Fui pro meu quarto tomei um banho, desci e nem almocei já fui direto pra escola, sem tchau pra mim nem nada, só silêncio.

Quando cheguei na escola, tinha umas meninas que faziam dança no portão, elas estavam alegres e dançando. Fui falar com uma delas e perguntar onde estava meu amigo, Joe. Ele é simplesmente o melhor amigo que todos nós podemos ter, eu amo muito ele.

– Laira, você sabe onde está o Joe?

– Ele está lá no auditório.

– O que ele tá fazendo lá?

– Vou saber. Vai lá ver, só vi ele entrando lá.

– Tá, tchau

Nesse momento ela fez uma cara de nojenta, só não pulei nela, por que hoje eu já tinha brigado demais, e aquele cara me deixou um pouco mais calma, ele parecia estar camuflado, sei lá, tentado fugir de alguém, será que ele tá fugindo da policia?Bom, não iria entrar em pânico, afinal eu estava na escola, atrás do meu amigo e quando eu voltasse iria pra festa, no outro dia demanhã eu ia lá no parque vê se ele estava lá. Pronto, tudo certinho.

Entrei no auditório e tava tudo escuro, provavelmente ele não estava lá, então sai fui pra sala, as horas passaram rápido demais e bateu o sinal pra ir pra casa.

Chegando em casa, a mesa da cozinha tava recheada de coisas, não sei que milagre fez a minha mãe a fazer aquilo, eu achava até que era meu aniversário, mais não era.

– Mãee, cadê você?

– To aqui na sala.

– O que houve pra você fazer isso?

– Isso oque?

– A cozinha, a mesa, o café?

– Ah, só queria agradar vocês. Eu sou uma péssima mãe, então queria que vocês tivessem do bom e do melhor.

– Hmm, eu vou tomar café então.

Minha mãe parecia que estava chorando, mais eu nem liguei.

– Maria Clara, vem aqui na sala, por favor

– Ah porra mãe, eu to tomando café, dá pra você esperar?

– Não, eu preciso te contar uma coisa.

Me dirigi até a sala e encontro ela chorando demais.

– O que foi? que você tem que atrapalhar até meu café da tarde hein?

– Preciso que você saiba disso.

– Você tá chorando por que? Aconteceu alguma coisa com alguém? Com o pai?

– Não, eles estão bem. É uma história.

– Ah mãe, me chamasse pra contar uma história?

– É. Nesse momento a raiva dela e a tristeza tomaram conta do seu rosto. - Quando eu tinha sua idade, fui andar por ai, pra esfriar a cabeça também, como você faz, tinha brigado com o meu pai, que tava bêbado também, e ele por nada queria me bater com o xicote que batia nos seus cavalos, xinguei ele e apanhei, quando cheguei numa pracinha, perto de casa, já era anoite, quando eu cheguei lá, vieram dois caras falar comigo, eu como não era mal educada falei com eles, eles perguntaram onde era tal lugar e eu disse, dai quando eu tava distraída, um deles me puxou pelo braço e me levou até um lugar imundo e sujo, nem comida tinha nem nada, me abusaram, me estupraram.

– E por que você tá falando isso pra mim?

– Calma, eu não terminei ainda. - Ela parou de chorar um pouco e voltou a falar. - Esse velho, não é seu pai, desde quando você nasceu ele me apoiou, esse bêbado e nojento, foi o cara que meu deu tudo, eu não tinha nada, ele cuidou de você, mais depois entrou na bebida e agora tá assim, alcóolotra.

– PORRA MÃE, QUER DIZER ENTÃO QUE ELE NÃO É MEU PAI?

– Não.

Eu já estava chorando, só por pensar que ele, velho, nojento me assediou esse tempo todo. Fui pro meu quarto e peguei uma mochila debaixo da cama.

Minha mãe estava subindio as escadas e começou a bater na porta.

– Abre a porta Clara, por favor, não vai fazer nenhuma besteira filha.

– Filha? será que eu sou sua filha mesmo?

– Pra onde você vai?

– Não te interessa pra onde eu vou.

Pelo o que me parece ela sentou no chão e chorou muito, muito mesmo. Abri a porta e ela se levantou.

– Dá pra você sai da minha frente?

– Deixa eu explicar tudo, por favor? Eu fui estuprada, não podia falar isso pra você, pelo menos foi ele que cuidou de você esse tempo todo

– UM VELHO, QUE ME ASSEDE, E AINDA VOCÊ DIZ QUE O QUE ELE FEZ FOI BOM? Já estava aos berros com ela.

– Sim, por favor fica em casa?

– Não, e sai da minha frente, eu não quero te machucar.

Ela saiu da frente e fui disparada pra rua, ia sair daquele lugar e esquecer aquelas pessoas.