Acho que eu não estava acostumada a ver alguém me olhar daquele jeito. Ainda mais, quando esse alguém, se chamava Guilherme. E era o menino por quem eu estava totalmente apaixonada.

Ele passou da poltrona do outro lado da sala, para o sofá em que eu estava sentada, mas mesmo assim, ainda continuou um pouco longe de mim. Eu não conseguia falar nada, na verdade eu não estava nem pensando. Por mim, ele me beijava ali, naquele momento e viveriamos felizes, para sempre. Mas, como a vida não é um conto de fadas, ele não me beijaria e nem mesmo viveriamos felizes para sempre. Eu não conhecia ninguém que tinha ficado feliz por no máximo, 20 ou 30 anos. Então, eu já estava completamente sem esperanças para que eu fosse feliz, por no máximo, 1 semana. Quem dirá 20 ou 30 anos. Na minha opinião, as pessoas que são feliz por esse tempo ou um pouco menos, são as pessoas mais sortudas do mundo.

- No que ta pensando Jé?

- Eu... na verdade, eu estava pensando que você iria me beijar... - pensei melhor e corrigi o que falei - só que ao contrario, entende?

- Entendo, tipo, eu iria te bater então?

- Não é para tanto, mas é por ai... E você? No que estava pensando?

- Na verdade... Na mesma coisa que você, só que não.

- Acho que não entendi - risos.

- Você estava pensando que iria te bater ou algo do tipo, não é? Eu estava pensando o contrario. Te beijar - risos. Tudo bem.................. Ele estava realmente pensando em me beijar, tipo, oi? Meu coração acelerou na hora.

- Oh, claro que é, nossa - tentei desfarçar que tinha ficado mexida, e muito mexida.

- É sério - ele levanta uma sobrancelha, e eu ficava louca quando ele fazia isso, puta merda.

- Pois... Pois é. - quando eu falei isso, não sei o que ele entendeu, acho que ele entendeu um "então vem aqui me beijar" e foi se aproximando de mim no sofá. Quando ele finalmente chegou do meu lado e pôs sua mão entre meus cabelos, eu soube o que iria acontecer depois daquilo. Ele iria me beijar. Eu o queria muito, mas sabia que aquilo não podia acontecer, então virei o rosto e levantei do sofá. Fui ligar o rádio pra gente se destrair, mas acho que aquilo não deu muito certo. Quando eu liguei o rádio, estava tocando o meu cd da Demi Lovato, e estava bem na musica Fix a Heart. Era a musica que eu mais chorava quando terminei com o Matheus, e o Guilherme ficava me abraçando com essa musica de fundo.... Porra, quantas lembranças.

- É, fiquei com vontade de ouvir musica - risos.

- Logo fix a heart, legal...

- O que foi? Você não gosta dessa musica? Você adorava ela na época do... do coisinho.

- Eu amo essa musica - ele levanta do sofá e me segura pela cintura. Quando chegou na parte em que a Demi fala "baby tell me how could you be so cruel" ele avançou para o beijo.

Aquele concerteza, era o beijo mais perfeito da minha vida. Sinceramente. O Matheus nunca tinha me beijado daquele jeito, tão... Apaixonado. Mas o que eu tinha na cabeça para pensar em Matheus em uma hora dessas? Euestava ali, no meio de um beijo perfeito... Um beijo perfeito com o meu melhor amigo que era namorado da minha melhor amiga. Quando eu me lembrei desse pequeno detalhe, eu o empurrei para longe de mim. Ele ficava me olhando do outro lado da sala, esperando que eu falasse alguma coisa.

- Isso é errado. 

- Eu sei. Eu gosto do errado. - ele dá um sorriso tão... puta, tão meu.

- Você gosta, eu não. - lutei para falar aquilo. A mais ou menos 1 minuto atrás aquilo era verdade, mas agora não, eu estava gostando do errado, eu estava amando o errado! 

Ele se aproximou de mim de novo, e segurou na minha cintura. Ele estava tão perto de mim, que dava para sentir sua respiração no meu rosto. Naquele momento, eu só queria esquecer a Pamela, e pensar que aquilo era justo comigo. Eu merecia aquilo, aquilo ERA justo.... Comigo, com a Pamela não. Mas naquele momento eu não queria pensar em Pamela, nem no que era certo. Eu só queria aproveitar o momento, podia ser que aquele fosse o unico momento em que eu poderia ser no minimo feliz.

Ele não tomou a iniciativa para me beijar, ele estava esperando que eu o fizesse. Ele não queria que eu fizesse algo que iria me arrepender depois, acima de tudo, ele ainda queria o meu bem. Como naquele momento eu tinha esquecido de tudo e só estava concentrada no momento, eu o beijei. O beijei com tanta força e paixão que eu não estava me reconhecendo. Eu entrelhaçava meus dedos nos cabelos dele e em alguns momentos senti que estava puxando o cabelo dele, talvez forte demais. 

Estava tudo tão perfeito, o beijo, a trilha sonora - que ainda continuava fix a heart, estava no modo repetitivo o radio - o momento. Quando o celular do Guilherme toca. Ele não queria atender, mas eu sabia que ele tinha que atender, para aquilo acabar de uma vez - não que eu quisesse que acabasse, mas tinha que acabar.

- A, alô - ele fala meio que limpando a boca e olhando para mim com um sorrisinho malicioso.

- Mor, me perdoa - claro, tinha que ser a Pamela para atrapalhar um momento tão perfeito assim - não é que eu esqueci, é que hoje eu tinha trabalho na escola e não tive nem tempo para respirar. Me perdoa, perdoa mesmo! Eu te amo.

- Ta Pamela, depois nós conversamos que eu to ocupado, to nem conseguindo respirar direito - quando ele fala isso ele olha para mim e começa a rir, e eu não consegui segurar o riso também e nós dois caimos na gargalhada e ele desliga o celular sem ao menos dar tchau para ela.

- Onde estavamos mesmo Jé? - ele levanta e vai se aproximando de mim.

- Estavamos na parte em que você se despede de mim e vai embora porquê já ta tarde e daqui a pouco minha mãe chega. 

- Mas tava tão bom mor... - porra, porquê ele tinha me chamado de mor? PORQUÊ???? Aquilo mexeu comigo mano.

- Tava, e não pode estar mais. Boa noite Gui.

- Ta né... Boa noite - ele vai me dar um beijo na bochecha de boa noite e acaba me dando outro beijo tão apaixonado quanto o primeiro - Obrigado pelo presente maravilhoso de aniversário.

- Que presente? Eu não te dei presente ainda retardado.

- Esse aqui - e me dá outro beijo, ele não cansava de me beijar não?.... Ta, nem eu cansava de beijar ele. Eu o empurro para longe de mim e fecho a porta.

Tudo bem, eu estava feliz. Muito feliz. Estava tão feliz que comecei a chorar de felicidade, aquilo tinha sido perfeito. Eu não conseguia parar de pensar nele e no quanto eu estava feliz. Não me sentia tão feliz assim a muito tempo. Eu estava feliz até a culpa bater em mim e eu começar a pensar na Pamela... Eu estava traindo a minha melhor amiga, porra, a minha melhor amiga....