Era reconfortante para Bella ter o apoio de toda a família quando mais precisava.

Não apenas Edward estava sendo o melhor homem do mundo, mas seus filhos também estavam sendo os melhores. E eles eram pra ela. Além de serem também as maiores dádivas de sua vida. Duas pessoas que qualquer mulher teria o maior orgulho de chamar de filho e filha.

E exatamente, Bella tinha o maior orgulho de seus filhos. Não somente por eles estarem sempre ao seu lado quando ela precisava, principalmente nos momentos ruins (que estavam se tornando mais frequente do que qualquer um gostaria); muitas vezes Anthony e Nessie deixavam de lado a própria vida – a carreira, os parceiros, os filhos – para cuidar dela. Mas não se resumia a apenas isso, também se orgulhava por terem se tornado pessoas felizes e bem sucedidas em todos os sentidos de sua vida – pessoal e profissionalmente –, tudo que uma mãe deseja para seus filhos.

Anthony se formara em medicina, para orgulho do pai, e trabalhava no principal hospital de Seattle, onde morava para ficar mais perto dos pais. E seus dias de moleque pegador tinha se acabado ao conhecer e se apaixonar por Leah Clearwater – era o legado dos Cullen, se apaixonam duro e pra sempre – mulher forte que o tinha enrolado em seu dedinho, principalmente depois do nascimento de Nahla, filha do casal de cinco anos.

E Nessie, além de formada em publicidade e marketing, era dona de uma das maiores agências publicitárias de maior sucesso e também morava em Seattle. Seu relacionamento com Jacob, apesar de algumas idas e vindas, tinha se firmado e se tornado um casamento muito bem sucedido e com frutos, os filhos Isabella "Baby B", Sarah e Connor – de treze, oito e dois anos, respectivamente.

Bella amava sua família. E amava tê-los perto como naquele dia, um típico almoço de domingo da casa da mamãe e papai, agora também vovó e vovô.

Ela se sentia bem ao redor deles. Eles eram bons demais, talvez não os merecesse, mas era muito agradecida. Mesmo que ás vezes esquecesse o nome deles ou no meio da conversa simplesmente parasse encarando o vazio, confusa entre o passado e presente, sua família nunca pareciam se importar muito. Sempre, com todo o carinho do mundo, ajudavam-na a lembrar de onde estava, quem eram ou o que estava acontecendo. Até seus netos, que já estavam cientes da situação da vovó, sempre tentava ajudá-la.

Mesmo com todas as peças que sua mente doente lhe pregava, conseguia conviver e amar os filhos, netos e o marido com todas as suas forças. Com todo o coração.

Mas ainda não achava justo tudo que eles tinham que passar. Seus filhos deviam cuidar da própria vida e problemas, não de uma velha quebrada. Tinha que ter a conversa com eles, se Edward não conseguia enxergar o que pra ela era óbvio e a conversa com ele não a levara a nada, tinha que tentar fazer os filhos enxergar e entender que era o melhor pra todos.

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Bruno Mars - Talking to the Moon

Deixou Edward na sala com os netos, o genro e a nora, e subiu para o quarto com a ajuda de Anthony e Nessie logo atrás. Sentou-se na cama e viu o olhar ansioso deles.

— O que foi mãe? A senhora está bem? — Anthony perguntou preocupado.

— Sim, meu amor, eu estou. Sentem aqui comigo, por favor. — ela pediu e assim o fizeram. Sentaram-se na cama frente a ela, cada um segurando uma de suas frágeis mãos. — Vocês sabem que são meus maiores tesouros, não sabem? Que eu os amo mais do que qualquer coisa na minha vida, não sabem?

— Sim, mãe, nós também te amamos muito! — Nessie com um sorriso carinhoso, mas ainda preocupada e ansiosa. — O que está acontecendo?

— Queridos, eu não tenho muito tempo...

— Mãe, por favor, de novo não, a senhora ainda tem tempo! — Anthony a interrompeu impaciente, odiava aquele tipo de conversa.

— Não tenho amor. Tenho 60 anos e estou muito doente, a doença está corroendo meu cérebro e aos poucos não serei mais do que um vegetal sem vida...

— Mãe...

— Nessie me deixe terminar. Eu sei que vocês me amam e agradeço aos céus todos os dias da minha vida por ter vocês comigo. Em alguns anos darei mais trabalho do que vocês me deram na infância, eu serei um estorvo para todos e não quero isso. Quero que respeitem minha decisão. — seus lábios tremiam. — E eu queria que vocês me colocassem em uma casa de repouso.

O que?! Nessie e Anthony perguntaram ao mesmo tempo.

— Só digo uma coisa, você perdeu sua mente, jovem senhora. — Anthony murmurou irônico e revirou os olhos.

Bella quase riu. Era exatamente algo que Edward faria e diria; em alguns momentos irritava a semelhança que ele tinha com o pai.

—Não mesmo! — Nessie quase gritou, levantando-se bruscamente.  —Não, ok? A senhora perdeu sua mente se acha que vou colocá-la em um abrigo qualquer, cheio de malditos estranhos quando tem uma família inteira cheia de amor para lhe dar, cuidar e lhe ajudar aqui. Não!

— Querida...

— Ela está certa, mãe. Com todo o respeito, sua decisão é uma merda. Não vamos lhe largar em um abrigo, a senhora não nos largou em um orfanato, não me abandonou quando eu era uma peste quando criança ou um adolescente problemático. Nós lhe devemos isso. E não faremos apenas por obrigação, mas porque você é a nossa mãe e nós te amamos! — Anthony disse sério. Novamente exatamente como pai dele. — Aliás, o papai sabe dessa sua ideia de abrigo, por um acaso?

— Seu pai é cabeça dura, mas também está ficando velho. Só que ele, ao contrário de mim, é saudável. Ele terá mais tempo e não posso pedir que ele cuide de mim. Queridos, um abrigo é cheio de especialistas e pessoas pagas para cuidar de pessoas em minha situação, é a melhor opção.

— Não! — Nessie repetiu. — Não, não e não!

— Em alguns anos eu serei um nada. Serei um sopro do que já fui um dia. Não saberei o nome do meio talvez nem o primeiro nome de vocês. Nem os nomes dos meus netos, eu não saberei a data de aniversário de vocês, não conseguirei dizer o nome de vocês! Meus amores, eu vou passar por isso, mas provavelmente nem vou sentir, não quero que vocês tenham que passar por isso também. A minha doença não tem cura e vai acabar comigo aos poucos, eu vou esquecer tudo! Como comer, como escrever, com quem eu me casei... Tudo! Inclusive vocês... E o Edward! — falou com dificuldade e parou, engolindo seco, deixando as lágrimas escorrem por seu cansado rosto.

— Para o inferno essa doença. Que se esqueça de nós, tudo bem, mas nós não vamos nos esquecer de você, mãe. Estaremos aqui pra te ajudar. — Anthony disse e uma lágrima escorreu por seu rosto.

— Nós te amamos, mamãe. — Nessie disse em lágrimas voltando para a cama e segurando, novamente, a mão de Bella.

— Eu não quero que vocês passem por isso... Eu só... Não posso e não quero.

— É uma escolha minha. E eu escolho está aqui com você e com minha família. Eu vou estar do seu lado sempre, independente do que aconteça. E quando o dia chegar e você me perguntar “quem é você?”, eu vou apenas sorrir e te abraçar, porque você me amou durante todos os dias da minha vida, até mesmo quando eu não merecia. E porque você é a minha mamãe e eu sou sua garotinha, sua pequena Nessie, era o que sempre me dizia. E mesmo que você se esqueça, eu vou te amar mamãe. — Nessie falou sorrindo e abraçou Bella com força.

— Nessie. — Bella suspirou chorando e abraçou Nessie.

— Eu sou uma merda com as palavras, sempre fui. Então faço das palavras da Nessie as minhas! — Anthony entrou no abraço. — Eu te amo mãe.

Bella, que estava sendo abraçada, sorriu e teve certeza que mesmo que não se lembrasse de absolutamente nada... Não estaria sozinha. Nunca.

Anthony a ajudou com os remédios e então beijou o alto da sua cabeça, então Nessie beijou sua bochecha e ajudou a se deitar sob as cobertas, depois saíram para que pudesse descansar.

Renesmee não conseguia controlar as lágrimas após a conversa, desceu as escadas tentando secá-las, foram para a cozinha juntos para evitar pergunta dos outros. O irmão lhe pegou um copo d’água para que se acalmasse.

— Nessie... Vai ficar tudo bem.

— O que aconteceu? Onde está a mãe de vocês?! — Edward perguntou preocupado ao ver a filha chorar, pronto para correr pro quarto de Edward.

— Ela está bem, tomou os remédios e agora está descansando no quarto, ela queria conversar com a gente. — Anthony respondeu prontamente para acalmar o pai.

— Você sabia da ideia dela de ir para uma casa de repouso?! — Nessie perguntou nervosa.

Edward bufou e passou a mão nos cabelos.

— Não acredito que ela falou com vocês. Céus, a mãe de vocês é mais teimosa que uma mula empacada. Já disse pra ela desistir dessa ideia, mas pelo visto ela continua pensando nisso.

— Não vamos fazer isso, não é pai? Porque se você acha que está cansado e não pode mais ficar com a mamãe, ela pode se mudar e morar comigo, Jake e as crianças.

— O que? Não! É claro que não! Essa opção não será cogitada por nenhuma razão. Bella se dedicou durante toda a sua vida a nós e está mais do que na hora de retribuirmos. — Edward falou firme. — Estaremos com sua mãe até o fim, como uma verdadeira família deve ser.

— Sei que estaremos com a mamãe, pai. A questão é, e você? Nos preocupamos com você também. — Anthony disse suavemente.

— Eu jamais ficaria cansado da sua mãe ou de cuidar dela, sei que isso não vai ficar mais fácil, mas é o que vou fazer até os fins dos nossos dias. Vou cuidar da sua mãe como ela sempre cuidou de mim. Eu só... — suspirou. — Eu posso lidar com ela assim, porque sei que ainda a tenho comigo. É ficar sem ela que me preocupa, não posso lidar com a ausência da minha Bella, ficar sem ela acabaria comigo, então vamos ficar juntos, todos juntos... Sempre.

Anthony concordou sorrindo e abraçou o pai, logo Nessie entrou no abraço também.. Era o amor. O amor de pais com os filhos. De filhos com os pais. Amor de família. Eterno.

Eu quero você de volta... Você é tudo o que eu tenho.