-Claire, espera! - me virei, percebendo que era o Tom.

-Que você ta fazendo aqui? -Perguntei surpresa.

-Fui expulso da sala. - ele disse, rindo.

-Mas... por que? - perguntei confusa.

-Achei ridículo ele te tirar por que você tava rindo. Aí desafiei ele. Odeio física mesmo. - Ele deu de ombros e eu lhe dei um meio sorriso.

-Não devia ter feito isso.

-Tem certeza? - ele perguntou, sorrindo torto -Me prefere lá do que aqui?

-Não sei... - respondi, ja sorrindo torto também. Então ele chegou bem perto, nossos lábios quase se tocando.

-Me prefere lá, é? - ele perguntou de novo, sorrindo torto pra mim. Eu fiquei um pouco mole, perdendo o controle das minhas reações. O sorriso dele tinha esse poder sobre mim.

Eu hesitei um pouco pra responder. -Nem pensar. - disse finalmente, e ele sorriu, seus lábios realmente quase tocando os meus.

-VOCÊS DOIS! - ouvi gritarem no final do corredor. Ele bufou e se separou de mim, mais uma vez. Ah não! Outra vez? Mas eu devo ter colado chiclete na cruz em uma outra vida, só podia. De novo, por segundos. Definitivamente alguma coisa conspirava para que aquele beijo não acontecesse.

-O que estão fazendo no corredor? Não tem aula não? - Mary Hellen, a zeladora disse, parecendo divertida por ter nos interrompido. Ela até que era bem simpática comigo, porque eu quase sempre tinha músicas novas no celular para passar pra ela quando era expulsa das aulas. Em troca, ela não me dava uma advertência. Claro que os professores não sabiam disso.

-Tem alguma nova? - ela sorriu, mascando chicletes quando viu que era eu, e ficou olhando Thomas de cima a baixo, como se o examinasse.

-Algumas... - eu sorri, tirando o meu celular do bolso.

-Espero que tenha um passe pra ele. - ela disse séria, pegando o próprio celular.

-Tenho algumas do Guns - eu disse, sabendo que ela as queria fazia muito tempo.

-Está bem. Eu vou fingir que não vi vocês se pegando no corredor. Mas só desta vez. - completou, ameaçadora. Se eu não a conhecesse bem, teria medo dela como os outros alunos tinham. Uma mulher de 1,80m, com pelo menos o dobro da largura e do peso que deveria ter, pele morena, peitões gigantes, cabelo anos oitenta e mãos do tamanho de raquetes. Ela também tinha um tom de voz alto e com uma linguagem comum das periferias e bairros da máfia. Mas não faria mal a uma mosca.

-O que fazemos agora? - Tom disse, quando ela saiu para patrulhar os corredores.

-Esperamos a próxima aula. - eu sorri e nós fomos nos sentar nos degraus da escada.

Tom ficou olhando para mim de um jeito estranho, e então sorriu torto pra mim e olhou bem para os dois lados, passando seus braços por cima dos meus ombros e me cercando na parede lateral das escadas. Eu o abracei por baixo dos braços e estiquei uma das mãos pelas suas costas, mexendo nos cabelos do garoto. Ficamos um bom tempo assim, apenas sorrindo um para o outro, nossos olhares presos um no outro, seu nariz enroscando no meu. E então Mary passou de volta por ali.

-Hem hem. - ela pigarreou e nós nos separamos bruscamente. -To de olho em vocês, hein? - ela disse, apontando dois dedos para os olhos e em seguida para nós. Começamos a rir quando ela saiu e Tom girou os olhos, impaciente, chutando uma garrafa que estava solta no chão.

-Talvez fosse melhor se a gente..

-É. – Tom disse, olhando para cima e rindo em seguida, sentando um pouco longe de mim, nos degraus. -Acha que depois da aula...? – ele cortou o silêncio, de repente, com um sorriso travesso. Eu assenti, timidamente.

-Não vai escapar de mim tão fácil. – eu sorri pra ele, e ele fez o mesmo.

-De jeito nenhum. – ele disse. – Mal posso esperar. – ele completou, e o meu coração acelerou um pouco com o pensamento. Porque ele tinha que ter um sorriso tão perfeito? – Então.. – ele disse, meio que pra quebrar o clima que tinha ficado. – vai ir no show do Green Day?

-Se os meus pais cumprirem o trato, sim. – eu sorri.

-Ótimo. – ele sorriu, mordendo o lábio. – Porque você vai comigo. – ele disse, e em seguida rimos.

-Eu adoraria. – sussurrei de volta, bem em tempo do sinal tocar. – Vamos logo. – eu disse, me levantando. A professora de história chega cedo.

-Então ta. – ele suspirou, levantando-se também.

Aquela aula ia ser longa.