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Ivo Pessoa - Uma vez mais

Viaja pra longe te encontrarei em algum lugar.

Permaneço em ti como sempre foi mais perfeito e mais fiel,

Mesmo sozinho sei, que está perto de mim quando triste olho pro céu.

Durante toda a vida Edward descobriu os diversos significados do Eterno. As várias coisas e momentos que eram eternos. Mas infelizmente a vida não estava incluída nessa feliz lista.

Vida. Ela tinha um começo e um fim. E o estava sentindo na pele.

O tempo para Isabella corria mais rápido, a doença lhe foi terminal e ela acabou piorando duas semanas depois. O doutor Riley não lhe dava mais esperanças, era o fim daquela parte de sua vida, da sua existência.

Ela já respirava com dificuldade e estava fraca. O médico já tinha feito o máximo e sabiam que ela não passaria daquela noite, tudo que podiam lhe oferecer era algum conforto... Suas despedidas... E todo seu amor.

Toda a família estava na casa, Nessie e Anthony foram os primeiros com as despedidas, enquanto Edward permanecia em pé junto a janela, em total silêncio apenas observando sua amada esposa, recusando a deixar o cômodo.

— Oi mamãe. — Nessie a saudou com um beijo na bochecha e Anthony com um em sua cabeça.

Bella estava deitada com os olhos fechados sob os finos lençóis. Sua respiração era lenta e superficial. Os irmãos Cullen sentaram na cama, um de cada lado e cada um segurando uma mão de Bella.

As lágrimas já se empoçavam nos olhos de Renesmee e ardiam os olhos de Anthony.

Como se despedir definitivamente de uma parte de si mesmo? Era tão cruel. E doloroso. Mas tentavam se confortar com o fato de que seria o melhor para Bella, daria a ela o descanso que tanto merecia.

— Eu não sei fazer isso... Eu não posso... — Nessie sussurrou baixando a cabeça e chorou.

Anthony assentiu e esticou a mão livre, pousando sobre a mão da irmã.

— Vamos ficar bem, mãe. — Anthony sussurrou pelos dois e beijou as costas da mão frágil, com pele quase translúcida, ossinhos e veias protuberantes. — E vou cuidar da Nessie e do papai como à senhora sempre fez, pode confiar no seu moleque aqui. Nós vamos ficar bem.

— E vamos sentir sua falta todos os dias, mamãe, mas está tudo bem, porque a senhora vai estar sempre com a gente. Sempre.

— Ei Senhora C., sabe as vezes que eu disse ou fiz parecer que não gostava da senhora ou que a senhora era a pior mãe do mundo? —Anthony perguntou afagando a mão. — Era mentira. A maior e mais fodida mentira, porque eu sempre te amei, sempre, e você, Isabella Swan-Cullen, foi a melhor mãe do mundo.

— A melhor. — a irmã concordou. — Obrigada por ter sido a melhor mãe do mundo, Senhora C. — Nessie sorriu entre as lágrimas ao usar o apelido que seu marido, Jacob, tinha colocado nos pais, Senhor e Senhora C.— Eu te amo, mãe. Eu te amo e sempre vou amar, sempre.

— Eu te amo, mãe.

Os dois se inclinaram cuidadosamente sobre a mãe em um abraço. No Top três piores momentos da vida, aquele definitivamente era o primeiro. O pior momento da vida de ambos. Mesmo que Bella, aparentemente, não pudesse entender, segurando a mão da mãe, eles disseram mais algumas palavras de despedida e um até logo. E então saíram do quarto sem falar com o pai e chorando após beijar suas mãos e testa. Então desceram para chorar na sala sendo consolados por Leah e Jake.

Edward, no entanto, se negava a sair do lado de sua amada.

Por mais que lhe doesse o inferno, por mais que parte de seu coração estivesse sendo arrancado a ferro quente e morrendo aos poucos com ela, não sairia dali. Ficou ao lado de Bella durante todos aqueles anos, estaria ao seu lado também no fim. E cumpriria sua promessa.

Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Na saúde e na doença. Todos os dias de nossas vidas... Até que a morte nos separe.

Estava sentado ao seu lado, segurando sua mão. Até que a morte os separasse.

As lágrimas desciam despercebidamente por seu rosto, mas ficaria ao lado dela até seu último suspiro. Após 50 anos de casamento feliz já tinha aceitado que era à hora de deixá-la ir.

E Bella começou a respirar com mais dificuldade, ruidosamente e abriu os olhos fundos, nublados e confusos.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Você vai para um lugar lindo, como você merece. E lá você vai se lembrar de tudo. Da sua vida, de mim, da nossa vida juntos, dos nossos filhos e netos... De tudo. É um lugar lindo e com um lindo jardim, exatamente do jeito que você gosta. — Edward acariciou o rosto cansado de Bella, quase cedendo, e beijou sua cabeça.

— Ah...

— Não se preocupa comigo, amor. Eu sou forte, lembra? Você mesma me dizia isso, que sempre fui forte — fungou. — Eu vou ficar bem. Só preciso ficar mais um tempo, ser forte pelos nossos filhos e deixar tudo ajeitado, então vou te encontrar. Vai ficar tudo bem, eu prometo. E eu sempre vou te amar, sempre. — sorriu e segurou a mão dela. — Você pode ir, minha vida. Só te peço que cumpra nosso combinado e me espera lá do outro lado pra ficarmos juntos pelo resto da nossa eternidade.

— Edward... — ela suspirou e Edward sorriu com lágrimas nos olhos. Ergueu a mão dela até seus lábios e beijou suavemente.

— Sim, amor, sou eu. Está tudo bem. E eu te amo.

Ela não tinha dito nada mais do que seu nome. E foi suficiente para lhe significar o mundo.

Escutá-la dizer nome novamente, mesmo que em forma de suspiro gemido em seu leito de morte, fora uma declaração de amor. A maior, mais significativa e mais linda declaração de amor do mundo. Porque aquilo significava que no fundo, mesmo que bem no fundo, no seu interior e subconsciente, sua Bella estava ali.

Bella... A mulher com quem tinha se casado há cinquenta anos. A mulher com quem tinha construído uma vida e uma família. A mulher que amara por todos os dias de sua vida mais do que a própria vida.

Bella estava ali com ele, se lembrava dele e de todo o amor que sentiam um pelo outro. Ela puxou uma respiração, mas parou no meio dela e suspirou. Bella então fechou os olhos e seguiu em frente. Fim.

Seu coração parou de bater... E ela tinha ido embora.

O verdadeiro amor espera uma vez mais.

A vontade sincera de Edward era gritar. Era chacoalhá-la e implorar pra que não fizesse isso com ele, que não lhe abandonasse. Queria dizer que não podia viver sem ela, mesmo que por alguns segundos, e que já sentia sua falta. Mas seria egoísmo, não podia fazê-lo.

Em meio à dor e lágrimas, sorriu por ela.

— Pode ir meu amor, nos encontraremos novamente daqui a pouco. Pode ser em algumas semanas, meses ou anos, mas vamos nos encontrar novamente. O nosso amor será eterno e nem a morte poderá detê-lo. — sorrindo respirou fundo. — Você é minha vida e sempre vai ser, então vai indo na frente e me espera amor. — acariciou o rosto sem vida dela e piscou deixando as lágrimas vazarem. — Vamos nos encontrar novamente e de mãos dadas iremos seguir, viver a eternidade juntos. A eternidade. Eu te amo, Isabella Swan.

Ele se esticou sobre o corpo da esposa e suavemente encostou os lábios dela com o seu. E então, sobre o corpo dela, chorou.

Mas você partiu sem mim e sei que estás em algum jardim entre as flores.