Jessica POV

Depois das mensagens da Pamela, como conseguir não chorar? Como conseguir não relembrar tudo o que já vivemos? Guerras de comida, abraços, empurrões... A Pamela faz uma falta danada aqui comigo, e isso não é novidade para ninguém.

Hoje é meu primeiro dia no trabalho, então tenho que me concentrar no serviço e tentar deixar a Pamela um pouco longe. Só tentar, porquê né.

Sai da escola e fui direto para a casa, o Mateus e o Guilherme foram comigo. Nós almoçamos e eu fui tomar meu banho. Sai do banho e me vesti, olhei no relógio e eram 13:20. Tinha tempo até para tirar um cochilo se quisesse, era apenas 10 minutos da minha casa até o escritorio. 

Deitei e coloquei um DVD, do dia em que eu e a Pamela conhecemos o Guilherme. Foi em uma festinha de familia, e quando olhamos para ele de longe nós começamos a rir e ficamos falando "nossa, que gatinho ne". Quando fui me dar conta, eu estava rindo igual uma idiota. É, bons tempos. Olhei para o relógio e já eram 13:40. Bom, hora de sair de casa.

Pamela POV

Hoje eu iria tirar meu passaporte. Eu e minha mãe iriamos viajar, glória. Sai da escola, fui para a casa, almocei e já fui ver as coisas do meu passaporte. Cheguei lá, o lugar era bonito, grande e bem arejado. Simples, mas também sofisticado. Adorei o lugar, bem simpatico.

Fui até a recepção e perguntei qual era o andar para tirar o passaporte, e a mulher respondeu que era no 5º. Ela respondeu com uma cara séria, nem olhar para mim direito ela olhou, não desgrudou os olhos da tela do computador. Vagabunda, sua mãe não te deu educação em casa?

Agradeci sem olhar para ela, seca do mesmo jeito. Fui andando para o elevador, e fiquei esperando ele descer. Quando ele chegou, as pessoas sairam dele e eu entrei, apertei o botão do 5º andar, e quando ele ia fechando a porta, alguém a segura.... Isso mesmo, Jessica.

Quando ela segurou a porta eu a fiquei encarando. Não sabia se falava oi ou se saia do elevador. Alias, que diabos ela estava fazendo lá? 

- Hey Pam... - ela falou meio que com a cabeça baixa entrando no elevador.

- Hey Je. - respondi, sem desviar a atenção do rosto dela. 

Na hora me subiu um calor, me senti corando, queria sair dali, respirar. Mas já era tarde demais, a porta já tinha fechado. Ficamos quietas até chegar ao 3º andar, e.... Puf! Que ótimo, acabou a força do prédio e ficamos presas no elevador. Que beleza. Eu e minha melhor amiga, ou ex melhor amiga, presas no elevador. Era tudo que eu queria viu Deus, obrigadão.

Eu não tinha medo de elevador, nem nada. Mas naquele momento, eu ali, com a Jessica em um elevador, presas e ainda mais, brigadas, eu comecei a passar mal, estava quase morrendo ali.

- Hey, hey. Calma, respira... Respira, inspira, respira, inspira. - é, eu consegui rir com aquilo. Ela continuava a mesma palhaça de sempre.

- Não consigo respirar direito! Sai de cima de mim, agora! - eu já tinha melhorado, mas não queria ficar perto demais dela, sabe, pra não correr o risco de abraçar ela e etc. Não que eu não quisesse fazer as pazes, mas sei lá né, não queria que isso acontecesse muito rapido.

- Me obrigue gostosa! - ela sentou em cima de mim, é. Ela me conhecia bem, sabia que eu já tinha melhorado - Pronta pra recuperar todos aqueles momentos perdidos, gata?

- Credo Jessica! Sai de cima de mim, idiota - falei rindo. Ótimo, me rendi a ela. 

- Me perdoa Pam, eu sei que errei, mas cara, eu amo ele. - levantei uma sobrancelha - digo... Amava. Agora eu amo ele somente como amigo, entenda.

- Porque tu acha que eu te mandei aquela mensagem? Porque tu acha que eu mandei aquela mensagem pra ele também? Querida, eu amo vocês. Se fosse eu no teu lugar, faria a mesma coisa. Só demorei um pouco para perceber isso, sim sou otaria. Vai, me xinga.

- Otaria. - ela me xingou mesmo, que filha da puta.

- Filha da puta, não era pra você me xingar de verdade!

- Levo as coisas ao pé da letra, sorry. - ela zombou de mim, ta, tudo bem.

- Senti saudade. - falei me segurando para não chorar.

- Não mais do que eu senti - ela me abraçou e começamos a chorar. Eba... - Afinal, o que tu ta fazendo aqui? Ta trabalhando aqui também?

- Também? Eu não! Vim apenas tirar meu passaporte, eu e minha mãe vamos viajar, precisava ficar um pouco longe, sabe? Por as coisas no lugar. Mas e você? Também vai viajar?

- Não, já ta na hora de eu cuidar do meu próprio nariz. To trabalhando aqui. Primeiro dia, o salario não é muito mas dá para ajudar em casa, pegar um pouco para mim e fazer um pé de meia. Quero morar sozinha quando completar 18 anos.

- Nossa, tu já esqueceu? Cara, me sinto ofendida agora! - eu falei, brincando com ela.

- Não, eu não esqueci cacete! Quando eramos pequenas, falavamos que iriamos morar juntas. Nunca levamos a sério, mas a mais ou menos 1 ano atrás, nós falamos disso de novo, e decidimos ir morar juntas depois dos 18.

- Para sermos amigas para sempre, como diz o Guilherme. - nós rimos, e o sorriso logo saiu do meu rosto.

- Que foi? 

- Preciso falar com o Guilherme... Não aguento mais ficar sem falar com ele, sem abraçar ele. To com saudades da voz dele, do toque dele, dele penteando meu cabelo. To com saudades dele me jogando comida, tipo.... Porra, eu amo aquele desgraçado.

- Ele também te ama, acredite. Ele te ama de verdad Pam. Ele ta sofrendo muito com tudo isso...

- E eu então? Pelo menos ele ainda tinha a melhor amiga dele. Eu não, eu perdi a melhor amiga, meu namorado, tudo. Apenas isso. Perdi o motivo de respirar, apenas.

- Mas você acabou de ganhar novamente, certo?

- Certo. - eu solto um sorriso enorme, acho que deu a volta no meu rosto.

- Eu te amo, muito Pam.

- Eu te amo muito, muito mais Je.