhinhos cheios de vingança.- Vocês me ajudam?- afinal eu realmente ainda não tinha perguntado para eles se eles queriam ou não tocar no festival.

Eles riram de mim.

-Ajudamos. Mas só por que você pediu com jeitinho- a Sara falou enquanto me dava um selinho.

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Era sexta-feira e a aula havia acabado de terminar. Ainda estávamos brigados o que significava que eu voltaria sozinha para casa. Liguei meu ipod e fui fazendo o caminho até o ponto de ônibus. Esperei uns 10 minutos até que esse chegasse e escolhi um lugar no fundão para ficar. Queria escutar música em paz e que ninguém me incomodasse. Fiquei viajando um tempo: eu queria muito fazer um piercing na orelha e estava pensado seriamente em tentar convencer a minha mãe (que eu tinha certeza de que não iria gostar nada da idéia) até que chegou no meu ponto e eu desci. Chegando em casa almocei e abri a mochila para fazer o que quer que eu tinha de fazer de atividade da escola naquela tarde. Quando sentei e abri o caderno escutei meu celular tocar. Olhei o visor e era a Alice.

-Alô?-eu não imaginava o que ela poderia querer comigo.

-Ei Camila. Eu preciso falar com você. Será que eu podia passar na sua casa mais tarde?

-Uai, pode...

-Então tá, até mais.

Com certeza ela tinha finalmente descoberto o negocio todo do Gustavo e queria pedir desculpas, exatamente como o Matheus havia falado que faria. Então eu voltei para o caderno enquanto esperava ela resolver aparecer. Quando finalmente o fez eu fui recebe-la na porta.

Ela estava com um semblante abalado: tinha os olhos inchados e vermelhosos como se tivesse chorado bastante recentemente. Eu fiquei preocupada de que na verdade havia acontecido alguma coisa mais séria. Fomos para o meu quarto e eu sentei na cadeira da escrivaninha enquanto ela sentou na minha cama.

-Então...-ela começou com uma carinha triste-eu conversei com o Gustavo hoje mais cedo. Ele vinha me tratando de um jeito estranho esses últimos e eu suspeitava de que havia alguma coisa errada. Ele finalmente me confessou tudo o que aconteceu naquele dia entre você, ele a Melissa e o Diogo. Ele disse também que estava se sentindo um lixo e que nunca mais ia conseguir olhar na sua cara-ela mordeu o lábio- desculpa, eu falei coisas horríveis pra você, preferi defender ele do que a nossa amizade. Eu fui muito idiota e você não tem motivos para me desculpar, sério mesmo. Só que eu gosto muito de você e...- ai ela começou a chorar e eu não tive outra escolha que não levantar e abraçar ela.

- Ah Alice, você sabe que eu te desculpo- não era só por que eu gostava dela: ela era minha amiga e tinha errado comigo mas não era por isso que eu não ia perdoar ela.-É uma merda, mas essas coisas acontecem. Agente acha que as pessoas são de um jeito e no final acabam senso de outro. Mas eu nem to mais com raiva do Gustavo.- eu tinha ficado com ódio dele, mas muito ódio mesmo, só que eu entendia a situação dele: ele era novo na escola e por isso devia estar muito preocupado em fazer amigos e ter o Diogo e a Melissa contra ele não ia ajudar em nada .- Os únicos culpados são a Melissa e o Diogo. Eu ainda vou acabar com aqueles bacacas.

E agente continuou naquele abraço, comigo passando a mão pelos cabelos dela.

-Mas você tá tão tristonha! Aconteceu mais alguma coisa?-eu perguntei me afastando dela para poder encara-la.

-Não. Sei lá, eu acabei brigando feio com o Gustavo. E eu já estava brigada com você, ai eu fiquei ainda mais triste...não sei, acho que tudo acabou juntando.-ela disse enquanto encostava a cabeça no meu ombro e eu fazia cafune nela.-Posso fica aqui com você hoje?

Era tão estranho ver aquela Alice: frágil, insegura, sentimental...exatamente o contrário de tudo o que ela era normalmente. Mas eu estava amando vê-la daquele jeito. Parecia uma verdadeira bonequinha que eu tinha de mimar e dar carinho.

-Pode, lógico que pode. Agente pode ver uns filmes...mas não pode ser de terror!-falei sorrindo para ela.

-Ok, de terror não-ela falou devolvendo o meu sorriso. Eu fiquei radiante de poder ver o sorriso dela de novo.

Então agente passou a tarde inteira juntinho assim assistindo filme.

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-Sara, agente precisa conversar.-eu falei séria para ela.

Tínhamos acabado o ensaio e o Matheus já tinha saído. Desde o dia em que a Alice havia me pedido desculpas a nossa amizade tinha ficado mais forte do que nunca. O mesmo aconteceu com os meus sentimentos. Por isso eu tinha decidido que finalmente ia me confessar para ela : fodasse se ela vai ficar chateada comigo, fodasse se ela for me rejeitar. Eu precisava acabar com aquilo. Mas para tanto eu tinha que ser sincera com a Sara e terminar aquele rolo que estava entre agente. Simplesmente não era certo as coisas continuarem daquele jeito.

-Ok novinha.-ela disse, enquanto se sentava de frente para mim. Acho que ela já esperava que aquilo fosse acontecer.

-Ai Sara, você é linda, gente boa, engraçada, só que eu gosto da Alice e não tá certo agente ficar assim. Nesse, nesse, sei lá o que agente tem. Eu te admito muito e realmente não quero ter que deixar de ser sua amiga, mas agente não pode mais ficar junto.-eu terminei com uma cara determinada.

Ela ficou me encarando por um tempinho até que em fim levantou as mãos em sinal de resignação.

-Ok. Ok. Tudo bem. Você já tinha dito mesmo que gostava dessa menina.-ela disse com uma cara não muito boa.- Eu só não consigo entender o que é que você vê nessa garota, sinceramente.-ela falou se levantando.

Eu mordi o lábio- Se você conhecesse ela você iria entender- eu falei baixinho.

Ela riu do meu comentário bobo e clichê. Mas era verdade. A Alice tinha algo, uma coisa que eu tenho certeza que todo ao redor dela conseguia sentir também. Era simplesmente natural que as pessoas gostassem da Alice, era simplesmente natural que se apaixonassem por ela. Ela era linda, inteligente, dedicada, estudiosa, gentil, independente, confiante, estilosa,fiel...ela era tudo e eu estava completamente apaixonada por ela.


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