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O Teatro Mágico - Realejo

Bella se sentia cada vez pior. Os meses passavam e ela ficava cada vez mais esquecida, cada vez mais dependente, isso lhe destruía aos poucos.

Como encarar Edward, reconhecer aquele belo rosto e não saber seu nome? Ou o dos filhos? Ou grandes pedaços de toda sua vida?

Raramente ficava sozinha em casa, mas às vezes preferia ficar. Ficava sentada na varanda da casa e encarava o seu jardim. Não conseguia cuidar dele com frequência, as flores teriam morrido se não fosse à ajuda dos netos, que ajudavam a cuidar delas. Ela se sentia como aquelas flores. Estaria morta se não fosse sua família.

Ficava sentada em sua cadeira de balanço com um grande álbum de fotografia no colo, vendo e revendo as fotos da família. Fotos de sua juventude, do seu casamento, seus filhos pequenos e a evolução deles sozinhos e com seus conjugues, e então os netos... Toda a família junta. Às vezes Edward sentava ao seu lado e lhe contava a história de cada foto. Era toda sua vida contada em fotos, era o que fazia para não se esquecer deles totalmente. E mesmo que não se lembrasse do momento, Bella acabava sorrindo.

Parou em uma das primeiras fotos, ela com Edward em uma clareira. Aquele em dia em que a história de amor começou, de fato.

Vejo a ponte que levara o que desejo,

Admiro o que há de lindo e o que há de ser... Você.

— Então Bella, você sabe que é minha melhor amiga não sabe? — Edward perguntou meio inseguro.

Eles estavam em uma clareira da floresta, era um lugar desconhecido para quase todos e muito romântico. O lugar favorito de Edward, e que ele lhe apresentara a poucas semanas.

— Sei Edward. Então, o que você quer? — Bella perguntou com humor.

— Como minha melhor amiga, você tem que me dar conselhos não sabe?

— Eu sei Edward, fala que você está me deixando curiosa! — ele então pegou uma de suas macias mãos, e olhou em seus olhos.

— Então me diz, como eu digo para uma pessoa com quem convivo há um bom tempo e que só me considera um amigo que a amo? Que não vivo mais sem ela, que cada minuto é muito sem ela? Como digo que desde o dia que a vi, ela me encantou completamente e que deu sentido a minha vida? Como dizer que estou disposto a lutar com todas as forças para tê-la ao meu lado? — ele disse sem tirar os olhos dos dela. — Fazê-la minha, só minha.

Bella sentiu o ar engasgar em sua garganta, que fechava com o ritmo forte de seu coração... E o soco de decepção.

Ela se perdia na imensidão verde do olhar do Edward, olhar cheio de amor e emoção. Suas pernas fraquejaram, ela segurava o impulso de chorar, tudo que ela queria ouvir dele... E ele estava disposto a falar para outra.

Respirou fundo e deu um sorriso tremulo.

— Er... Vo-você... — ela gaguejou e se xingou mentalmente por isso — Você pode dizer tudo isso, qualquer garota vai ficar imensamente feliz por ouvir todas essas palavras e vai ser a mulher mais sortuda do mundo por ganhar seu coração, o coração do homem mais incrível do mundo. Diga com o coração, com certeza ela vai amar.

— Até... Você? — ele perguntou.

— Que? — ela ficou confusa e seu coração disparou ainda mais... Se isso fosse possível.

Edward levou a mão até a bochecha dela, acariciou com delicadeza.

— Bella, eu sei que posso estar fazendo a maior besteira, mas eu tenho que te falar isso... Bella, eu te amo! Não apenas como amigo, mas como um homem ama a uma mulher. Desde o dia que você trombou comigo eu tinha certeza que não seria apenas amizade, esse seu jeito que mistura momentos de mulher e outros momentos como menina me encantaram e fizeram eu me apaixonar perdidamente por você. Apaixonei-me pelo seu sorriso, seu olhar... Por você. Cada pequeno detalhe... Tudo! Eu não tenho mais forças para lutar contra isso ou tentar esconder, tentar manter nossa amizade sem saber o que você realmente sente por mim. Bella, eu amo você.

Bella não tinha a menor ideia do que dizer. Seus olhos marejaram e ela piscou forte para ter certeza que não estava sonhando, as lágrimas estão desceram pelo seu rosto. Ela não estava sonhando. Oh Deus, arfou.

— Bella? Bells? Ah, merda, me desculpe, eu acho que estou misturando as coisas... Eu... Quando você iria se interessar por mim? Eu... Sério, vamos esquecer está bem? — pediu nervosamente, agitando a cabeça.

— Não... — ela ainda tentava formular uma frase coerente para responder tal declaração.

— Não quero acabar com a nossa amizade, que é muito importante para mim.

— Só nos meus mais lindos e loucos sonhos você iria me dizer isso, você não sabe o quanto eu sonhei, o quanto eu pedi mentalmente por essa declaração.

— Eu não quero que você... — piscou forte. — Oi? Como assim?

— Eu te amo, Edward. Só isso.

Edward sentiu seu coração bater descompassado e não teve dúvidas, com uma das mãos na bochecha dela, se aproximou lentamente de Bella e roçou seus lábios nos dela.

— Minha. — suspirou em seus lábios.

Ambos fecharam os olhos. Então colou seus lábios aos dela, que abriu os lábios com um suspiro e deu passagem a língua.

O beijo era calmo e com muita ternura, amor. Suas línguas se movimentavam sensualmente em sincronia perfeita e as bocas se encaixavam como fosse feitas uma para a outra; a mão do Edward seguiu até a cintura da Bella, enquanto ela colocou a mão em sua nuca a acariciando com os dedos.

Enquanto for um terço meu... Serás vida... Bem vinda.

Serás viva... Bem viva... Em mim.

Viva em mim.

Bella sorriu com aquela lembrança, agradecendo por ainda não tê-la esquecido junto com várias outras que tinham ido. Seu primeiro encontro... Suas últimas lembranças.

Estava realmente feliz de não ter se esquecido do dia em que Edward se declarou a ela. E se tornara dela em todos os sentidos, apenas e sempre dela. Aquele era um momento eterno.

Porque nem sempre eterno é aquilo que dura para sempre, mas tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se torna inesquecível, eterno em suas mentes e corações.

Ela fechou o álbum e levantou-se com dificuldade, o tempo estava esfriando, não iria abusar.

Os opostos se distraem, os dispostos se atraem.